Quem passar pelo início da Avenida Djalma Batista, antiga João Alfredo e olhar para o lado esquerdo, no sentido centro/bairro, verá uma subestação da Amazonas Energia, uma estrutura de redistribuição de energia elétrica para aquela parte de Manaus. Muitos, com certeza, não imaginarão que aquele lugar já fora uma belíssima praça, onde existiam cento e vinte seringueiras, a famosa “Hevea brasiliensis” fornecedora do “ouro branco” para servir como escola e contribuir para o esforço de guerra na Segunda Guerra Mundial. O lugar era conhecido como “Seringal Mirim” (pequeno seringal). Segundo os historiadores, em 1913, o Sr. José Claudio de Mesquita, antigo proprietário daquela área (emprestou o nome a uma rua do bairro), encontrou no local oito seringueiras, ao qual deu os nomes de A a H. Depois fez outras 112 plantações com sementes vindas do Rio Jamari. Em 1944, foram encontradas as 120 seringueiras (todas preservadas). Segundos os estudos realizados pelos pesquisadores da época, as nativas eram mais produtivas, sendo que a planta “E” morreu, restando as sete, com idade desconhecida e as outras 112 com idade de trinta anos.
Na década de 40 o local pertencia ao governo do Estado do Amazonas, sob a administração do Dr. Admar Thury, Diretor do Serviço de Fomento Agrícola, na foto acima se pode vê-lo dando uma aula racional de extração do “Látex da Hevea” às professoras estagiárias. Também é possível ver como era o local, com as seringueiras todas enfileirada.
Fomos à bancarrota (falência e ruína) no início do século passado, em decorrência de explorarmos somente as seringueiras nativas, enquanto os malásios plantaram racionalmente as sementes pirateadas pelos ingleses na Amazônia. O Sr. Cláudio Mesquita teve a brilhante ideia de fazer o mesmo, depois de trinta anos, o local estava servindo de laboratório para os pesquisadores, onde os soldados da guarnição militar de Manaus faziam aprendizagem da extração do leite das seringueiras. Veja como foi importante aquele local, serviu de escola para os “soldados da borracha”, nome dado a milhares de brasileiros que foram alistados e enviados para a Amazônia entre 1943 e 1944 na Segunda Guerra Mundial, com o objetivo de extrair borracha para os Estados Unidos da América nos Acordos de Washington.
Como tudo que é bom tem logo o seu fim! O local ficou esquecido. Serviu por muito tempo de uma Praça e aos poucos foram fazendo a derrubada das seringueiras e o governo do Amazonas cedeu o local para a antiga Eletronorte, ao qual derrubou as últimas seringueiras sobreviventes, para virar uma subestação de energia.
E agora? Como é que fica? Reclamar para quem? Imagine os senhores, um Estado que teve o seu primeiro ciclo de desenvolvimento econômico creditados ao látex extraído das Seringueiras, com o qual conseguiu com o dinheiro ganho construir o Teatro Amazonas, o Palácio da Justiça, as Pontes da Sete de Setembro, embelezar a cidade de Manaus, fazer muita gente enriquecer do dia para a noite e não tem uma única praça que a homenageie, pois esta árvore foi a responsável por tudo isto. Os insensatos derrubaram o “Seringal Mirim”. Uma Seringueira vive mais de cem anos, caso tivessem preservado o Seringal Mirim, muitas delas ainda estariam de pé!
Para a construção do "Novo Seringal Mirim" e resgatar parte da nossa memória, tenho as seguintes sugestões para os nossos governantes:
1. Conseguir outro local para a atual Amazonas Energia construir a sua subestação de energia. Eles estão construindo uma próxima ao Shopping Manaus Plaza, porém não sabemos se irão desativar a do Seringal Mirim;
2. Caso positivo, revitalizar o local. Fazer convênios com os pesquisadores do INPA e UFAM, para coleta, análise e plantio de 120 pés de Seringueiras;
3. Fazer uma ampla divulgação junto aos estudantes do ensino médio e fundamental para que conheçam um pouco mais da nossa história e valorize sobremaneira o “NOVO SERINGAL MIRIM DE MANAUS”;
4. O local deverá ser permanentemente cuidado. Contando com um administrador e auxiliares. Poderá ser transformado em um parque, com a administração a cargo da Prefeitura Municipal de Manaus.
Acredito que se tomarmos esta decisão ainda hoje, daqui a trinta anos, a futura geração poderá retomar o processo de pesquisas, além de servir de local de respeito aquela árvore que tanto contribuiu para o nosso Estado e quem sabe, um dia ainda irá contribuir muito mais
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