sexta-feira, 31 de março de 2006



A Vila de Paricatuba, está localizada no Município de Iranduba, próximo à Manaus, 40 minutos via terrestre pela AM-070, estrada Manoel Urbano e também por via fluvial, 30 minutos em lancha rápida (margem direita do Rio Negro). Foi concebida como hospedaria para imigrantes italianos e funcionou como Liceu de Artes e Oficios de padres franceses, Casa de Detencão, Hospital para hansenianos, área de lazer para visitantes do Rio Negro, turistas mundanos e aventureiros dispersos; Paricatuba é parte substancial do Amazonas e vocë nao pode deixar de conhece-la!

Sintese histórica e cronologia

1898 - O Governo do Estado inicia a construcao de uma grande hospedaria para imigrantes italianos, logo depois é abandonada;

1900 - O Governador Constantino Nery oferece o proprio de Paricatuba para a instalacao de uma obra (missao educacional);

1904/5 - Os espiritanos franceses aceitam a proposta da criacao de uma escola agricola e profissionalizante;

1905 - Reforma do Prédio;

1906 - Inauguracao do Instituto Afonso Pena, Liceu de Artes e Oficios, com a presenca do Presidente do Brasil Dr. Afonso Pena;

1924 - Por decreto do entao Governador em exercicio, Dr. Turiano Chaves Meira faz a entrega do proprio de Paricatuba para a Profilaxia Rural do Amazonas instalar um leprosario;

1925 - Termino das obras do leprosario, inicio do acolhimento dos leprosos e visita do embaixador do Japao;

1930 - Transferencia compulsória de todos os leprosos registrados na PRA para Paricatuba;

1962 - Inicio da transferencia dos leprosos para a Colonia Antonio Aleixo (em Manaus) após a destruicao das edificacoes de Paricatuba;

1970 - Instala-se em Paricatuba uma missao religiosa chamada Missao Pistoia, da Igreja Catolica, com missionarios italianos liderados pelo Pe. Humberto Guidotti;

1984 - A Missao Pistoia reconstroi parte do prédio de Pariticatuba e equipamentos comunitarios;

1992 - Abertura da estrada de acesso a Paricatuba;

2001 - A Prefeitura Municipal de Iranduba cria uma Secretaria de Turismo e Meio Ambiente.

Grupo de Condutores de Paricatuba - Apoio: Manoa Turismo, Design A + e Grupo Mamulengo ( Paulo Tasso e Dona Ro).

Amigos,
Recebi um e-mail do Dr. Rogelio Casado, ao qual reproduzo abaixo, aproveito a oportunidade para indicar o seu blog
Rogelio Casado has sent you a link to a weblog:
Grande Rochinha, pedra 90! Que bela história o do velho teu pai, é coisa de cinema. Não me canso de ouvir, agora de ler. Parabéns pela iniciativa do blog; me apraz ter sido fonte de estímulo. Você fica devendo as fotografias da Manaus antiga. Até mais ver, lá pelas bandas do Armando.

quinta-feira, 30 de março de 2006


Amigos, sou novato nesta incrivel ferramenta, aproveito para difundir a Biografia do meu pai (foto acima), um cearence que vive 70 anos na Amazonia.

Grato

BIOGRAFIA


José Rocha Martins é cearense de Uruburetama, onde nasceu a 28 de março de 1923. É um Luthier, profissional que fabrica e conserta instrumentos de cordas.

Chegou em Manaus aos 12 anos de idade, fugindo da grande seca que assolou o nordeste na década de 30 do século passado e, também para encontrar com o seu genitor, Sr. Jose Martins da Silva, soldado da borracha, que executava o seu trabalho no Rio Jamari, próximo a Porto Velho. Veio com a sua mãe, a Dona Lídia Pires Martins e o seu único irmão José Martins.

Ao chegar em Manaus teve a sua primeira grande decepção, o seu pai tinha embarcado de volta para buscar os seus familiares no Ceará; por falta de comunicação, houve o desencontro da família. O patrão do seu pai, o Sr. Arruda, coronel de barranco, providenciou a acomodação da família no Asilo Dr. Thomas , situado na Rua Recife, próximo a fábrica Magistral.

Quando a família se reencontrou, foram todos morar no interior, aonde o seu genitor veio a falecer. Voltaram para Manaus; a Dona Lídia reiniciou os seus trabalhos de costureira e o José Rocha foi trabalhar na residência do coronel, um casarão localizado na Rua José Clemente, atrás do Hospital da Santa Casa, o seu irmão fazia biscates e era chegado a uma boemia.

A sua mãe não passava muito tempo em Manaus, sempre indo e vindo do Ceará, ao contrario do José Rocha que sempre fez questão de ficar em Manaus. Iniciou os seus estudos no Colégio Dom Bosco, graças ao padre salesiano Agostinho, que sempre ajudava aos adolescentes pobres. Com a morte do seu irmão, teve que deixar de estudar para trabalhar e sustentar a sua mãe.

Aos dezoito anos de idade foi trabalhar numa fábrica de castanhas, na Rua Joaquim Nabuco, não tinha nenhum documento. Após uma fiscalização dos fiscais do trabalho, foi obrigado a tirar a certidão de nascimento e a CTPS. Foi quando mudou o seu sobrenome, pois nasceu numa sexta-feira da paixão e a sua mãe uma católica fervorosa, passou a chamá-lo de José da Paixão Martins Pires, ou simplesmente Zé da Paixão, não gostava nem um pouco desse nome, apreciava mais o apelido de Rochinha, dado pela meninada de Uruburetama, pois parecia muito com o pároco da Igreja local, o Padre Rocha, moreno, barrigudo e com os cabelos pixaim, passou chamar-se Jose Rocha Martins, Rochinha para os íntimos.

Depois foi trabalhar numa pequena fábrica de violões, situada na Rua dos Bares, nos porões da Loja Alba. O oficio foi passado pelos portugueses ao Sr. Nascimento, que repassou as técnicas de confecção de instrumentos de cordas para o Rochinha. Os negócios estavam indo por águas abaixo, pois o patrão era um viciado em bacarat e apesar do apoio da maçonaria, a falência foi inevitável.

Com a ajuda da patroa da sua esposa e dos amigos, conseguiu um empréstimo de 3 contos de réis para montar o seu próprio negocio. Construiu um grande flutuante, situado no Igarapé de Manaus, aonde foi morar com a família e montar a sua própria oficina. Foi quando nasceu a pequena fabrica de instrumentos de cordas “O Bandolim Manauense”. Com a determinação do governador Plínio Coelho em acabar com a chamada Cidade Flutuante, o Rochinha foi obrigado a desmontar a sua oficina/casa, vender o seu motor de centro (era adaptado para cortar madeira), com o dinheiro comprou um terreno na
Vila Paraíso, na Avenida Getúlio Vargas, construiu uma pequena casa de madeira, onde mora até hoje.

Foi convidado a montar a sua oficina nos porões de uma casa antiga, tipo chalé, situada na esquina da Rua Huascar de Figueiredo com o Rua Igarapé de Manaus, o Sr. João Bringel , esposa e filhos, formaram a sua segunda família. Neste lugar, construiu centenas de violões, cavaquinhos, bandolins, guitarras, citaras e até violinos. Ficou muito conhecido na cidade de Manaus e até no exterior, fez violões para o Gilberto Gil, Silvio Caldas, Vando e outros menos famosos. Fez parceria com os pesquisadores do INPA na área da madeira, alguns violões foram enviados para a Alemanha e Estados Unidos.

Os seus instrumentos ficaram famosos pela sonoridade e escala perfeita, utilizava madeiras nobres, como a macacauba, pinho, cedro, marupá, além das formas boleadas e dos desenhos de marchanteria que utilizava em seus violões. Pela forma artesanal de fazer os seus instrumentos e pela atenção e carinho que tinha pelos seus clientes, marcou a sua passagem por Manaus, sendo até hoje querido e admirado por todos, eis algumas dedicatórias: “Rochinha pai do violão e patrono da canção, minha bênção”, Afonso Toscano, cantor e compositor – “Rochinha é o médico parteiro da música, além de consertar estragos, ainda é o parteiro do violão”, Lucinha Cabral, cantora – “O sonho de continuidade do Rochinha foi concretizado pelo luthier Rubens Gomes, já que o Estado é padrasto das artes”, Marcos Gomes, poeta.

O José Rocha conheceu a Dona Nely, que trabalhava em casa de família e, veio a ser a sua esposa, com quem teve 04 filhos, José Rocha Martins Filho – Contador, Jose Henrique Soares Martins – Promotor de Vendas, José Martins Soares – Administrador e Graciete Soares Fernandes – Enfermeira.

Todos os filhos trabalharam com ele até completarem a maioridade, mas não quis que eles seguissem a profissão do pai, não por falta de vocação, mas os estudos vinham em primeiro lugar. Talvez foi um grande erro, pois ao se aposentar não deixou nenhum discípulo que levasse a frente essa belíssima profissão.

Aos sessenta anos tirou pela primeira vez férias, viajou com o filho mais velho rumo a sua terra natal, embarcou num catamarã da Enasa até Belém com os velhos amigos boêmios, entre eles estavam o Vadico, o Pernambuco e o Moises. Seguiu de estradas até o Ceará, passando somente 1 dia em Uruburetama, nunca mais voltou por falta de condições financeiras e de saúde.


Cinco anos depois sofre um derrame cerebral, parando totalmente de trabalhar, aposentando pela Previdência Social com 1 salário mínimo. Depois de vários anos, a Câmara Municipal de Manaus aprova uma aposentaria especial de 05 SM, o que lhe dá condições de viver dignamente na sua velhice.



José Martins Soares
jmartinsrocha@hotmail.com