sábado, 16 de março de 2024

CANAL "MANAUS NA HISTÓRIA" PARTE III - AVENIDA CONSTANTINO NERY

 Por José Rocha

A Avenida Constantino Nery, em Manaus, é uma das principais vias de acesso ao centro da cidade. Com mais de um século de existência, essa antiga via tem uma rica história e passou por várias denominações ao longo do tempo. Seu nome homenageia um governador que desempenhou um papel significativo na sua transformação.

No final do século XIX, essa avenida era conhecida como Estrada de Epaminondas, terminando no bairro de Flores, um lugar distante na época. Nesta região existia a Chácara Pensador, uma propriedade pertencente ao governador Eduardo Ribeiro, hoje, no local, encontramos a UBS Walter Rayol, o Centro Psiquiátrico Eduardo Ribeiro e o Hemoam. Uma linha de bonde elétrico chamada “Flores” conectava o centro à Colônia João Alfredo (atual Avenida Djalma Batista), que, por sua vez, marca o início da atual Estrada Torquato Tapajós.

Para permitir a passagem dos bondes dessa linha e dos primeiros automóveis, foi construída a Ponte da Cachoeira Grande (também conhecida tempos depois como Ponte dos Bilhares), inaugurada em 1895 e ainda existente. No entanto, com a duplicação da Avenida Constantino Nery, outra ponte de cimento armado foi construída, embora funcional, essa nova ponte não possui o charme da antiga ponte de ferro.

Antes de ser chamada de Avenida Constantino Nery, essa área era aprazível, com vários igarapés de águas límpidas e cristalinas, além de uma densa mata primária. Era um local ideal para famílias abastadas estabelecerem suas chácaras, pequenas propriedades rurais com hortas, pomares e criação de animais, assim como fez o governador Eduardo Ribeiro.

Curiosamente, a Rua Epaminondas, que passa em frente à sede do Atlético Rio Negro Clube, recebeu esse nome por ser o início da antiga Estrada de Epaminondas, que hoje corresponde à Avenida Constantino Nery.

Essa avenida é um testemunho vivo da evolução da cidade e das mudanças ao longo do tempo, conectando o passado com o presente. Antes de ser oficialmente denominada Avenida Constantino Nery, essa via recebeu mais cinco denominações.

Segundo o saudoso historiador Carlos Zamith, em 28 de dezembro de 1904, o então governador Constantino Nery realizou trabalhos significativos nessa avenida, o que culminou na mudança de nome. Até hoje, uma placa de mármore está afixada em um pequeno obelisco em frente à casa da ex-vereadora Lúcia Antony, parente da mãe de Constantino Nery, Maria Antony Nery, e ao lado do Terminal de Integração T1, no sentido centro-bairro.

O governador Constantino Nery optou por substituir o nome anterior pela sua própria designação, uma prática que, embora proibida atualmente, ainda é adotada por alguns governantes, que colocam o nome de seus pais, parentes e aderentes.

Por pressão política, em 30 de novembro de 1905, o nome da avenida foi alterado para homenagear João Coelho (1852-1926), um militar paraense que também atuou como político, professor e engenheiro em Manaus.

Em 26 de março de 1919, a avenida passou a se chamar Olavo Bilac (1865-1918), em homenagem ao jornalista, cronista, poeta e membro imortal da Academia Brasileira de Letras. Essa mudança ocorreu um ano após a morte de Bilac.

Em 1927, após a morte de Constantino Nery, ocorrida em 1926, a avenida voltou a receber o nome do ex-governador. No entanto, em 1930, houve outra mudança, retornando a Olavo Bilac.

Finalmente, por meio da Lei n.º 295, de 12 de outubro de 1953, a avenida recebeu seu nome definitivo: Avenida Constantino Nery.

Durante muito tempo, os antigos chamavam o trecho entre a Avenida Ramos Ferreira e o Boulevard Amazonas de Rua João Coelho, apesar da mudança oficial ocorrida em 1905. Com o passar do tempo, a Avenida Constantino Nery ficou conhecida pelos manauaras desde o término da Avenida Torquato Tapajós até a Avenida Ramos Ferreira, onde inicia a Rua Epaminondas.

Constantino Nery era irmão do influente Silvério Nery, que dominou a política do Amazonas por várias décadas. Os dois irmãos tramaram para permanecer no poder: Silvério deixou o Senado para concorrer e ganhar o governo do Estado do Amazonas em 1900, enquanto ajudava seu irmão Constantino a se eleger e ocupar sua vaga no Senado Federal.

Naquela época, a Constituição Federal, não permitia que o sucessor do governador (após cumprir todo o seu mandado de seis anos, pois não existia reeleição) fosse um parente próximo (irmão, pai ou mãe), no entanto, Silvério Nery renunciou no tempo certo para que o seu irmão pudesse concorrer para o governo sem ferir a Constituição. O Constantino, por sua vez, renunciou ao Senado Federal e se elegeu governador do Amazonas, para o período de 1904 a 1910.

Sua trajetória deixou marcas na cidade que perduram até hoje, conectando o passado com o presente.

Além de alargar a antiga Estrada de Epaminondas, Constantino Nery construiu a Penitenciária de Manaus (embora atualmente abandonada, essa estrutura testemunha o passado e a visão do governador).

Biblioteca Pública do Amazonas: Um prédio imponente que permanece até hoje, um legado de Constantino Nery. Ela abriga conhecimento, cultura e história, servindo como um farol intelectual para a cidade.

Hospedaria para os italianos em Paricatuba: Onde hoje encontramos as Ruínas de Paricatuba, Constantino Nery criou uma hospedaria para os imigrantes italianos. Esse local testemunhou histórias de esperança, desafios e recomeços.

Parque Amazonense: Constantino Nery também contribuiu para o esporte da cidade, um espaço que conectava as pessoas ligadas às corridas de cavalos e ao futebol de campo.

No entanto, sua paixão por obras e desenvolvimento desequilibrou as contas públicas, e ele ficou conhecido como um “mau pagador”. Desgostoso da vida pública, Constantino Nery entregou os últimos anos de seu governo aos seus assessores. Após o término de seu mandato, ele retornou ao exército, onde se aposentou como General. Sua jornada culminou em 1926, quando faleceu em Belém, cidade onde passou seus últimos anos.

Eu, José Rocha, a minha conexão com a Avenida Constantino Nery é verdadeiramente especial. Ela transcende o concreto e se entrelaça com as minhas memórias, experiências e a própria história da cidade.

Vamos continuar explorando essa jornada:

Colégio Sólon de Lucena: Onde estudei na juventude. O título de Técnico em Contabilidade que conquistei lá era altamente valorizado naquela época. O Ginásio René Monteiro foi palco de muitas disputas esportivas. Bem em frente ficava a toda poderosa fábrica da Coca-Cola e das Bolachas Papaguara, um prédio que resiste até os dias atuais.

Torre de Transmissão da Rádio Difusora do Amazonas: Ao lado do colégio, essa torre era um marco da comunicação. Hoje, ela se transformou no Condomínio Maria da Fé, associado à irmã de Josué Claudio de Souza, conhecida como Fezinha. E quem diria que essa torre testemunharia tantas mudanças!

Lupanar ‘Verônica’ e o Millennium Shopping: As lembranças também incluem o decadente Lupanar Verônica, que agora é o Millennium Shopping. Essa transformação é um reflexo da evolução da cidade.

Chácara da Família Nery: Tive a oportunidade de conhecer a Chácara da Família Nery, hoje esse espaço se transformou em um condomínio de apartamentos da classe média.

Duplicação da Avenida Constantino Nery e Tubos de Gás: Presenciei a expansão dessa avenida e a colocação dos tubos de gás em toda a sua extensão. Além disso, vi o Estádio Vivaldo Lima ser derrubado (lembrando o jogo de 1980 entre Fast Clube e New York Club).

Arena da Amazônia na Copa do Mundo: O privilégio de assistir a um jogo na Arena da Amazônia durante a Copa do Mundo de Futebol é uma memória que ecoa até hoje.

Acompanhando as Transformações: Mesmo com o passar do tempo, continuo acompanhando as mudanças na Avenida Constantino Nery. Viadutos, passagens de nível, centros comerciais, instituições de ensino, novos conjuntos habitacionais e os desfiles no Bumbódromo fazem parte dessa história em constante evolução.

Sonhos Futuros: Pretendo morar num futuro próximo no Condomínio Casa e Jardim, pois poderei ser o próximo capítulo dessa jornada, permitindo que eu permaneça conectado à histórica Constantino Nery e às transformações da cidade.

Observação:

1.      Correção do texto: Inteligência Artificial: Microsoft Bing/Chat GPT/Language Tool;

2.      Fontes: Robério Braga/Durango Duarte/Manaus de Antigamente/Blogdorocha/Wikipedia/Carlos Zamith/

domingo, 10 de março de 2024

CANAL “MANAUS NA HISTÓRIA” - Parte II – Um local chamado Remédios.

 


Por José Rocha

Após várias décadas, retornei à Igreja dos Remédios, onde recebi o batismo.

Meus padrinhos foram amigos de meu pai, e apenas tive contato com o padrinho, dono de uma fábrica de carrocerias de caminhão, próxima ao atual Edifício Garagem.

Embora tenha entrado na igreja três vezes após meu batizado, nunca assisti a uma missa lá.



A construção da Igreja dos Remédios iniciou-se em 1901, sendo conduzida pelo arquiteto italiano Felintho Santoro, exibindo uma beleza notável com escadas de pedras de Lioz (Portugal).

A igreja recebeu esse nome em homenagem à

Nossa Senhora dos Remédios, um título dado à Virgem Maria, mãe de Jesus, na Igreja Católica. Este título está associado à crença de que Maria pode trazer alívio e cura para aqueles que rezam a ela.



Na escadaria lateral da Rua Leovegildo Coelho, residia um mendigo, filho do ex-patrão de meu pai, um homem rico que faliu devido aos jogos de azar (baralho).

Em sua frente, há uma praça, que foi outrora um cemitério.

Ao fundo da praça , pela Rua dos Bares, existia a Casa Alba, onde o meu pai Rocha aprendeu o ofício de Luthier.



Ao lado, notamos a famosa Faculdade de Direito, conhecida como "Jaqueira", agora esquecida e abandonada.

A igreja possui uma bela torre, onde um avião um dia quase causou um grande acidente ao colidir com sua asa.



O Bonde Saudade cruzava por ali, e até recentemente, era possível ver os trilhos pela Rua dos Andradas, agora cobertos pelo novo asfalto.

Nos fundos da igreja, existia uma escola pública e, mais tarde, a Faculdade de Farmácia e Odontologia, agora integradas à igreja.

A região era preferida pela comunidade Sírio-Libanesa, que deixou algumas belas residências, muitas agora abandonadas e descaracterizadas.

A igreja e aquele lugar chamado Remédios são partes de minha história e da história antiga de Manaus.

Fotos: José Rocha

domingo, 3 de março de 2024

CANAL “MANAUS NA HISTÓRIA” - Parte I – Início

 

José Rocha

A cidade de Manaus tem sua origem na construção do Forte de São José da Barra do Rio Negro. O dia 24 de outubro foi escolhido como o aniversário da cidade, pois foi nessa data que a Vila da Barra do Rio Negro foi elevada à categoria de cidade.

De acordo com os historiadores, a fundação de Manaus ocorreu em 1669, com a edificação do Forte de São José do Rio Negro. Em 1832, ela foi elevada à categoria de vila, com o nome de Vila de Manaós. Em 10 de outubro de 1848, passou à categoria de cidade, com o nome Cidade da Barra do Rio Negro, que manteve até 1856, quando voltou a se chamar Cidade de Manaus (04/09/1856). Em 1948, foi erguido um Obelisco no final da Avenida Eduardo Ribeiro, para homenagear o centenário da elevação de Manaus à categoria de cidade.

Por muito tempo, houve uma divergência entre os historiadores e as autoridades públicas sobre a data da fundação da cidade de Manaus, pois alguns consideravam a de 1848 (ano da elevação à categoria de cidade) e outros, a de 1669 (ano da construção do Forte), sendo este último o adotado por todos atualmente e a data de 24 de outubro (da elevação a categoria de cidade).

O Forte, ou Fortaleza, era um nome pomposo para uma construção que deveria ser chamada de Fortim (uma fortificação pequena). O Forte recebeu vários nomes ao longo dos anos, mas foi o marco inicial da cidade de Manaus. A sua função primordial era a proteção dessa parte do Brasil contra a invasão dos holandeses e espanhóis, que estavam sediados nas atuais Guianas, e que contavam com o apoio dos povos indígenas que habitavam essa região milhares de anos antes do ‘descobrimento’ do Brasil pelos portugueses. Estes últimos, por sua vez, escravizaram e mataram os índios como se fossem animais de caça.

Para amenizar as revoltas dos índios que não aceitavam ser escravizados, os portugueses permitiram que os oficiais da armada se casassem com as filhas dos caciques, dando origem ao caboclo (em tupi, procedente do branco), uma miscigenação entre o índio e o branco, pronunciada pelos habitantes como ‘caboco’.

No ano de 1875, o Forte foi abandonado e virou ruína. Existem alguns relatos de que parte do material foi destinado para a construção do Palácio do Governo (atualmente, Paço da Liberdade e Museu da Cidade, na Praça D. Pedro II). Existe uma sala no museu com o piso de vidro onde se veem ao fundo algumas urnas indígenas e alguns pilares de pedra, que podem ser vestígios do Forte, se os relatos forem verdadeiros.

Os administradores do Porto de Manaus cometeram um crime contra o patrimônio público ao destruírem todo um quarteirão conhecido como “Complexo Booth Lines”. Comentou-se que nessa área apareceram vestígios do Forte que o IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), com outros órgãos federais, conseguiu embargar a obra. Ordenaram que o local fosse aterrado para evitar a presença de curiosos e a depredação do que restou da nossa memória.

Espera-se que um dia aquela área seja revitalizada e que parte do Forte seja mostrada ao público, caso ainda exista. Afinal, lá é o berço da cidade de Manaus.

Milhares de anos antes do “descobrimento do Brasil” pelos portugueses, já habitavam toda essa imensa região diversas etnias indígenas, entre elas a dos Manau, um povo bravo e guerreiro, que se destacou pelo líder Ajuricaba, que preferiu se suicidar a ser escravizado.

Em homenagem a essa etnia, os habitantes desta terra resolveram dar o nome de Manaus à cidade, escrita antigamente como Manaós, que significa na língua indígena “A mãe dos deuses”. Outra etnia que habitava a maior parte da calha do Rio Negro era a dos Barés. Eles também influenciaram a cultura dos habitantes de Manaus, tanto que até hoje usamos a expressão ‘Leseira Baré’ (para se referir às bobagens que os manauaras falam, por causa do calor intenso que derrete os miolos na capital Manaus) e outros termos pejorativos.

No passado, os manauaras não gostavam de ser chamados de ‘índio’, Baré ou ‘caboco’, pois era considerado um insulto, mas com o tempo foram aceitando a sua origem e miscigenação, tanto que atualmente a maioria dos brasileiros do sul do país começou a respeitar e admirar a nossa origem e cultura. No passado, o gentílico de quem nascia em Manaus era ‘Manauense’, assim como são chamados o paraense, o maranhense, o cearense, etc., pois são formas aportuguesadas. Hoje em dia, a grande maioria que nasce nesta terra prefere ser chamada de ‘Manauara’, pois reconhece que os seus antepassados eram indígenas da tribo Manau.

A cidade de Manaus é repleta de histórias, assuntos para centenas de livros publicados pelos nossos historiadores, além de ter um acervo enorme de fotografias e filmes que continuam disponíveis para as novas gerações, e dos jornais antigos guardados na Biblioteca Pública do Estado do Amazonas. Há também prédios e monumentos que conseguiram sobreviver à fúria destruidora de pessoas insensíveis ao longo desses 355 anos de história da cidade de Manaus.

Esta série, denominada “Canal - Manaus na História”, buscará de forma simples e didática contar um pouco sobre o nosso passado e, também, comentar um pouco sobre a Manaus atual.

sábado, 2 de março de 2024

DOUGLAS ARNAUD DE SOUZA LIMA

 


Por José Rocha

Hoje, dois de março de 2024, o meu irmão Henrique Soares me mandou uma mensagem sobre o falecimento do Douglas Arnaud de Souza Lima, pedindo-me para fazer uma homenagem em nosso BLOGDOROCHA, pois ele foi nosso patrão por vários anos, além de ter feito história no polo aquático e no comércio de Manaus.

Douglas Arnaud nasceu em Manaus, no dia 31 de março de 1932, filho de Euclydes de Souza Lima, um revendedor dos automóveis da marca DKW (comprada anos depois pela VW) e proprietário de muitos imóveis no antigo V-8 (atual Avenida Efigênio Sales).

Ainda menino, começou a nadar no Igarapé de Manaus, próximo à Primeira Ponte da Avenida Sete de Setembro, quando as suas águas eram limpas e o local uma verdadeira piscina natural (onde hoje é o Parque Paulo Jacob), foi o local onde eu e os meus irmãos nascemos e passamos a nossa infância.

Aos 14 anos, o seu pai o mandou para o Rio de Janeiro, para aprimorar seus estudos. Na antiga capital federal, foi levado por um amigo para a sede do Fluminense Football Club, nas Laranjeiras, onde se tornou um exímio nadador.

Venceu várias competições e foi colecionador de medalhas. Em 1952, foi o recordista sul-americano no revezamento 4 x 200 metros nado livre.

Com apenas 20 anos, foi convidado pelo então atleta João Havelange, para integrar a equipe de polo aquático do Brasil, nos Jogos Olímpicos da Finlândia, onde representou muito bem o nosso país, mas não chegou a ganhar medalhas. Douglas Arnaud foi o primeiro amazonense a disputar uma Olimpíada, um feito histórico que todos deveriam conhecer.

No Fluminense, conheceu Maria Celeste de Souza Lima, com quem se casou em 1957. Eles tiveram três filhas: Denise, Dória e Deyse.

Foi funcionário de carreira do Banco do Brasil, onde trabalhou por 14 anos, o que lhe proporcionou conhecimentos da área financeira e bancária.

Com a morte de seu pai, voltou para Manaus, para tocar os negócios deixados por ele. Em sociedade com a sua esposa Celeste de Souza Lima, o seu irmão James de Souza Lima (engenheiro da Secretaria do Patrimônio da União) e a esposa dele, Anabela de Souza Lima, montaram a Importadora Souza Arnaud, uma gigante do comércio de Manaus.

Na década de setenta, eles chegaram a formar um grupo sólido, composto pela Importadora Souza Arnaud, com catorze filiais em Manaus, Manacapuru e Belém do Pará; duas lojas de revenda de automóveis da Volkswagen, a Mavel e o Posto Sete; fazendas de gado “Souza Lima”; um estaleiro, a Estaman; e lojas de importados conhecidas como Importique.

De 1988 a 1992, foi presidente da Associação Comercial do Amazonas, uma instituição voltada à defesa dos interesses da classe comercial do Amazonas, além de possuir um grande prestígio naquela época, sendo muito requisitada nos meios de comunicação e assessoramento para os governos municipal, estadual e até federal.

Douglas Arnaud, depois que desfez os seus negócios em Manaus, voltou a morar no Rio de Janeiro, onde recebeu o convite do nadador Rômulo Arantes para voltar a nadar na categoria máster. Depois, foi morar com a família em Miami, nos Estados Unidos, de onde passou a administrar remotamente as suas empresas no Brasil.

Nadou diariamente até os 79 anos, sempre ao lado de sua filha Dayse e do neto Douglas Mêne. Foi obrigado a parar em decorrência de problemas cardíacos.

Aos 84 anos, foi diagnosticado com o mal de Alzheimer, mas mesmo já apresentando problemas na memória, concedeu uma longa entrevista ao Jornal A Crítica, em 12 de junho de 2016, falando sobre a sua trajetória nos esportes e em sua vida empresarial.

No dia primeiro de março de 2024, a Associação Comercial de Manaus publicou a seguinte Nota de Pesar:

“É com profundo pesar que a Associação Comercial do Amazonas recebe a triste notícia do falecimento do ex-presidente Douglas Arnaud de Souza Lima (31/03/1932-01/03/2024). Lamentamos a perda e nos solidarizamos com a família neste momento”.

Douglas Arnaud de Souza Lima foi um exemplo de homem, atleta, empresário e cidadão, que deixou um legado de conquistas e honra para o Amazonas e para o Brasil. Que Deus o acolha em sua glória e conforte os seus familiares e amigos. 🙏

Fontes:

ACA – Associação Comercial de Manaus

https://www.acritica.com/esportes/helsinque-1952-douglas-arnaud-o-primeiro-amazonense-a-disputar-a-olimpiada-1.138740

https://jmartinsrocha.blogspot.com/2011/07/importadora-souza-arnaud.html

Fotos: 

ACA

Arquivo da família Arnaud, publicado no jornal A Críticaq

domingo, 18 de fevereiro de 2024

COMÉRCIO DA ZONA FRANCA DE MANAUS – DÉCADA DE 70 A 90

 


José Rocha

Neste texto, vou contar um pouco sobre as mudanças que aconteceram no centro de Manaus, hoje chamado de Centro Histórico, onde vivi por algumas décadas. Muitos jovens que passam por lá todos os dias não fazem ideia de como elas ocorreram.

O centro de Manaus era um polo de atração de turistas de todo o Brasil, graças à Zona Franca de Manaus, que oferecia produtos importados, principalmente de áudio, vídeo e som, a preços vantajosos. O mercado brasileiro estava praticamente fechado para o mercado externo, com taxas de importação altíssimas e outras barreiras alfandegárias.

A demanda era tão grande que os hotéis viviam lotados, e os turistas tinham que se hospedar até em motéis e hotéis de quinta categoria. Manaus era a Meca dos turistas ávidos por produtos importados. A companhia aérea Varig, sentindo a grande demanda, construiu o imenso Tropical Hotel Manaus.

A maioria dos produtos vinha do Japão e tinha uma qualidade superior, como Yamaha, Aiwa, Panasonic, Sansuy, Olympus, Honda, Yanmar, entre outras. Com o passar do tempo, a maioria delas se instalou no Distrito Industrial.

No início, as grandes empresas amazonenses se destacaram: Moto Importadora, Central de Ferragens, S Monteiro, TV Lar, Souza Arnaud, Antônio M Henriques, entre outras.

O metro quadrado do centro de Manaus era o mais caro do Brasil, e ficou tão valorizado que muitos prédios antigos foram destruídos e divididos em cubículos para serem alugados para os novos empresários, que começavam em uma portinha e com o tempo enriqueciam, montando grandes lojas de varejo.

Algumas ruas do centro foram fechadas para a circulação de automóveis, como Marechal Deodoro, parte da Guilherme Moreira, Marcílio Dias, parte da Doutor Moreira e parte da Henrique Martins.

Os turcos dominaram parte da Rua Marechal Deodoro, com lojas de tecidos, roupas e confecções. Os indianos possuíam grandes lojas de eletroeletrônicos e investiram muito em hotéis, como o Taj-Mahal e outros na Avenida Getúlio Vargas.

As empresas tinham um limite para importar, chamado de “Cota de Importação”, e era comum as grandes comprarem as cotas das pequenas, além dos turistas terem, também, uma cota de saída. Isso virou um negócio para muita gente que passava o mês todo viajando para levar produtos importados para o sul do país.

A movimentação era enorme, os armazéns do Porto de Manaus sempre cheios de mercadorias e muitos navios esperando a vez para atracar. Muita gente ganhou muito dinheiro: fiscais, despachantes, corretores, cambistas, carreteiros, etc. Além de bancos, importadoras, transportadoras, hotéis, etc.

Todo esse boom chegou ao seu fim quando o Collor de Mello assumiu a presidência da república, congelou a poupança e abriu o mercado brasileiro aos produtos estrangeiros.

Os grandes centros do país começaram a importar e o comércio da Zona Franca perdeu a sua competitividade. Foi então que os comerciantes começaram a comprar produtos baratos e de baixa qualidade dos chamados Tigres Asiáticos (Coreia do Sul, Taiwan, Cingapura e Hong Kong, depois, Malásia, Indonésia e Tailândia), destinados para o público local, pois os turistas de compras sumiram.

Assim como a grande maioria dos seringalistas quebrou no início do século, os comerciantes do centro de Manaus quebraram, também. No entanto, o Distrito Industrial ficou super valorizado e centenas de indústrias se instalaram.

O comércio da Zona Franca de Manaus ficou capenga, mas, conseguiu sobreviver a duras penas, dando lugar a produtos falsificados da China, além de se tornar o maior centro de vendas de roupas, calçados e confecções para o público local.

O relato acima foi fruto da minha vivência e experiência no comércio importador de Manaus, pois trabalhei durante anos naquele local, passando pela Central de Ferragens, Braga & Cia, Importadora Souza Arnaud e Mirai Panasonic.

sexta-feira, 16 de fevereiro de 2024

DO CENTRÃO AO RAPIDÃO: UMA VIAGEM NO TEMPO E NO ESPAÇO

 

José Rocha

Se você não é cabocão, sessentão e morador do centrão, talvez não entenda a relação entre o título deste texto e o seu conteúdo. Mas eu vou mostrar que há, sim, uma ligação lógica e poética entre eles.

Eu nasci e cresci no centro de Manaus, a parte histórica da nossa cidade, onde tudo começou e terminou, entre glórias e tragédias.

Eu sou da época em que a maioria das pessoas morava no centrão, mesmo que já existissem alguns bairros mais distantes. Eu me lembro que na minha infância a minha cidade terminava no Boulevard Amazonas, e que o “fim do mundo” era o Balneário do Parque 10, o V-8, a Ponta Negra, a Ponte da Bolívia e a Cachoeira do Tarumã. O resto era floresta.

No Centrão, ficavam quase todos os bancos, as lojas, os eventos sociais, as repartições públicas, os clubes de futebol e suas sedes. Era lá que rolavam as festas e as manifestações, as alegrias e as revoltas, as conquistas e as perdas.

Eu sou da época em que não havia internet, celular, redes sociais, computador pessoal, YouTube, Spotify, TV Smart, nada disso.

Eu sou da época da máquina de escrever, do ábaco, do papel carbono, do retroprojetor, das cartas simples e seladas enviadas pelos correios, do disco de vinil, do toca-discos, do rádio a pilha, da calça pantalona, da festa do acocho.

Depois, vieram o cartão magnético, o fax, a impressora matricial, a fita cassete, o disco CD, o celular tijolão, e por aí vai.

Eu vi o Teixeirão destruir parte do centrão, com os ricos preferindo morar em condomínios de luxo.

Eu vi os pobres fazerem queimadas e invasões, dando origem a vários bairros nas periferias.

Eu tive o privilégio e a angústia de presenciar e vivenciar toda essa transformação da minha cidade, com mudanças profundas no modo de viver e sentir a cidade, nos hábitos, nas tecnologias, no crescimento desordenado, nas desigualdades sociais, na zona norte e leste e até nos programas de TV que mostravam quanto mais sangue, melhor.

Por ver todas essas mudanças, eu me tornei um saudosista e comecei a escrever sobre a minha cidade, a minha infância e adolescência.

Alguns jovens gostam de me criticar, dizendo que “quem gosta de coisa antiga é museu”. Eu acho que o museu é quem gosta de mim, pois eu sou frequentador assíduo das bibliotecas e dos museus da minha cidade. Eu adoro ler jornais antigos, além de fotografar e filmar o nosso Centrão para fazer comparação.

A pedido do meu filho mais velho, eu fui morar na zona norte, com a intenção de ter uma melhor qualidade de vida, pois segundo ele, o Centrão estava degradado e violento.

Eu passei cinco anos da minha vida morando por lá, num lugar que antes era mata virgem desmatada pelos tratores para abrigar o aumento desenfreado da população.

Por lá eu conheci muitas pessoas, fiz amizades e inimizades, também, pois alguns não gostavam das minhas histórias que eu contava da minha vida no Centrão.

Eu os respeitava, pois eles não tinham histórias para contar, a não ser os mais velhos que vieram do Centrão para morar naquele torrão.

Eu e meu filho fomos e ainda somos parceiros em negócios, desenvolvemos vários projetos de vendas ao consumidor, o que me deu oportunidade de conhecer praticamente toda a zona leste, norte e oeste.

Recentemente, eu soube que o governo do Amazonas inaugurou um sistema rodoviário chamado “Rodoanel”, mais conhecido por “Rapidão”, que permite ao cidadão sair do Distrito Industrial 2 e chegar “rapidinho” na AM-10 ou pegar a Ponte Rio Negro e ir para Iranduba, no Calderão.

Eu pensei: “Caramba, eu conheço tudo isso como a palma da minha mão, eu posso sair do Centrão, onde eu nasci, e andar por todos esses lugares sem precisar de um Google Maps da vida para percorrer o Rapidão!”

Engraçado, eu conheço muitas pessoas do Centrão que não sabem nem onde fica o Rapidão. Por outro lado, eu conheço, também, muitas pessoas que moram perto do Rapidão e não gostam dele, pois dizem que ele trouxe mais poluição, barulho e violência para a região.

Eu acho que o Rapidão é uma metáfora da minha vida, uma mistura de nostalgia e modernidade, de passado e presente, de centro e periferia, de velocidade e lentidão, de progresso e destruição.

Eu sou do Centrão, mas também sou do Rapidão. Eu sou um viajante no tempo e no espaço, uma testemunha da história e da geografia da minha cidade, um contador de histórias e um criador de memórias.


Observação: O texto foi de minha criação, no entanto, contei com a ajuda e correção do Microsoft Bing + ChatGPT, ou seja, da Inteligência Artificial.

segunda-feira, 12 de fevereiro de 2024

154 ANOS DA RUA JOSÉ CLEMENTE

 

154 ANOS DA RUA JOSÉ CLEMENTE

José Rocha

Em 15 de fevereiro de 1870, este importante e histórico logradouro público recebeu o nome de José Clemente, portanto, está completando 154 anos de existência.

O projeto de lei municipal foi de autoria dos vereadores Antônio Malcher e Antônio da Cunha Mendes, recebendo novas obras, respectivamente nos anos de 1896 (data da inauguração do Teatro Amazonas) e 1897, com serviços realizados por diversos empreiteiros, entre os quais A. J. Coulamy e Florêncio de Almeida.

Antigamente, aquele lugar ficava no bairro de São José. A rua começava na atual Rua Luís Antony e terminava, como ainda hoje, no Largo de São Sebastião.

A via é em homenagem a José Clemente Pereira (1787-1854), português que veio para o Brasil em 1815. Ele foi político, jurista, Ministro da Guerra em duas ocasiões, Senador pela província do Pará e defensor da independência do Brasil.

A Rua José Clemente é famosa e histórica por abrigar diversas residências de seringalistas, governadores, instituições militares, templo espírita, bares tradicionais de Manaus, dentre outros:

  1. 27º BC (Batalhão de Caçadores) do Exército, atual Colégio Militar e Campo do General Osório;
  2. Bar Natália, atualmente, abriga diversas barbearias;
  3. Salão Grajaú;
  4. Alfaiataria Demazi;
  5. Salão Barbosa;
  6. Primeira Sede do Olímpico Clube, atual anexo do Bar Caldeira;
  7. Bar Caldeira;
  8. Muro do Hospital de Santa Casa de Misericórdia, onde houve uma explosão da Caldeira em 14 de janeiro de 1970;
  9. Lateral do Palácio da Justiça;
  10. Residência de Seringalistas, casas geminadas, atual Motel Xavante;
  11. Federação Espírita do Amazonas;
  12. Fábrica Baré, depois Loja Credilar Teatro, Caixa Econômica Federal, um prédio construído pelo arquiteto Severiano Porto;
  13. Residência do governador Eduardo Ribeiro, depois engenheiro Bretislau de Almeida e da União, atualmente Museu Casa Eduardo Ribeiro e Academia Amazonense de Medicina;
  14. Diversas casas históricas do Largo de São Sebastião, dentre eles a lateral do Teatro Amazonas.

Para fechar com “Chave de Ouro” o aniversário da Rua José Clemente, teremos, hoje, o melhor e maior carnaval de rua de Manaus, com o “Bloco do Caldeira”.

domingo, 11 de fevereiro de 2024

OS FENÍCIOS ESTIVERAM NO AMAZONAS ANTES DA ERA CRISTÃ

 

Foto: Capa do Livro

José Rocha

No ano passado, durante uma vazante severa, as gravuras e inscrições na Ponta das Lages emergiram, gerando muitas polêmicas em decorrência das intervenções de um grupo de arqueólogos. Diante desse fato, passei a ler com mais atenção o livro “Inscrições e Tradições da América Pré-histórica, Especialmente do Brasil”, do cientista amazonense Bernardo Ramos, para poder entender um pouco mais sobre os nossos antepassados.

Bernardo de Azevedo da Silva Ramos nasceu em Manaus, em 13 de novembro de 1858, e faleceu no Rio de Janeiro, em 5 de fevereiro de 1931. Foi um arqueólogo (um profissional que estuda as sociedades e culturas do passado por meio de objetos fabricados e utilizados no passado), linguista (um profissional que estuda a linguagem humana em todas as suas formas e manifestações) e numismata (um colecionador e estudioso de moedas e cédulas antigas).

Foi um cientista muito admirado e respeitado no Brasil e no exterior até os dias atuais pelo seu importante trabalho acadêmico. Viajou pela Europa e oriente Médio, percorrendo a Palestina e o Egito, onde adquiriu o conhecimento de diversas línguas, dentre elas o hebraico, o fenício e o sânscrito, o que lhe permitiu a leitura de diversas moedas. Ele organizou um acervo de numismática dos mais importantes do Brasil, vendendo-o para o Estado do Amazonas em 6 de outubro de 1899. O acervo está em exposição no Museu de Numismática Bernardo Ramos, no Palacete Provincial.

Fiz o download digital do seu livro, impresso originalmente pela “Imprensa Nacional, Rio de Janeiro, 1939 e 1945”, anos depois de sua morte.

Segundo o autor, os fenícios estiveram na América muitos anos antes da Era Cristã, e conseguiu decifrar a maioria das inscrições que foram deixadas por eles no Amazonas, Rio de Janeiro e na região Nordeste.

Ele era considerado o Champollion Amazonense, por traduzir inscrições lapidares, não só do Brasil, como de diversas partes do mundo. Muitos podem estar se perguntando: Os fenícios estiveram no Brasil antes do nascimento de Jesus Cristo?

Existe uma teoria que afirma a presença deles aqui, sim, senhor. É uma teoria defendida por alguns historiadores, dentre eles, Ludwig Schwennhagen e Bernardo Ramos, baseando-se em registros na forma de inscrições e artefatos, pois as línguas indígenas do Brasil e das Américas são semelhantes às línguas semíticas (árabe, hebraico, aramaico, etc.).

Além disso, existe uma semelhança de tradições indígenas brasileiras, como a mitologia tupi-guarani, com as antigas tradições mediterrâneas.

Existem outros historiadores antigos que escreveram sobre as viagens das frotas do rei Hirão de Tiro, da Fenícia, e do rei Salomão, da Judeia, no rio Amazonas, nos anos de 993 a.C. a 960 a.C.

A obra de Bernardo, também, apresenta letreiros e inscrições do Brasil e da América, comparando-os com inscrições semelhantes dos países do velho mundo, observando que elas eram homogêneas.

“Tudo nos faz crer (que até a queda de Cartago. 146 anos a.C., o Oceano era cortado pela quilha de navios que frequentemente eram guiados por povos navegadores, entre eles os Fenícios, que segundo a Bíblia, conheciam todos os mares. É o mais insigne do poder marítimo, da extensão, do comércio e da magnificência deste extraordinário povo das remotas eras” (SILVA, 1938, p. 81).

O autor cita centenas delas traduzidas por ele. Três delas, por exemplo, foram as seguintes:

Morro da Gávea, Rio de Janeiro: LAABHTEJBARRIZDABNAISINEOFRUZT". Tendo em conta que o fenício é escrito da direita para a esquerda, acredita-se que a inscrição deve ser lida como “TZUR FOENISIAN BADZIR RAB JETHBAAL”, que é traduzido aproximadamente como “Tiro, Fenícia, Badezir, primogênito de Jethbaal”. Alega-se que isto possa corresponder a um governante fenício chamado Badezir que governou Tiro em meados do século IX a.C., c. 850 a.C. Também se alega que o “rosto” da rocha foi esculpido à semelhança de Badezir.

Em Manaus, na Ponta das Lages, além dos rostos, Bernardo encontrou os nomes históricos de Nebe, Gallad, Belial, Neze, Gaal e Belus, escritos em caracteres fenícios e, em caracteres árabes, a máxima “Fortuna rápida dá ruína”.

Em Itacoatiara, o significado das gravuras nelas inscritas: “Juramos aqui reunidos em grande número. Aqui tomamos posse expulsos das delícias a Tingis, salvos dos filhos de Ileber. Delícias encontramos nós filhos do vento e do mar”.

Apesar deste trabalho minucioso e exaustivo de Bernardo Ramos, ainda existem muitos historiadores que duvidam dos seus trabalhos científicos. Tudo o que foi inexplicável durante milênios sempre gerará dúvidas quando alguém o decifra, principalmente, quando o pesquisador afirma que os fenícios estiveram no Brasil muitos anos antes da era cristã.

Eu, particularmente, acredito e coloco fé nos trabalhos do nosso conterrâneo Bernardo Ramos.

Fontes:

Livro : Inscrições e Tradições da América Pré-histórica, Especialmente do Brasil, Bernardo Ramos”

https://pt.wikipedia.org/.../Teoria_da_presen%C3%A7a_de...

https://cultura.am.gov.br/.../museu-de-numismatica.../

https://pt.wikipedia.org/.../Bernardo_de_Azevedo_da_Silva...

sábado, 3 de fevereiro de 2024

VELHOS E NOVOS CARNAVAIS.

 


José Rocha

O tempo passa, o tempo voa, e a poupança Bamerindus já era. Mas as lembranças dos carnavais que vivi continuam frescas na minha memória, como se fossem ontem.

Comecei a curtir a folia quando era um pirralho, no Clube do Amazon Hotel, que ficava na esquina da Rua dos Andradas com a Rua Rocha dos Santos. O prédio continua de pé, mas está morto por dentro.

O meu pai juntava toda a família, comprava as fantasias mais baratas que encontrava e levava a gente para se divertir no salão. Eu me lembro bem, devia ter uns dez anos. O clube ficava no segundo andar, e eu adorava brincar na escada de madeira que rangia a cada passo. Também gostava de catar no chão os confetes e serpentinas que sobravam, para jogar de novo nos outros foliões.

Meu pai tomava uma cerveja bem amarga chamada XPTO, que alguns a apelidavam de “Pata Choca”. Eu e a molecada ficávamos no Graphete e no Baré Cola, que eram os refrigerantes da época.

Depois, apareceu a famosa “Mãe das Bandas”, a Banda do Mandy´s Bar, do Hotel Amazonas. Certa vez, houve uma confusão danada, quando os “Biqueiros” se encontraram com os “Rapazes Alegres” no sábado magro de carnaval, saíram correndo atrás dos rapazes alegres, e acabaram com a banda do hotel. Foi uma cena hilária, parecia filme de comédia pastelão.

Eu também me lembro das “Batalhas de Confetes” e dos desfiles dos “Blocos de Sujos”, na Avenida Eduardo Ribeiro. Era uma festa só, eu me amarrava em pegar as tampinhas de refrigerante que os blocos jogavam. Eram miniaturas de garrafas, que eu colecionava. Eu subia e descia a avenida, sem parar.

Na minha adolescência, eu vi os primeiros blocos carnavalescos, que depois viraram as primeiras Escolas de Samba de Manaus. Eu me lembro da Unidos da Selva, era dos militares que tinham uma onça de papel machê como símbolo. Da Unidos do Rio Negro, que tinha o Galo Carijó como mascote. E da Barelândia, do Maranhão, do Boi Luz de Guerra, da Matinha.

A Avenida Eduardo Ribeiro ficou pequena para tanta gente, e então mudaram o carnaval para a Avenida Djalma Batista. Os desfiles foram lá até 1990, e depois foram para o Sambódromo.

Eu assisti a muitos desfiles na “Passarela do Samba”, e ficava até o sol raiar. Mas eu nunca desfilei em nenhuma Escola de Samba. Não tenho nenhuma preferida, mas sempre gostei do Morro da Liberdade e da Vitória Régia.

Elas tinham as fantasias mais bonitas e as baterias mais animadas. Eu gostava de pegar algumas fantasias que eram jogadas fora na “dispersão”, e levar para enfeitar os carnavais do meu bairro.

Eu fui em quase todas as bandas de carnaval do centro de Manaus, mas hoje em dia eu só vou à Bica, no Bloco do Caldeira e na Banda do Jaraqui. São as mais tradicionais e as mais divertidas.

Eu também gosto de assistir aos desfiles das Escolas de Samba do Rio de Janeiro, pela televisão. Eu ainda tenho vontade de ir um dia ver ao vivo e a cores os desfiles na Sapucaí.

O tempo está passando, mas eu ainda participo dos carnavais, pois o samba corre em minhas veias. E como diz o ditado: quem é rei nunca perde a majestade.

Viva o carnaval! 🎉

terça-feira, 30 de janeiro de 2024

PASSAGEM DO ROBERTO CARLOS POR MANAUS EM 1977

 

Jornal A Crítica

José Rocha

O famosíssimo cantor e compositor Roberto Carlos (Cachoeiro de Itapemirim, 19 de abril de 1941) fez uma passagem rápida por Manaus, em junho de 1977, devido a um problema alfandegário em Brasília–DF, mas que ficou marcada na história da nossa cidade.

Em junho de 1977, o cantor Roberto Carlos (na época com 36 anos) e sua equipe saíram do Rio de Janeiro, com escala em Brasília, para fazer um show em Iquitos, no Peru, com uma escala técnica em Manaus. No entanto, ao chegarem a Manaus, foram avisados de que toda a sua bagagem, em sua grande maioria de instrumentos musicais, ficara retida na Polícia Federal do Aeroporto de Brasília.


Foto: Divulgação

Como a liberação iria demandar um certo tempo, resolveram se hospedar no Tropical Hotel Manaus, para tentar resolver o impasse junto à PF de Manaus. A sua passagem por nossa cidade foi rápida: chegou às três da madrugada de terça-feira e viajou às 13h30min, portanto, apenas dez horas para resolver o impasse.

Cedo da manhã, atendeu ao repórter do jornal A Crítica e declarou: “Estou com vontade de fazer um show em Manaus, mas estou com a agenda cheia. Outras oportunidades aparecerão, aí então me demorarei um pouco mais. O meu disco que sairá em dezembro está sendo preparado com muito carinho. Com relação ao meu LP, está vendendo muito aqui na Zona Franca de Manaus. E isso é ótimo. É joia saber que os amazonenses curtem a minha música e que continuem me prestigiando”.


Foto: Google. Divulgação

Para resolver o problema de sua bagagem em Brasília, alugou um carro Maverick de cor branca, placa ZD-9684, saindo do Tropical Hotel, em companhia de seu segurança e do motorista, fazendo o seguinte roteiro: Avenida Pedro Teixeira – Constantino Nery – Leonardo Malcher (dobrou à direita) – Luiz Antony – Dez de Julho – Tapajós (o final da rua que passa bem em frente ao Teatro Amazonas, hoje fechada). Pediu para o carro parar e ficou observando o Teatro Amazonas por alguns minutos, sem sair. Seguiu pela José Clemente (hoje o Largo de São Sebastião). Sempre em marcha lenta, observou a Praça e a Igreja de São Sebastião em todo o entorno. Desceu a Dona Libânia, seguindo direto até a Avenida Getúlio Vargas, dobrou à direita na 24 de Maio (naquele tempo era permitido), foi até a Joaquim Nabuco, parando na sede da Polícia Federal (ficava num prédio antigo na esquina da JN com a Ipixuna, hoje uma faculdade que destruiu o imóvel antigo).

Foto: Manaus de Antigamente

Após resolver o problema, seguiu direto para o Aeroporto Eduardo Gomes, para seguir viagem a Iquitos, no Peru.

Neste ano de 1977, Roberto Carlos gravou “Muito Romântico”, de Caetano Veloso, “Cavalgada” e “Pra Ser Só Minha Mulher”, de Ronnie Von, lançados no Disco Natalino, que alcançou os primeiros lugares nas paradas musicais.


Fontes:

Jornal A Crítica

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