sábado, 30 de abril de 2011

O NEGO MAU, DO IGARAPÉ DE MANAUS.

O Nego Mau é um grande amigo meu, moramos no Igarapé de Manaus, fomos moleque de rua, conheço essa figura como a palma da minha mão; pela alcunha que o marcou até hoje, dá para se ter uma ideia o quanto o bonitinho aprontava, o cara era realmente um malvado, travesso e traquina, era o capeta em pessoa, pense numa figura escrota. Pensou? Pois é, mano velho, assim era o Nego Mau. O cara aprontou poucas e boas, ele era esperto, revelou bem cedo o seu lado empreendedor; para ganhar dinheiro em cima dos otários, montou nos porões da sua casa o “Matinê do Nego Mau”, passava filmes em caixinhas de sapato, cobrava o ingresso da molecada, aproveitava para ganhar mais algum, vendendo KSuco de Uva com bolacha da Padaria Modelo, certa vez, resolveu majorar os preços, com a ânsia de faturar mais alto, tomou no fiofó, um concorrente abriu outro Cine, com mais conforto e com os preços dos ingressos bem abaixo da concorrência, o Nego Mau foi à falência, mas, o capeta não se deixava abater, partiu logo para outro empreendimento, montou no mesmo local o “Circo do Nego Mau”, fez o cenário, figurino, treinou a molecada, formou palhaços, malabaristas e trapezistas, fui um deles, cai na lábia do safado do Nego Mau, ele tinha prometido que no final da temporada, todos os brincantes iriam receber o seu cachê, falou que era bem melhor ele guardar o nosso dinheiro e receber a “bolada” no final do ano, o dinheiro daria para comprar uma bicicleta “Monareta” novinha em folha, era o nosso sonho infantil de consumo. Era tudo brincadeira de criança, mas, o pilantra do Nego Mau levava à sério, foram seis meses trabalhando todos os finais de semana, o porão sempre ficava cheio de expectadores mirins, com o bonitinho faturando na bilheteria; quando chegou Dezembro, o “fio duma égua” deu uma pernada na molecada, chorou miséria, era um artista, sabia representar muito bem, apressentou uma “contabilidade” fajuta, demonstrou na maior cara-de-pau que os gastos foram maiores do que a receita, - moral da história: prejuízo, nada de babita e a Monareta ficou para o próximo ano! Na temporada do ano seguinte o negócio foi diferente, colocamos o Nego Mau contra parede, ele tinha que pagar no final de cada apresentação, mas, o bonitinho embolsava a metade da grana dos ingressos e enganava a turma. Ele era o único filho homem da família, o queridinho da mamãe, mimado pela Dona Nira, ela botava tudo na boquinha do safado. Andava sempre bem trajado, perfumado, com talquinho no pescoço, era bem alimentado e ganhava brinquedos caros, já era metido à besta desde novinho, não compartilhava nada com os colegas de rua, gostava mesmo era de se mostrar e tirar saro da cara dos outros. Ele sempre foi o melhor nas brincadeiras de rua, ganhava sempre na “bolinha”, na dama, no cangapé e no peão, pense num sortudo e esperto, assim era o Nego Mau. No futebol, ele era um era um tremendo “perna de pau”, mas, era o dono da bola, me escalava sempre para ficar no gol, o bonitinho gostava da “banheira”, o negócio dele era receber a bola, chutar e correr para o abraço. Quando ficou mais taludinho, começou a brechar a mulherada tomando banho, o que lhe rendeu muitos calos na mão direita, gostava também de colocar a “piroca” dentro de uma garrafa, certa vez, a “bicha” ficou rígida e não saia mais nem com nojo, o cara entrou em pânico e saiu correndo pela rua, um moleque deu uma martelada, foi caco de garrafa e de falo para todos os lados; o safado do Nego Mau ficou envergonhado e se enclausurou em casa por dois meses, não aguentava mais ser chamado de “Nego Mau, o pomba de vidro”. Ele tinha um amigo chamado Pingo Bringel, um filinho de papai que gostava também de aprontar, os dois de vez e quanto se estranhavam; num belo dia, o Pingo ficou escondido nos altos do “Solar dos Bringel” e botou para mijar na cabeça da molecada do Igarapé de Manaus, o Nego Mau ao passar pelo local tomou um banho, jurou que iria matar o Pingo de porrada. Sabe como é: quem bate, esquece! Um dia, o Pingo apareceu na rua com a maior cara dura, o Nego Mau foi o primeira a correr atrás dele, o cara caiu dentro de um buraco, sem chance para o Pingo, o Nego jogou uma pedra de barro na cabeça do Pingo, ele simplesmente desmaiou, foi um corre-corre da família, ai o bicho pegou, o Nego Mau correu para a sua casa, entrou de mansinho pelos fundos, tomou um banho e se meteu embaixo dos lençóis e começou a roncar, fingindo que estava dormindo. Levaram o Pingo ao Pronto-Socorro, foi medicado e voltou para casa, depois, a família do Pingo foi até a casa do capetinha, chegando lá, a Dona Nira saiu em defesa do filho, falando que o Nego era uma criança incapaz de fazer aquilo, pois era bondoso e colega de todos da rua e, além do mais, ele passou à tarde toda dormindo, um álibi perfeito. Um santo do pau oco. O tempo passa, o tempo voa! Três décadas depois, reuniram-se os colegas de infância, o Nego Mau, Rocha Filho, Henrique e o Neno, foram jantar no Restaurante Gato Preto, no bairro da Cachoeirinha, tomaram duas grandes de cervejas, comeram dois galetos e vários tira-gostos de carne com cebola, a conta deu mais de trezentos paus, três deles se combinaram e um mandou ver: - Nego Mau, filho da puta, tu vais pagar a conta sozinho, não esquecemos que você roubou a gente no Circo! Deixaram o Nego Mau falando sozinho e foram assistir a um show no Nostalgia Clube. O Nego Mau tornou-se um executivo, ganhou dinheiro no Distrito Industrial, teve um AVC e se aposentou, mas, continua com a cara de mau, cabelos grisalhos, com um bigode de “rodapé de priquito”, ainda gosta de andar na beca, todo arrumadinho, cheirosinho e escrotinho, adora tirar onda no Bar Jangadeiro, centro antigo de Manaus e no ET Bar, do Boulevard, dizem que ele ainda detona a “Loura”. Será? Quando está prá lá de Bagdá, fica encarando todo mundo e mandando ver: - Bota prá cima otário! Pega aqui na minha periquitinha, pega! Esse é o nosso querido amigo Nego Mau, apesar das poucas e boas que ele aprontou, todos os amigos de infância admiram muito ele, pela lealdade e a amizade que ele sempre demonstrou a todos os colegas do Igarapé de Manaus. É isso.



quinta-feira, 28 de abril de 2011

José ("E agora, José") - Poema, de Carlos Drummond de Andrade

Dei um pulo no boteco "Cinco Estrelas", na Avenida Getúlio Vargas, pertencente ao meu amigo Charles 5E, papo vai, papo vem, ele coloca um CD com aquele antigo sucesso do Paulo Diniz, notei que a grande maioria dos marmanjos que estavam por lá, ficaram cabisbaixos, ouvindo atentamente o "E agora, José?", muito neguinho se identificando com o poema do Drummond, inclusive um tal de José, um caboclo metido a bloqueiro. Pois é, mano velho! Ai vai um comentário sobre o tema, retirado da net:

"A partir de Sentimento do Mundo (1940), Carlos Drummond de Andrade parece se armar em relação a si próprio e ao mundo. E, se o individualismo evidente nos primeiros livros é mais util, não é por isso menor. O mesmo "eu - oblíquo" contempla-se a si e ao mundo; e, se muitas vezes o pronome na primeira pessoa desaparece, o poeta se desdobra em uma terceira pessoa:

- o impessoal "se": "Chega um tempo em que não se diz mais: 'Meu Deus'." (Sentimento do Mundo);
- o homem qualquer: "Ó solidão do boi no campo, / ó solidão do homem na rua!" ("O boi");
- a simples constatação do fato: "Lutar com palavras / é a luta mais vã" ("O lutador");

Até chegar a um outro "eu", "José" - "E agora, José?" ("José"), que se pergunta sobre o significado da própria existência e do mundo. Mas este "José" não é outro senão o poeta. A personagem funciona, no poema, como o desdobramento da personalidade poética do autor, tanto quanto nas demais situações apontadas, atrás de quem o poeta se esconde e se desvenda.

O “não-ser” se faz presente neste poema por meio do modo verbal subjuntivo que torna a ação imprecisa:
“...Se você dormisse,
se você cansasse,
se você morresse...”

José não dorme, não cansa, não morre, ele é duro, apenas segue. Sua dureza é o que existe e tudo mais é o “nada” no qual ele se funde. Chama-se atenção para o caráter construtivo que o Existencialismo dá à categoria “nada”, ele é o inexistente, mais traz em si o por fazer.

Escrito durante a Segunda Guerra Mundial e da ditadura de Vargas, José, apesar da dureza, ainda tem o impulso de continuar seguindo. Mesmo sem saber para onde: “... Você marcha, José! / José, para onde?”

Leia o poema na íntegra:

E agora, josé?
A festa acabou,
A luz apagou,
O povo sumiu,
A noite esfriou,
E agora, josé?
E agora, você?
Você que é sem nome,
Que zomba dos outros,
Você que faz versos,
Que ama, protesta?
E agora, josé?
Está sem mulher,
Está sem carinho,
Está sem discurso,
Já não pode beber,
Já não pode fumar,
Cuspir já não pode,
A noite esfriou,
O dia não veio,
O bonde não veio,
O riso não veio
Não veio a utopia
E tudo acabou
E tudo fugiu
E tudo mofou,
E agora, josé?
Sua doce palavra,
Seu instante de febre,
Sua gula e jejum,
Sua biblioteca,
Sua lavra de ouro,
Seu terno de vidro,
Sua incoerência,

Seu ódio - e agora?
Com a chave na mão
Quer abrir a porta,
Não existe porta;
Quer morrer no mar,
Mas o mar secou;
Quer ir para minas,
Minas não há mais.
José, e agora?
Se você gritasse,
Se você gemesse,
Se você tocasse
A valsa vienense,
Se você dormisse,
Se você cansasse,
Se você morresse...
Mas você não morre,
Você é duro, josé!
Sozinho no escuro
Qual bicho-do-mato,
Sem teogonia,
Sem parede nua
Para se encostar,
Sem cavalo preto
Que fuja a galope,
Você marcha, josé!
José, para onde?
Você marcha José, José para onde?
Marcha José, José para onde?
José para onde?
Para onde?
E agora José?
José para onde?
E agora José?
Para onde?"


quarta-feira, 27 de abril de 2011

JEFFERSON PÉRES, UM HOMEM ÉTICO E DEFENSOR DA CIDADE DE MANAUS.

O nosso querido e eterno Senador amazonense Jefferson Péres (PDT-AM, 1932-2008), foi um dos mais éticos políticos brasileiro, um homem público bastante respeitado em todas as classes sociais, sendo ovacionado de Norte a Sul do nosso país; teve uma sólida formação acadêmica, formado em Direito, pela UFAM e Administração de Empresas, pela FGV, foi um grande professor de Economia Brasileira; demonstrou em toda a sua vida um imenso amor pela sua cidade natal, seu povo, amigos e familiares; faltaria espaço aqui para descrever as imensas qualidades dessa nobre pessoa.

Louvo a iniciativa do Deputado Federal Francisco Praciano (PT-AM), coordenador da Frente Parlamentar de Combate à Corrupção da Câmara Federal, que quer criar, no Amazonas, o Fórum de Combate à Corrupção, com o lançamento previsto no dia 23 de maio, data morte do senador Jefferson Péres.

O nosso nobre senador, curtiu a sua mocidade, na década de quarenta e cinquenta, quando Manaus ainda era bela, bucólica, apesar de ser muitíssima diferente da do inicio do século passando, quando alcançou o seu esplendor, mesmo assim, foi uma fase marcante para ele, tanto que escreveu o livro “Evocação de Manaus: como eu a vi e sonhei. Manaus: Valer, 2002”, onde relata muito bem aquela época.

Ele era um fervoroso defensor da revitalização total do centro histórico de Manaus, lutou feio para demolir um prédio ridículo que construíram dentro da Praça da Saudade, conseguiu o seu intento, porém, não chegou a ver a praça toda revitalizada, igualzinha como era no seu tempo de jovem.


No início do governo Eduardo Braga, o senador Jefferson deu muitas idéias para revitalização da cidade de Manaus, uma delas, foi a criação de um parque no entorno do Centro Cultural Palácio Rio Negro, antiga sede do governo estadual. Através do Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus, o projeto saiu do papel, tornando um cartão postal de Manaus, com uma homenagem justa ao senador, sendo batizado de Parque Jefferson Péres.

Falar de Jefferson é fácil, pois tudo o que se possa pensar de bom que tivemos na cidade de Manaus, lembra a figura deste homem.

Ele faz parte daquela plêiade, onde uma pequena parcela de amazonenses ilustres, ficarão para o todo e sempre vivo na memória do nosso povo. Amém (assim seja). É isso.

Fotos:
Jefferson Péres
Portal do Parque Jefferson Péres, Manaus - J. Martins Rocha


Comentários:

Caro Rocha,


Gostaríamos de agradecer pela bonita homenagem ao nosso querido e inesquecível pai e marido, Jefferson, em seu blog. De fato, tudo que você escreveu realmente procede e é sempre tocante quando sabemos que alguém relembra sua marcante trajetória. Infelizmente ele se foi muito cedo aos nossos olhos, quando ainda podia ter contribuído muito mais por nossa querida cidade. Perdemos uma pessoa singular, extremamente lúcida, serena e inteligente, um homem de família adorável e um amazonense de primeira grandeza. Manaus, sobretudo, perdeu muito com sua partida prematura, posto que sempre foi um defensor incondicional de sua terra natal. E, na vida pública brasileira, a lacuna que deixou talvez demore ainda muito tempo para ser preenchida. Mas insondáveis são os desígnios de Deus, e, para os que têm fé, deve estar sempre presente a certeza de que tudo tem um propósito, a seu tempo e sua hora. E, no caso de Jefferson, como diz o ditado, morre o homem e fica a obra, ou, por outra, o exemplo para as gerações futuras, de uma pessoa que soube conduzir sua vida com honradez e dignidade, em público e na vida privada. O parque que hoje leva seu nome, de fato foi uma justa homenagem a ele, que muito nos emociona toda vez que por lá passamos (na verdade quase todos os dias!). Não apenas por ser uma linda obra de cunho paisagístico, que muito embeleza nosso centro histórico, mas por sido um sonho acalentado por ele em vida, já que passou boa parte de sua infância e adolescência ali nos arredores do Igarapé de Manaus, na bela casa da Rua Huáscar de FIgueiredo, nº 1116, de sua avó materna, ainda hoje de pé. Por sinal, como somos seguidores de seu blog, ficamos sabendo que você morou também naquela mesma rua!


Portanto, fica aqui o muito obrigado sincero da família de Jefferson Péres pela grata memória de nosso ente querido.

Marlídice, Ronald, Roger, Romulo e Jefferson Neto.


terça-feira, 26 de abril de 2011

EXPOSIÇÃO "GETÚLIO VARGAS VISITA MANAUS"


Em homenagem ao estadista, idealista e realizador, Getúlio Dornelles Vargas, o Governo do Estado do Amazonas, através da Secretaria de Cultura, inaugura no Centro Cultural Palácio Rio Negro, Avenida 7 de Setembro, a exposição: “Getúlio Vargas Visita Manaus”. Entrada Franca.

A exposição de longa duração inaugura nesta terça-feira (19), em referência a data de nascimento daquele que, mesmo sendo considerado um ditador, foi amado e aclamado pelo povo. As visitações acontecem na Sala Governador Ephigênio Sales, de terça a sábado, das 10h às 16h; e aos domingos, das 17h às 20h.

“Getúlio Vargas visita Manaus” foi dividida em dois ambientes, um refere-se à política do Governo Vargas na Amazônia e no Amazonas: o plano de saneamento, educação, organização do trabalho rural do qual ressurgiria a Amazônia; retratando também a primeira visita de Getúlio Vargas a Manaus em 1940 e a segunda em 1954; como também a nomeação dos Interventores Federais no período de 1930 a 1945; Governadores Constitucionais de 1951 a 1954, dentre outros.

No segundo ambiente, temos a política de Getúlio na visão popular, em âmbito Nacional: apresenta alguns dos seus atos que o tornaram popular, como: A criação do Salário Mínimo; a criação da Justiça do Trabalho; a Consolidação das Leis do Trabalho (CLT); O IBGE a Petrobrás dentre outros, além de exibição de filmes sobre a Era Getulista.


Fotografia: J. Martins Rocha

domingo, 24 de abril de 2011

DROGARIA LEMOS, A MAIS ANTIGA DE MANAUS


Este prédio está localizado na Rua dos Barés, 115, centro antigo de Manaus, foi construído em 1851, portanto, com mais de um século e meio de existência, onde abriga a drogaria considerada a mais antiga da nossa cidade, o seu nome no passado era Phamarcia Lemos, com PH mesmo; chamando muito à atenção, a conservação da sua fachada, inclusive, aparece uma data de 1943, ano em que foi feita a primeira reforma do prédio, além de uma inscrição “premiada em diversas exposições”.

O imóvel é de herança, pertence à família dos descendentes libaneses Abrahim, eles são donos de diversos casarões antigos, todos com as fachadas bem conservadas, pois, eles possuem a sensibilidade e a boa vontade, coisa muita rara entre os empresários, fazem a sua parte e contribuem para a manutenção da história de Manaus. Parabéns à família Abrahim, inclusive, um deles, já foi Prefeito de Manaus, o Frank Abrahim, outro, é o nosso Secretário Estadual de Fazenda, o Isper Abrahim.

No prédio da Drogaria Lemos, foi mantida a arquitetura original pelos seus proprietários, um gesto louvável, eles não esperam pelo poder público, já pensou se grande parte dos empresários fizessem isso, com certeza, o centro de Manaus estaria muito bonito, atraente e mais humano.

Estive no local, conheci os funcionários, todos bem-humorados, além da simpaticíssima Rosimarie, apesar do nome francês, ela uma legítima descendente libanesa. Tirei várias fotografias, não deu para conversar muito, pois o movimento estava intenso.

Estamos no século vinte e um, porém, a “Drogaria Lemos” em nada mudou ao longo do tempo, e isto não foi ruim, pois eles mantêm viva a nossa história; o freguês ao entrar no estabelecimento tem a sensação de que voltou ao início do século passado, com balcões, prateleiras, ventiladores e vitrines antigas, ainda encontramos aquela velha balança, toda conservada e aferida.

Nas paredes internas, foram afixados quadros com as fotografias dos pioneiros libaneses da família Abrahim; dos diplomas dos títulos ganhos: Medalha de Prata, da exposição nacional de 1908, em comemoração ao 1º. Centenário da Abertura dos Portos do Brasil ao Comércio Internacional; Exposition Universalle de Bruxelles 1910 e Esposizione Internazionale Delle Industrie e Dell Lavoro Torino 1911.

Duas coisas chamam muito a atenção, primeiro, são quatro bustos, colocados na parede dos fundos, acredito que sejam todos de antigos gregos famosos, um deles eu sei que é de Hipócrates, o pai da Medicina. A segunda - mostra um quadro onde está um recorde de um jornal, aparecendo uma reportagem intitulada “De dona de casa à proprietária da primeira farmácia de Manaus”, trata-se da Dona Georgete Lima, na época, com 83 anos de idade, mesmo assim fazia questão de trabalhar todo santo dia.

Por estar localizada próximo aos portos de embarque e desembarque de pessoas e cargas para o interior do Estado, a sua grande clientela constitui-se dos interioranos. Lembra do Pó Sintético, Jalapa Pião, Leite de Rosa, Minancora, Sebo de Carneiro, Elixir Paregórico, Mamona e Sabonete Febo? Pois é, eles vendem os remédios tradicionais, nada de medicamentos caros, porém, revendem os famosos genéricos, com preços compatíveis com o bolso dos mais humildes.

Lembro da minha juventude, quando os meus pais compravam somente lá os remédios para piolhos, lombrigas, fortificantes e para limpar os intestinos, além daquelas injeções doloridas e dos curativos de ferimentos leves. Tinha um enfermeiro, acredito que o nome dele era Teomásio, prestou bons serviços por trinta anos, ele fazia até suturas, era muito conhecido na redondeza.

Parabéns à Drogaria Lemos, aos proprietários e colaboradores! É isso.

sexta-feira, 22 de abril de 2011

MALHAÇÃO DE JUDAS

BLOGDOROCHA: MALHAÇÃO DE JUDAS: "* Ademir Ramos A tradição vem de muito longe. Na antropologia cultural registra-se como um dos ritos das sociedades rurais do medievo, pass..."

quarta-feira, 20 de abril de 2011

SAUDADES DAS TRAVESSURAS DA MINHA INFÂNCIA

Quando penso nas minhas travessuras quando era moleque, sinto um friozinho na barriga, essas lembranças vieram à tona quando vi um moleque com a cabeça quebrada, voltei ao passado.

Certa vez fui à Prainha da Ponta Negra, na época existiam inúmeras pedras, com a cheia do Rio Negro elas ficavam encobertas, fui chegando e logo declarando: - Vou molhar o esqueleto! Quando veio um grande banzeiro (marola para os sulistas) dei um pulo dentro d’água, não estava nem ai para o perigo, o pior aconteceu, pois dei com a cabeça numa grande pedra, a minha sorte foi que não desmaiei, senão, não estava aqui contando essa história, abriu uma brecha no couro cabeludo, pior ainda, ninguém me ajudou, fiquei tomado de sangue, não existia nem um Pronto Socorro por perto, o jeito foi pegar um taxi, fui direto para a emergência da Santa Casa de Misericórdia, peguei vários pontos na cachola, passei um bom tempo no estaleiro, fiquei com uma grande cicatriz; ao passar no vestibular tive um misto de alegria e vergonha, pois os meus amigos pelaram a minha cabeça na marra e, apareceu aquele rombo na cabeça, o jeito foi usar uma boina por um bom tempo.

Quando passeio pelos Parques Jefferson Peres, Igarapé de Manaus e o Mestre Chico, sinto uma nostalgia danada, pois aqueles lugares eram inundados pela águas do Rio Negro, a pedida da molecada era tomar banho de rio e pular das Pontes da Sete de Setembro, pense numa loucura que eu cometia, os mais frouxos ficavam embaixo da ponte, olhando a movimentação dos barcos, quando não vinha nenhum, o aviso era dado para os mais exaltados, confiava nos meus amigos e pulava daquelas alturas dentro d’água, quando havia alguma desavença era comum ser dado um aviso falso, muitos se arrebentaram dentro de canoas e botes, mesmo sabendo do perigo, pulava assim mesmo.

Eu tinha uma predileção danada em subir em árvores frondosas, a caída de uma dessas era morte na certa, mesmo assim, toda semana subia nas mangueiras do quintal do Dural (antigo morador do Igarapé de Manaus) e do Hospital da Beneficente Portuguesa, além dos açaizeiros, pitombeiras, abacateiros e jenipapeiros da vida. Que loucura! Lembrar que eu escalava também os muros do Colégio Benjamim Constant, hoje, me dá arrepios, outrora, não estava nem ligando para o perigo, existia uma passagem pela Rua Tapajós que tinha que escalar com as pontas dos pés, um escorregão seria fatal, mesmo assim passava todo final de semana.

A ladeira da Rua Tapajós é umas das mais acentuadas de Manaus, sempre foi evitada pelos motoristas novatos, principalmente pelas mulheres, na minha infância era moleza descer do topo a bordo de um Patinete, passava entre os carros, parava somente na Rua Leonardo Malcher, certa vez, um moleque jogou um tijolo no meio da ladeira, exatamente quando tinha dado o impulso para descer, não deu para frear, peguei uma tremenda queda, foi caco de Patinete e das minhas pernas para todos os lados, guardo até hoje as marcas da minha loucura juvenil.

Morcegar é um termo utilizado no Nordeste para tomar ou salta de bonde ou trem em movimento; não alcancei os bondes de Manaus, bem como, nunca tivemos trem por estas bandas, o costume da molecada era morcegar carroças, ônibus de madeira e carros utilitários, pior ainda, utilizávamos patinetes ou bicicletas para pegar caronas nos carros em movimento, uma freada brusca do motorista sempre sobrava para o moleque que vinha de gaiato atrás, pois bem, o bonitinho aqui era tarado em morcegar, peguei muitas quedas, sou todo ralado, ainda bem que sou preto e elas não aparecem muito.

Como gostava de alturas, fiz parte de dois circos da molecada do Igarapé de Manaus, os meus dois irmãos e eu, éramos conhecidos como “Os Irmãos Borracha”, o trapézio era moleza, fazíamos as maiores acrobacias nas barras, certa vez, estava de cabeça para baixo, um moleque que pertencia ao circo concorrente, pegou uma baladeira (estilingue) e deu uma balada no meu ovo esquerdo, cai de cabeça no chão, acho que fiquei doido da cabeça até hoje (brincadeirinha!).

Para conter as minhas travessuras, o meu pai me forçava a trabalhar pela manhã na oficina dele, lixava, serrava, colava e invernizava os violões e cavaquinhos que ele fabricava; pela tarde, frequentava o Colégio Barão do Rio Branco - quando ficava com o saco cheio, fugia para brincar e fazer travessuras com os meus amigos, pegava uns corretivos do papai, mas, não tomava jeito. Eu, hein!

Enquanto hoje as crianças gostam de brincar de jogos de game, na minha infância, o negócio era diferente, corria atrás de papagaio de papel, pegava quedas, cortava os dedos com a linha de cerol; jogava bola nos campinhos de várzea, sempre acabavam em brigas entre a molecada das Ruas Ipixuna, Major Gabriel e Igarapé de Manaus, apanhava na rua e em casa, pior ainda, levava peia do papai, da mamãe e da minha avó materna. Êta moleque levado da breca!

Pois é, apesar das minhas peraltices, tive uma infância feliz, saudável, cresci forte e sem vícios. Depois, tudo mudou! Que tempo bom, que não volta mais!

terça-feira, 19 de abril de 2011

TODO DIA É DIA DE ÍNDIO

No Brasil, a data 19 de Abril, foi consolidada como o “Dia do Índio”, através do Decreto-Lei no. 5.540/43 no governo do presidente Getúlio Vargas; considero, apesar da data oficial e, de tudo de ruim que fizeram e ainda fazem com os índios que, todo dia é dia de índio.

Para entendermos melhor o porquê desta data, os historiadores deram a seguinte versão: tudo começou com o Primeiro Congresso Indigenista, ocorrido em 1940, no México – as lideranças indígenas foram convidadas, porém, ficaram preocupadas e temerosas, em decorrência de séculos de perseguição, agressão e dizimação pelos “homens brancos”, após bastante reflexão, resolveram participar e entenderam a importância daquele momento histórico, exatamente no dia 19 de Abril foi quando eles participaram daquele evento.

Parece brincadeira, mas, o termo índio nasceu de um brabo engano histórico, o navegador Cristóvão Colombo ao chegar à América, chamou os seus habitantes de índios, pois pensava ter desembarcado nas Índias, apesar de não se usar índio para designar o habitante da Índia, e sim indiano, hindu ou índico.

Para se ter uma ideia do violento extermínio da população indígena, estima-se que quando os nossos invasores chegaram ao Brasil, a população era de seis milhões, com seiscentas línguas indígenas, restaram em torno de duzentos e vinte mil indivíduos e cento e setenta línguas, com o desaparecimento de mais ou menos 450 grupos humanos diferentes.

A Região Norte detém a maior parcela da população indígena, chegando aos 52%, com o Estado do Amazonas sendo o campeão, com 16% do total e, com a minha cidade de Manaus abrigando em torno de vinte mil indígenas, tendo maior participação a etnia Tucano (Alto Rio Negro), além dos Ticunas, Saterê-Mawé e outras menores, dados fornecidos pela Confederação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira (COIAB).

Ano retrasado a jornalista Elaízes Farias, do jornal A Crítica, fez uma belíssima reportagem sobre a índia Atwãma, da etnia Sateré-Mawé. A menina de apenas de 15 anos de idade, participou do Ritual da Tucandeira (passagem para a vida adulta), no Encontro dos Guerreiros (festa que mistura danças, comidas e concursos de zarabatana, na comunidade Sahuapé, em Manacapuru, Amazonas). Ela quebrou a tradição, tornando-se a primeira mulher a participar do ritual (vinte sessões com luva de palha cheia de formigas de ferrão venenoso e doloroso).

Ela nasceu em Ponta Alegre, no município de Barreinha; mora em Manaus na Comunidade Waikuru, o seu nome em português é Leiciane Costa da Silva, estuda o ensino médio e deseja cursar Medicina; ela fez a seguinte declaração: “Decidi participar para mostrar que as mulheres são tão corajosas quanto os homens, mostrar que nós também podemos ser guerreiras, ao participar do ritual, também busco ter mais saúde e coragem”. Parabéns guerreira Atwãna!

A Polícia Federal fez uma mega operação contra as prefeituras dos municípios de Tefé, Tabatinga e Pauini (interior do Amazonas), os responsáveis são suspeitos de desviarem a bagatela de dezenove milhões de reais, este dinheiro seria destinado ao Plano de Atenção à Saúde Básica, da Merenda Escolar e do Programa de Saúde Indígena – até o momento, ninguém foi preso, enquanto isso, os curumins indígenas estão morrendo à míngua. Quanta maldade!

O Estado do Amazonas serviu de chacota para todo o Brasil, tudo por ter sido o último colocado nas provas do ENEM, em 2009. A escola estadual Dom Pedro I, situa-se no município de Santo Antônio do Içá, fronteira com a Colômbia, os alunos são todos índios, tendo como primeira língua o espanhol, segunda, a língua nativa e, por último, a língua portuguesa.

Eles não assimilaram o conteúdo das provas, pois estavam em português, muitos alunos do sul/sudeste do país ficaram rindo dos nossos desprezados indiozinhos, eles não sabiam que os exames da “sociedade urbana” não podem ser usados para medir o conhecimento dos índios. Depois do vexame, os homens do governo irão fazer as provas diferenciadas para os nossos irmãos índios do interior do Amazonas.
Enquanto isso, o governador Eduardo Braga (atual Senador da República), mandou construir uma Ponte ligando Manaus-Iranduba, orçada em mais de um bilhão de reais, ainda não foi concluída (eles querem mais dinheiro). Para os homens do poder executivo, a educação do povo não tem muito valor, muito menos dos indígenas.

Para finalizar, declaro que corre nas minhas veias um pouco do sangue indígena, lembro muito bem da minha avó Maria Fernandes, ela era uma cabocla do município de Terra Nova, foi ela quem me ensinou a comer e a gostar de um peixe moqueado, uma tapioquinha, um biju, um mingau de banana pacovã, além de receber dela, os olhos amendoados, traços dos meus antepassados indígenas.

Apesar de tudo de ruim que fizeram e ainda fazem com os índios, posso dizer que “todo dia é dia índio”! É isso.

Foto: J. Martins Rocha

sábado, 16 de abril de 2011

BOIZINHOS DE PANO DE MANAUS

Ao ouvir a canção “Garrote de Ouro”, umas das faixas do CD “O Lago das 7 Ilhas”, do músico amazonense Antônio Pereira, lembrei dos nossos boizinhos de pano.

A cidade de Manaus nas décadas de 50, 60 e 70, possuía uma grande variedade de bois; a brincadeira era muito apreciada pela população.

Os principais eram: Corre-Campo (São Francisco), Malhado (Praça 14), Mina de Ouro (não sei o bairro ), Tira Prosa (Santa Luzia), Campineiro (Glória), Luz de Guerra (Matinha), Brinco de Ouro (também não sei ), Rica Prenda (Praça 14) e Caprichoso (Praça 14).

A brincadeira era formada pelo Boi de Pano, Batucada do Boi (os surdos eram de couro de jibóia), Amo do Boi, Rapazes, Brincantes, Vaqueiros, Miolo do Boi, Índios, Pajé, Padre, Mãe Catirina e Pai Francisco.

As apresentações eram feitos nos Currais, lugar de origem dos bois e, no Campo do General Osório e posteriormente na Bola da Suframa (Distrito Industrial), estes locais serviam para apresentação oficial, concorrendo aos prêmios do festival.

O enredo da brincadeira é basicamente assim: Uma mulher negra, chamada Catirina, fica grávida, tem o desejo de comer a língua do Boi mais estimado da Fazenda; o seu marido, o Pai Francisco, mata o Boi para satisfazer a sua esposa grávida. O Amo do Boi, dono da Fazenda, fica furioso e após uma investigação descobre o autor da façanha. Força o Pai Francisco a trazer de volta o seu boi querido. Entram em ação o médico, o padre e os índios, com o Pajé fazendo ressuscitar o Boi. O Amo manda fazer uma grande festa para comemorar o milagre, todos são convidados para dançar e brincar no terreiro da Fazenda, com muitas toadas (cantoria) e batuques a noite toda.      

Lembro de um causo, narrado pelo compositor Afonso Toscano, foi mais ou menos assim: o miolo do boi do Garrote Luz de Guerra, do saudoso Maranhão, era um negão que trabalhava nos Correios, considerado o melhor de pedaço; num belo sábado quente de Manaus, “secou” todos os botecos da Matinha, não se aguentava em pé, imaginem dançar embaixo do boi! Naquele dia, o boi iria se apresentar na Bola da Suframa, o miolo foi tratado com bastante água de coco, sucos, banhos de cacimba, sono reparador e Sal de Fruta Eno; melhorou bastante, dava para o gasto. Toda a turma foi à pé para o festival; no caminho, o negão começou a tomar umas batidas de maracujá, não deu outra: voltou o porre. Quando chegaram no local da apresentação, estava no palco o grupo folclórico "Tribo dos Andirás"; o miolo aproveitou o tempo de espera para tomar mais uns goles. O Paulo Gilberto, eterno apresentador do festival, fez a chamada: Eeeaaagoora com vooocês, é ele, é ele, é elê, ooo Gaarrrrooote Luuuuzzz de Gueeeerrrra! Fogos estourando, a noite virando dia, tambores rufando e a galera delirando! Todos os componentes subiram a rampa do Tablado, que era feito de madeira, na forma cilíndrica e com três metros de altura; o miolo foi ajudado pelos colegas, ficou bem no meio da arena, não conseguiu manter o boi em pé, resolveu dormir embaixo do boi, em plena apresentação. O Amo do Boi foi acordá-lo - deu umas bicudas no boi e gritou: - Acorda, negão, acorda, negão! Movimenta! Gira! Dança! Porra! Faz alguma coisa caralho! O negão se levantou, girou com o boi e correu direto, passou do Tablado, voou uns três metros e meio, foi direto para o chão! Foi "caco" de boi e do negão para todos os lados! Passou a ser chamado de “O Primeiro Boi Voador de Manaus”!

O Brilhante (São José), Garanhão (Educandos) e Corre-Campo (São Francisco) aderiram a “batida” e a megalomania dos bois de Parintins; disputam, atualmente, na arena do Centro Cultural dos Povos da Amazônia.

Saudades dos boizinhos de pano de Manaus, do Estádio General Osório e do Tablado da Bola da Suframa!

Comentários:

Afonso Hipólito, disse...

Bacana o blog, vim parar aqui por um erro bobo,cliquei errado mas acertei,vou voltar aqui com tempo pra dar uma lida no aquirvo,gostei mesmo...

Roberto Góes Monteiro, disse...

Em 1969 assisti ao "Festival Folclórico" na praça General Osório. Era patrocinado, salvo engano, pelo falecido "O Jornal", dirigido pela Dona Lourdes Archer Pinto. Fiquei fascinado pela beleza desta festa. Enquanto foi na General Osório, sempre lá ia e tirei cententas de slides. Despois, mudou-se para a Bola da Suframa. Ainda existe o Festival? Sinto saudades.

Mauro Bechman ,disse...

Parabéns! Brinquei no Garrote Malhado da Praça 14 e tenho belas lembranças. Lamento os manauaras não lutarem pela preservação e continuidade de sua cultura. Brinquei nos anos 80 na Bola da Suframa. Infelizmente nós escrevemos pouco sobre nossa cultura e temos um péssimo vicio de lamentarmos pelo que perdemos. Sou efetivamente contra a "Parintinização" dos bois de Manaus. Se fôssemos mais briosos - falo da nossa elite econômica e política - não deixaríamos nossa cultura sucumbir. Temos ainda a chance de preservar o encontro das águas. Parabéns pelo post e pelo blog! Saudações Geográficas e Amazônicas!

Foto: Não sei o nome do Boi de Pano, foi tirada na década de setenta, o local é a Rua Igarapé de Manaus, no lado direito aparece o Bira (calção verde e camiseta regata), um bicheiro carioca que bancava todas as festas juninas no Igarapé de Manaus e, o meu saudo pai Rochinha (todo de branco), foi um luthier famoso na nossa cidade.

sexta-feira, 15 de abril de 2011

CORREMOS O RISCO DE PERDER A COPA DO MUNDO DE 2014

O grande atraso no cronograma de execução das obras para a COPA 2014 acendeu a luz amarela da FIFA, com o Brasil correndo um sério risco de perder esta grande oportunidade de promoção mundial.

Infelizmente, estamos mostrando para o resto do mundo, o nosso atestado de incapacidade, sinceramente, sinto vergonha neste momento.

Apesar de todos os avanços econômicos, tecnológicos e conhecimentos de ponta na área de gestão e de engenharia, pecamos muito quanto quando o gestor é o setor público, onde tudo é moroso, com licitações viciadas, obras superfaturadas e desvio escancarado do dinheiro público.

Na Copa dos Estados Unidos não foi necessário fazer novos estádios, apenas reformas e adaptações, ao contrato do Brasil, onde estão colocando abaixo a maioria dos já existentes. Por quê? Talvez seja a sede de dinheiro dos gestores, pois reformar envolve pouca grana, enquanto construir mega estádios orçados na estratosfera, a coisa muda de figura, sem falar nos famosos aditivos dos contratos iniciais.

Se o governo federal não tomar para si, a responsabilidade de fazer todas as obras civis onde acontecerá a Copa, uma coisa tenha certeza, poderá não sair, corremos o risco de perder a Copa para Londres ou outra cidade. Nada de convênios com os Estados, o governo brasileiro tem que propor mudança na legislação, ser o grande construtor.

Acredito que isto somente acontecerá quando for dado o ultimato final pela FIFA, haverá uma correria louca, com quatro turnos nos canteiros de obras, com forças tarefas e tudo o mais, valerá aquele ditado popular em que “o brasileiro sempre deixa tudo para a última hora”, isto faz parte da nossa cultura.

Caso percamos a realização da Copa em nosso país, ficaremos mais marcados do que aquela famosa derrota do Brasil na Copa de 1950, acho melhor o nosso país declarar que é incompetente, deixar para outro país, por sinal, alguns já estão prontos, se Copa fosse este ano, não haveria nenhum problema.

Não gosto de ser pessimista, espero estar errado em minhas conjecturas, ainda há tempo, porém, parte dele já passou e não foi aproveitado. O bicho vai pegar!

quinta-feira, 14 de abril de 2011

JOVENS DESILUDIDOS COM A POLÍTICA PARTIDÁRIA

A péssima atuação da maioria dos atuais políticos, está provocando a desilusão de muitos jovens, com relação à política partidária, isto é muito ruim para a nossa sociedade, pois, serão eles os futuros mandatários da nossa nação. Fica a pergunte que não quer calar: Como será a atuação dos nossos vindouros representantes, se tiveram um passado marcado pela desilusão partidário, na sua juventude?

Com a recente criação de uma nova sigla partidária, o Partido da Social Democracia (PSD) - houve um questionamento geral dos internautas com relação aos motivos que levam um grupo de políticos da situação a formar uma nova agremiação, bem como, o nojento troca-troca de partidos, dos vira-casaca de plantão, sempre seduzidos pelo novo partido do chefe maior do executivo.

Para citar apenas um exemplo, o jovem jornalista Márcio Noronha, publicou um artigo no jornal “Diário do Amazonas”, edição de 14 do corrente, mostrando toda a sua desilusão, ele teve duas malsucedidas experiências, a primeira, foi aos 14 anos de idade, quando participou de algumas reuniões da União da Juventude Socialista (UJS), um braço do PC do B, ele não gostava do clima doutrinário dos encontros, não havia muito espaço para discussões, apenas dogmas e direcionamentos de figuras que comandam a legenda até hoje.

Na faculdade, o Noronha participou do Movimento Estudantil e simpatizava pelo Partido dos Trabalhadores, teve a desilusão nas primeiras reuniões, notou que alguns “cardeais” abriam mão de um projeto coletivo em prol de ambições pessoais. Para ele, o universo partidário parece mais como uma partida de dominó, onde várias pessoas tentam impor seu jogo sobre os adversários e o que mais importa é aproveitar as oportunidades.

O jovem Noronha dá a seguinte sugestão: se você gosta mesmo da cidade, do Estado, da sociedade e não tem pretensões de ter um cargo público, faça política sem filiação nenhuma. Pequenas ações que podem ajudar sua comunidade, sua família, seus filhos.

Na minha mocidade, fui obrigado a assistir aulas de Organização Social e Política do Brasil (OSPB), ministrado por militares disfarçados de professores, estávamos na “ditadura”, eles queriam saber se eu e os meus colegas universitários tínhamos alguma tendência para a “esquerda”, naquele tempo somente existia o bipartidarismo com a ARENA (situação) e MDB (oposição), com os partidos socialistas e comunistas na ilegalidade.

Pelo menos uma coisa boa existia outrora, os partidos políticos tinham um programa e uma ideologia partidária, muito diferente dos tempos atuais, onde deve existir em torno de trinta partidos, sem programas e, muito menos, ideologia, para a grande maioria o que interessa é o oportunismo e nada mais.

Os jovens até que podem ficar desiludidos com a política partidária e com a politicagem (a política mesquinha, estreita e de interesses pessoais), mas, em hipótese alguma, poderá ficar alheio a ciência política, que é bela e bonita, pois envolve o estudo da política, dos sistemas políticos e das organizações, bem como, o estudo das estruturas e processos de governo ou qualquer sistema equivalente de organização humana que tente assegurar segurança, justiça e direitos civis.

Todo jovem que entra numa universidade, no curso de ciências sociais, tem uma matéria obrigatória no período inicial, chama-se “Introdução à Ciência Política”; é importantíssimo que ele tenha um bom aproveitamento, pois,  para o filósofo Aristóteles “ o homem é por natureza um animal político” – segundo ele, o ser humano em sua própria natureza seria incapaz de sobreviver isolado dos outros, o que gera a necessidade de constituir associações e o próprio Estado comum a todos.

Não tem como fugir, se correr o bicho pega, se parar o bicho come! Os jovens devem se aprofundar muito mais nos conhecimentos políticos, éticos e, construir uma nova sociedade, mais fraterna, justa, com partidos políticos focados no bem comum. É isso.

quarta-feira, 13 de abril de 2011

AGUINALDO DO SAMBA NO TACACÁ NA BOSSA

Hoje é quarta-feira, dia ouvir um bom samba junto com os amigos, a pedida é o Tacacá na Bossa, no Largo de São Sebastião, com a apresentação do Aguinaldo do Samba, acompanhados dos “Amigos do Som” e convidados, será muito bom!

Para quem não sabe, o Aguinaldo é um dos intérpretes dos mais renomados no samba de Manaus. Começou a sua carreira artística em 1980, na bateria do “Bloco Sem Compromisso”, hoje é uma escola do grupo especial. Passou por várias escolas de samba de Manaus, porém, sempre volta para o ninho do Tucano.

O Aguinaldo empresta a sua voz no “Jangadeiro Bar”, todas as sextas, sábados e domingos, sempre na companhia dos “Amigos do Som”, com a batuta do Mariolino. Ele também é muito requisitado para cantar em Óbidos, no Pará.

O projeto “Tacacá na Bossa” foi criado pelo casal Rosa Maria Vital e Joaquim Melo, eles são proprietários do “Tacacá da Gisela”, no Largo de São Sebastião, tiveram a idéia de misturar o Tacacá com a música popular brasileira, tornou-se uma referência e hoje se encontra consolidado e definitivamente integrado na vida cultural da cidade.

Misturar Tacacá, Aguinaldo do Samba e Amigos de Som, vai ser muito bom! Aproveite a noite, leve os amigos, o show será das 19 às 21h, depois, a pedida será um chope com sanduíche de pernil no Bar do Armando. Olha o Aguinaldo do Samba, ai gente, chora cavaco!

terça-feira, 12 de abril de 2011

BANQUETE DOS MENDIGOS

O jornal “A Crítica” publicou hoje, no caderno “Bem Viver”, uma matéria intitulada “Banquete dos Mendigos”, não tem nada a ver com a mendicância em Manaus, mas, um projeto multicultural idealizado pelo DJ Marcos Tubarão, a ser realizado embaixo do viaduto da Constantino Nery, em frente ao Olímpico Clube.

Com o crescimento desordenado da cidade de Manaus, urge a necessidade de se construir grandes ruas e avenidas, viadutos, passagem de níveis, túneis, enfim, equipamentos urbanos para facilitar a mobilidade urbana, no entanto, a sociedade não  dá o devido cuidado e valor ao homem, muitos ficam desempregados, desamparados, são forçados a ser pedintes e morar embaixo dos viadutos, sem acesso a cultura e outros meios. A proposta do evento é “saciar a fome de artistas e pessoas com o alimento mais universal que existe: a cultura.

A sacada do DJ Marvos Tubarão é exatamente de levar a cultura para esses desafortunados, tanto que o couvert é R$ 0,01 (opcional), para ele “A arte brota em todos os lugares que acreditam nesse veículo transformador”; já o artista plástico Tureko Beça, manda ver: “Na Galeria do Largo, levamos o grafite da rua para o lugar. Agora é o inverso, o banquete é a arte invadindo a rua”.

Participarão do banquete: Adriano Furtado, Arab & Convidados, Artur Farrapo, Black Dino & Cia, Bob Medina, Cabanos, Catraia, Conexão Zona Norte, Turenço Beça, Max Caracol, Márcia Siqueira, DJ Tubarão e Lucinha Cabral. Quem passar pelo local vai se deparar com diversos segmentos da arte, como música, criações visuais, poesia, dança, performances e publicações alternativas.

O evento será neste sábado (20/04), com início às 20h, estendendo madrugada à dentro, a não ser que a polícia militar pare na marra, mandando cassetete em todo mundo, como já fez nas vezes anteriores, mesmo os organizadores tendo todas as autorizações dos órgãos públicos. Acredito que agora será diferente, vamos conferir!

Fonte: Jornal "A Crítica", edição de 12/04/2011

segunda-feira, 11 de abril de 2011

LANÇAMENTO DO CD "CANÇÃO DA MATA"


A minha amiga Raquel Cardoso, atriz e coordenadora de eventos do Serviço Social do Comércio – SESC/AM mandou o convite acima, para divulgação.

Caros amigos. Venham prestigiar mais um grande evento cultural, realizado pelo Serviço Social do Comercio – SESC/AM, com lançamento do CD “CANÇÃO DA MATA”. Será uma grande noite de boa música, com as participações: Márcia Siqueira, Lucilene Castro, Grupo Imbaúba, Salomão Rossi, Lucinha Cabral, Ketlen Nascimento, Nicolas Jr, Cileno, Lucevilson Sousa, Jazz Verde. O evento será no dia 15 do corrente (sexta-feira), a partir das 20 horas, no Teatro José Lindoso, do Sesc da Rua Henrique Martins, a entrada será franca. Venha e convide os amigos e familiares”.

O recado está dado, farei de tudo para comparecer ao evento, pois, os nomes que estão no CD são todos de peso no cenário musical amazonense. Valeu Raquel!

domingo, 10 de abril de 2011

IGREJA DE NOSSA SENHORA DE FÁTIMA - MANAUS


Esta igreja está localizada na Rua Japurá, no tradicional bairro da Praça 14 de Janeiro, foi projetada e construída pelo frei José de Leonissa, vigário da Igreja de São Sebastião, a primeira missa foi realizada no dia 12 de Maio de 1960.

Antes da construção da igreja atual, todos os fiéis assistiam à missa na Igreja de São Sebastião, era a mais próxima da comunidade, tempo depois, um rico comerciante chamado Antônio Caixeiro, fez a doação do terreno, sendo construída em 1939 uma igreja de madeira.

Segundo a Wikipédia “Nossa Senhora de Fátima (ou Nossa Senhora do Rosário de Fátima) é uma das designações atribuídas à Virgem Maria que, segundo a Igreja Católica, terá aparecido repetidamente a três pastores, crianças na altura das aparições, no lugar de Fátima, tendo a primeira aparição acontecido no dia 13 de Maio de 1917. Estas aparições terão continuado durante seis meses seguidos, sempre no mesmo dia (exceptuando em Agosto). A aparição é associada também a Nossa Senhora do Rosário, sendo portanto aceite a combinação dos dois nomes - dando origem a "Nossa Senhora do Rosário de Fátima" - pois, segundo os relatos, "Nossa Senhora do Rosário" teria sido o nome pelo qual a Virgem Maria se haveria identificado, dado que a mensagem que trazia consigo era um pedido de oração, nomeadamente, a oração do Santo Rosário”.

A fotografia antiga em preto e branco foi tirada pelo fotográfo Wilson de Souza Aranha, pertence aos arquivos do IBGE -, aproveitei e fiz algumas modificações, coloquei o azul do céu e algumas estrelas.

Os moradores do bairro da Praça 14 são muitos católicos e festeiros, tanto que ao lado da igreja existe o barracão da Escola de Samba Vitória Régia, com samba de janeiro a janeiro, porém, os tambores somente começam a zoar depois da missa. É isso.

quinta-feira, 7 de abril de 2011

ZÉ MUNDÃO DANDO UM ROLÉ PELAS RUAS MANAUS NUM PUMA GTS 1975.

O nosso famoso Zé Mundão, sempre foi um cara fissurado por carros, tinha como desejo de consumo, um conversível pertencente a um amigo “filhinho de papai”, era um puro sangue “Puma GTS”, safra de 1975, na cor vermelho Ferrari.

O coitado babava quando via o bacana desfilando naquela máquina, ele imaginava sentado naquele banco de couro, dirigindo em companhia de duas gatinhas, passeando pela praia da Ponta Negra.

Mas, tudo era apenas um sonho, pois o Zé não tinha dinheiro nem para colocar gasosa no seu Fusca, imagine comprar o carro do seu amigo, diga-se de passagem, não estava à venda, pois o caboclo estava “sentado em cima da carne seca”, grana não era problema para ele, além do mais, tinha mais ciúmes do carro do que da sua namorada, uma loira gostosa e cheia de dengo.

O Zé nem olhava para a boazuda, o negócio dele era o Puma do amigo; era um martírio, nem sequer era convidado para dar uma volta pela city, emprestar, nem pensar, pois o filho duma égua, não emprestava nem para o pai dele, imagine para o coitado do Zé Mundão.

Num belo dia, a “louraça” botou um par de chifres no amigo do Zé, ela conheceu um marmanjo que tinha um “Opala Comorodo 1980”, completo, com ar, direção, vidros verdes e capota de vinil, ela tinha enjoado de andar de Puma, pode-se dizer que ela uma tremenda “Maria Gasolina”.

O corno chorava mais do que bezerro desmamado, o Zé passou uns tempos consolando o amigo, com terceira intenção, é claro, ele não estava nem ai para o brother, muito menos pela sua desilusão amorosa, o negócio dele era um dia ainda dirigir o Puma, o resto ele mandava para o cuvão!

Depois de uns tempos, o seu amigo esqueceu a loira, mandou cerrar os galhos e, começou dar em cima da prima do Zé Mundão, a Rosa, uma morena cor de jambo, com um “pernão e um bundão” arrebitado, uma gata e tanto, o Zé já tinha dado uns amasso nela, para ele, prima não é parente, nem com nojo.

Pois bem, o Zé começou a intermediar o namoro, antes foi logo detonando: - Olha aqui, gente boa, o negócio é o seguinte: passo a conversa na minha prima, entrego de bandeja para você, em contrapartida, você vai ter que me emprestar uma vez e outra o teu Puma!

O amigo deu um pulo e retrucou: - Nem fodendo, não empresto o meu Puma prá ninguém, tô fora, papai! Mas o Zé era paciente, esperou a volta do anzol. O seu amigo fez várias investidas sobre a prima do Mundão, jogou todo o seu charme em cima dela, convidou para umas voltas no Puma, tomar sorvetes no Pinguim, assistir a um filme no Studio Center,  almoçar no Restaurante Palhoça, jantar no Canto da Peixada e, nada!

Mal ele sabia que o Zé já tinha armado todo o circo com a sua prima, pediu na maior, para ela ignorar o cara, ser durona, não dar moleza, a estratégia era deixar o cara secar todos os argumentos possíveis e cair novamente nas mãos do Zé.

Ele não era chegado a fazer ameaças, mas, por vias das dúvidas, foi dando logo o recado: - Priminha do coração, segue direitinho como eu mandei, sabe como é... Se você “mijar prá trás”, eu vou contar pra titia todas as “ondas” que tu andas aprontando!

Funcionou, o bacana veio todo de mansinho falar com o Zé Mundão: - Porra, Zé, a tua prima é dura na queda, vou precisar da tua mãozinha, concordo em te emprestar uma vez por ano o meu Puma!

O Zé ficou puto da vida e mandou: - Uma vez por ano, um caralho, quero é uma vez por semana! O bacana foi à loucura: - Tu tá doido? Pirou de vez? Aí o Zé mandou bala: - É pegar ou largar, o Puma emprestado toda semana, com o tanque até o toco de gasosa e, a minha prima no teu colo, prá você deitar e rolar. Vai? Sem chance para o filinho de papai.

Ai foi graça para o Zé Mundão! O carro foi emprestado num sábado à noite, ele deveria entregar o Puma no domingo de manhã, limpo, lavado e sem nenhum aranhão. Promessa feita e não cumprida - pegou na máquina, ligou o toca-fitas “Roadstar”, colocou no toco uma música dos “Beatles” e saiu todo boçal pelas ruas de Manaus.

Deu um pulo no “Bar do Gordo”, todo mundo ficava olhando para o Zé e para o Puma, ele na maior cara-de-pau falou alto e em bom tom: - Esse é meu e tá pago, só saio nos finais de semana, macho não entra nele nem pelo caralho!

Tomou duas doses de “Montila, Gelo, Limão & Koka”, a bebida preferida do Zé - deu um rolé pela Avenida Getúlio Vargas, estacionou o Puma em frente ao Sheik Club, sentou no capu do carro, estava mais alegre do que “pinto na merda”, não precisava paquerar, as gatas se ofereciam para passear com o Zé, ele escolheu duas “a dedo”, rodou por todos os points de Manaus, ele queria mesmo era aparecer.

Depois, saiu para pegar um vento na testa, pegou a estrada do Tarumã e parou num balneário, conhecido por “Cachoeira das Almas”, o local era de difícil acesso, tinha lama até o talo, o Puma começou a ficar todo sujo, ele não estava nem ai, levou as gatinhas para tomarem banho num igarapé de águas cristalinas, as beldades ficaram somente de calcinha e sutiã, o Zé ficou na maior putaria.

Depois, resolveram dá um rolé pela praia da Ponta Negra, o carro ficou todo molhado e cheio de areia e barro.

Numa encruzilhada, havia um pessoal fazendo um “despacho de macumba”, uma delas pediu para o Zé parar o carro, ela foi até onde estava acontecendo o ritual, ai bicho pegou para o Zé Mundão, pois a dita cuja começou a pegar um “santo”, se enrolava pelo chão, mudou a voz, ficou toda ralada.

Um senhor veio até o Zé e mandou ver: - Boa noite, o senhor, por favor, leve a sua amiga de volta, ela está atrapalhando o nosso serviço, a linha dela não é igual a nossa. O Zé, sempre gaitato: - Deixa comigo, fui! Ao entrar, a gata sujou de sangue os bancos do carro.

Rumou para a praia, ele foi dá um banho na beldade que estava toda suja e ralada – uma foi para o abate e outra ficou em “standbay”.

O dia já estava amanhecendo, quando Zé resolveu ainda dá um pulo até a Cachoeira do Tarumã, tomaram banho pelados até o Sol raiar – ao sair, o Zé deu uma ré no carro e bateu levemente num tronco de madeira.

Foram tomar um café regional no “Café da Loura”, depois, deixou as gatas em suas casas e foi dormir, afinal, ninguém é de ferro!

Meio dia de domingo, o Zé foi acordado à força, era o seu amigo: - Zé, filho da puta, tu nunca mais vai pegar no meu carro, porra, ele tá todo sujo de lama, barro, sangue e tá amassado!

O cara ainda dormindo, falou: - Mil desculpas, parceiro, deixa que eu vou dar um banho nele, passo até um esmeril e cera no bicho, vai ficar novinho em folha, na segunda, manda desamassar a belesura! Tudo bem?

O amigo do Zé estava possesso: - Negativo, vou levar agorinha o meu Puma. Outra coisa, aquela tua prima é a maior “fuleiragem”, tô fora!

Acabou o sonho de consumo do Zé Mundão. Passados mais de três décadas do ocorrido, o Zé está negociado a compra de uma “carcaça” de um Puma GTS 1975, pretende dar uma geral na fibra do carro, retificar o motor e a caixa de marcha, enfim, dar uma “guaribada” no carro.

Os anos se passaram, mas o sonho do Zé é ainda dar muitos rolé pelas ruas de Manaus, sem as gatinhas, mas, passeando com os seus filhos e netinhos, a bordo do seu querido Puma.

Eu, hein, Zé Mundão!