Fui buscar no fundo do baú da minha memória para relembrar o que ainda estava bem guardado, sobre o que vivenciei e curtir das interpretações musicais, nos sábados à noite, do grande cantor e compositor Salim Gonçalves, conhecido por alguns como o "Seresteiro Romântico do Rádio”.
Na minha infância, quando ainda não existia a internet, intranet, TV a cabo, smartphone, notebook, games e todo o resto do lixo tecnológico atual, as emissoras de rádio detinham toda uma supremacia nos meios de comunicações, com apenas nas ondas médias e tropicais, conhecidas nas décadas de 60 e 70 como Rádio Difusora (Eu, Você e a Música/Chegou a Hora do Rock), Baré (Caleidoscópio Baré/Programa Em Bossa Nova) e Rádio Tropical (Night And Day). As emissora realizavam muitas atividades culturais dentro e fora dos estúdios: Maloca dos Barés, Os Melhores do Rádio, A Festa da Mocidade e Festival de Dublagem
Naquela época os castying das emissoras locais eram Salim Gonçalves, Kátia Maria, Lili Andrade, Adelson Santos, Lucinha Cabral, Guimar Cunha, Domingos Lima, The Rocks (Adelson, Celito, Péricles e Noval Benayon), The Rights (Zé Maria, Magalhães, Orlando, Manuel e Wandler Cunha), Os Embaixadores e outros.
O Salim cantava na Rádio Difusora, sempre após a tradicional “Oração das Seis Horas”, do eterno e saudoso guerreiro Josué Pai. Detonava a voz, acompanhado do Moisés do Violino e do Simões do Violão (famoso pelas as suas unhas de gavião).
O meu velho pai tinha um rádio à válvulas, demorava uma eternidade para esquentar e sintonizar a Rádio Difusora! Toda a nossa família ficava reunida na sala de estar, para ouvir o seresteiro celebrar em poesia os clássicos Granada, Mujer, Noche de Ronda, Solamente uma Vez, Farolito, El Reloj, La Barca, Besame Mucho e Vereda Tropical.
Lembro-me do Salim, andando pela Rua Henrique Martins, no Canto do Fuxico, vestido com aquela calça de linho, camisa a La Falcão e bolsa de prestamista.
Chegou a gravar um Long Play (vinil) e vários CD’s. Fez muitos sucessos na nossa terra de Ajuricaba. Não sei se ainda está vivo. Não tive mais notícias do Seresteiro do Amazonas, mas a sua voz continua nas ondas do rádio da minha memória!
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