terça-feira, 30 de novembro de 2010

segunda-feira, 29 de novembro de 2010

VIAGEM DE BARCO COM UM JAPONÊS PARA ASSISTIR AO FESTIVAL FOLCLÓRICO DE PARINTINS.


Para falar a verdade, já perdi a conta das vezes em que fui a Parintins, todas, sem exceção, para brincar de boi-bumbá, com a viagem sempre de barco regional, porém, a mais marcante, foi quando servi de cicerone para um “Sansei” (filho de filho de japonês), um legítimo paulistano do famoso bairro oriental da Liberdade.

Durante muito tempo os moradores do Conjunto dos Jornalistas, bairro da Chapada, foram servidos pelo Mercadinho União - a galera da birita fazia a concentração por lá todos os finais de semana; certo dia apareceu um sujeito vendendo passagens para o Festival Folclórico de Parintins, o caboco era bom de gogó, tanto que ele conseguiu vender para umas quinze pessoas, todos eram moradores do nosso conjunto.

Imaginem toda esse turma de amigos dentro de um mesmo barco, singrando o Rio Amazonas, para assistir aos bois de Parintins – os mais chegados, os amigos do peito era formada pelas seguintes figuras: Dr. Iracildo, Tony Biondo, Professor Zé, Mauro Mumu, Miguel Protético, “For Make Love”, Selma Goiana e Calcinha.

Eu trabalhava numa empresa japonesa, falei com o meu superior e solicitei cinco dias, compensado nas férias, para ir ao festival – dois dias antes, ele recebeu uma ligação de um amigo de infância, o cara queria ir para Parintins num barco regional, para conhecer as belezas da Amazônia, percorrendo o Rio Amazonas – não deu outra, fui escalado para acompanhar o “Japa”.

Fiquei um pouco receoso, pois iria com bando de cachaceiros e gozadores, com um japonês no meio daquela turma, todo metódico, certinho, não iria dar certo, além do mais, teria que me comportar ao máximo, pois ele poderia falar para o meu superior sobre as minhas peripécias durante a viagem, não seria nada bom.

O japonês chamava-se Genésio, credo-em-cruz, nunca tinha visto um descendente do povo do “Sol Nascente” com este nome – ainda bem que o cara ainda era jovem e um pouco descolado. Desde quando ele chegou, notei que ele tinha bastante “bala na agulha”, pois, rapidinho a empresa conseguiu uma casa em Parintins, para acomodar o sujeito, pois não havia mais vagas nos hotéis e pousadas na cidade, além de providenciarem lugar num Camarote, para ele assistir as três noites de festival, fui contemplado também, é claro, pois eu seria o guia do “Japoca”.

O barco saiu à noite no Porto de Manaus (Rodoway), consegui um pequeno espaço, deu para atar as nossas redes de dormir, guardamos as nossas bagagens e fui apresentá-lo a minha turma, todos já estavam na área de lazer, tomando água que passarinho não bebe – para minha surpresa, o Japonês foi logo se enturmando, começou a contar algumas piadas, estava solto, pena que ele somente tomava um “Chá Mugicha”, pois, segundo o mesmo, a sua religião não permitia nem pensar em bebida alcoólica. Sai pra lá Samurai!

Lá pelas tantas da noite, a turma já estava “Pra lá de Bagdá” – o japonês ficou colado numa cabocla, dando um amasso na cunhantã, de vez em quando dava altas gargalhadas – e pasmem, estava dançando um pouco desajeitado as “Toadas de Boi”, além de ter aberto a carteira e pagando todas – fiquei desconfiado daquele chá Mugicha, que ele tomava na boca de um longo cantil em couro, tipo Espanhol.

A minha missão era ficar na cola dele e cuidar da sua integridade física, fiquei cansado e fui dormir, deixei o Japonês, virando bicho na área de lazer do barco. Quando acordei lá pelas nove da manhã, olhei para o lado, imagine o que eu vi – o Japa estava dormindo juntinho com a cabocla, na mesma rede – pensei: - Esse não tem nada de tímido, bota é no toco!

Começou novamente a movimentação no Barco, era gente correndo para os banheiros, outros se acomodando nas imensas mesas para tomar o café da manhã; alguns já começavam os trabalhos no Bar do Zé Cutia; muitas mulheres já estavam a postos na área de lazer, para começar a pegar aquele bronze; o DJ Tubarão detonava uns “Flashbacks”, enquanto a Banda de Forró-Boi se preparava para mais um dia, enfim, o dia prometia muitas emoções.

Para quem não sabe - a viagem de barco regional para Parintins, dura em torno de dezoitos horas, com direito a café da manhã e almoço – o vendedor em Manaus falou que o café era com dez itens – fomos conferir, realmente, batia: pão, café, leite, manteiga, três bananas nanica e três pequenas fatias de mamão, tudo “nos estrinques” – depois de forrar a pança, fomos para a área de lazer, o Japa já tinha descartado a cabocla - começou a tomar o chá de Mugicha no cantil, ai foi graça de novo: deu em cima de uma “Raimunda”, feia de cara e boa de bumba, dava de vez um quando umas gargalhadas, dançava desajeitado o dois para lá e dois pra cá, abriu a carteira e começou a pagar cervejas para a negada – sei não, mas aquele chá de Mugicha estava me deixando novamente desconfiado.

Antes de servirem o almoço, fui até a cozinha, estavam preparando um “Cozidão de Carne”, deu até água na boca, pedi um copo com caldo, fui gentilmente atendido, porém, quando dei o primeiro gole, veio um cabelo grandão, como já tinha tomado todas, dei um grito: - Porra, se aqui no copo tem um cabelo, dentro da panela deve ter uma peruca! A cozinheira correu atrás de mim para me dá uma panelada! Fui proibido de almoçar.

Não falei nada para o Japoca sobre o ocorrido, ele desceu, sentou a mesa e almoçou numa boa, comeu que nem um lutador de Sumô - acho que ele engoliu alguns cabelos, na maior. Depois, continuou tomando aquele chá, ele estava com uma cara de quem estava “Pra lá de Hiroshima”, deitou na rede, roncou e soltou pum para todos os lados, parecia um Kamikaze, matando de ri todo mundo!

Como já estava desconfiado, resolvi dá uma cheirada no cantil do Samurai -, tomei o maior susto e gritei: - Caralho, isso aqui nunca foi um chá, tá parecendo um Saquê! Voltei para a minha galera, falei da bebida do Japoca e tudo o mais. Realmente, um cara muito diferente dos seus pares, era mulherengo, cara-de-pau, beberão e mão aberta.

Finalmente, chegamos à Terra dos Parintintins, a famosa Ilha Encantada, corri para acordar o Japoca: - Acorda, acorda, acorda Samurai do Saquê! Ele respondeu ainda meio sonolento: - A corda é minha e a rede também! Insisti: – Não é isso não, acorda, abre os olhos, Japoca, chegamos à Terra do Boi Bumbá. Ele deu um pulo, desatou a rede, arrumou tudo, estava prontinho para mais três dias de festa. Pensei cá com os meus botões: - O bicho vai pegar, vai ser uma loucura, eu e esse japonês vamos botar Parintins de cabeça para baixo!

Fomos bem recebidos em Parintins, um colega chamado Alexandre nos levou para a casa da irmã dele, a vereadora Valdete Pimentel, no Bairro da Francesa, ela é casada com o professor Zequinha e tem um casal de filhos. Ficamos numa suíte, com ar condicionado, duas camas, banheiros, com aparelhos de som, televisão e bastante mordomia, bem diferente dos anos anteriores em que eu ficava hospedado nos barcos, passando um sufoco danado.

O Prefeito da cidade era o Carlinho da Carbrás, um empresário maluco, o poder subiu a sua cabeça, foi um desastre a sua Administração, tanto que o seu mandato foi impugnado, sofrendo o famoso “impeachement” pelos vereadores. A Valdete estava há seis meses sem receber os seus salários na Câmara Municipal, simplesmente porque o doido do prefeito não repassava as verbas, por lei, para o Poder Municipal. Estava todo mundo sofrendo nas mãos daquele insensato.

O japonês Genesio tinha grana “saindo pelo ladrão”, tanto que resolveu bancar todas as despesas nos três dias em que ficamos hospedados, como forma de agradecimento pela estada e pela situação que estava bastante braba. Um detalhe: estava hospedado por lá, uma caboquinha linda, vinda da cidade de Juriti, no interior do Pará. O Japoca, como sempre, frágil no amor, ficou logo com uma paixoneta pela cunhã, tanto que o cara resolveu não tomar mais o seu famoso chazinho, mudou do saquê para a água, o que o amor não faz. Resolveu não andar mais comigo nem com os meus amigos, o negócio dele era tomar sorvetes e andar pela cidade de mãos dadas com a cunhaporanga (a mulher mais bonita da tribo) de Juriti.

Deixei o Japonês de lado, a caboquinha tornou-se o seu cicerone, inclusive, fui com a minha turma assistir a Festa dos Visitantes, no Clube Ilha Verde, também fui para as Arquibancadas na primeira noite do festival, apesar de ter credenciais para entrar em qualquer parte do Bumbódromo, resolvi também dormir na Sala de Estar da casa em que estávamos hospedados, para não atrapalhar as “lamparinadas” do Japoca.

Na segunda noite de festival, fui para o Camarote com o Japonês & Cia., o problema maior era que todo mundo que estava lá eram evangélicos, sem chances de tomar uma cerveja, até o Genésio e namorada estavam somente na água mineral, tive saudades da minha turma que estava lá nas arquibancadas.

Naquele ano existia uma grande rivalidade entre os “levantadores de toadas”, sendo o Arlindo Júnior no meu Boi Caprichoso e o Rei David Assayag, no Boi Garantido. Umas das toadas que eu mais gostei do festival foi o “Vento Norte”, do meu amigo Ariosto Braga e do José Cardoso, a letra é mais ou menos assim: O vento norte/Que seduz minha razão/Assobia, e me banha de emoção/O amor errante/Paixão distante/Azul é sempre cor de navegante/Vento que vem/Balançar canaranas no rio/Vento que traz/A saudade de quem já partiu. Do lado do Boi Garantido, sempre emocionou a toada “Vermelho”, do Chico da Silva, é assim: A cor do meu batuque/Tem o toque, tem o som/Da minha voz/Vermelho, vermelhaço/Vermelhusco,Vermelhante/Vermelhão/O velho comunista se aliançou/Ao rubro do rubor do meu coração/He Ho! He Ho!

No terceiro dia fomos visitar a Vila Amazonas, fica a vinte minutos de barco, o local é banhado pelo Rio Amazonas e pelo Paraná do Ramos, ficou conhecida pela imigração japonesa e a produção industrial de juta, uma fibra vegetal introduzido por Ryota Oyama; por lá foram instaladas em torno de  vinte famílias de koutakosei, infelizmente, foram expulsos do local em decorrência da segunda guerra mundial. Na realidade, encontramos somente um imponente prédio abandonado, que serviu de moradia para o mega empresário J. G. Araújo, nada mais lembra que ali moraram centenas de japoneses, tudo foi destruído pela insanidade da guerra.

À noite antes de irmos ao Bumbódromo, o Japonês me convidou para um jantar numa churrascaria, na realidade, ele queria desabafar um pouco. Ela falou que tentou ser igual, no comportamento, a mim e aos meus colegas, porém, ele era um japonês tímido, a sua criação foi muito rígida, teve que dar duro muito cedo, o seu pai chegou a ganhar muito dinheiro, eles possuem uma grande transportadora em São Paulo com varias filiais no Brasil. Falou que aquela experiência estava sendo bastante gratificante, sentia-se livre e em paz, orgulhava-se de ter conhecido a Amazônia e a sua gente.

Propôs me levar de avião para Manaus, seria o seu convidado para passar alguns dias no Tropical Hotel, recusei o seu convite, dei um abraço de despedidas no meu amigo e segui para o Bumbódromo para reencontrar com a minha turma do Conjunto dos Jornalistas.

Voltei de barco para Manaus, nunca mais vi o “Samurai do Saquê”, não tenho notícias dele, ficou somente as lembranças da melhor viagem de barco para Parintins. É isso ai.

quinta-feira, 25 de novembro de 2010

A PENITENCIÁRIA DE MANAUS


Fica localizado na Avenida Sete de Setembro nº 213, bem ao lado do “Parque do Mestre Chico” – servindo como cadeia pública para abrigar presos provisórios (aguardando julgamento) à disposição das autoridades judiciais.

Foi inaugurada no dia 19 de Março de 1907, no governo do Dr. Constantino Nery, recebendo o nome de Casa de Detenção de Manaus, passou por várias mudanças de denominações, a saber:

1928 - Penitenciária do Estado do Amazonas, governo Ephigenio Sales Ferreira/1942 - Penitenciária Central do Estado, no governo do Álvaro Maia/1981 - Unidade Prisional Central (UPICENTRO), pelo governador José Lindoso/1985 - Penitenciária Desembargador Raimundo Vidal Pessoa, pelo governador Gilberto Mestrinho de Medeiros Raposo/1999 - Cadeia Pública Desembargador Raimundo Vidal Pessoa.

Apesar de todas as alterações nos nomes, os manauenses somente a conhece por “Penitenciária de Manaus”, ponto final!

O prédio foi elaborado e construído pelos arquitetos Rossi & Irmãos, com auxílio do Sr. Emygdio José Ló Ferreira e o Dr. J. Estelita Jorge, que era Diretor–Geral das obras.

Com uma área de 15.000 metros quadrados, em estilo medieval, com aspecto de fortaleza maciça. Segundo a professora de história Thérése Aubreton “A fachada tem revestimento de bossagem (Parte saliente de pedra bruta ou talhada),  e possui dois pavimentos. Vê-se, no térreo, um portão de arco pleno (romano), ladeado por óculos (abertura redonda na fachada). Observa-se, no primeiro andar, uma janela de arco pleno encimado por um óculo. Completando o conjunto sobressaem cinco pequenas torres, que dominam o prédio e seu frontão com decoração de ameias, reforçando mais ainda os traços de fortaleza medieval”.

A capacidade da Penitenciária de Manaus é de 104 detentos, no entanto, deve abrigar o triplo, sendo palco constante de rebeliões, culminado sempre em mortes e destruição do patrimônio público. Os presídios de outras regiões do Brasil não diferem dos de Manaus - todos estão superlotados, sendo um local propicio para a “faculdade do crime”, não cumprindo, de forma alguma, o objetivo de ressocializar os presos.

Conforme consta na monografia do Dr. José Ribamar da Silva "Ao invés de ser uma instituição destinada a reeducar o criminoso e prepará-lo para o retorno social a prisão é uma casa dos horrores, para não dizer de tormentos físicos e morais, infligindo ao encarcerado ou encarcerada os mais terríveis e perversos castigos. Antes de ser a instituição ressocializadora, a prisão tornou-se uma industria do crime, onde os presos altamente perigosos, tornam-se criminosos profissionais, frios, calculistas e incapazes de conviverem fora do presídio".

A grande notícia vem o Dr. Lélio Lauria, titular da Secretaria de Justiça do Amazonas (Sejus-AM), promete desativar a Penitenciária em 2011, o local será transformado no Centro de Artes Populares da Secretaria Estadual de Cultura.

Finalmente, com a transferência dos presos e com a revitalização desse prédio histórico, terei a imenso prazer em conhecer o seu interior. É isso ai.


            Livreto "Caminhando por Manaus" - PMM, edição 1996
http://www.depen.pr.gov.br/arquivos/File/monografia_joseribamar.pdf

quarta-feira, 24 de novembro de 2010

O IPHAN FAZ A NOTIFICAÇÃO DO CENTRO ANTIGO DE MANAUS

Com base nos artigos 5º ao 10 do Decreto-Lei no. 25, de 30/11/1937, c/c o art. 15, parágrafo único, da Portaria no. 11, de 11/09/1986, – o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – IPHAN, lançou uma notificação a todos os interessados sobre o tombamento do Centro Histórico de Manaus, em razão do seu elevado valor histórico, arquitetônico, urbanístico e paisagístico

Abrangerá a cabeça da Ponte Benjamim Constant, Penitenciária até o Palácio Rio Negro, na Avenida Sete de Setembro, passando pela Floriano Peixoto, Rua José Paranaguá, Praça Heliodoro Balbi, Rua Guilherme Moreira, Rua Teodoreto Souto, Rua Marcilio Dias, Rua dos Andradas, Leovegildo Coelho, Rua dos Barés, Rua Sergio Pessoa, Rua 15 de Novembro, Rua Monteiro de Souza, Rua Vivaldo Lima, Rua Taqueirinha, Rua Visconde de Mauá, Rua Frei José dos Inocentes, Rua Itamaracá, Rua da Instalação, Rua Henrique Martins, Av. Eduardo Ribeiro, Rua 24 de Maio, Rua José Clemente, Rua 10 de Julho, Av. Epaminondas, Rua Ferreira Pena, Monsenhor Coutinho, Rua Ramos Ferreira, Luis Antony, Rua Simão Bolívar, contorna os imóveis da Academia Amazonense de Letras e Benjamim Constant, Rua Tapajós, Dona Libania, Rua Marçal, Getúlio Vargas, Rua Joaquim Nabuco até a Escola Barão do Rio Branco, Rua Costa Azevedo, Henrique Martins e Huascar de Figueiredo.

Vale salientar que o tombamento não abrangerá toda a extensão das ruas citadas, os proprietários dos bens abrangidos têm 15 dias para anuir ou impugnar a iniciativa.

Faço parte de um pequeno grupo de pessoas que sempre lutaram pela revitalização do centro histórico de Manaus, com esta decisão, estamos todos de parabéns pela nossa vitória.

Com esta decisão, os imóveis a ser incluído no Livro do Tombo, e no Livro do Tombo Arqueológico, Etnográfico e Paisagístico – serão protegidos pelos IPHAN.

O malfadado projeto do Monotrilho agora será barrado, assim esperamos.

Bato palmas para: Rogelio Casado, Ademir Ramos, Robério Braga, Márcio Souza, Thiago de Mello, Otoni Mesquita, Etelvina Garcia, Tenório Telles, Diretoria da BICA, militantes da AMANA, Deputados Praciano e Luiz Castro – aos saudosos Anibal Beça e Jéferson Peres -, dentre outros tantos que não me vem à mente.

Vaias, bastantes vaias para os desgraçados que destruíram por cem anos a nossa Manaus.

Todos estão convidados para comemorar no Tacacá na Bossa, com a apresentação do Manoel Passos e convidados, depois, a pedida será no Bar do Armando. Parabéns Manaus!

terça-feira, 23 de novembro de 2010

O SISTEMA DE CAPTAÇÃO DE ÁGUAS DE MANAUS


O primeiro sistema de captação de águas de Manaus foi feito na Cachoeira Grande, no bairro de São Jorge, depois, passou para a Ponta do Ismael, no bairro da Compensa, funcionando precariamente até hoje; com o crescimento da cidade, está sendo construindo outro sistema na Ponta das Lajes, no bairro do Aleixo, para servir toda a zona leste da cidade.

A Cachoeira Grande foi inaugurada em 1888, com uma represa de 105 metros de comprimento - a água era cristalina e potável. Desaguam por lá vários igarapés, sendo principais os Igarapés do Mindú e dos Franceses, outrora, todos serviam de balneários para os manauenses se refrescarem nas tardes quentes de verão amazônico.

A fotografia antiga mostra como era bonito o local, aparecendo vários prédios, a represa e algumas pessoas vestidas a caráter, passeando pelo entorno. O progresso desenfreado e a insensibilidade das pessoas acabaram com tudo, o igarapé virou um esgoto a céu aberto - o que restou do empreendimento foram as ruinas do imponente prédio, no estilo medieval.

Quem desejar conhecer o local deve descer um beco, no inicio da Ponte de São Jorge, andar pelas casas tipo palafitas e lamentar muito pelo estado em que se encontra o imóvel. Apesar de tudo de ruim que os homens fizeram, ele faz parte da nossa história, não podemos permitir a destruição total da nossa memória. A Prefeitura de Manaus ainda pode revitalizar o prédio, indenizar todos os moradores do local, fazer um passeio público e inclui-lo como parte do Parque dos Bilhares, mas, falta vontade política do atual prefeito de Manaus.



Depois da destruição da Cachoeira Grande, resolveram criar o complexo de produção da Ponta do Ismael, situado no bairro da Compensa, com a retirada da água bruta diretamente do Rio Negro. O tratamento da água é realizado no mesmo local e, atualmente, atende a 79% da população de Manaus.

Em médio prazo deverá mudar de local, pois existem muitos moradores próximos ao local de captação, além da construção da ponte Manaus/Iranduba que irá contribuir em muito para a deterioração da qualidade da água do Rio Negro.



A foto antiga mostra um belo prédio, chamado de Edifício da Estação de Bombeamento D’água, construído às margens do Rio Negro, a enchente de 1953 chegou até a sua calçada; ao passar por lá tomei um grande susto, foi a primeira vez em que vi o prédio, lamentavelmente, totalmente abandonado, cheio de mato, uma parte do teto já desabou -, ele fica bem atrás do sistema de captação do lado direito (veja a fotografia atual).

Não acredito que a Águas do Amazonas tenha interesse em preservá-lo, pois não conseguem nem colocar água nas torneiras de todos os manauenses, imagine recuperar um prédio antigo.

A Cosama pertence ao governo do Estado do Amazonas – não sabemos quais os motivos que levaram o então governador Amazonino Mendes (vixe!), a vender em 2000, ou melhor, dar de mãos beijadas para uma empresa francesa, a concessão por vinte anos, para gerir todo o sistema de captação e distribuição de águas em Manaus.

O Rio Negro, considerado o maior rio de água doce do planeta, passa no quintal da cidade de Manaus, no entanto, a Águas do Amazonas cobra caro pela água, fornece um produto de péssima qualidade, além de não atender a todos, falta muita água nas nossas torneiras.


Com a incompetência da Águas do Amazonas, o Governo do Estado foi forçado a implantar o Programa Águas para Manaus (Proama), na Ponta das Lajes, com um investimento de 250 milhões de reais. Muito dinheiro público investido na obra – será que vão dar de novo de mãos beijadas para os franceses?

Esta obra está interditada, em decorrência de uma movimentação do terreno, comprometendo dois pilares de sustentação. O local fica próximo ao Encontro das Águas, mais um bom motivo para evitar a construção do Porto das Lajes, pois não se justifica poluir um local onde será retirada a água para o povo beber.

É isso ai.

Fotos: Ponta do Ismael – J Martins Rocha
Edifício da Estação de Bombeamento – IBGE /Tibor Jablonsky
Ponta das Lajes - http://www.skyscrapercity.com/showthread.php?t=1035263&page=234

sexta-feira, 19 de novembro de 2010

DIVERSÃO DAS CRIANÇAS DE MANAUS - PASSADO X PRESENTE


Fazendo uma comparação entre a forma de diversão das crianças das décadas de 60, 70 e 80 e a dos brasileirinhos de agora, poderemos concluir, infelizmente, que hodiernamente os brinquedos e os equipamentos eletrônicos levarão o futuro adulto ao individualismo extremado, tornando-o cada vez mais isolado dos outros membros da sociedade, além de serem mais violentos; muito diferente da nossa época, onde as brincadeiras valorizaram o coletivo, os laços de amizade, enfim, o crescimento saudável, com respeito ao próximo e a sociedade.

O temor da violência, a superpopulação das cidades, a poluição sonora e visual, os engarrafamentos infernais, etc. levam as crianças a se isolarem cada vez mais, procurando suprir o contato humano, através da utilização das mais diversas parafernálias eletrônicas - os aparelhos tipo “ipod” estão tirando a concentração dos alunos, contribuindo para o alto índice de surdez nas crianças, além de levá-los ao isolamento, prejudicando enormemente a saudável conversa entre os amigos e colegas.

Os aparelhos “games” fazem apologia à violência; mesmo quando é jogado com mais de uma pessoa, o canal é feito através de um “notebook”, o contato é virtual; nas “Lan Houses” cada jogador fica no seu quadrado (isolado); os sites de relacionamento “Orkut” e outros modismos a mais, prejudicam enormemente o crescimento saudável das crianças, o papo é todo virtual, nada de contato pessoal.

Para termos uma vaga ideia de como era o dia-dia de uma criança, na pacata Manaus de outrora, transcreverei o relato do João Roberto Bessa Freire, professor e escritor, antigo morador do bairro de Aparecida:

“Minha infância no bairro de Aparecida, foi igual a de muitas outras crianças espalhadas pelo centro de Manaus. Dividia meu tempo entre a escola e as brincadeiras infantis, como empinar papagaio na rua, jogar peteca, atirar pião de madeira, “morcegar” o bonde que fazia linha para o bairro, tomar banho de igarapé, o que quase sempre redundava em uma bela surra por parte da dona Elisa. Fui coroinha e ajudei nas missas dominicais, onde alicercei toda a minha formação religiosa. Naquela época, fazíamos nós mesmos os nossos brinquedos, afinal, Manaus ainda não havia sido brindada com as modernas engenhocas importadas “made in Taiwan”. Construíamos nossos carrinhos de rolimã, trocando as rodas por sabão no Jornal do Comércio, com as sobras dos tubos em que vinham enrolados os papéis para a impressão. Naquele tempo, estávamos livres de um dos piores males que hoje atinge a juventude – as drogas. As peladas nos campinhos de várzea era uma das brincadeiras prediletas, resultando no surgimento de grandes craques no bairro. Por ser de uma família tradicionalmente católica, a missa dominical era uma obrigação sagrada, sendo a catequese realizada aos sábados. Éramos ao todo doze irmãos, sendo oito mulheres e quatro homens, hoje todos formados, com a maioria optando pelo magistério - ainda hoje resido na casa em que nasci na Rua Carolina das Neves, 38 – hoje Rua Elisa Bessa”.

Os jovens estudantes manauenses, não muito diferentes do resto do Brasil, estão cada vez mais violentos, tendo várias causas, porém, uma delas é a utilização de “games” que fazem a apologia ao crime e a violência urbana. As Secretarias de Assistência Social e da Educação promoveram uma campanha denominada “Violência nem brincando”- foram recolhidas facas, canivetes, laminas presas em canetas, além de 3.078 jogos violentos, 180 pulseiras do sexo, 131 DVDs de lutas e outros brinquedos, num total de 6.904 peças entregues espontaneamente pelos alunos. Para incentivar os alunos foram feitos cursos e gincanas educativas sobre violência e paz.

O natal está chegando, os gastos com as compras também – que tal repensarmos mais nos tipos de brinquedos que daremos as nossas crianças. Os jogos educativos são muitos bons; levar as crianças para brincarem nos parques é uma boa opção, sem contar os passeios pelas Praias da Lua, Tupé e Paricatuba, enfim, o contato com as pessoas e com a natureza faz bem para o corpo e para a alma. É isso ai.

quinta-feira, 18 de novembro de 2010

SEMANA DA CONSCIÊNCIA NEGRA - REFLEXÕES

Por estarmos na semana da “Consciência Negra”, vamos retroceder um pouco na história e buscar compreender um pouco sobre formação do povo brasileiro, com ênfase na chegada dos negros no Brasil, os maus tratos e a resistência a escravidão.

Não sou historiador, fui buscar ajuda no livro História do Brasil, do professor Gilberto Cotrim, Editora Saraiva ,edição de 1999. Fiz um pequeno resumo, escrevendo a minha maneira. Vamos lá:

Tudo começou com o domínio dos portugueses do litoral da África, onde fundaram feitorias durante o século XVI. Formaram um perverso triângulo entre a África, Europa e América: os europeus levavam mercadorias para a costa africana (tecidos grosseiros, rum, tabaco, armas, etc.) e as trocavam por escravos, estes eram vendidos para os colonos americanos, em troca de açúcar, tabaco e ouro.

O ser humano era visto como uma mercadoria, tanto que nas trocas foram arrancados milhões de africanos de sua terra -, para ter uma ideia, estima-se que entre 1531 a 1855 desembarcaram no Brasil em torno de quatro milhões de africanos.

Os Bantos, tribos do sul da África, a maioria de Angola e Moçambique, foram levados para Pernambuco, Rio de Janeiro e Minas Gerais. Os Sudaneses, vindos das tribos de Daomé, Nigéria e Guiné, foram levados para a Bahia, parte foi para São Luís e de lá chegaram até Belém e Manaus.

Foram trabalhar para os seus proprietários, na agromanufatura do açúcar, na plantação de algodão e na mineração, além de trabalharem nos serviços domésticos. Excesso de trabalho, má alimentação, péssimas condições de higiene e castigos, contribuíram para a morte da grande maioria, não resistiam dez anos de trabalho.

Com tanta maldade por parte dos brancos, os escravos resolveram reagir, algumas mulheres provocavam o aborto para evitar o sofrimento futuro dos seus filhos; alguns escravos praticavam suicídios, outros reorganizavam rebeliões contra os senhores.

O Quilombo ou Mocambos, palavra africana, significa “união”, os seus membros eram chamados de quilombolas, calhambolas ou mocambeiros - foi um pólo de resistência a escravidão – existiram em várias regiões do Brasil, corresponde aos atuais estados do Pará, Minas Gerais, Bahia, Amazonas, Mato Grosso, etc.

O mais famoso foi o “Quilombo de Palmares” - recebeu este nome porque ocupava uma imensa região coberta originalmente de palmeiras, situado no atual estado de Alagoas.

Em Palmares, os negros criavam gado e cultivavam milho, feijão, cana-de-açúcar, mandioca, etc. O líder foi Ganga Zumba (grande senhor), fez um acordo de paz com o governador -, o seu sobrinho Zumbi discordou do acordo, o Zumba foi destituído e assassinado - Zumbi comandou a luta contra várias expedições.

O bravo Zumbi resistiu a diversos ataques, porém, em 1694 o Jorge Velho comandou uma tropa com seis mil homens, o quilombo foi destruído e sua população massacrada – o líder conseguiu escapar do cerco e fugiu com vários companheiros.

Dois anos depois, foi preso e morto, em 20 de novembro de 1695 -, a cabeça foi cortada e exposta em praça pública, na cidade de Recife.

Apesar de tudo de ruim que fizeram com os nossos irmãos africanos, eles participaram imensamente na formação da cultura brasileira, presente na literatura, musica teatro, dança, vocabulário, religião, alimentação, ciências, etc.

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Em Manaus, o bairro da Praça 14 de Janeiro, berço do samba, foi o local onde foram morar os negros vindos do Maranhão. Vamos conhecer um pouco da história, segundo a wikipedia:

A Vitória Régia foi fundada em dezembro de 1975 (em uma segunda-feira, dia 01/12/1975) na Casa da "Tia" Lindoca na rua Jonathas Pedrosa, bairro da Praça 14 de janeiro, Zona Sul de Manaus, por "seu" Fernando, Chiquito, Zé Ruidade, a própria Tia Lindoca, etc... Bem antes disso, em 1946 foi fundada a "Escola de Samba Mista da Praça 14" , que durou até 1961. Muitos dos antigos participantes daquela Escola eram avós, bisavós, pais, mães, enfim, parentes dos fundadores da Vitória Régia. As cores oficiais da Vitória Régia, são o verde e o rosa, inspirados na Mangueira do Rio de Janeiro.


A Vitória Régia realizava seus ensaios no Pátio da Casa da Tia Lindoca até 1988(In memorian – 1993), às vezes em ocasiões especiais, na própria Praça do Bairro. Daí o nome de Praça 14 de Janeiro. Em 1989 a Escola ganhou sua Quadra coberta, que localiza-se bem ao lado da Igreja - Rua Emílio Moreira,(Quando há missas, não há ensaios, se a missa acaba as 21:00, o ensaio começa depois desse horário). A verde e rosa detém ainda, a maior torcida de Manaus e no Sambódromo faz muita festa. A Escola tem a sina de ser de "samba no pé" e muito respeitada pelas outras agremiações, mantém ainda seu padrão de ser "povão". Em Manaus é, ainda a agremiação que reune o maior número possível de negros e mestiços de negros e caboclos, provando assim que a Praça 14 em Manaus - assim como era no Rio de Janeiro das décadas de 20 e 30 do Séc. passado, na área da Praça 11 de junho, à época, chamada de "Pequena África"- Uma analogia com a "Äfrica" de Manaus, que é a Praça 14 de Janeiro, o autêntico "berço do samba" baré.

Eses migrantes negros começaram a fazer no bairro, festas em homenagens aos orixás e muitos folguedos populares, festas de Bumba-meu-boi e também samba, na base de batuques. Pode-se afirmar que entre 1900 a 1940 aconteceu "rodas" de samba na Praça 14 e na área do Boulevard Amazonas, limite do bairro. Na rua Visconde de Porto Alegre por exemplo, havia um clube chamado de Solimões, que reunia os populares para as festas da época, festa de bairro longínquo do centro da cidade de Manaus naquele tempo (note-se que a Praça 14 hoje é um Grande centro comercial de acessórios para automóveis e outros tipos de comércios).

A Praça 14 de Janeiro é basicamente o "berço" do samba de Manaus. Entre 1890 e 1900, migrantes vindo do Estado do Maranhão, chegaram à Manaus da "Bélle Époque" e se estabeleceram em terras que viriam a ser no futuro do próprio bairro da Praça 14 – (Muitas dessas terras pertenciam em Glebas ao português Antônio Caixeiro e ao Sr. Martim Lopes) em relação à Praça que localiza-se no Centro do bairro, onde se situa a Igreja de N.S ª de Fátima, era um local já reservado para a sociedade ali nascente, logo depois essa mesma Praça abrigaria um Mercado de carnes e peixes, logo depois, por volta de 1965 transferido para outro lugar próximo.


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Quem me conhece, sabe muito bem, que eu sou um "cabocão negão", pois os meus avós paternos era formado por um negão e uma branca, os maternos era um branco e uma cabocla filha de índio - os meus pais era um negão e uma branca, nasceram três brancos e essa peça rara, o negão que vos escreve - mesmo com toda esta misturada, ainda me considero um afro-descendente e caboclo da gema. Casei com uma branca, nasceram duas brancas e um negão, este casou com uma branca e nasceu um curumim branco, uma das minha filhas conheceu o Boto e teve uma cunhantã branca - na próxima safra espero que nasça um negão e uma negona, para balancear, é claro! É isso ai.

quarta-feira, 17 de novembro de 2010

NESTOR NASCIMENTO - A ALMA NEGRA DO AMAZONAS

No próximo dia 20 de Novembro, será comemorado em Manaus o “Dia da Consciência Negra”, feriado municipal. Nada mais justo do que homenagear o saudoso Nestor Nascimento, considerado o maior líder negro da história do Amazonas, com uma marcante defesa dos direitos civis.

Tive o privilégio de conhecê-lo, inclusive foi meu professor de História, num cursinho preparativo para o vestibular da antiga Universidade do Amazonas, atual UFAM.

A biografia do Nestor, foi adaptado de texto retirado do Projeto de Decreto Legislativo nº 13/2001, visando conceder a medalha de ouro “Cidade de Manaus” a Nestor Nascimento.

Nestor José Soeiro do Nascimento nasceu em Manaus, Amazonas, no dia 11 de Dezembro de 1947, filho de Nestor do Nascimento e Sophia Soeiro do Nascimento. É divorciado e pai de 12 filhos, todos nascidos e residentes em Manaus. Vem de uma família tradicional do bairro da Praça 14 de Janeiro, em Manaus, onde viveu e estudou. Fundador da Associação dos Moradores e Amigos da Praça 14, Sócio Fundador da Escola de Samba da Vitória Régia. Sua mãe, dona Sophia Soeiro do Nascimento, foi uma ilustre Professora e diretora do Grupo Escolar Luizinha Nascimento. Cursou o ensino fundamental no Grupo Escolar Luizinha Nascimento, ensino médio no Colégio Estadual Rivadávia Corrêa (RJ); Bacharel em Direito pela Universidade Federal do Amazonas, sendo inclusive um dos fundadores do Centro Acadêmico de Direito da universidade em referência. Participou de cursos de Atualização em Comunicação Social pelo Sindicato dos Jornalistas / Universidade do Amazonas; Introdução à Democracia pela Universidade do Amazonas e cursou Treinamento de Professores (Secretaria de Educação e Cultura / AM). Exerceu a função de Segurança do Ministro Lira Tavares pelo Ministério do Exército em 1968, escolhido pelo General Costa e Silva no Palácio das Laranjeiras. Atuou como repórter universal de notícias, no Rio de Janeiro, no ano de 1968; exerceu a função de colunista e Repórter no Jornal A Notícia, em Manaus, no período de 1972 à 1975; atuou como Diretor Geral do curso Dinâmico, em Manaus, no período de 1972 à 1979; atuou na elaboração de projetos de pesquisa, da Reforma Administrativa do Estado, nos seguintes projetos : 286 IPASEA ¬- Diagnóstico de Gestão, 142 - CELETRAMAZON - Diagnóstico de Gestão 465 - Aperfeiçoamento, Obrigações Fiscais e Trabalhistas no Estado do Amazonas, em 1972; atuou como assessor parlamentar na Câmara Municipal de Manaus, no ano de 1995. Foi procurador chefe da Câmara Municipal de Manaus, no período de 1996 a 1997, foi Subsecretário Municipal do Desenvolvimento Social, em Manaus, no ano de 1983 (Prefeito Amazonino Mendes); Diretor Superintendente Cultural do Amazonas em exercício entre os anos de 1984 à 1986 citado como um dos melhores alunos da Universidade do Amazonas, pelo Professor Samuel Benchimol, na Ordem dos Cobras, no livro Amazônia, um pouca antes além depois. Ativo participante como sócio da Escola de Samba da Vitória Régia e da Academia Samurai de Judô. Proprietário de um dos primeiros cursos de pré-¬vestibular de Manaus (curso Dinâmico). Foi Vice-Presidente do Clube da Madrugada c membro da Sociedade dos amigos de Portugal de Manaus e ainda foi Presidente do Conselho Estadual de Cultura 92/94. Atuou e fundou o Movimento Alma Negra – MOAN, em Manaus. Foi Presidente do Conselho de Desenvolvimento e Participação da Comunidade Negra no ano 1988 e atualmente Presidente do Instituto dos Direitos Civis (I. D. C.) – AM. Ganhou o diploma de Honra ao Mérito, do Instituto Brasileiro, no ano de 1975. Pela sua trajetória em defesa dos direitos civis, Nestor Nascimento visitou os EUA a convite de Bill Clinton/1997, então presidente dos Estados Unidos, onde manteve contato com várias entidades, visitou o Capitólio, a Casa Branca e na oportunidade concedeu entrevista à voz da América como um dos mais ilustres defensores dos direitos civis no Brasil. Seu currículo é sem dúvida da maior grandeza e relevância na nossa cidade por sua participação e experiência na vida pública e administrativa em todos os seguimentos da sociedade manauense.

Comentários:

Vanessa disse...

Tem mais de 12 filhos. Nem todos os seus filhos moram em Manaus. Eu sou a mais velha de todos (40 anos).
Pai!
Saudade eterna ...
Te amo! Sua banzé!

Alessandra Coêlho - DIREITO/UFAM - 1988. disse...

Saudades meu querido amigo!Você será sempre lembrado com todo meu carinho e admiração.Sinto-me honrada de ter sido sua amiga. Obrigada.


EVANDRO disse...
ACHO JUSTA A HOMENAGEM. ASSIM COMO ENTENDO QUE NESTA SEMANA DEVERIA TER EVENTOS SOBRE A NEGRITUDE EM TODO O BAIRRO DA PRAÇA 14. CULMINANDO COM UMA FESTANÇA DIA 20. A PROPOSITO, ALGUEM PODE INFORMAR DADOS BIOGRAFICOS DA LUIZINHA NASCIMENTO.


"Comemorado no Brasil em 20 de novembro, o Dia da Consciência Negra representa uma reflexão sobre a importância da manutenção da cultura afro-brasileira, além de celebrar a inserção dos negros em nossa sociedade. A data escolhida refere-se ao dia da morte do herói negro Zumbi - líder do Quilombo dos Palmares -, em 1695. Morto em combate, Zumbi dos Palmares lutou pelo fim da escravidão no Brasil Colonial, promovendo a resistência negra e defendendo a cultura de seu povo. A data foi estabelecida pela lei n° 10.639/03, que também institui a obrigatoriedade de inclusão da disciplina História e Cultura Afro-Brasileira e Africana nos currículos escolares de ensino fundamental e médio."














segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O MEU FINAL DE SEMANA PROLONGADO EM MANAUS


A minha ideia inicial era aproveitar o final de semana prolongado e ir para a Vila de Paricatuba, no município de Iranduba, não foi possível, fui convidado para ir a cidade de Rio Preto da Eva, deu também “capim na palheta”, o jeito foi ficar em Manaus e curtir a nossa cidade.

A Prefeitura Municipal de Manaus promoveu a I Virada Cultural da Região Norte, inspirado na “Nuit Blanche” de Paris; a primeira edição no Brasil aconteceu na cidade de São Paulo em 2005. O objetivo do evento é a promoção da cultura e arte pela cidade durante 24 horas ininterruptas, com espetáculos musicais, peças de teatro, exposições de arte, esporte, gastronomia entre outros.

Os palcos foram montados na Praça da Saudade, Praça do Eldorado, Parque dos Bilhares, Estrada da Ponta Negra e Jorge Teixeira. Por morar no centro de Manaus, abracei a primeira opção, antes, fiz o aquecimento no Bar Caldeira, centro antigo de Manaus, onde reuniram os amigos do peito: Graça Silva, Roberto, Kátia Maria, Jorginho, Olavo, Jokka, Enne Rocha, Dona Maria e Adriano. A programação do evento foi a seguinte: Big Manaus Band e artistas da PMM – Erudita: Trio Brasilis – Chorinho: Primas e Bordões e Aldeia do Choro – Michael Jackson de Manaus - MPB/POP: Lucilene Castro/Zeca Torres e Nicolas Junior – Bolero/Brega: Kátia Maria e Nunes Filho – Banda de Rock Tihuana (sucesso musical do filme Tropa de Elite).

Parei na barraca de Sebo “O Alienista” do meu amigo Celestino -, dei algumas gargalhas dos haicais pornôs do poeta Marceleudo, o cara é o máximo! Bati um papo com o DJ Tubarão, ele vai fazer uma surpresa no aniversário da Rosangela (Ro) Mamulengo, o evento será no final do mês de novembro, em Paricatuba, será uma “RaiveRo”. Gosto da música popular amazonense, porém, um rock uma vez e outra vai bem, curti muito os Tihuana, os roqueiro de Manaus marcaram a presença, foi massa!

Lá pelas três da madrugado o sono chegou. Fui e não voltei mais. Ainda iam se apresentar: Reggae: Jonny Jack Mesclado e Deskarados – Salsa: Tati Coração Latino e Conexão Latina. Segundo os coordenadores da ManausCult, a programação rolou solta no domingo, com Café da Manhã, Atividades Esportivas e Comando Garantido (toada de boi bumbá do Garantido), depois, veio o DJ Tubarão – Regional/MPB/POP: Imbaúba/Candinho e Inês/Nelly Miranda/Cléber Cruz/Simone Ávila/Robertinho Chaves, para finalizar, muito REGGAE: Elisa Maia/Ayhuaska e Cileno. No palco 3 foram exibidos 14 filmes (musicais/cult/brasileiro/mulheres).

Chega, cruz credo, mano velho, não tem ninguém que aguenta 24 horas no ar. Ou tem? Sei não, mas os manauenses são muito festeiros e “dão com força” na cerveja, com certeza, algum maluco “esticou a baladeira” na Praça da Saudade e curtiu totalmente a Virada Cultural.

No domingo, não passei pela Praça da Saudade, fui direto a Feira da Eduardo Ribeiro, tomei o meu café da manhã, reforcei com um saboroso suco misto de Guaraná, amendoim e xarope. Comprei o jornal “Amazonas Em Tempo”. Liguei o piloto automático, fui para o Rodoway, comprei a minha passagem e entrei num barco a jato, fui parar embaixo da Ponte Manaus/Iranduba – estacionei os meus ossos num Flutuante Bar, haja suco, guaraná, água mineral e banhos de chuveiro – muita reposição para curar a ressaca, eu, hein!

Abri o jornal e passei a ler na maior tranquilidade, as reportagens do jornal que me chamaram mais a atenção foram as seguintes:

1. De olho na Rua: “Diálogo desocupado no meio do rio sem água, entre os pilares da ponte: - Quando será que a água vai voltar pro rio? Pra que água no rio se vai ter a ponte? Que fim eu dou à minha canoa? Compra um carro”.

2. Marechal Deodoro (Evaldo Ferreira) – “Ex-rua do Imperador e, com certeza, Rua Marechal Deodoro, a partir da proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. Um Diário Oficial de 1897, curiosamente a denominou de General Deodoro”.

3. Manaus, história, memória e esquecimento (Renan Freitas Pinto) – “O que marca essencialmente a singularidade de “Manaus, Meu Sonho”, de Joaquim Marinho, é o conjunto de textos, a cuidadosa e especial seleção das imagens e o modo com todos esses elementos foram pacientemente se integrando”.

4. Exercícios para a dor de cabeça – “Para muitas pessoas, somente o uso de medicamentos é capaz de aliviar a dor de cabeça. Pesquisas, porém, comprova que a prática de exercícios também é eficiente. No momento do exercício, há a produção de endorfina e serotonina, este último é o neurotransmissor do bem-estar, ele age como uma morfina natural do organismo”.

5. A morte das “rainhas” da floresta (Náferson Cruz e Cristina Muniz) – “Pelo menos 50 árvores centenárias da espécie castanha-do-brasil (Bertholleta excelsa), na lista oficial das espécies em extinção, foram derrubadas para dar lugar à construção do residencial Vila Cristina, empreendimento localizado na região do Macurany, no município de Parintins. Outras 90 castanheiras aguardam para serem derrubadas – com a palavra o IBAMA e o IPAAM”.

6. À procura da felicidade (Vera Lima) – “Buscar a felicidade no outro é o que grande parte dos humanos faz, entretanto, melhor seria se esse regozijo dependesse mais de si do que de terceiros - algumas religiões pregam que não se pode buscar a felicidade nas coisas (bens materiais) ou nas outras pessoas, porque ela é uma conquista individual e inalienável de cada ser humano. Creio que seja por ai”.

7. O Farmacêutico e o Diabetes (Paulo Roberto da Costa) – “Hoje, 14 de novembro, é comemorado o Dia Mundial do Diabetes. O diabetes ocorre quando o organismo não produz insulina. O farmacêutico ocupa um lugar estratégico na detecção, prevenção e tratamento do diabetes”.

Depois de ler o jornal, fiquei a pensar no que me leva a ir para o outro lado do rio, primeiro, me faz lembrar o flutuante onde eu nasci; a água do Rio Negro faz bem para o meu espírito; o barulho dos barcos regionais lembra a minha infância de ribeirinho e, o cheiro de peixe assado na brasa ativa as minhas papilas degustadoras, segundo, com o término da construção da Ponte, o local será amplamente habitado, tornando-se mais um bairro de Manaus, dessa forma, estou dando adeus à natureza do outro lado do rio.

Ao meio-dia, chegou a hora forrar o bucho, o pedido foi um Pacu assado, o famoso “Hipoglós”, com farofa, vinagrete e baião de dois, detonei o peixe sem nenhum rodeio, lambuzando as mãos e a boca, bem no estilo caboclo, estava uma delícia, além de curtir muita música brega, um estilo musical apreciadíssimo pelos interioranos.

Final de passeio, hora de voltar e comtemplar novamente o Rio Negro, as águas ainda estão turvas, em decorrência da grande seca, quando começar a entrar nos furos, lagos e igarapés, com a decomposição orgânica, a cor mudará para âmbar, a paisagem mudará, o rio ficará cheio novamente, completando mais um ciclo.

Por que é feriado na segunda-feira? Segundo os historiadores, a data é para ser comemorada a Proclamação (o anúncio em público e em voz alta pelo Marechal Deodoro da Fonseca) da República (do latim res publica – coisa publica), ocorrida no dia 15 de janeiro de 1889, na Praça da Anunciação, hoje Praça da República, no Rio de Janeiro; foi um golpe militar em que acabaram com a monarquia no Brasil, cessando o reinado do imperador D. Pedro II – o Brasil passou a ser uma República Federativa, com o governo provisório do Marechal Deodoro. A república é um sistema de governo, onde o presidente é o chefe do governo, auxiliado pelos seus ministros, o povo participa do governo ao votar – o poder é divido em três partes: o executivo (o administrador do Brasil, o presidente da república), o legislativo (elaboram as leis na Câmara dos Deputados e no Senado Federal) e o judiciário (julga o cumprimento das leis). Muitos ainda desejam a volta da Monarquia, inclusive, já foi feito um plesbicito, ganhando a República.

Alguns perguntarão: - E o resto do feriadão prolongado, como foi? Curti nos shopping Center de Manaus, conversei bastante com os meus filhos e brinquei muito de vovô no tapete da sala de estar.

Chega de final de semana prolongado, lamento por não ter ido a Paricatuba ou ao Rio Preto da Eva, mas, valeu ter curtido em Manaus - já estou com saudade do meu trabalho, depois de alguns dias na labuta, irei rezar para chegar logo o próximo feriado, - a vida é assim mesmo: se estamos aqui, queremos ir para lá, se estamos lá, queremos voltar! É isso ai.

Foto: Parte da Capa do livro "Manaus, Meu Sonho", do Joaquim Marinho

sábado, 13 de novembro de 2010

BLOGDOROCHA: OS XERIMBABOS DAS NOSSAS VIDAS

BLOGDOROCHA: OS XERIMBABOS DAS NOSSAS VIDAS: "Era um hábito comum entre as famílias pobres de Manaus, criar animais em seus quintais, os mais comuns eram as galinhas, os patos, os papaga..."

sexta-feira, 12 de novembro de 2010

O ACARI BODÓ & CIA.


O Liposarcus pardalis, conhecido popularmente como Acari Bodó, simplesmente Bodó para os manos do Amazonas – é o “patinho feio” na preferencia dos consumidores e pescadores - muitas pessoas não gostam nem um pouco dele, em decorrência do seu aspecto esquisito, bastante feio, parece de outro planeta, além do mais, o bicho é chegado a se alimentar de tudo o que aparece pela frente, não faz cerimônia, até merda ele come, na maior -, mesmo assim, dou o maior valor, o seu sabor é inigualável, além do seu nome está ligado a alguns fatos interessantes.

Na minha infância, ele sempre estava presente a nossa mesa, era sempre detonado assado na brasa ou na forma de caldeirada (cozido e servido com tucupi e bastante verduras) e também como farinha de piracui. Os meus filhos nunca tiveram a coragem de comê-lo, preferem os peixes nobres da água doce, puro preconceito, somente porque ele é feião, come fezes e nada mais!


Ele não tem escamas, possui uma puta de uma carapaça, você pode cometer uma gafe se pedir ao peixeiro um Bodó “ticado”. Somente pode ser preparado quando ainda estiver vivo, mesmo após o corte do rabo e parte do corpo, continua se mexendo! Um Bodó morto exala um fedor insuportável – um amigo meu comprou uma dúzia na Feira da Panair, colocou na mala do carro e esqueceu de tirá-los, passou o final de semana trancado, na segunda-feira quando entrou no carro notou o estrago que ele fez, foi uma semana de fedor, ficou entranhado. Dizem os especialistas que se forem tiradas as vísceras e conservado em gelo na temperatura de 20 graus, poderá ser comercializado até em doze dias.

O Igarapé de Manaus foi o local onde eu nasci, curti muito as enchentes e vazantes, o local era navegável, o Rio Negro invadia o seu leito e ia até a Rua Ipixuna; na seca, gostava de pescar o dito cujo, metia a minha mão nos buracos onde ele se escondia, sempre ficam dois, talvez um casal, não sei, - um era bastante grande, não fazia resistência, agora, o pequeno era brigão, não se entregava fácil.

O meu pai tinha um amigão do peito, o nome dele era Abdias, era conhecido pela alcunha de “Bodó” – pense numa figura, o cara era amolador de ferramentas no Mercado Adolpho Lisboa, nas horas vagas era polivalente: biriteiro, palhaço e cozinheiro.

Nos finais de semana, ele ia para a nossa casa/flutuante, a minha avó não gostava nem um pouco dele, pois foi ele quem incentivou o papai a começar a beber, além do mais, por ser católica fervorosa, considerava o Bodó o “sapato do diabo”, eis as razões da raiva da velha -, quando ele chegava, ela fazia o sinal da cruz e dizia: - Lá vem o Satanás, vou passar o dia fora de casa. O cara vestia uma bata da minha mãe, pintava os lábios, coloca uma peruca e um corpete, se transformava na cozinheira “Bodó do Igarapé de Manaus”, é mole!

Ele não era gay, gostava mesmo era da sacanagem, passava o dia todo tirando saro com todo mundo; contava piadas, colocava no máximo o som do rádio, preparava a batida de limão, fazia o almoço, jogava eu e os meus irmãos dentro d’água, dando o famoso “caldo” na molecada, enfim, ele era o cara mais divertido do pedaço. Os meus pais passavam todo o domingo sorrindo das travessuras do amigo, que legal, sinto ainda saudades do Bodó.

A minha amiga Celestina é sexy, digo, sexagenária -, faz bastante tempo que ela é viúva, ela diz que ainda dá no tranco, só pensa naquilo; atualmente, está sem namorado, pois o seu “carcará” o Sacy partiu para a cidade de Boa Vista, em Roraima, arranjou uma índia macuxi e não voltou mais para Manaus - certo dia um “caboco” gozador chegou próximo a um amigo meu e mandou ver: - Tu tens coragem de detonar a Celestina? Ele respondeu: - Te esperou, sou capaz de comer até cabeça de Bodó, imagine a Celé! Cruz credo, mano velho, sai prá lá “vovodófilo”!

Existe em Manaus uma banda chamada “Os Tucumanus”, gravaram uma música chamada “Acari Bodó”, composição do Mauricio Pardo e Denilson Novo, a letra é mais ou menos assim: "Acari Bodó/Bodó Bodó Bodó/Maniva utilíssima/H2O, H2O/Farinha utilíssima/ H2O, H2O/Misture tudo isso e faça um pirão/Êeeee refeição...Acari Bodó Bodó Bodó Bodó Bodó Bodó Bodó/É só levar ao fogo brando e esperar ferver/Mas não se esqueça, mexa, mexa, mexa/E pronto!
A última vez que eu provei do Bodó, foi no ano de 2008, no Festival Folclórico de Parintins, foram três dias brincando de boi, curtindo a cidade e dando com força no Bodó. No último dia, a cozinheira do barco onde eu estava alojado, fez uma "Panelada de Bodó", só em pensar dá água na boca – comi tanto que cheguei a passar mal.

No próximo ano, se Deus permitir, irei novamente a Parintins, irei comer Bodó que nem um doido. Haja Bodó, eu, hein!

FotoS: 1. Bodó Assado em Parintins - J Martins Rocha
            2. Caldeirada de Bodó - http://machiparo.blogspot.com/2008/05/paca-com-bod-na-segunda-palestra-na.html