quinta-feira, 30 de setembro de 2010

MANA MANA MANAUS

Posted by Picasa


Mana mana Manaus
No coração da hiléia
Tu és soberana cidade matriz
O rio Negro teu ciúme, teu costume
Abraça forte teu terraço fluvial
O rio Amazonas viageiro te paquera
Nesse manto florestal
Vila da Barra, tu és monumental
Entalhada pelos teus igarapés
Mana Manaus
Bela arte manauara
Os teus palácios, o teatro, a catedral
A relumear, sob o céu da Amazônia
Os teus poetas, tuas danças e bumbás
Mana manô
Minha fada, meu conto de amor
O orgulho e encanto do amazonense
E do Boi Caprichoso.

Letra e música: Chico da Silva

MARINA SILVA, A FORÇA DA RESISTÊNCIA QUE VEM DA AMAZÔNIA

Nasceu no Seringal Bagaço, a setenta quilômetros de Rio Branco, no Acre, recebeu o nome de Maria Osmarina da Silva Vaz de Lima, filha de migrantes nordestinos.

É uma mulher da floresta, porém, teve uma infância e adolescência muito sofrida: até os quatorzes anos, sabia somente ver as horas e fazer as quatro contas fundamentais; a sua mãe faleceu quando tinha apenas dezesseis anos de idade; pegou hepatite e, começou a estudar aos dezessete anos, pois queria ser freira. Fez dois supletivos e pegou novamente outra hepatite. Morou por alguns anos em Manaus, no Morro da Liberdade.

Foi empregada doméstica, para ajudar no sustento da família. Conheceu o Chico Mendes e o Clodovil Boff, fez um “Curso de Liderança Rural” – conseguiu se formar em “Teologia da Libertação” e cursou História.

Junto com o Chico Mendes fundaram a Central Única dos Trabalhadores (CUT) do Acre, da qual foi vice-presidente; após o assassinato do Chico, em 1988, foi sucessivamente a vereadora mais votada de Rio Branco, Deputada Estadual e Senadora.

Em 2003, foi galgada ao cargo de Ministra do Meio Ambiente, no governo do Luís Inácio da Silva (PT), serviu nos dois governos, porém, teve divergências com o rumo em que o Partido dos Trabalhadores estava tomando, resolveu se desligar da agremiação e foi para o Partido Verde (PV).

Em 2010, foi aclamada nacionalmente pelos verdes para disputar à Presidência da República, figura em terceiro lugar nas pesquisas de intenção de voto; caso fosse candidata em um país desenvolvido, com certeza, estaria em primeiro lugar.

É uma mulher frágil, suave e terna, não se tornou uma católica ou comunista, hoje é uma cristã evangélica. Foi contaminada na sua infância por metais pesados – por sua aparência, uma decadente roqueira nacional, falou que não votaria nela por ter “uma cara de fome”, falou isto por puro preconceito e por desconhecimento do passado da Marina.

A Marina tem um discurso forte -, o seu partido tem propostas concretas, para um crescimento nacional com responsabilidade, infelizmente, o povo brasileiro prefere ficar com a “búlgara” Dilma Rousseff, em vez da nossa gloriosa brasileira Marina Silva.

No próximo domingo, irei digitar 43 e confirmar na urna eletrônica – votarei com a minha consciência tranquila e com a sensação do dever cumprido! É isso ai.

quarta-feira, 29 de setembro de 2010

A INTERNET CAIU - E AGORA, JOSÉ?

Semana passada foi marcada em Manaus por várias quedas da Internet - modernismo dos mais esquisitos é esse: - A Internet caiu, é agora, José? Não tem jeito, para tudo no trabalho, na faculdade, em casa, na rua; não se faz mais nada, não se vende e, tampouco se compra, não se faz mais isso, aquilo ou o diabo que o carregue! Socorro, estamos presos à internet! Desgraçada, maldito o dia em que os ianques criaram este monstro! O bicho é bom, mas, quando cai, todo mundo se...

Imagine você, numa fila desgraçada, de um banco ou lotérica, numa sexta-feira de um final de mês, doido para pagar as contas atrasadas, fazer uma fezinha ou tentar sacar aquela merreca para o final de semana – aí o caixa, com aquele sorriso amarelo, faz aquela declaração, a última coisa que você não quer ouvir na naquele dia: - A internet caiu e o sistema está fora do ar! Aí você resmunga: - Essa não! Estou mais de uma hora nessa fila, com um calor infernal, a minha garganta está seca, ainda vem essa cara falar isso! Ai você solta os cachorros: - Ei, moço, onde fica essa tal internet, por favor, me dê o endereço dela que eu quero ir lá dá uma peia nessa filha de rapariga! – você grita e baba que nem um cachorro doido. Sorte sua se não encontrar pela frente um caixa gozador, já pensou se ele responder assim: - Então, anota ai: www.ainternetquecaiu.com.br, acesse quando ela voltar! Com essa resposta, será que dá pra quebrar a “cara” do caixa e do gerente? Claro que sim, além do subgerente e dos demais caixas! É brincadeira, não vá fazer isso, senão irá ver o “Sol nascer quadrado”! Mas, para quem reclamar? Talvez, para o Bispo!

E no trabalho – você está cheio de relatórios para passar para a Diretoria, tirar notas fiscais eletrônicas, responder os e-mails e marcar pelo MSN aquele encontro com a gata – De repente, apaga tudo! Alguém berra: - A internet caiu, e agora, José! Aí você grita: - Liga para o provedor, pergunta quando vai voltar esta merda! Resposta da recepcionista: - Falaram que a fibra ótica foi cortada lá na BR-319, próximo ao Município de Autazes, os técnicos da Embratel já estão a caminho, a previsão é voltar depois da seis da tarde! Sem chance, a única solução é a utilização do “TIM/Vivo/Claro Web” - Mas quem tem na empresa? Poucos possuem e, além de lento é caro. O jeito é ir para a cozinha e jogar conversa fora, fazer futrica, falar mal do chefe e contar piadas, para relaxar um pouco. Vai ficar tudo para o dia seguinte, com acumulo de serviços – E se a internet cair de novo? Ai é pra acabar!

Num intervalo de queda da internet, uma jovem “hitech” detonou: E ai, Rocha, como era o teu trabalho, antigamente? Respondi na altura: - Era foda, tudo era feito à mão, não existia PC, notebook, scanner, impressora, fax e o diabo das parafernálias de hoje em dia – naquele tempo usávamos a máquina de escrever, carbono, estêncil, caixa postal dos correios, calculadora Sharp, telex, o computador era um IBM/3, um monstro que cabia numa sala grande – trabalhávamos o dia todo, dava para dar conta do serviço, mas, não existe  esta porra da internet!

Brincadeiras a parte, a internet e a intranet da vida, vieram para ficar, o nosso mundo é outro, a comunicação é de massa e instantânea; a cada dia surgem novos equipamentos e software, mudou o modo de executar as tarefas, porém, quando a energia falha, se você não tiver um nobreak, parte do trabalho já era, vai para o espaço sideral. E quando cai a internet, já era papai, não há fiofó de peruano que aguente!

Manaus é uma cidade com mais de dois milhões de habitantes, não é mais concebível termos um serviço tão ruim assim. Ocorre que somente a Embratel disponibiliza a famosa banda larga, via fibra ótica, não fazem a devida manutenção, quando existe um problema, os técnicos levam horas para resolver, além de oferecer um serviço caro e ruim.

A solução em curto prazo será a conclusão da rede de fibra ótica da “Oi”, que vem da Venezuela, permitindo ao manauenses um acesso mais barato, além de conexão e transmissão de dados mais confiáveis.

Por enquanto, não tem solução, o jeito é aguardar, a Embratel somente irá melhorar quando chegar a concorrência, infelizmente, o mercado funciona dessa forma cruel! A internet caiu, e agora, José?

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

JOAQUIM ALENCAR E OS SEUS PROJETOS PARA O FUTEBOL AMAZONENSE


O futebol amazonense já teve os seus dias de glória, com estádios lotados, o recorde de público foi no Estádio Vivaldo Lima, no dia 09 de março de 1980 – o projeto foi do Joaquim Alencar.

O jogo foi entre o Fast Clube e o New York Cosmos, com um total de 56.890 torcedores pagantes, imaginem a loucura que foi o evento, pois compareceu um numero bem acima da sua capacidade (sem contar os convidados, penetras e carteiradas), segundo o Carlos Zamith, o mais respeitado historiador do nosso futebol, a capacidade do Vivaldão era de 50 mil pessoas – tive o privilegio de assistir ao jogo, foi um dia de festa para Manaus. Este recorde nunca foi superado. O Estádio Vivaldo Lima está sendo demolido e em seu lugar será construído uma Arena Poliesportiva, com capacidade máxima de quarenta e uma mil pessoas, portanto, com o controle imposto pela FIFA este recorde não será superado por longos e longos anos!

O empresário Joaquim Alencar foi o responsável por esse momento histórico – na qualidade de representante dos relógios da marca Citizen, tinha um numero elevado de clientes e viajava muito pelo Brasil afora. Na Vila Belmiro, em Santos/SP, conheceu o glorioso Pelé e o Julio Mazzei -, quando estes foram para o Cosmos, em 1975, ele passou a representar o time no Brasil. Por ser amazonense e fastiano do coração, intermediou a partida em Manaus.

Além desse sucesso em público, o Joaquim fez vários outros famosos eventos futebolísticos, como: Fast X Seleção da Polônia, Seleção da Bolívia, Flamengo, Vasco e Fluminense -, além de ter sido o responsável pela vinda de vários jogadores famosos para o futebol amazonense, como: Clodoaldo, Jarzinho, Marco Antonio, Josimar, Alberto Leguelé, todos da Seleção Brasileira.

Foi também o autor do “Projeto Vale Lazer”, ajudando o Estado do Amazonas a quintuplicar a arrecadação e colaborando com a equipe do São Raimundo a manter-se por oito anos na segunda divisão do futebol brasileiro.

O homem não parou de trabalhar pelo nosso futebol, está elaborando o projeto “FREE SOCCER”, com a colaboração dos contadores José Rocha e Marcelo e do Dr. Ruy Gomes – consiste em convencer o fisco do Estado do Amazonas em abrir mão de dez por cento dos débitos das empresas com o ICMS e, em contrapartida, adquirirem ingressos dos jogos e ajudando os clubes locais.

O Joaquim Alencar já promoveu inúmeros eventos, acredito que este será mais um grande sucesso. Os grandes times brasileiros são ajudados pela Petrobras (fatura os tubos com o petróleo e gás da província de Urucu, em Coari, no Amazonas) e por grandes empresas multinacionais fincadas no Polo Industrial de Manaus, no entanto, essas empresas (ex. Samsung e Sony) apesar de faturarem bilhões de reais, não dão nem uma “esmola” para os clubes locais.

Já pensou de tivéssemos mais uns dez Joaquim, preocupados com o nosso futebol, contando, ainda, com a ajuda das grandes empresas do PIM, com certeza, não estaríamos “morto” futebolisticamente! É isso ai.

Foto: acervo do Carlos Zamith http://www.bauvelho.com.br/
Em pé Carlos Alberto, Joãozinho, Miguel Banana, Marcos, Clodoaldo (tri-campeão do mundo 1970), Juldecy, Juarez Bandeira (técnico), Manoel Muniz e Joaquim Alencar. Agachados: Rogério, Tauiris, Bené, Zé Luiz e Orange.




sábado, 25 de setembro de 2010

A POLITICAGEM BARÉ


Existem três coisas que são muito polemicas: religião, futebol e politica, por isso, tento evitar ao máximo fazer alguma postagem envolvendo esses assuntos, no entanto, o momento é propicio para falarmos um pouco sobre a politica, desculpe, a politicagem Baré.

Não é a minha praia, alias, não domino nenhuma praia, dou apenas algumas pinceladas sobre assuntos relacionados com a nossa cidade. Mas, vamos lá, não tem como fugir, o assunto politica está nas ruas, nos botecos, em casa, no trabalho, na faculdade, enfim, em tudo o que é buraco o assunto é politica.

O que eu noto é que as pessoas confundem a politica (ciência dos fenômenos referente ao Estado) com a politicagem (a politica mesquinha, estreita, de interesses pessoais), mas, na altura do campeonato quem é que vai discutir politica, na acepção da palavra, o que interessa mesmo é a vida pregressa dos nossos representantes.

O provável governador será o Amar Aziz (PMN), um paulista da capital, diziam que o homem não decolava e que ele era ruim de voto, mas, esqueceu-se de levar em consideração que ele é o atual dono do cofre estadual (governador), para ser ter uma ideia, numa simples canetada, ele distribuiu graciosamente milhões de reais para vários amigos políticos, foram exatamente 8,4 milhões de reais de verba conveniadas pelo governo do Amazonas à Organizações Não Governamentais (ONGs) ligadas aos políticos. Será que dá para eles se reelegerem com esta pequena ajuda? Com tanta farra do dinheiro público, qualquer um manda e desmanda, enquanto isso, os pobres mortais tem o dever de recolher ao erário 83 tipos de tributos (municipal, estadual e federal).

O outro que bate de frente com o Omar é o Alfredo Nascimento (PR), nasceu em Martins (Rio Grande do Norte) – este chegou por estas bandas como um simples Cabo, com o tempo, tornou-se um homem poderoso, foi o pupilo do Amazonino Mendes/PTB (um cabocão de Eurinepé, Amazonas, está no poder desde 1983 e é o atual prefeito de Manaus) - galgou inúmeros cargos públicos, foi Prefeito, Vice-Governador, Ministro e Senador – está “em cima da carne seca”, tem o apoio da Dilma Russef (PT) e do presidente Lula (PT). Se perder a eleição, poderá ser nomeado ministro ou voltar para o Senado Federal.

O voto é secreto, porem, aviso aos navegantes que nunca votei e jamais votarei nesses caras, apesar de muitos falarem que tudo tem o seu preço. Votarei sim, na renovação, acredito que o jovem Hissa Abrahim (PPS) é uma excelente opção para os amazonenses.

Para as duas vagas do Senado da República, uma é do Eduardo Braga (PMDB), um paraense de Belém que se fez em Manaus - o homem passou oito anos como governador, fez a ponte mais cara do mundo, superfaturada em toda a sua extensão, implantou um grandioso projeto chamado “PROSAMIM”, alguns dizem que é “SOPRAMIM”, gastou mais de um bilhão de reais, tirou a maioria dos pobres dos entornos dos igarapés de Manaus, porem, a conta será paga por todos nós. Foi um amigaço do Lula, conseguia tudo o que pedia, na hora do vamos ver, traiu o Lula, preferiu dar apoio ao Omar. O jornalista Orlando Farias conhece muito bem essas "trairagens", podem ler o seu livro "A Dança dos Botos", vai Valer a pena.

A outra vaga está entre o Arthur Neto (PSDB), um genuíno amazonense e a Vanessa Grazziotin (PCdoB), importada de Videiras/Santa Catarina, aquele é um arqui-inimigo do Eduardo Braga, porem, é considerado o segundo politico mais influente do Senado Federal -, esta, foi durante anos uma oposicionista do governador, depois, o seu marido ganhou uma secretaria no governo e ela migrou para as hostes da situação, cansou de ser oposição. O meu voto será para o Arthur Neto e para o Jeferson Praia (PDT), dois cabocos amazonense de boa cepa.

O nosso Amazonas possui oito Deputados Federais, a grande maioria não gosta do ar seco de Brasília, preferem ficar em Manaus, saboreando um Jaraqui frito com baião de dois, pegam falta direto. Não entendo a posição desses caras, brigam feio para conseguir uma vaga e depois de eleito não batem o ponto no emprego. Tem um dele que é o “dono” de uma faculdade e de uma igreja evangélica, um familiar seu foi pego pela Polícia Federal com 500 mil reais nos bolsos, alegou que era uma oferta de um empresário para a sua igreja e que o valor não era tão alto assim, pois já recebera até um avião como doação. É mole ou quer mais? Eu quero é mais, papai!

O único que ainda nos orgulha, chama-se Francisco Praciano (PT), é um “cabeça chata” de Itapipoca (Ceará), foi quatro vezes vereador e deputado federal em 2006, o homem é bom de voto, gosta de trabalhar e ajuda muito o nosso Amazonas – merece o meu voto.

Os nossos deputados estaduais são médicos, professores, evangélicos, radialistas e apresentadores de programas sensacionalistas – a grande maioria é governista, gostam de ficar no “bem-bom”, sombra, água fresca e muita grana nos bolsos, alguns até recebem uma "pequena ajuda" do governador, para tocarem as suas ONG’s, ma.ra.vi.lha! A briga é de foice, tem que aparecer para ser lembrado. Colocando na peneira, passam uma meia dúzia – tiro o chapéu para o Luiz Castro (PPS), um paulista da classe media, veio para o interior do Amazonas, foi eleito prefeito de Envira aos 21 anos de idade, fez uma administração impecável – é muito admirado pela sociedade civil e pelos formadores de opinião – não preciso nem falar que ele terá o voto.

Saindo um pouco da nossa Taba - será que politica dos outros Estados possuem algo em comum com a nossa? Acredito que sim. Em todo caso, para presidente do nosso querido e amado Brasil, votarei na Marina Silva (PV), acreana, senadora, historiadora e ambientalista.

Trocando em miúdos: precisamos evoluir, sair da politicagem generalizada, para tanto, o nosso voto é importantíssimo, tem um peso muito grande, a mudança está em nossas mãos, o voto não é um balcão de trocas, ele é um arma utilizada para o bem, para a mudança – diga não a politicagem e, sim para a politica e aos homens de boa vontade! É isso ai.

sexta-feira, 24 de setembro de 2010

O ZUAVO DE MANAUS


A primeira praça que eu conheci, em Manaus, foi a Praça de Policia, assim chamada, por abrigar por longos anos a corporação da Policia Militar e, desde quando eu era um curumim, ficava olhando e admirando aquelas duas estátuas, posicionadas bem na entrada do atual Palacete Provincial, por muito tempo, não sabia o que eles significavam e zero da sua história.

Ao ler o livreto “Caminhado por Manaus”, da pesquisadora Thérése Aubreton, passei a conhecer um pouco mais sobre essas duas estatuas - elas representam os militares franceses do século XIX – as peças foram encomendadas pelo Superintendente (Prefeito) Adolpho Lisboa, quando este estava em viagem por Paris. As esculturas faziam parte de um jardim à francesa, obra do engenheiro paisagista parisiense Léon Paulard.

O lado direito representa um soldado do Exército Regular e a do lado esquerdo um “zuavo” da França Colonial Argelina (Colônia da França até 1962) – segundo a referida pesquisadora “Aproximando-se, percebem-se detalhes muito curiosos dos uniformes: o soldado, provavelmente da infantaria, tem às costas um cobertor, piquetes para a montagem de barraca de campanha, cartucheira, cantil e baioneta; o zuavo ostenta a medalha da Legião de Honra (Légion d’Honneur), a maior comenda francesa".

A estátua do Zuavo de Manaus é a que mais chama atenção, pois existe uma igualzinha em Paris – diga lá Thérése: “A figura do zuavo, para um francês, é sempre associada a uma famosa estátua localizada na Ponte de l’Alma, de Paris. Até há alguns anos a escultura servia para medir o movimento das águas do Rio Sena. No anos de muita chuva a água atingia os pés do zuavo da ponte. Comparando as duas esculturas percebe-se que o zuavo de Manaus é uma reprodução daquele que existe às margens do Rio Sena. O zuavo de Paris é maior e foi esculpido em pedra; o zuavo de Manaus foi fabricado em bronze. A postura, posição e a roupa, todavia, são absolutamente iguais, sem sombra de dúvida que o modelo que possuímos foi rigorosamente copiado do original parisiense”.

Na Praça da Polícia, atual Heliodoro Balbi, ainda encontramos as seguintes estátuas: Cão e Javali em Luta (em bronze, obra do francês Ch. Perron) – Diana Caçadora (Val D’Osne, 68 Bd. Voltaire, Paris) – Mercúrio (o Hermes dos gregos), fabricado no ateliê Val d’Osne, em Paris, França – Uma Ninfa (idem) – Cabeça de José Maria Ferreira de Castro (autor de “A Selva”) e o Busto de D. Pedro I (inaugurado em 1972, em comemoração aos 150 anos da nossa independência).

Com a atual reforma da nossa querida praça, o local ficou uma beleza, virou uma atração turística – O Zuavo de Manaus foi pintado, os turistas gostam ser fotografados ao lado dele, ficou muito famoso depois de um século da sua chegada em Manaus.

Agora, sim, depois de conhecermos mais um pouco da nossa história – o Zuavo de Manaus merece ser mais visitado e admirado por todos os habitantes da nossa Taba. É isso ai.
Fotos: (a primeira mostra o Zuavo de Manaus - http://www.ofingidor2008.blogspot.com/  - a segunda, uma colagem do Zuvo de Paris).   

quarta-feira, 22 de setembro de 2010

ZÉ MUNDÃO, O REI DA GETÚLIO VARGAS

Na sua juventude, entre os dezoitos e vinte um anos de idade, a Avenida Getúlio Vargas era a praia do Zé, o cara mandava e desmandava naquele pedaço, tudo acontecia por lá – existiam na área os seguintes bares: Aroeira, Gordo, Alex e Garfo de Ouro; os clubes: Sheik e Bancrévia e os cinemas Politheama e Guarany. Por ser o Rei do pedaço, tinha os seus súditos, as principais figuras, escolhidas a dedo, eram: O “Campos” – um bonitão, grandão, servia de segurança e conquistador das beldades, para o Zé Mundão, é claro! O “Rato” - um cara-de-pau, gozador até a alma, cheio de marmotas, era o bobo da corte. O “Cara de Velha” - pense num cara mais feio do que um processo - era o dito cujo, porém, tinha bastante bom senso e sabedoria, era o conselheiro do reinado. O “Branco” - vivia rindo, parecia uma hiena, era o pau-mandado (mensageiro) do Zé e, por último, o “Bira” - o único filhinho-de-papai, recebia uma gorda mesada do seu pai, era o ordenador das despesas, servia como tesoureiro do reinado do Zé Mundão.

A reunião acontecia bem cedo no Bar do Gordo, montavam as estratégias para invadir e aprontar em outros reinados: sexta-feira, beber no Gordo, pagar a metade e fiar a outra, depois, zoar no baile do Sheik Club; sábado, passar pelo Bar Aroeira, depois no Alex e por ultimo, dar um pulo até o Garfo de Ouro e comer uma galinha a “La Claudia Barroso” e, no domingo, pela manhã, jogar futebol de salão, na quadra do Colégio Estadual D. Pedro II, tomar banho no Igarapé de Manaus e pular da Primeira Ponte, depois do meio-dia, correr para casa, pegar o rango às presas e, ir aos cinemas Politheama ou Guarany, à noite, aprontar todas no Bancrévia Clube.

O Zé por ser o líder da galera, ordenava logo na sexta-feira: - O lance é o seguinte cabocada: vamos hoje ao Sheik, primeiro entra o Bira, o Rato e eu - o Campos, o Cara de Velha e o Branco ficam lá embaixo, no alçapão – o Rato fica entretendo o segurança, o Bira vai providenciar gelo e Coca-Cola, ao meu sinal, abro o alçapão e entram os três com o Montilha escondido na cueca e limões nos bolsos, tudo bem? Todos concordavam.

Depois de encherem a cara com ”Cuba Libre” sem pagamento da rolha, o Zé começava a mandar, novamente: - Campos e Rato, tá na hora de vocês botarem pra cima da mulherada, vou chegar de mansinho, falem para elas que eu sou filho de fazendeiro, o “Rei do Gado” -, elas adoram ser enganadas, depois de dançar e de ter dado aquele amasso na gata, finjo que vou ao WC e dou o fora, pela tangente!

O Cara de Velha, ponderava: - Olha lá, Zé Mundão, pega leve, senão só vai dá pro teu! Enquanto isso, o Rato detonava: - Deixa comigo, gente fina, tá tudo no papo! E o Branco, nada falava, sempre rindo: - He, he, he, he, he! O Bira, gente boa, dono do capim, prometia: - Deixa a bronca comigo, eu pago a conta! O Campos, dava a maior força: - Bota no toco, Zé, vai ser uma loucura, papai! O cara era, realmente, o Rei do pedaço, aprontava e se dava bem na maioria das vezes.

Certo dia foi a um baile chamado de “Vereda Tropical”, o Zé estava no bem bom com uma gata, não sabia que estavam filmando o evento para um comercial na TV Ajuricaba – não deu outra: O Zé foi filmado dançando, aparecia dentro de um disco de vinil, dando o maior show, ao som da musica Vereda Tropical, na voz do Javier Solis - “Voy por la vereda tropical, la noche plena de inquitud, com su perfume de humedad... Foi tema para gozação em casa, na rua, no trabalho e na escola – era chamado de “Zé, o pé-de-valsa do Sheik”, ficou de molho por um tempão, estava puto da vida e deixou de frequentar o seu clube preferido.

Agora, imaginem essa turma na época do carnaval! O bicho pegava, o sexteto fazia parte da bateria da Escola de Samba Unidos da Getúlio Vargas – nos ensaios, o Zé Mundão queria ditar o ritmo, mandar mais do que o “Mestre Bola”, um negão barrigudo, grande sambista importado lá da Matinha. O Bola, puto da vida, mandava ver: - Porra, Zé, tu tá atravessando o samba, cai fora, caralho! O Zé não se fazia de rogado: - Tá bom, mas tem um detalhe: vai comigo toda a minha galera, inclusive o Bira, o cara ia pagar hoje três grades de cerveja! Ai, o Bola sentia a parada dura, pois sabe como é a vida: sem veludo no gogó não dá samba -, procurava logo amenizar: - Tá bom, Zé Mundão, mas, bate de vagar no Surdo, vou fingir que nem estou ouvindo! Geralmente, o Zé somente aprontava nos ensaios, pois, no dia do desfile na Avenida Eduardo Ribeiro, o cara ficava dentro do ritmo, apesar de só descer a Avenida depois de já ter detonado várias doses do “Padrinho Acrísio”, uma bebida alcóolica feita artesanalmente pelo “Sêo Acrísio”, um famoso “químico” da fábrica de Guaraná Baré. Olha o Zé Mundão no carnaval, aí gente!

Bom mesmo eram os bailes no Bancrevia, um clube dos funcionários do Banco da Amazônia, aberto aos domingos para a comunidade, desde que pagassem o ingresso, é claro! O local ficava na penumbra e tocava somente musicas “lentas”, um lugar ideal para o Zé Mundão dar aquele acocho nas caboquinhas do pedaço e aproveitar para encostar maliciosamente o “remo” nas coxas das gatas.

É isso ai, Zé Mundão, o Rei da Getúlio Vargas!

Nota do Blog - O Zé Mundão é um personagem criado pelo blog – um cabocão manauense, ambientalista, gozador, enrolado até o cabelo, amante da cidade de Manaus, curtidor da vida social, cultural e etílica da sua cidade. Alguns leitores assíduos do blog gostam das peripécias do Zé Mundão, inclusive, confundem com a pessoa do editor do blogdorocha, mas não tem nada a ver, tudo é uma mistura do passado, com a realidade e ficção da vida de um típico manauense.

terça-feira, 21 de setembro de 2010

O PRÉDIO DA “CASA 22 PAULISTA” FOI SALVO PELO GONGO!

O prédio da esquerda, fica na Rua Epaminondas, esquina com a Avenida Sete de Setembro, centro antigo de Manaus – foi construído no final do século XIX. Dizem que este nome curioso se deu, em decorrência de abrigar por algum tempo, exatamente, vinte e dois paulistas.

O projeto básico do famigerado “Monotrilho” previa a derrubada desse prédio e do Teatro da Instalação – com a intervenção dos Ministérios Público Estadual e Federal e do Instituto Histórico e Artístico Nacional, a empresa Princewaterhouse Cooper Corporation foi obrigada a rever o projeto e o traçado, desviando para a direita, fazendo com que todo o quarteirão de prédios históricos seja preservado.


Por falar em monotrilho - este é um projeto de mobilidade urbana que faz parte das obras de preparação da cidade para ser uma das sedes da Copa do Mundo 2014. Acredito que este projeto não vai vingar, pois, todo mundo sabe que este tipo de transporte não é mais adotado em nenhuma cidade, por ser de alto custo, antieconômico e poluidor visual. Somente é aceito em parques temáticos -, inclusive, o que foi construído para a Copa de 2010 na África do Sul está sendo desmontado.

A solução viável é a adoção do “Bus Rapid Tansit – BRT” – um sistema de ônibus de alta capacidade que provê um serviço rápido, confortável, eficiente e de qualidade, com a utilização de corredores exclusivos. A Prefeitura de Manaus entrou na briga contra o monotrilho e vai adotar o BRT do centro até a zona leste da cidade – o próximo governador terá de repensar e adotar também este sistema.

Ainda bem que existem instituições do quilate do Ministério Público, tanto na esfera estadual quanto na federal, onde trabalha pessoas dignas de todo o nosso respeito, pois cumprem fielmente o seu papel instituído pela nossa Carta Magna de 1988: a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis (interesse público).

A Casa 22 Paulista foi salva pelo gongo, os proprietários podem continuar o seu tradicional ramo varejista de vendas de tecidos. Xô monotrilho, sai prá lá bicho ruim! Venceu o bom senso e os homens de boa vontade! É isso ai.

sábado, 18 de setembro de 2010

RECICLAR É PRECISO

Recebi um e-mail de um amigo, no final, continha uma mensagem, mais ou menos assim: “evite imprimir esta mensagem, pense um pouco mais no meio ambiente, serão várias árvores que não irão para o chão".

Pensei um pouco sobre o assunto e, resolvi lançar uma campanha na empresa em que trabalho.

Mandei o seguinte e-mail para os colaboradores:

RECICLAR É PRECISO

Tendo em vista ao apelo mundial com relação à sustentabilidade do nosso Planeta, levo a apreciação dos senhores, uma proposta para a reciclagem dos papeis descartados pelo escritório e pelas lojas da Mirai.

Alem de colaborar com a natureza, traz enormes benefícios para a empresa, tais como:

• Retorno financeiro (lucro);
• Faz bem para a mente dos colaboradores;
• Aumenta a imagem positiva da empresa;
• Contribui com a educação das crianças do entorno da Mirai.

Outro fator fundamental é a contribuição para o marketing da empresa, imaginem a repercussão em Manaus, lançar folder com material reciclado ou informar a comunidade que a Mirai recicla todo o papel utilizado na empresa.

Inicialmente, a Diretoria da empresa tem de abraçar a ideia, depois, fazer um planejamento e engajar todos os funcionários. Deve ser contratada uma pessoa (prestador de serviços) que conheça todo o processo, para ministrar cursos, indicar o material para ser comprado, etc.

A ideia inicial será fazer cadernos e distribuir para a escolinha da Chapada e depois o folder dos produtos da Mirai.

O que o nobre leitor acha da ideia? Pode ser difundida para outras empresas de Manaus? Caso positivo, passe adiante a mensagem.

Quem passa à noite pelo centro comercial de Manaus, se depara com um monte de pessoas abrindo os sacos de lixos jogados pelas empresas comerciais – fica tudo jogado nas calcadas, aproveitam somente as caixas de papelão para a reciclagem. A Prefeitura de Manaus deveria fazer um trabalho de conscientização junto aos empresários, para separarem o lixo de uma forma seletiva, ou seja, identificar o que contém dentro de cada saco, mostrado o que é papelão, plástico, vidro, pilhas, lixo orgânico, etc. Agindo dessa forma, os catadores pegariam somente o que fosse importante para a reciclagem, não espalhariam o lixo por todas as ruas, a cidade ficaria mais limpa, humana e bonita.

Muitas empresas do Polo Industrial de Manaus já fazem isso, porém, não é muito divulgado. Deveriam mostrar para todos o que eles estão fazendo, inclusive, incentivando as outras empresas a fazerem o mesmo.

Futuramente, somente terão vez no mercado, as empresas ecologicamente corretas. O consumidor dará prioridade para aquelas que estiverem compromissadas com um mundo melhor.  

Que tal esvaziarmos a lixeira da nossa mente? Fazer um tipo de reciclagem mental, mudar certos paradigmas, pensar diferente, ser mais solidário, ficar compromissado com o meio ambiente e com o futuro das próximas gerações de brasileiros. Reciclar é preciso! É isso ai.

quinta-feira, 16 de setembro de 2010

EM DEFESA DO NOSSO PATRMÔNIO HISTÓRICO

Fiz uma postagem sobre a nossa querida Avenida Joaquim Nabuco, comentei sobre o nosso patrimônio histórico, outrora, tão bela e respeitada e, lamentei a destruição da grande maiores dos belos prédios daquele lugar, fiz também uma denúncia contra a Uninorte, pois no afã de construir as suas faculdades, está destruindo muitos quarteirões  de casas antigas da nossa Manaus.

Uma jovem aluna daquela instituição de ensino, ficou revoltada com as nossas críticas dirigidas a Uninorte e contra a nossa defesa do patrimônio histórico, enviou, via e-mial, a seguinte mensagem:

“Cara, deixa de viagem! O mundo estar em processo de evolução a todo momento, não se pode viver sempre na mesma época, nada do que foi será de novo do jeito que ja foi um dia, as coisas, o tempo, as pessoas mudam. Você fala do Centro Universitário Uninorte dessa maneira, porque não é você que depende daquele lugar para fonte de conhecimentos. Devemos, sim, preservar e restaurar alguns monumentos hitóricos, mais isso não significa que devemos viver na época aúrea da boracha, né filho? Cultura para mim é importante, sim, mas, passado tem que ficar na História ou Museu; nem todo prédio, birosca, quitanda tem que ser preservado; bonito e cultural é preservar monumentos históricos como a Beneficente Portuguesa, Nilo Peçanha, Colégio Barão do Rio branco, até porque pessoas importantes da História estudaram lá, e isso contribui para o turismo na cidade. Se quiser me criticar, manda resposta para o meu e-mail”.

Após fazer as minhas reflexões, mandei a seguinte resposta:

“Muito agradecido pelo seu comentário, inclusive, foi publicado na íntegra no nosso blog, não fiz nenhuma correção. Você me pediu para rebater a suas críticas, passo a enumerá-las: 1. Realmente ando viajando muito nos meus pensamentos - o blog retrata esse saudosismo, porém, viajo com os pés no chão, não critico por criticar; você deve ser muito jovem, não conheceu como era linda a Avenida Joaquim Nabuco, os nossos governantes deixaram transformar aquele espaço numa degradação total – os prédios, biroscas e quitandas que você cita, foram belas casas de Manaus, foram todas para o chão, no local, foram construídos aqueles “monstrengos” da Uninorte; 2. Você é estudante da Uninorte, depende dela para obter conhecimentos – fui estudante da UFAM, sou formado em Administração e, estudei alguns períodos de Direito, na Uninorte, ou seja, dependi também para obter conhecimentos – não sou contra a Uninorte, enquanto instituição de ensino, mas, pela forma como os dirigentes implantam as suas faculdades no centro antigo de Manaus, não respeitando a nossa história e a nossa cultura; 3. Sei que tudo se transforma, nada é estático, porém, somos sabedores que para caminharmos em direção ao futuro, teremos que conhecer o passado para entender o presente. Faço parte de um grupo de pessoas que amam Manaus e a sua gente, lutamos pela revitalização do centro antigo de Manaus. Você já deve ter passado pelo Largo de São Sebastião, o lugar é bonito, limpo, revitalizado, aquilo é apenas uma pequena parte do que era a nossa cidade. Agora, imagina se todo o entorno do Teatro Amazonas fosse derrubado e construído prédios e faculdades da Uninorte, ficaria muito feio, um desrespeito aos amazonenses. Peço desculpas a você sobre a postagem que fiz sobre a Avenida Joaquim Nabuco e sobre as críticas à Uninorte, espero que as minhas breves palavras acima, tenha aclarado a minha intenção. Parabéns, continue estudando, fazendo as suas críticas, enfim, tenha uma boa preparação universitária, pois num futuro próximo será você que terá a obrigação de defender e cuidar da nossa cidade”.

Não recebi o retorno da jovem aluna da Uninorte, no entanto, foi muito importante as suas críticas e, espero que ela tenha entendido a minha posição. O nosso blog foi criado, exatamente, para defender e valorizar a nossa cultura, o nosso povo, o nosso patrimônio histórico e a nossa Amazônia. É isso ai.

quarta-feira, 15 de setembro de 2010

MÁRIO YPIRANGA MONTEIRO, GRANDE GUERREIRO DA TERRA DE AJURICABA!


Com todo o respeito aos escritores amazonenses, mas, não tivemos até agora uma pessoa com a maior produção literária do que o saudoso Mario Ypiranga Monteiro.

Para quem não é da nossa região ou não conhece a nossa historia, o homem deixou para a posteridade mais de duzentas obras, sendo 16 delas inéditas.

O Mário Ypiranga nasceu em Manaus, no dia 23 de janeiro de 1909, em 1927 começou suas atividades literárias como poeta e contista, foi professor de Literatura Portuguesa na antiga Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da UA. Exerceu o jornalismo por 70 anos, pertenceu a Academia Amazonense de Letras, Ordem dos Advogados do Brasil, Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas, National Geographic Society (USA), admirador da história e do folclore. Faleceu no dia 8 de julho de 2004, aos 95 anos de idade, foi casado por 65 anos com Ana dos Anjos, com quem teve quatro filhos.

Próximo a sua morte, foi entrevistado pelo historiador Ibrahim Baze, no programa “Literatura em Foco”, do Amazon Sat, canal 44 – contou sobre a sua vida em Manaus e, no final do programa, falou o seguinte: - Já dei a minha contribuição para Manaus, o meu tempo já passou, estou no final da vida, Adeus!

Num belo sábado ensolarado de Manaus, o nosso escritor veio a falecer, não fui ao seu velório, porém, prestei as minhas ultimas homenagens quando passou o cortejo fúnebre – me encontrava, exatamente, em frente à Praça da Saudade, o caixão do Mario Ypiranga estava em cima de um carro dos bombeiros, uma homenagem pós-morte, feita para poucas pessoas.

Lembro muito bem daquele momento, estava absorto em meus pensamentos e, fiz a seguinte homenagem: - Aqui passa um verdadeiro guerreiro da terra de Ajuricaba, fez história na nossa cidade, tiro o chapéu para você, meu mestre! Você foi um grande amazonense que ousou em escrever, estudar a cultura da nossa Amazônia, lecionar e formar grandes cidadãos. Vá em paz, ao encontro do nosso bom Deus, você ficará eternamente na lembrança de todo o povo amazonense, Amém!

Para a minha surpresa, fui convidado para o lançamento de mais três livros do Mário Ypiranga – não é apenas um, mas, três livros! O homem deixou vários livros inéditos, no prelo, - juro que nunca tinha visto alguém com tamanha capacidade de produção literária, mesmo após a sua morte ainda continuam os lançamento de seus livros.

O evento será às 10 horas do próximo dia 18, no auditório do Instituto Histórico e Geográfico do Amazonas, o IGHA, na Rua Bernardo Ramos, centro antigo de Manaus. Os livros são os seguintes: Escravidão Indígena, O Pescador e Papagaio de Papel – o primeiro versa sobre a chegada dos homens brancos na Amazônia, submetendo os indígenas a toda ordem de humilhações e trabalhos pesados; o segundo, fala sobre a piscosidade do Rio Amazonas e a utilização do índio pelo colonizador para ser o “índio de flecha”, com a obrigação de abastecer a cozinha do homem branco e, o terceiro, dedicado à infância do autor, no bairro dos Tocos (Aparecida), os lugares onde a molecada de Manaus brincava de papagaio, os verbetes utilizados e os seus colegas ilustres, como ele, contumazes empinadores de papagaio.

Bato palmas para os membros da Editora da Universidade Federal do Amazonas, a EDUA, principalmente, na pessoa do sociólogo Renan Freitas Pinto e do escritor Evaldo Ferreira, pela iniciativa de homenagear ao grande escritor e de publicar os referidos livros.

Mário Ypiranga Monteiro, grande guerreiro da Terra de Ajuricaba! Palmas! É isso ai.

terça-feira, 14 de setembro de 2010

OLHA OS PEIXES DE MANAUS, AÍ GENTE!

Posted by Picasa


Os nossos peixes são abundantes, lindos e gostosos por natureza, desde o mais nobre, o famoso Pirarucu, ao mais popular, conhecido carinhosamente por Jaraca – todos fazem o maior sucesso na nossa Manô de mil contrastes, desde a cozinha de um humilde barraco de uma periferia de Manaus, a um restaurante de grã-fino no bairro do Vieralves.

Existem quase duas mil espécies, porém, os mais conhecidos são os seguintes: Pirarucu, Tambaqui, Tucunaré, Matrinxã, Pacu, Surubim, Sardinha, Branquinha, Aracu, Cará, Jaraqui e Bodó. Os mais apreciados são os de escamas, pois os de couro não são muito valorizados pelos caboclos, não comem nem com nojo de pitiú – é uma questão cultural.

A nossa Amazônia é imensa, os pescadores passam semanas viajando e pescando em lugares longínquos, os peixes capturados passam muito tempo armazenados em geladeiras improvisadas, perdem um pouco do seu sabor – para tornar mais econômico, estão cultivando peixes em cativeiros, os mais apreciados são os que ficam em gaiolas no próprio rio.

Os peixes que pegam pouco gelo são chamados de “na baba”, o sabor é inigualável. Certa vez, tive o prazer de provar de uns recém-capturados, detonei numa barraca na Praia de Paricatuba, no Município de Iranduba – estava uma delícia, ainda dar água na boca até hoje – mandei preparar dois Tucunarés fritos, ficava com um olho na frigideira e o outro num gato ladrão!

Aqui em Manaus, existia um sujeito muito antipático, mais grosso do que papel de enrolar pregos, porém, fez história na nossa geração – o cara era auxiliar de fiscal do Juizado de Menores, fazia ponto nos Cines Guarany e Politheama, botava a maior banca junto aos adolescentes – nas horas vagas era Peixeiro, vendendo Tambaquis pelas ruas de Manaus. Quando estava exercendo a função de fiscal, pousava de autoridade, exigia respeito, ficava puto da vida, quando a molecada o chamava de peixeiro. A resposta era sempre a mesma: – Peixeiro é o veado do teu pai, seu eFeDePê! Peguei muita carreira do peixeiro, não me pegava nunca, pois o cara era gordo e cambota.

Dizem que o maior nutriente do peixe da água doce está na “caixa de marcha”. – O que vocês preferem: a cabeça ou o rabo? Muitos gostam do filé, porém, a cabeça é onde está o fósforo, responsável pela inteligência do caboclo. Alias, não dispenso uma cabeça, mas um rabo vai bem, do peixe, é claro!

Para detonar prazerosamente um peixe, tem que meter a mão no “pisce”, catar espinha por espinha, todo cuidado é pouco – mesmo eu sendo um “cabocão” da beira do rio, uma vez e outra me engasgo. Não libero o meu manjar por nada neste mundo (não é bem assim!), mas, um peixe acompanhado com farinha do Uarini, pimenta de Murupi, molho vinagrete, sal, limão, azeite de oliva, Baião de Dois e Guaraná Baré, é bom demais. Para, mano!

Quando alguém for a Fortaleza e avistar na Praia um grupo de pessoas, falando alto, jogando dominó, bebendo cervejas, ouvindo toada de boi e assando Tambaqui - pode escrever ai: são todos amazonenses!

Em Manaus era comum as famílias irem as peixarias para jantarem uma “Caldeirada de Tambaqui”, o point era o “Canto da Peixada” - ninguém resiste a um caldo quente, ovos, batatas, verduras, azeite galo, peixe cozido e um pirão. Atualmente, existem inúmeros restaurantes especializados em peixes, os mais conhecidos são: Cantinho do Peixe, Poraquê, Moronguetá, Jokka, Galo Carijó, Panela Cheia, Sombra da Lua, Choupana e Flutuante da Tia.

O dia da semana do peixe é na sexta-feira, os manauenses adoram se engasgar nos finais de semana. Ainda bem que agora é preparado a Matrinchã sem espinhas, mas, o seguro morreu de velho! Uma Caldeirada de Bodó é o bicho, a Sopa de Piranha é uma boa, sem falar da Matrinxã assada na folha de bananeira.

O consumo médio anual de peixe em Manaus, fica em torno de 35 quilos, enquanto no Brasil é de 7 a 8 quilos. Dizem que nos nosso peixes são encontrados o cálcio, ferro, zinco, sódio, potássio e selênio - responsáveis em suprir as deficiências minerais das populações vulneráveis da Amazônia.

Olha os peixes de Manaus, ai gente! É isso ai. 

Fotos: J Martins Rocha
 

domingo, 12 de setembro de 2010

PORANDUBA DE MANAUS

O termo “poranduba” vem do tupi, significa história, notícia e informação – a minha intenção é dar informações sobre a nossa Manaus atual, destinada aos manauenses que moram em outras plagas ou aos turistas que pretendem conhecer o nosso pedaço de Brasil.

 Clima – temos somente duas estações: verão e inverno, estamos na primeira, com o Sol a pino, os termômetros marcando quarenta graus na sombra; para quem é acostumado com um clima mais ameno, sente uma pancada nos peitos quando sai do Aeroporto Internacional Eduardo Gomes – nos últimos dias tem ocorrido a famosa “chuva de verão”, contribuindo para diminuir um pouco o sofrimento das pessoas. Para ser ter uma ideia “os urubus estão voando com uma das assas e se abanando com a outra” – Apesar desses contratempos, sabemos que o melhor calor é o humano - em Manaus têm de sobra, todos serão recebidos de braços abertos e com muito calor no coração.

 Mobilidade urbana – é um termo muito em voga nas cidades que irão sediar a Copa de 2014, não poderia ser diferente em Manaus – enquanto não constroem o “Monotrilho Linha Norte-Centro” e implantam os “BRT Eixo Leste-Centro”, somos maus servidos pelos ônibus urbanos, todos estão com o prazo de validade vencido faz muito tempo, são verdadeiros cacarecos, além de pagarmos uma tarifa de R$ 2,25, muito alta, pois em Belém e Fortaleza ficam em torno de R$ 1,80. – a saída é utilizar os micro-ônibus “alternativos” com o desembolso de R$ 3,00, com direito a som ambiente e ar-condicionado; existe a possibilidade de pegar um “Moto-Taxi”, a profissão ainda não está regulamenta, servem mais a zona leste da cidade. No geral, o sistema é péssimo, porém, quem dispõe de uma grana maior, existem os taxis, tipo lotação, jacaré, cooperativa e especial, com uma frota nova e preços razoáveis e negociáveis.

Hotéis – Existe uma boa rede de hotéis, desde os grandes, como por exemplo, o Tropical Hotel e o Taj Mahal, médios, como o Manáos, Largo, Go Inn e Dez de Julho, pequenos e os famosos “pé sujo” – tem para todos os gostos e bolsos – Temos também inúmeros Hotéis de Selva. O mercado está em expansão, serão reformados os antigos e construídos novos, tendo em vista a Copa de 2014.

 Lugares turísticos – o turista vem a Manaus para conhecer a Amazônia, geralmente, fica poucos dias na cidade. Existem muitos lugares para se conhecer na cidade, por exemplo: O Largo de São Sebastião, englobando o Teatro Amazonas, a Igreja de São Sebastião, Casa das Artes, Lojas de Artesanatos, Bares e Lanchonetes e o Centro Cultural Palácio de Justiça – Porto de Manaus, Igreja Nossa Senhora da Conceição, Parques Jeferson Peres e Mestre Chico, diversos Shopping Centers, Encontro das Águas, Praça Heliodoro Balbi e Palacete Provincial, Centro Cultural Palácio Rio Negro e Povos da Amazônia, Museus diversos, etc.

 A cidade de Manaus – o nome é origem indígena, conhecida como ”A Mãe dos Deuses”, faz aniversario no próximo dia 24 de outubro. Concentra o maior poder econômico da região norte, possui o sexto maior PIB do Brasil. Foi uma das mais bonitas cidades do Brasil, em decorrência da época áurea da borracha, mas, apesar de toda uma destruição do nosso patrimônio histórico, ainda guarda muita beleza. Houve um crescimento desordenado nas ultimas décadas, porem, está mudando, principalmente, o centro antigo, com a realocação dos camelos e revitalização dos prédios antigos. Até 2014 vai voltar a brilhar, com certeza!

 Outros lugares para se conhecer – pode-se dar um pulo até Presidente Figueiredo, a terra das cachoeiras; fazer um tour de barcos pelo entorno de Manaus; conhecer as Praias da Lua, Tupé e Paricatuba; dar um passeio até o outro lado do Rio Negro, brevemente, poderá ir pela Ponte Manaus-Iranduba.

 O povo – o povo manauense é muito bom, hospitaleiro, trata os outros como “mano” – é a maior família do Brasil! Precisa melhorar um pouco o atendimento ao público, uma reciclagem não custa nada. As autoridades estão programando cursos gratuitos de inglês, francês e espanhol, além de relações humanas, tudo tendo em vista ao excelente atendimento ao turista que virá para a Copa de 2014 – os empresários devem melhorar o local de trabalho e remunerar melhor os seus colaboradores. Vai melhorar, com certeza!

Existem uma montanha de porandubas, porém, fica para uma outra oportunidade. É isso ai.





sábado, 11 de setembro de 2010

PASSEIO DE SABÁDO POR MANAUS


A ladeira da Rua Tapajós ainda cansa muito atleta, imaginem um cinquentão sedentário, mas, não tem jeito, tem que subir, por ser saudosista dos tempos bons da minha juventude, lembrei-me dos amigos de rua, dos colegas do Colégio Benjamim Constant e da primeira namorada; passei pelo Centro Paroquial Frei Miguel Ângelo, um grande complexo esportivo e que promove cursos profissionalizantes e programas de resgate da dignidade de moradores de rua e no apoio às famílias carentes da paróquia – neste local haviam duas casas antigas onde moraram vários colegas da minha infância e, em particular, a Taberna do Senhor Nogueira.

Na esquina da Rua Tapajós com a Rua Ramos Ferreira, encontramos o Centro Educacional Adalberto Valle, uma das minhas filhas  estudou por lá, na alfabetização, uma vez e outra vou ao local para pegar água de poço; no outro lado da rua fica a Academia Amazonense de Letras, passou, recentemente, por uma grande reforma, está novinha em folha, porem, continua fechado para a comunidade, somente os acadêmicos tem acesso ao seu recinto – gostava de sentar em frente ao portão do lado direito, era um local obrigatório para a reunião diária com os meus colegas de rua. Bem frente à AAL fica a famosa Banca de Tacacá da Dona Maria, ela ainda está gozando de boa saúde, os seus filhos tomam conta do negócio, no prédio ao fundo ficava o Teatro Juvenil, um local onde eu me reunia com os membros da Juventude Franciscana, assistia as apresentações de shows musicais e teatro, jogava futebol de salão e, curtia muito os jogos de fliperama.

Parei bem frente à entrada principal do Colégio Benjamin Constant, uma obra prima do final do século XIX, o local foi o Palacete de São Leonardo, o Museu de Botânica do Amazonas, Orfanato e Colégio Estadual – bons tempos quando estudei por lá. O Instituto de Educação do Amazonas, o famoso IEA, continua imponente, todo recuperado, uma beleza, naquele local seria o grande Palácio do governo executivo, o sucessor do governador Eduardo Ribeiro mandou destruir tudo – foi também a sede do Congresso Amazonense – lembro quando fui estudar à noite, era a passagem da minha adolescência para a fase adulta, foi muito duro para mim, acabaram as brincadeiras, a coisa ficou séria e tive que trabalhar e estudar, tudo mudou!

Dei uma olhada para a Praça do Congresso, faz dó ver o abandono em que está passando, pensar que aquele local foi uns dos mais bonitos de Manaus, existia o Palacete Miranda Correa e o Prédio da Saúde, todos foram destruídos – ainda bem que está de pé o prédio da Biblioteca Municipal João Bosco Pantoja Evangelista e do “Pinguim”, este traz muitas lembranças (sorvetes, chopes e paqueras) - na praça foi realizado o 1º. Congresso Eucarístico em 1942, com a construção do monumento em homenagem a Nossa Senhora da Conceição – hoje está todo pichado, uma falta de respeito por parte dos jovens e do poder publico.

Quase na esquina com da Ramos Ferreira com a Ferreira Pena, deparei com um imponente prédio da primeira Mesquita de Manaus, o templo dos islâmicos, lembrei-me dos protestos de um evangélico norte-americano que teimava em queimar o Alcorão no dia 11 de novembro, foi convencido, porem, conseguiu evitar a construção de uma mesquita na sua cidade – aqui em Manaus todos tem vez, desde que respeitem a tudo e a todos. Quem ama a um Deus, não mata, principalmente pessoas inocentes! 

Parei em frente à Praça da Saudade, estacionei o meu mocotó num Café Regional, tomei o meu suco de Graviola, Café com Leite e Tapioquinha com Tucumã, um café bem caboquinho, com toda certeza! Fiquei a admirar aquela praça, está uma maravilha, voltou ao que era antes, uma praça contemplativa – curti muito a praça quando ela já estava descaracterizada, tinha uma piscina, um avião, parquinhos, trenzinhos, inúmeras barracas de guloseimas, feira hippie e do índio, shows musicais, etc. Ao fundo tem-se uma bela vista do prédio do Atlético Rio Negro, uma beleza – pena que todo o entorno da praça ainda não foi revitalizada, existem dezenas de casas antigas, as mais bonitas são a Escola de Magistratura e uma que fica bem na esquina com a Ferreira Pena.

Resolvi pegar um ônibus articulado, com cambio automático e ar condicionado (desativado), os ditos cujos fazem parte do “Sistema Integrado de Manaus” o famoso “Estresso 222”, a grande maioria foi detonado pelo tempo, foi muita grana jogada no lixo e no ralo da corrupção. Passei pela Ponte e Parque dos Bilhares, estão um pouco abandonados pela Prefeitura de Manaus - ao passar pelo Millennium, lembrei que no local era um puteiro chamado “Verônica”, não foi da minha época, mas, muito neguinho curtiu as barangas daquele tempo. A minha linha era V-8 e T2, para decifrar: via Darcy Vargas, antiga Estada do V-8 e o Terminal da Cachoeirinha – os Edis (vereadores) resolvem mudar o nome dos logradouros públicos sem consultar o povo, não tem jeito, jamais chamarei Rua Efigênio Sales, somente V-8 e acabou! Parei em frente ao prédio da Petrobrás - no local foi preservado várias árvores, inclusive uma Hevea brasiliensis, a famosa Seringueira, caminhei com todo o cuidado pela rua, pois estava levando para um amigo uma carga preciosa: discos de vinis – O Império Contra-Ataca (Star Wars), A-Ha, Rock In Rio I, Titãs Cabeça Dinossauro e Classic Rock Countdown.

O ponto final foi na Avenida Djalma Batista, no bairro da Chapada. Almocei no Denis Restaurante, no Eldorado, fui ao templo das compras, o Amazonas Shopping, onde tem internet “de graça” para postar a minha caminhada por Manaus. É isso ai, no próximo sábado tem mais. Estou pensando em conhecer alguns bairros da zona leste da cidade - fazer um tour por lá! Fui. 

sexta-feira, 10 de setembro de 2010

MUSEU BOTÂNICO DO AMAZONAS

Posted by Picasa



Recebi um e-mail de uma leitora do nosso blog, moradora da cidade de São Paulo, solicitando informações sobre o “Museu Botânico do Amazonas” – como não sou historiador, não conseguir retornar com as devidas informações.

Para minha surpresa, o Jornal “A Crítica”, edição de hoje, publica uma matéria da jornalista Ana Célia Ossame, com o título “Resgate da memória botânica” e o subtítulo “Simpósio relembra importância de João Barbosa Rodrigues, que implantou, em Manaus, o Museu Botânico da Amazônia”.

Segundo o referido jornal, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM), está realizando  o 1º. Simpósio João Barbosa Rodrigues, um naturalista brasileiro que esteve na Amazônia em 1872 e que conseguiu montar em Manaus, o Museu Botânico da região.

O naturalista nasceu no Rio de Janeiro, estudou botânica, geologia e zoologia, em 1871 publicou uma obra sobre classificação de orquídeas; houve a inveja de muitos cientistas e botânicos da época, dificultando a publicação da obra. Em 1872 veio para a Amazônia a serviço da coroa portuguesa, navegando pelos rios Capim e Trombetas, no Pará e, nos rios Nhamundá, Jatapu, Jauaperi, urubu e Javari, no Amazonas.

Em 1883, retorna ao Amazonas, com a missão de implantar o museu, inicialmente, foi instalado na antiga Ilha de Caxangá (atual Manaus Moderna), com mais de três mil plantas, material arqueológico e equipamentos e vidrarias com os reagentes. Depois, o museu foi para onde é hoje o Colégio Benjamim Constant, na Rua Ramos Ferreira e, depois, para o Liceu Amazonense, atual Colégio Estadual Dom Pedro II, onde foi extinto, causando transtorno ao naturalista.

Para o professor Frederico Arruda, Pró-Reitor de Extensão e Interiorização (Proexti), da UFAM “Barbosa Rodrigues percorreu vários rios, entrou em contato com tribos e chama a atenção para a nomenclatura dada pelos índios das espécies vegetais e animais, cujas terminologias acabaram sendo usadas na língua latina. A extinção do museu foi uma perda irreparável com o advento da República”.

Para finalizar, o professor Arruda lamenta“A politicagem destruiu o museu. Em 1888, o Barbosa Rodrigues recebeu do cônego Amâncio de Miranda, substituto do intendente, a ordem para desocupar em 24 horas, o prédio do hoje Colégio Benjamim Constant, para instalação de um orfanato. Após o desespero de ver parte do material destruído - no final do ano de 1889 recomeça o museu no Liceu Amazonense, mas, em 1890, foi mandado embora pelo interventor Ximenes Villeroy. Ao viajar para o Rio de Janeiro, assume o Jardim Botânico e torna-se um diretor revolucionário”.

Segundo sitio http://www.barbosarodrigues.ufam.edu.br  “O Museu Botânico do Amazonas foi uma iniciativa da Princesa Isabel, criado e implantado por Barbosa Rodrigues, tendo sido inaugurado em 16/02/1884. O museu era destinado a estudar botânica e quimicamente a flora da província e a vulgarizar os seus produtos.Quando o museu foi instalado, já dispunha de coleções botânicas e etnológicas provenientes dos trabalhos realizados no âmbito da Comissão do Amazonas.Não menos importante foi a publicação da revista Velosia que só teve um número dividido em dois volumes, nos quais estão descritas várias espécies novas da flora amazônica. Atendendo à necessidade do resgate histórico da vida e da obra de João Barbosa Rodrigues, a Universidade Federal do Amazonas (UFAM) por iniciativa da Pró Reitoria de Extensão e Interiorização com o apoio do Museu Amazônico e de docentes das áreas de Ciência Biológicas e Ciências Humanas realizará de 06 a 10 de setembro de 2010 um evento em homenagem ao grande cientista, o I Simpósio Barbosa Rodrigues. Este evento fará parte da programação geral do 61º Congresso Nacional de Botânica”.

Segundo o site acima, no evento será lançado livro “Barbosa Rodrigues e o Museu de Botânica do Amazonas" escrito por Leyla Leong (editora Valer, 112 páginas), faz um resumo da trajetória do botânico carioca no Amazonas, para onde veio em 1883 a convite da Princesa Isabel, para montar e dirigir o Museu de Botânica do Amazonas.

A história de Barbosa Rodrigues em terras amazonenses é relatada em texto leve com pitadas de ficção, em projeto dirigido ao público juvenil, como uma introdução à atividade botânica, à pesquisa e às descobertas científicas. A autor comenta no seu livro sobre o que rstou do acervo do museu: "O que conseguiu salvar-se do acervo de livros foi transferido da biblioteca do Colégio Pedro II para a biblioteca do INPA, criado em 1954, onde permanece até hoje, além de um espécime-tipo Tynanthus ignei Barb. Rodr. - está no herbário do INPA e é considerada uma preciosidade"

Agora, sim, disponho de informações suficientes para enviar para a nossa leitora de São Paulo.

Espero que o trabalho do João Barbosa não fique em vão, os homens de boa vontade ainda podem resurgir das cinzas o novo "Museu de Botânica do Amazonas", existe material disponível na UFAM, professores, pesquisadores, estudantes e vontade do meio acadêmico, falta apenas recursos e decisão política do governo federal e estadual. É isso ai.

Fontes: Jornal A Critica
            João Barbosa Rodrigues e o Museu de Botânica do Amazonas. /Leyla Leong. - Manaus: Editora Valer, 2010.