quinta-feira, 22 de novembro de 2007





REDE DE DORMIR

A nossa família era constituída pelo papai, mamãe, vovó, duas irmãs e três irmãos. Com exceção dos meus pais, que utilizam a cama de casal, todos os outros usavam a rede de dormir.

Deixei de usá-la somente quando casei, após a separação, voltei para a rede!

Este é um hábito comum na região norte, faz parte da nossa cultura. Na nossa adolescência era comum entre a rapaziada o desejo de conhecer o Rio de Janeiro; quando alguém conseguia viajar pela primeira vez de avião, existia sempre aquela gozação:
- Não adianta levar a rede, pois no avião não existe armador!

Lembro muito bem quando os mais velhos falavam:
– Além da mulher, a coisa melhor do mundo é a zoada da chuva no telhado de zinco, se embalar e coçar a frieira no punho da rede!

Tive um vizinho no Conjunto dos Jornalistas que, certo dia me revelou:
– Ainda não deixei o hábito de usar a rede de dormir, mesmo após o casamento; ato a dita cuja bem cima da cama da mulher, somente desço para ir ao banheiro e dar uma “lamparinada” na velha, depois subo para dormir! É mole! Mas Sobe!

Eis a história da rede:

"A hamaca, sendo rede é um invento dos indígenas da América do Sul, cujo nome de origem é denominada pelos indígenas do Brasil de ini. A palavra rede foi empregada pela primeira vez pelo escrivão da frota de Pedro Alvares Cabral — Pero Vaz de Caminha, em carta à Portugal, onde descrevendo a povoação dos Tupiniquins, seus hábitos e costumes, relata a maneira de dormir, daqueles indígenas: "Foram-se lá todos; e andaram entre eles. E segundo depois diziam, foram bem uma légua e meia a uma povoação, em que haveria nove ou dez casas, as quais diziam que eram tão compridas, cada uma, como esta nau capitaina. E eram de madeira, e das ilhargas de tábuas, e cobertas de palha, de razoável altura; e todas de um só espaço, sem repartição alguma, tinham de dentro muitos esteios; e de esteio a esteio uma rede atada com cabos em cada esteio, altas, em que dormiam". E foram as mulheres dos colonos portugueses que adaptaram a técnica indígena, substituíram o tucum pelo algodão (para render em um tecido mais compacto) e aplicaram varandas e franjas ornamentais. Sua difusão no Nordeste teve a colaboração ativa dos sacerdotes que, espalhando a técnica dos adventícios e entre as gerações que se sucederam tornaram hereditários o artesanato. A rede indígena é tecida em cipó e lianas; as mulheres dos colonos portugueses adaptaram a técnica indígena, passando a fazer redes em tecido compacto e com varandas e franjas ornamentais. A rede durante o Brasil Colônia, foi utilizada também como meio de transporte, sendo nelas, carregados por escravos, os colonos e suas famílias em passeios pela cidade e viagens. O folclorista nordestino Luís da Câmara Cascudo no seu ensaio "Rêde-de-Dormir" faz uma apologia a esta peça domésticas integrante da vida cotidiana das gentes do Norte e Nordeste brasileiros, comparando-a com o leito, e enaltecendo as vantagens da rede: "O leito obriga-nos a tomar seu costume, ajeitando-se nêle, procurando o repouso numa sucessão de posições. A rêde toma o nosso feito, contamina-se com os nossos hábitos, repete, dócil e macia a forma do nosso corpo. A cama é hirta, parada, definitiva. A rêde é acolhedora, compreensiva, coleante, acompanha, tépida e brandamente, todos os caprichos da nossa fadiga e as novidades imprevistas do nosso sossêgo. Desloca-se, encessantemente renovada, à solicitação física do cansaço. Entre ela e a cama, há a distância da solidariedade à resignação". O legado indígena, no que se refere a artefatos, foi de suma importância para a sobrevivência da sociedade brasileira nos primeiros anos do descobrimento e durante toda a época colonial. A bibliografia é bastante vasta a este respeito, mas nada melhor do que transcrever um trecho da obra de Sérgio Buarque de Holanda, Caminhos e Fronteiras, quando o autor revela a importância da rede na capitania de São Paulo no século dezesseis até hoje: "Ao visitar pela Segunda vez a capitania de São Paulo, tendo entrado pelo Registro da Mantiqueira, Saint-Hilaire impressionou-se com a presença de redes de dormir ou descansar em quase todas as habitações que orlavam o caminho. O apego a esse móvel (...) pareceu-lhe dos característicos notáveis da gente paulista, denunciando pronunciada influência dos índios outrora numerosos na região.(...) É sabido que o europeu recém-chegado ao Brasil aceitou o costume indígena sem relutância, e há razão para crer que, nos primeiros tempos, esses leitos maneáveis e portáteis constituiriam objeto de ativo intercâmbio com os naturais da terra.(...) Com as peças de serviço gentio da terra - tamoio, tupinaen, carijó... - introduziram-se também, nas casa paulistas, as cunhãs tecedeiras. E, com elas, os teares de tecer rede, onde a tradição indígena, pouco modificada neste caso, pela influência das técnicas adventícias, tem permanecido até nossos dias.(...) A importância que a rede assume para nossa população colonial prende-se, de algum modo, à própria modalidade dessa população. Em contraste com a cama e mesmo com o simples catre de madeira, trastes sedentários por natureza, e que simbolizam o repouso e a reclusão doméstica, ela pertence tanto ao recesso do lar quanto ao tumulto da praça pública, à morada da vila como ao sertão remoto e rude.(...) O fato é que as redes - redes de dormir ou de transportar - são peças obrigatórias em todos os antigos inventários feitos no sertão".Curioso observar que a rede copiada pelos europeus do século XVI seguiu padrões planos, tal como as camas onde se dorme no sentido do comprimento. na rede indígena, ao contrário, deita-se na diagonal. a rede deve ser frouxamente atada, para nela podermos deitar como se estivéssemos em uma suave bacia com a forma e tamanho do corpo. As linhas longitudinais da rede indígena têm o mesmo comprimento de punho a punho. Quando atamos a rede de maneira frouxa, determinamos uma elipse e uma elipsóide. Quando sentamos no meio da faixa mediana, fixaremos com o nosso peso, aquela faixa que terá a largura de nosso traseiro. Em seguida, se quisermos deitarmos na rede, isso só poderá ser feito com as pernas inclinadas para cima. Mas os dois lados da rede ainda estarão livres. Podemos então deslizar as pernas para um lado e o tórax para o outro, até alcançarmos com todo o corpo a superfície da elipsóide. A direção de repouso entre a crista central e a parede lateral da elipsóide forma um ângulo de aproximadamente 30 graus com relação ao plano vertical dos punhos. Em 1492 e nos anos seguintes os primeiros europeus na América tropical ficaram admirados com o costume indígena de dormir em redes suspensas. Antes da viagem de Colombo, a rede de dormir era desconhecida fora da América, onde reinava desde o México e das ilhas do Caribe até o Sul do Brasil e o Paraguai, da Colômbia a Pernambuco. No século XVI os europeus tiveram a idéia de usar rede de pesacar ou pedaço de lona para dormir, sem levar a sério as instruções práticas de uso e sem antender a qualquer princípio físico. Pensando em dormir no sentido do comprimento, começaram a efetuar os chamados melhoramentos. Muito antes de a palavra aruak humaca transformar-se, por uso popular, na palavra holandesa hangmat (esteira suspensa) ou na alemã Hangematte, a rede indígena oi deformada em esteira esticada, no sentido do comprimento, com as cordas de atar, e no sentido da largura, por duas traves de madeira. Nos navios europeus - e os armadores haviam descoberto que cabiam mais marinheiros por metro cúbico quando estes dormiam em redes - tentou-se de novo melhorar as redes sem resultado, pois ninguém teve a idéia de voltar ao modelo original em tudo superior. A rede de dormir jamais se popularizou nos outros continentes porque o modelo exportado foi o europeu. Na Àfrica levadas pelo português, as redes foram usadas apenas como macas, transportando pessoas doentes, ou durante a sesta. Á noite continuava-se a dormir em esteiras no chão duro, ao alcance de formigas, ratos e cobras. Câmara Cascudo nos dá mais detalhes: A rede dos Bakairi é feita de malhas bastante grossas e tem a forma de um retângulo comprido (2 1/3 m x 1 ¼ m). As linhas longitudinais são atravessadas, com intervalos irregulares (entre 2 e 3,5 cm) pelas transversais; nas malhas pode-se facilmente enfiar o dedo. O tecido é muito simples. Dois fios longitudinais, mas finos, de 1mm de espessura. Deste, em número de quatro, dois correm, ondulados, na frente dos longitudinais, e dois atrás dos mesmos, entre os quais se cruzam. De ambos os lados faz-se um nó com as extremidades dos fios transversais; assim encontram-se, em cada um dos lados compridos, uns 70 nós, feitos com as quatro pontas de fio. O laço que fica livre em cada toco, é enrolado, no meio, por um fio, de maneira a deixar de um lado uma colcheta para receber os cordões com que se pendura a rede. Do outro lado partem, deste ponto fixo – divergindo para a rede, quando esta é armada – os fios longitudinais ainda não cruzados pelos fios da trama numa extensão de 30 a 35 cm.Além desta rede típica, de algodão, existe outra, na qual os cadilhos são formados de cordel de fibra de buriti (Mauritia vinifera, Mart) e os fios da trama são de algodão. Estes fios transversais de algodão são às vezes muito escassos; os Mehinaku deixavam entre eles uma distância de dez a vinte centímetros. As redes de buriti são usadas sobretudo pelas tribos nu-aruak. Os Bakairi mansos do Paratinga também as possuíam; disseram-me que só foram introduzidas entre eles pelo velho Caetano, cacique da aldeia. As redes de fibra de palmeira tinham geralmente comprimento igual ou pouco maior (até 2 ¾ m) que as de algodão, mas uma largura inferior a um metro, de modo que quase não era possível nelas a posição diagonal cômoda, que, com razão, o brasileiro gosta de tomar.Uma terceira modalidade resultava de um emprego mais abundante do algodão. Vimos entre os Auetö todos os graus intermediários entre 6-7 cm, até 1-2 ou mesmo ½ cm de distância entre os fios transversais do algodão. Teciam-nas, finalmente, de modo a ficarem os fios de algodão tão juntos um do outro que encobrissem totalmente a fibra de tucum, constituindo um pano quase tão compacto quanto a lona. Nesse tecido a fibra longitudinal de tucum, com uma largura aproximada de 1,5 mm, era envolvida por dois pares de fios transversais de algodão os quais, entre aquela e o seguinte fio longitudinal, se cruzavam não uma, mas duas vezes. Os lados compridos da rede eram naturalmente orlados de grande número de nós próximos um do outro. Nos quatro cantos as extremidades das madeiras se prolongavam um pouco, terminando em borla. Muitas vezes observam-se nesses tecidos, listas transversais azul-pretas, obtidas, de 40 em 40 cm pela aplicação de algodão tinto. Aliás, todas as redes eram de cor parda. Tanto a de algodão como a de fibra de palmeira, que já por natureza é pardo-clara, tomavam uma cor parda suja pelo contato com o corpo ungido com o vermelho do urucum. As redes de algodão puro constituíam uma especialidade dos Bakairi; também eles já possuíam no Kulisehu, redes de buriti. O pano mais consistente era fabricado pelos Auetö. Eram singulares as redes que os Nahuquá tinham para crianças de pouca idade; consistiam simplesmente num feixe de palha amarrado nas duas extremidades.Essas formas muito variadas de redes estavam em vias de se uniformizarem. Entre os Suyá dominava ainda o antigo costume dos Gê, i. É., dormiam em grandes esteiras de folhas de palmeira; na época da nossa visita estavam começando a adotar a rede; tinham alguns exemplares e também já as fabricavam. Talvez a arte de tecê-las lhes tivesse sido transmitida pelas mulheres trumai que as possuíam. Já depois da viagem de 1884 chamei a atenção para o paralelismo existente entre a região do Xingu e a das Guianas, dizendo que tanto lá como aqui a rede de algodão parecia de origem caraíba, sendo proveniente dos Nuaruaque a de fibra de palmeira. Lembrei também que a essa concordância etnográfica corresponde exatamente a lingüística. Em ambos os casos a técnica nasce da arte de trançar, o que difere é só o material. Os mais atrasados eram os Bakairi, que não possuíam o tecido em forma de pano. Também é notável o fato de que os torçais destes, embora preenchessem completamente o seu fim, eram de confecção menos artística que os das outras tribos. Podia-se observar uma técnica dirigida em igual sentido numa espécie de esteira-crivo. As hastes eram envolvidas, mais ou menos cerradamente, com o fio de algodão, de modo a se obterem esteiras consistentes e rígidas, mas ao mesmo tempo muito movediças, entre as quais se compensava a massa de mandioca para espremer o líquido. Vimos também pedaços de pano empregados para o mesmo fim.



Fonte: http://www.bibvirt.futuro.usp.br/textos/humanas/educacao/tematica/cap15.html http://www.noolhar.com/opovo/delas/105363.html http://www.cce.ufsc.br/~nupill/literatura/carta.html http://www.instituto-camoes.pt/cvc/literaturaingles/litviagens.htm http://www.mre.gov.br/acs/diplomacia/images/foto131.jpg http://jangadabrasil.com.br/setembro13/pa13090b.htm http://jangadabrasil.com.br/novembro15/of15110a.htm acesso em março de 2003 Revista Ciência Hoje, SBPC, nov/dez 1992 página 104 envie seus comentários para abrantes@inpi.gov.br. Esta página não é uma publicação oficial da UNICAMP, seu conteúdo não foi examinado e/ou editado por esta instituição. A responsabilidade por seu conteúdo é exclusivamente do autor.

sábado, 17 de novembro de 2007

O blog do Rogelio - www.rogeliocasado.blogspot.com - publicou alguns artigos e filmes feitos pelos gringos, relacionados com a nossa Amazônia. Leia a perola abaixo e fique com a pulga atrás da orelha.
A AMAZÔNIA DEVE SER INTERNACIONALIZADA
A Amazônia é rica. Além de recursos tradicionais como madeira, produtos não-madeireiros, minérios e água, a região possui também recursos cujos valores ainda estamos aprendendo a apreciar. Como, por exemplo, o maior estoque de biodiversidade do mundo. Com cerca de 6.000.000 km² de extensão, ela abriga entre 10% e 20% de todas as espécies que vivem em nosso planeta.
A floresta remanescente brasileira representa a maior fonte de biodiversidade mundial. Só na Amazônia brasileira existem mais de 10 mil espécies de plantas possíveis de ser utilizadas como insumos em produtos para a saúde e a aplicação cosmética. Entretanto, hoje, a indústria de cosméticos utiliza apenas 135 espécies da Amazônia com princípios ativos ou constituintes.
O que há de errado? Simples. A Amazônia vem sendo tratada como um problema pelos países que a administram quando, na verdade, ela representa a solução para os problemas do mundo. A missão da Arkhos Biotech, além de mostrar os atributos e peculiaridades da Amazônia, é lutar para torná-la efetivamente um bem mundial, o que, na prática, ela sempre foi. Os primeiros produtos explorados na região, as chamadas drogas do sertão , eram para exportação. A Arkhos Biotech acredita que o mundo deve opinar sobre a gestão da Amazônia porque toda a humanidade vem sendo agraciada com seus bens e seus serviços. A Amazônia pode suprir o planeta e ainda assim ter estoque para as futuras gerações. Pode prover serviços e receber pagamento em royalties por regular o clima do mundo. Tudo isso vem sendo discutido mundialmente.
Está claro que, para países como o Brasil, a Amazônia é um fardo difícil de carregar - como demonstram sucessivamente as taxas de desmatamento da Amazônia brasileira. O Brasil sequer investe em pesquisa na Amazônia. Dos 0,65% do PIB brasileiro investido em pesquisa, apenas 2% são canalizados para a região Norte. Os institutos de pesquisa que surgiram nos últimos anos na Amazônia brasileira, a maioria ongs ou entidades sem fins lucrativos, são mantidos com dinheiro dos países desenvolvidos. Hoje, mais de dois terços da produção de conhecimentos sobre a Amazônia são originados em outros países. Além disso, 78% das pesquisas sobre a Amazônia são produzidas por pesquisadores estrangeiros. A internacionalização da Amazônia já é um fato consumado.
Empresas como a Arkhos Biotech estão ajudando a pensar e a fazer o futuro da Amazônia através da tecnologia, ferramenta capaz de garantir o uso racional dos recursos da região. Empresas que investem em pesquisa para o manejo sustentável de recursos, que alocam e transportam matéria-prima sem prejudicar o meio, que podem garantir a origem e o processo de extração de tudo o que comercializam, que fazem parceria com as comunidades locais gerando renda e melhorando a vida das pessoas. A utilização sustentável e sadia do potencial da Amazônia, seja como celeiro de biodiversidade, seja como depósito de carbono, é a única estratégia possível para salvá-la da extinção total.
O futuro do Homem sobre a Terra depende da Amazônia. Por isso, o objetivo da Arkhos Biotech é ajudar a humanidade a usar e a tomar conta da Amazônia.

terça-feira, 6 de novembro de 2007


PAÇO DA LIBERDADE

Após décadas relegadas ao ostracismo, o centro histórico mais antigo de Manaus passou a figurar nas pautas dos governos federal e municipal. Ancorados pelo programa “Monumenta”, que visa restaurar os centros históricos das principais capitais brasileiras, a ação – que em Manaus é executada pela prefeitura através da Manaustur – chegou a uma das belas relíquias da cidade: O Paço da Liberdade, que no século passado foi o antigo palácio provincial, depois palácio dos governadores da republica, câmara municipal e, finalmente, sede da prefeitura.
Construído entre 1874 e 1884, o Paço é um complexo predial que fica entre as ruas Bernardo Ramos e 7 de Setembro, do qual faz parte ainda a arborizada praça D. Pedro I. Executado em etapas, o monumento reúne dois séculos em um mesmo prédio, já que foi ampliado no século XX.
Com linhas sóbrias e elegantes, ele exibe em sua fachada toda a imponência das construções de uma Manaus rica e suntuosa. Possui escadaria e quatro colunas em estilo dórico que sustentam o frontão, ambos em mármore de carrara. Os janelões e porta de acesso são moldurados com o mesmo material. NO piso do vão de entrada, há um mosaico em malha portuguesa, evidenciando a mistura de estilos. No teto, telhas de barro que além de funcionais são esteticamente bonitas e adequadas com as linhas da construção.
Mas, se o Paço da Liberdade impressiona pelo estilo de sua fachada, é dentro dele, com a recuperação que está sendo executada, que o visitante tem uma idéia de como a arquitetura daquele período conjugava bom gosto e conforto. Com pé direito de 6,15m em média, seus ambientes não retêm temperatura e o forro é vazado para ajudar na ventilação; dado valioso quando o assunto é observar a evolução das construções da cidade.
Alem disso, o avançar da restauração está revelando outros detalhes preciosos. “Investigamos o estado atual de conservação e descobrimos aproximadamente quatro camadas de tinta; descobrimos que a cor original do prédio é ocre, igual ao da antiga Assembléia Legislativa do Estado”, informar a arquiteta Roseane Almeida, coordenadora do projeto de recuperação.
Ela também explica sobre a descoberta de diversas pinturas que adornavam o interior do Paço. “Aquela época, se fazia uma arquitetura contemplativa, mas, com o passar dos anos, o prédio foi tendo diversos usos e esses detalhes foram deixados à margem. Essas pinturas, assim como o forro – que era em papel marche – obedeciam a um padrão europeu; apesar do esforço, muita coisa está bastante deteriorada e não poderemos recuperar tudo”, lamente.
Como toda intervenção em patrimônio histórico apresenta curiosidades, no antigo palácio da província não poderia ser diferente. “Encontramos uma telha original daquele período que é chamada de catacanal; depois de uma avaliação técnica, fora, feitas copias nas olarias do Estado e elas estão de volta à cobertura do prédio”, comemora.
Obra-prima fincada no centro da cidade e na historia do Amazonas, o Paço da Liberdade merece o tratamento delicado que o Monumenta está realizando, afinal, é com “passos” como esses que Manaus pode preservar sua memória.

Mencius Melo
Especial para Em Tempo

sexta-feira, 2 de novembro de 2007






FUSQUINHA - MEU ETERNO AMOR!

Comecei a paquerar o meu fusca no ano de 1976, consegui casar em 1979 e, separei em 1989, foram 10 anos de uma bela convivência.

Trabalhei na empresa chamada “Importadora Souza Arnaud”, situada à Rua Marechal Deodoro; o fusquinha da minha paixão pertencia a minha colega Conceição Kramer; era da safra de 75; depois foi vendido para outro colega de trabalho, o contador José Antonio e, em 79 consegui comprá-lo, sendo uma parte à vista e outra financiada pelo Banco Safra, penei muito para pagar as prestações, por isso passei a chamá-lo de “Suado”.

A placa ZD-1307 serviu de inspiração para um vizinho ganhar uma vez a milhar no jogo do bicho. Foi uma década de grandes emoções a bordo do meu fusquinha; quando era solteiro fui dezenas de vezes para os lupanares “Saramandaia” e “Posto 5”, se o deixasse no piloto automático, com certeza iria direto para o bordel!

Trabalhava durante o dia e estuda a noite, serviu de condução para ir e vir da faculdade; namorei nos seus bancos; fui de Paletó e Gravata para o meu casamento, na Igreja de São Sebastião; fui de Beca para a minha formatura, no Teatro Amazonas; levava os meus filhos para passear nos finais de semana e tomar banho no Tarumã e na Ponte da Bolívia.

Na vida real de marido e mulher, as dificuldades financeiras atrapalham o relacionamento do casal; e o meu com o fusquinha foi inegavelmente afetado, não podia mais cuidar da sua aparência física e dos seus órgãos vitais - o motor e a caixa de marcha – fui obrigado a vendê-lo para o meu compradre Acácio, que o recuperou totalmente, trocaram até o numero da placa, em decorrência da inclusão de mais uma letra na sua composição; depois vendeu para um sujeito desconhecido e sumiu da minha vista.

Não sei se ainda roda ou se foi parar no cemitério dos carros, qualquer um dia desses irei contratar um detetive para desvendar o seu paradeiro.

Certa vez, fiquei muito emocionado, com o reencontro do Fusca JWJ-7694 com o seu primeiro amor, o médico Rogelio Casado, no Largo de São Sebastião, fiz até um curta de 1 minuto.

Estou com muitas saudades do meu fusquinha! Quem sabe num belo dia, ainda poderemos reatar o nosso casamento e curtirmos juntos a nossa aposentadoria, dando umas voltas pela nossa Manaus Antiga, estacionado uma vez e outra no Bar do Armando, para tomar uma cerveja, saborear um pernil e ouvir jazz de vinil na vitrola 3 em 1 do portuga, por sinal, outro apaixonado pelo seu Fusca azul celestial.


O FUSCA NO BRASIL

O primeiro Volkswagen brasileiro foi lançado em 1959, obedecendo, com poucas modificações, ao do projeto de Ferdinand Porsche, lançado na Alemanha vintes anos antes.

A origem do nome Fusca está relacionada com a pronúncia alemã da palavra Volkswagen. O nome da letra V em alemão é "fau" e o W é "vê". Ao abreviar a palavra Volkswagen para VW, os alemães falavam "fauvê". Logo que o Fusca foi lançado na Alemanha, ficou comum a frase "Isto é um VW" ("Das ist ein VW"). A abreviação alemã "fauvê" logo se transforma em "fulque" e "fulca". "Desde que começaram a circular os primeiros Volkswagens, em 1950. também apareceu a corruptela da palavra Volkswagen passando pela influência da colônia alemã",-- explica Alexander Gromow para o Jornal do Brasil de 7 de agosto de 1993 - "Em Curitiba se fala "fuqui" e em Porto Alegre é "fuca", acrescenta Gromow. "Mas em São Paulo, talvez por uma questão de fonética, acrescentaram o "S" na palavra e o Volkswagen virou Fusca."

Em 1967, a Volkswagen adota um motor de 1.3 no lugar do antigo 1.2. Nas propagandas, apareciam os carros com uma cauda de tigre saindo da traseira em alusão a maior potência (44cv contra os antigos 36cv).

Vale notar que durante esta época o Fusca gerou vários derivados no mercado nacional, tais como o Vw 1600, o TL, a Variant, o Karmann Ghia TC, o SP2, a Variant II, o Brasília e o Gol

Em 1973 foi o último ano dos fuscas com entrada de refrigeração atrás da janela traseira.

O fusca 1500 durou de 1970 até 1975. Em 1974 foi introduzido o "Bizorrão", o fusca 1600-S com carburação dupla e rodas aro 14.
Em 1979, há uma alteração no modelo e as lanternas traseiras passam a ser maiores, e passam a ser chamadas "Fafá", em alusão aos grandes seios da cantora Fafá de Belém.

Em 1983, a empresa resolveu rebatizar o modelo no Brasil, adotando o nome que se tornara popular, Fusca. Até então o automóvel era oficialmente denominado VW Sedan nos registros dos Detrans.
A Volkswagen desistiu de fabricá-lo em 1986, alegando que era um modelo muito obsoleto.

Em 1993, por sugestão do presidente Itamar Franco a empresa volta a fabricar o modelo. Itamar queria a fabricação de carros populares, e sugeriu que o Brasil precisava de um carro como o Fusca. Foi feita então a lei do carro popular, que previa isenções de impostos para os carros com motor 1.0, e o Fusca, embora fosse 1.6, foi incluído.

A empresa deixou de produzir o carro em 1996, com uma série especial denominada série ouro

quinta-feira, 1 de novembro de 2007

Solicito aos nobres leitores do meu blog, a gentileza de colaborarem com o ilustre estudante de Geografia da UFAM, abaixo citado, fornecendo material fotográfico do Igarapé de Manaus, para o seu trabalho de iniciação científica.


Levantamento bibliográfico!‏

De: Waldemir Rodrigues -
waldemir_rodrigues@yahoo.com.br

- Olá José Martins! Tomei ciência do seu blog na internet e gostaria de parabenizá-lo por ter essa iniciativa de se preocupar de uma certa forma em trazer para o presente fatos históricos que se remetem à cidade de Manaus. É interessante a forma como você se lembra dos tempos em que freqüentava os campeonatos de remos que ocorriam no igarapé de Manaus. Estou fazendo um projeto de Iniciação Científica e sou aluno do curso de Geografia da UFAM. Gostaria de saber se você tem ou conhece pessoas que possam ter fotografias antigas dos igarapés de Manaus. Essas imagens vão me ajudar bastante porque a pesquisa que estou desenvolvendo é sobre os igarapés de Manaus.
Certo de contar com a sua colaboração, desde já agradeço a sua compreensão!