domingo, 10 de maio de 2020

FUSQUINHA O NOSSO PRIMEIRO AMOR!


Comecei a paquerar o meu fusca no ano de 1976, consegui casar em 1979 e separei-me dele em 1989. Foram 10 anos de uma bela convivência.
Trabalhei na empresa chamada “Importadora Souza Arnaud”, situada na Rua Marechal Deodoro, centro de Manaus e o fusquinha da minha paixão pertencia a minha colega de trabalho, a Conceição Kramer, era da safra de 75. Depois foi vendido para outro colega de trabalho, o contador José Antônio e em 79 consegui comprá-lo. Uma parte foi à vista e outra financiada pelo Banco Safra. Penei muito para pagar as prestações, por isso passei a chamá-lo de “Suado”.
A placa ZD-1307 serviu de inspiração para um vizinho ganhar uma vez a milhar no jogo do bicho. Foi uma década de grandes emoções a bordo do meu fusquinha. Quando era solteiro fui dezenas de vezes para os lupanares “Saramandaia” e “Iracema”, se o deixasse no piloto automático, com certeza iria direto para o bordel!
Trabalhava durante o dia e estuda a noite, serviu de condução para ir e vir da faculdade. Namorei nos seus bancos. Ai se o meu fusquinha falasse.
Fui de Paletó e Gravata para o meu casamento, na Igreja de São Sebastião. De Beca para a minha formatura no Teatro Amazonas. Levava os meus filhos para passearem nos finais de semana e tomarem banhos nos balneários Tarumã e na Praia da Ponta Negra.
Na vida real de marido e mulher as dificuldades financeiras atrapalham o relacionamento do casal. Com o meu fusquinha foi inegavelmente afetado. Não podia mais cuidar da sua aparência física e dos seus órgãos vitais: o motor e a caixa de marcha.
Fui obrigado a vendê-lo para o meu compadre Acácio, que o recuperou totalmente. Trocou até o numero da placa em decorrência da inclusão de mais uma letra na sua composição. Depois o vendeu para um sujeito desconhecido e sumiu da minha vista.
Não sei se ainda roda ou se foi parar no cemitério dos carros. Qualquer um dia desses irei contratar um detetive para desvendar o seu paradeiro.
Certa vez fiquei muito emocionado com o reencontro do Fusca JWJ-7694 com o seu primeiro amor, o saudoso médico Rogélio Casado, no Largo de São Sebastião. Fiz uma pequena filmagem para registrar esse encontro.
Segundo ele, o seu fusquinha foi o seu fiel escudeiro na faculdade, na época da lisura. Quando se formou em medicina e começou a faturar, vendeu o seu fusca e comprou um carro do ano.
Passados muitos anos depois o encontrou jogado numa oficina. Fez uma proposta na hora para o dono e mandou fazer uma reforma geral.
Conheci um sujeito que gostava mais do seu fusquinha do que a própria mulher. Quando ele achava que iria chover se mandava de ônibus ao trabalho somente para não sujar o carro. Passava os finais de semana todinho lavando, esfregando e polindo o fusqueta. Ficava bebendo e ouvindo umas fitas cassetes no som Roadstar cabeça branca. Num belo dia a madame colou-o na parede: Só alisa o carro e eu nada! Ou o carro ou eu? Escolheu o Fusca!
O saudoso Armando Soares, proprietário do Bar do Armando tinha uma paixão pelo seu fusca azul celestial. Ficou um tempão guardado em sua garagem. Não sei se a Ana Cláudia ainda o guarda em alguma garagem.
Estou com muitas saudades do meu fusquinha! Quem sabe num belo dia, ainda poderemos reatar o nosso casamento e curtirmos juntos a nossa aposentadoria, dando umas voltas pela nossa Manaus Antiga, estacionado uma vez e outra nos botecos de Manaus ou participando de exposição no Clube do Fusca de Manaus.
Sonhar não custa nada.
E alguém ai tem alguma história de amor com o seu fusquinha?

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