Ventilador National, Vintage a Venda Internet |
Em tempo de confinamento a conta de energia elétrica vai para
as alturas, principalmente, em Manaus, por ser uma cidade quente o ano inteiro,
forçando as pessoas de maior poder aquisitivo a utilizar com maior frequência o
ar-condicionado. Por outro lado, os menos favorecidos valem-se do velho e utilíssimo
ventilador de mesa. Estou no segundo grupo, usando dia e noite o meu ventilante
que está comigo mesmo após completar as bodas de esmeralda.
Como é que pode um sujeito ficar “casado” com um ventilador
por quarenta anos e ainda desfrutar dessa união?
Pois é, sou um cara contador de histórias e estórias, e isto
é um prato cheio com bons ventos para mim e que passarei com prazer para vocês esta
narrativa ventilada.
Em tempos de contaminação mundial pelo vírus Covid-19 fiquei
isolado em casa, longe de tudo e de todos, passando a maior parte do meu tempo
diário na sala de estar, usando o meu tempo ocioso para escrever essas estórias
para vocês.
Por morar em Manaus, uma cidade que está bem próxima à Linha do
Equador, com um calor constante o ano inteiro, forçando a utilizar direto um
ventilador de mesa.
Durante a quarentena este ventilador ficou ligado direto até
parar de vez. Não aguentou o tranco, esquentou tudo e resolveu silenciar e não
ventilar. Ele é da marca Arno, dos bons de primeira linha.
Busquei ajuda técnica de um vizinho tipo “faz tudo”. Ele
falou que tinha jeito e o preço pelo serviço era o mesmo de um novo tipo “Ching
Ling = produto chinês de péssima qualidade”.
Não aceitei, pois me lembrei de um ventilador guardado no fundo baú que poderia servir.
Não aceitei, pois me lembrei de um ventilador guardado no fundo baú que poderia servir.
Meu Ventilador National Quarentão |
Desmontei a fera e o levei para “tomar um banho” no tanque,
claro protegendo a parte elétrica. Depois, o deixei no sol para secar bastante.
Montei, lubrifiquei e pus para funcionar um cara que tem a seguinte definição: “uma
máquina de fluxo, capaz de movimentar a massa de ar que passa através de suas
palhetas, aumentado assim à energia cinética e o momento dessa massa de ar”. O
famoso “papa vento” para os manos citadinos.
Pois bem, depois de longos verões o Japa entrou em ação com
todo o tesão! Já são trinta horas ligado, apenas com breves descansos, sem
reclamar, nem esquentar, ventilando para lá e para cá sem parar,
silenciosamente, manhosamente.
Achei-o um guerreiro, um legítimo samurai, então, resolvi
olhar os pormenores do aparelho.
Pense numa surpresa, pois ainda possui a etiqueta de computador IBM/3, com as seguintes especificações:
Pense numa surpresa, pois ainda possui a etiqueta de computador IBM/3, com as seguintes especificações:
Código do Produto/Importadora Souza Arnaud/06/12/1979/Preço A Vista
250,00 Cruzeiros/Marca National/Modelo F-409AN. Na parte debaixo mais surpresas:
possui a assinatura do meu velho saudoso pai ROCHA (o meu pai ficou com ele por duas décadas, nunca deu problema algum) e a etiqueta com todas as especificações
de fábrica.
Na época eu trabalhava no Souza Arnaud e depois de oito anos
fui para a Mirai Panasonic, distribuidores dos produtos desta marca.
Para quem não sabe, a National foi nome usado pela empresa de elétrica Konosuke Matsushita para vender suas lâmpadas de bicicleta a pilhas, esperando que eles fossem um produto usado por todo o Japão, originando então o nome "National".
Para quem não sabe, a National foi nome usado pela empresa de elétrica Konosuke Matsushita para vender suas lâmpadas de bicicleta a pilhas, esperando que eles fossem um produto usado por todo o Japão, originando então o nome "National".
Nacional
antigamente era a marca principal da maioria dos produtos Matsushita, incluindo
áudio e vídeo e foi muitas vezes combinados como "National
Panasonic", após o sucesso mundial do nome Panasonic começou a ser trocado
por Panasonic por volta do ano de 1985, com os produtos de vídeo (como
videocassetes e televisões), e apenas no ano de 1989 para os produtos de áudio.
Atualmente, entramos na era dos descartáveis, com produtos eletrônicos
“made in China” de terceira categoria, com preços baixíssimos, tipo “usou,
pifou, jogou no lixo”.
Fiquei a pensar: Caramba, o meu velho e surrado ventilador
de quarenta anos está ainda ventilando numa boa, sem reclamar, sem esquentar e nem
pifar. Se continuássemos com a mesma qualidade japonesa, a China não seria o
poderio que é hoje, com as indústrias do mundo inteiro dependentes dela!
Os produtos não podem mais ser duráveis, pois assim sendo haveria
poucos pedidos, baixa produção, fechamento de fábricas e desemprego em escala
mundial.
Estou pesando em levá-lo para o artista plástico Marius Bell,
para pintar o meu ventilador quarentão. Um trabalho de arte nas cores azul e
branco, com detalhes em verde e amarelo: um caprichoso brasileiro.
Depois de pintadão e bonitão irei doar ao meu netão Mateuszão,
para usá-lo por mais quarenta anos. No futuro irá pesquisar no Google esta
narrativa do ventilador National de 1979 do seu bisavô Rochão!
Que história, hein? Ufa!
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