quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

JORGE PALHETA - DIVERSIDADE - ACRILICA S/PAPEL 0,50X0,65CM.
TRABALHO EXPOSTO NA AMAZONIA = GALERIA DE ARTE, SOB O COMANDO DO ARTISTA PLATICO ANISIO MELO, SITUADO NA AV. DJALMA BATISTA, 3000 LOJAS 40 E 41 COND. AMAZONAS FLAT SERVICE.


TURMA DA BICA

terça-feira, 27 de fevereiro de 2007

Teque-Teque, palita baratas e outros tipos de Mascates ( Mario Ypiranga )

Havia necessariamente uma hierarquia de gênero entre os antigos mascates que proliferaram em Manaus até mais ou menos 1940, quando ainda conheci o último deles, na rua Costa Azevedo. Podiam ser elencados em duas classes: primeiramente: ambulantes e sedentários. Os sedentários ocupavam todo o trecho da rua Marquês de Santa Cruz, desde a mercearia A COSMOPOLITA, fronteiriça ao prédio da Alfândega, até o mercado municipal ADOLFO LISBOA (interior e exterior) e rua da Instalação da Província, trechos de circulação intensiva de pedestres. Eram de dois tipos: os que portavam baú de lata e estacionavam na calçada e os que possuíam barracas cobertas de lona listrada. Estes últimos ocupavam todo o perímetro do atual estacionamento público e as quatro faces em torno da antiga estátua de Tenreiro Aranha. O local passou a ser conhecido por Caaba, por causa, evidentemente, dos distúrbios provocados pelos ávidos comerciantes entre si mesmos e os passantes, a gritaria incomodativa dos pregões, os apelos ao mais barato e melhor, a propaganda, os insultos em árabe. Todos os bufarinheiros de baú de lata já eram denominados “marreteiros” em 1900, consoante notícia do jornal A FEDERAÇÃO de dez de maio, solicitada do mesmo jornal ao Superintendente Municipal contra o hábito deles colocarem suas malas no meio da rua Marquês de Santa-Cruz, “interrompendo o tráfego”. Os negocistas ambulantes geralmente iniciavam o curso com a trouxinha de pano ou a caixa de bufarinhas. Mas somente as mulheres portavam a trouxinha e eu conheci na minha meninice a uma delas de nome Labibe. O comerciante de caixa a frente da barriga era o “barateza”, conhecido por proclamar este nome. Daquele grau poderia subir mais até à função de teque-teque. O “palita-barata” só negociava com fósforos importados ou fabricados em Manaus na Cachoeirinha. Trazia costumeiramente a tiracolo uma lata quadrada de estanho ou folha de chumbo onde vinham os maços embalados desde a origem. Apregoava pelas ruas — Palita barata! Ja o teque-teque era mais aperfeiçoado no seu ramo de negócio, que é aliás de origem portuguesa, muito embora de portugueses não se tenha notícia no tipo de vendilhão. Pelo menos é o que se informa em Ramalho Ortigão, que o descreve em Portugal. Arcava com cerca de quarenta quilos de variedades necessárias, que era o peso normal da caixa de armarinho, com bem arrumado sortimento e dotada de portinhas e escaninhos tapados com vidro, a “caixa-de-turco”, geralmente denominada pelo vulgo. Naquele exíguo almário havia de tudo, desde o papel de alfinetes à dentadura postiça, cosméticos, bigodeiras, óculos de aros de alumínio, ceroulas, peúgas, rendas, novelos de lã, tesourinhas, pentes, colarinhos e punhos duros, etc. Sobre o almário iam dispostas algumas peças inteiras de fazenda, morins, chitinhas mamãe-abre-olho ou piraurucu, toalhas felpudas e de mesa, lençóis, poucos vestidos já prontos ou apenas alinhavados, blusas de pijamas com alamares, etc. E na curva do braço livre um ou dois guarda-chuvas, de acordo com o tempo, e mais troços vendáveis, consoante o faro comercista. Numa das mãos o teque-teque levava o metro seccionado em dois pedaços unidos por sola e com eles alertava a freguesia distante em ritmo de matraca. Descansava geralmente das longas jornadas numa calçada alta, libertando-se das ombreiras de sola forradas de pano. Era assim que se via sempre aquele mascate morador na rua Costa Azevedo. Ali pela década de vinte, talvez, apareceu uma cançoneta alusiva ao comerciante. Não consegui reter todo o texto, apenas o início e a música. Dizia: Eu sê turca chama Jurja / passa a vida disgraçada / trabalha dia intera / pra vender tuda fiada / eu vende a bresdazon / eu vende pra dinera/ Jurja fica danada / que freguês é galotera. Por aí assim, e falava em “golarinho bunda virada”, “pente fina pra biolho marca elefante”, “bó darruz”, etc. Os mascates ambulantes, não escapavam à verve popular, que os maltratava com epítetos de ladrão, careiro, explorador, marreteiro. Mas os meninos faziam pior: gritavam de longe — Caga sebo! Caga sebo! Não havia muitos turcos em Manaus, porém o povo generalizava a casta de mercadores ambulantes, envolvendo-os no mesmo grupo dos sírio-libaneses. O que motivava o vendilhão a percorrer longas distâncias sob o sol e a chuva era a centralização do comércio, reduzido ao foco — avenida Eduardo Ribeiro, ruas da Instalação da Província e Marquês de Santa-Cruz, Remédios e mercado publico municipal. Quase todos os mascates sírio-libaneses residiam na área-chamariz que era o populoso bairro dos Remédios. Dali eles partiam em leque para todos os cantos da cidade, inclusive para o rio, pois que os havia igualmente embarcados em canoas, a tentar a freguesia dos motores e lanchas. Progrediam astuciosamente, plantavam-se em portinhas exíguas e mais tarde em lojas de várias portas. Um dos clássicos mascates que sempre conheci era o Mansour da rua da Instalação da Província. Outro foi o pai do jogador L6, um turco que se mandou para Salônica após a Primeira Guerra Mundial. Mas esse era mesmo turco, tão turco como o Jorge Dau. O povo na sua festiva indiferença pelas origens englobava as nacionalidades, falando de “turcalhada” quando se referia aos nossos amigos árabes. Mas sem malícia. O ambulante citadino não se recusava a vender fiado. Era um risco que corria, e certamente grande, quando se tratava de cercar a bolsa do pobre. Vi muitos deles com sua caderneta de notas (sempre em árabe) sacramentando o débito do freguês ou do “patrícia” (porque na sua necessidade de transacionar era obrigado a identificar-se e a tutear o comprador em perspectiva ou mesmo o freguês cativo). No meu tempo de rapaz alcancei ouvir muitas anedotas a propósito do mascate, que como figura popular não podia deixar de freqüentar o anedotário. Uma delas inclusive era comumente citada para mexer com certo mocinho inimigo do trabalho e esperto devorador do capital paterno. Dizia-se que certa noite o fedelho chegou-se ao pai e exigiu uma lambreta. O pai concordou e no dia seguinte apresentou ao filho um novelo de lã de cor preta. E outras. O comerciante Jorge Dau acima citado como exemplo, era turco de nação e fundaria mais tarde a grande loja de fazendas ARMAZÉM DA TURQUIA, cuja sede não me foi possível ainda localizar. O Mansour e o Bader, este um dos palita-barata, também progrediram e foram donos de lojas de fazendas na rua da Instalação da Província. Outros, teque-teques, como o senhor Mamede, libertaram-se da caixa de armarinho e passaram a lojistas muito afreguesados, inclusive dentro do mercado público. Quando esses mascates desapareceram de circulação, já estavam com o capital solidificado e tornaram-se até grandes proprietários de imóveis, mas realmente jamais tiveram inclinação para a indústria. Muito dificilmente os filhos se deixaram contaminar pelo micróbio comercista, tomaram outras direções na vida, adquirindo títulos liberais e/ou acomodando-se em funções burocráticas. Hoje quase nada mais resta daquela multidão de árabes e de otomanos que contribuiu de certa forma para o progresso da cidade. Seria o caso para relembrarmos a figura andeira do regatão (cuja origem nunca foi arábica) que levava aos mais distantes rincões fluviais um pouco da comodidade gozada nas cidades. O bufarinheiro levantino tornou-se uma necessidade gerada pela centralização do comércio urbano, mas hoje seria mais difícil a sua resistência porque a descentralização estendeu os raios da oferta aos mais longínquos arrabaldes da capital. Quero acreditar que no início de sua carreira comercial o mascate passasse da banda baixa, comendo mal e dormindo em cortiços e estâncias, que os havia em profusão por toda a rua doutor Miranda Leão, dos Andradas, Barão de São Domingos, da Praia. Ele saía de casa pela manhã com um pão sirio da estrutura de um prato e da espessura de dois dedos mais ou menos. Quando a fome do meio-dia o surpreendesse, não voltaria aos penates: arriava a matalotagem na calçada ou num local discreto e comia seu pão descansadamente. Assim o vimos obrar quando menino curioso. E a indumentária era simples e vasqueira: contava meu pai que os primeiros árabes chegados a Manaus ainda traziam velhos hábitos, do tipo usar a túnica comprida e o gorro (vide figura do barateza) ou o fez. Calculo como foram recebidos pelo povo e bem depressa abandonaram as roupas estranhas para os misoneístas. Todavia pelo carnaval muitos deles aproveitavam para relembrar seus costumes. Isso não seria de admirar porquanto custou aos portugueses deixar o costume de usar a banda vermelha, as calças de pano cru, a camisa de Saragoza e os barulhentos socos de pau. Muitos árabes usavam brincos de ouripel e argolas. Sobre a carência de documentação fotográfica dos tipos populares, existem duas respostas: a história de antigamente não lidava com o indivíduo social e sim com o herói, as datas e os fatos. Os documentos, poucos, fotográficos, são difíceis de reproduzir, mas encontrei alguns principalmente mascates com baú de lata e quiosques de madeira.
CIDADE SANTA ANITA
No site www.yourtube.com encontraremos varias filmagens da Cidade Santa Anita, na categoria Travel & Places.
É um monumental trabalho em miniatura feito por Mário Ypiranga Monteiro, escritor amazonense. A cidade é composta por 14 módulos de 110X110 cm, e mede no total 720X220cm. Possui MAIS DE TRÊS MIL HABITANTES. Mário Ypiranga passou cerca de cinqüenta anos construindo e desconstruindo a cidade, nunca chegando ao final. Anita era o apelido da esposa de Màrio, e suspeita-se que a mini-cidade era como uma alegoria do amor dos dois. A cidade está em exposição permanente na Galeria do Largo de São Sebastião, em frente ao Teatro Amazonas.

sexta-feira, 23 de fevereiro de 2007

M A A C A

CD “Mosquito da Malária”, do Maaca, consagrado cantor da música popular Amazonense – MPA possui 09 lindas musicas: Cruviana, Tom Marrom, Cantiga de Amor, Amazônico, Amazônico & Açaí do Copeá, Forró na Fazenda, Chico da Baia, Balada para Kawê e Mosquito da Malária.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

CANTOR NUNES FILHO

O cantor de brega Nunes Filho sempre foi uma grande atração no Bar do Armando, devido a grande irreverencia dos frequentadores mais habituais, aliado da valorização dos artistas da terra, marca registrada dos biqueiros.

Em homenagem ao grande talento da musica amazonense, publico o trabalho do Valmir Lima, do Decon/Fapeam.

Música brega é tema de dissertação
Nunes Filho e Wanderley Andrade, quem diria, se tornaram os principais personagens de uma dissertação de mestrado do Programa de Pós-Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia. Intitulado “Essa música foi feita pra mim: relações amorosas, paixões e cotidiano presentes na música brega em Manaus”, o trabalho de autoria de Noélio Martins Costa, 30, foi defendido em 2005.

A intenção do pesquisador, bolsista da Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado do Amazonas (Fapeam), foi identificar de que maneira a chamada música brega influenciava na vida das pessoas que consomem esse tipo de produto da indústria cultural. Para isso, Noélio entrevistou dezenas de pessoas que freqüentavam bares, clubes noturnos e balneários, onde o brega era forte atrativo, na década de 1990, período abarcado pela pesquisa.


Foi durante as entrevistas que o a frase-título do trabalho foi encontrada. “Eu estava entrevistando uma mulher, ela falava sobre o seu gosto pela música brega e começou a tocar uma música. Ele disse: ‘Essa música foi feita pra mim’. Eu achei a frase muito significativa e decidi dar esse título à dissertação”, explicou Noélio.


O pesquisador precisou mergulhar no mundo da música brega para compreendê-lo. O primeiro obstáculo que teve de vencer foi o preconceito. Ele disse que quando estudava na graduação se sentia incomodado com os vizinhos que ouviam música em alto volume. “Existia uma rejeição, um preconceito mesmo, a uma coisa que eu não conhecia. Achava as letras e os enredos pejorativos”. Noélio resolveu dialogar com os vizinhos e aos poucos foi entendendo os motivos que os levavam a consumir aquele tipo de música.


O tema o fascinou a ponto de querer conhecer os cantores de maior sucesso. A indicação dos dois artistas analisados pela pesquisa veio dos próprios consumidores. “O primeiro nome ligado ao brega foi o do Nunes Filho, considerado o Príncipe do Brega. Passei a ouvir as músicas dele e depois o entrevistei algumas vezes”.


O cotidiano do brega, considerado no trabalho, é o ambiente em que a música é executada: os bares, as casas noturnas, os lares. A zona Leste foi escolhida como o espaço geográfico da pesquisa, também por um preconceito do pesquisador, que relacionava o brega à pobreza. Como a zona Leste concentra a maior parte da população de baixa renda de Manaus, Noélio pensou que fosse mais adequado elegê-la como o espaço do brega. “Depois eu descobri que não são só os pobres que gostam desse tipo de música”. Como diz uma canção do cantor Reginaldo Rossi, considerado o rei do brega, “No brega entre preto e entra branco, no brega entre pobre e barão”.


O que uma pessoa vai fazer no brega? Essa questão, que aparece no trabalho, tem duas respostas: os homens vão em busca de uma noite de amor, enquanto as mulheres querem diversão. “Geralmente a intenção do homem é terminar a noite com uma mulher que ele possa levar para a cama. As mulheres pensam de outra maneira, querem dançar, beber, se divertir. O sexo seria uma conseqüência natural de uma noite de diversão”.


A música brega, como toda música, acompanha seus consumidores além do clube ou do bar. Como forma de recordar a noite de alegria ou de dor, ou como forma de afogar as mágoas, as pessoas ouvem em casa as mesmas canções da noite. Foi numa dessas situações que a mulher entrevistada por Noélio disse a frase celebre: “Essa música foi feita pra mim”.


Ao discutir a relação das pessoas com o brega, o pesquisador encontrou aspectos sociológicos e antropológicos interessantes, como a independência feminina na noite. “Você encontra nos clubes e bares inúmeras mulheres que se desprendem do âmbito doméstico e vão se divertir, curtir a noite sem a companhia de nenhum homem. Uma delas me disse que se fosse acompanhada não poderia dançar com quem tivesse vontade”. Na dissertação, Noélio trabalha com duas categorias para diferenciar a mulher que busca diversão da profissional do sexo: mulher na noite, para a primeira, e mulher da noite, para a segunda.


Nunes Filho X Wanderley Andrade
Nunes Filho e Wandeley Andrade são como água e óleo no brega, na opinião de Noélio Costa. As músicas e os estilos são totalmente diferentes, mas ambos fizeram muito sucesso no passado recente. Enquanto Nunes Filho busca retratar o romantismo, com letras que falam dos apaixonados, de ciúmes e da traição; Andrade busca nos marginalizados inspiração para criar letras que falam de amor, mas de forma mais grotesca.


Nunes Filho canta “Ai carinho”; Wanderley Andrade prefere “roubar coração”, é o “traficante do amor”. “Ele utiliza muito os presidiários como fonte de inspiração, enquanto o Nunes Filho é mais romântico”.


Os estilos no palco também são destacados no trabalho: Nunes Filho é cômico com seu trejeito de dançar, mas fica nisso suas apresentações. O que mais chama a atenção do público são as letras de suas canções. “É um clássico do brega”, classifica Noélio. Já Wanderley Andrade prefere o estilo espalhafatoso, caricatural. “Ele veste um personagem, se traveste e choca o público com o cabelo colorido, as roupas brilhantes e os óculos irreverentes. Ele é o personagem principal do show”.


Os diferentes estilos dos dois artistas de reconhecido prestígio no mundo brega têm relação direta com o ambiente onde cada um começou sua carreira artística: Nunes é genuinamente amazonense e Andrade vem do Pará, onde o brega é considerado um movimento cultural. “Lá em Belém, cidade que visitei durante o trabalho, as pessoas têm orgulho de dizer que vão ao brega e se vestem a caráter para a festa”.


No Amazonas, as pessoas não incorporam o brega. Vão ao clube para se divertir, beber ou afogar as mágoas. “Em Manaus é difícil você encontrar uma pessoas que assuma ser um bregueiro. As pessoas são muito dissimuladas”.
Esse problema está na raiz da discriminação à música Brega, na opinião de Noélio. Ele afirma que quando uma pessoas de maior poder aquisitivo é encontrado por um conhecido no brega, usa a dissimulação. “Sempre dizem que estão ali por acaso”. Mas durante o trabalho de campo Noélio pode perceber que no mesmo clube em que pessoas chegam a pé, de ônibus ou em um fusquinha superlotado, outros cegam em carros caros. “No mesmo bar em que uns bebem cerveja, outros bebem uísque”.
Valmir Lima Decon/Fapeam



O nome da nossa cidade suscita muitas duvidas com relação a sua grafia no decorrer dos anos, para dirimi-las, leia o artigo abaixo, escrito pelo Robério Braga, atual Secretario de Cultural do Amazonas.


"Quem pesquisa e lê documentos e jornais antigos, encontra o nome Manaus escrito de diversas formas, conforme a época, e, não raro, surgem perguntas a respeito da origem e forma de grafia do nome da capital amazonense. E depois de alguns anos, em data mais recente, passou-se a fazer nova confusão sobre a data em que a capital recebeu este nome.Para responder a uma consulta do consulado do Japão em Manaus, na década de 80, o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas reuniu estudos de vários de seus membros titulares, cabendo-me, além de pesquisas próprias desenvolvidas, a redação do texto final do documento informativo. Creio que foi a primeira síntese elucidativa da questão. O que temos é que o vocábulo MANAU era atribuído a uma das muitas tribos que habitaram o rio Negro, compondo uma das mais célebres confederações. Poucos são os recursos para a classificação e divisão dos povos encontrados na Amazônia, na opinião do professor Antônio Braga Teixeira, ex-presidente do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas e um apaixonado por esses assuntos. É que toda a base de qualquer estudo lingüístico só pode ser desenvolvida sobre a fonética, sendo conhecida a escrita e com ela as regras rígidas, da grafologia dos vocábulos. Desta forma os etnólogos afirmam que os índios Manau são de origem aruaque, segundo se pode ver em Lima de Figueiredo e Armando Levy Cardoso, citados pelo mestre André Vidal de Araújo que também lembra a aparência da grafia com Manau e Manoa. Os estudos de Pedro Luiz Sympsom, Pe. Lemos Barbosa, Plínio Ayrosa e Frederico G. Edelweiss demonstram, pela fonética araucana ser mais certa, mais concordante com a língua da tribo que originou o nome da capital do Estado do Amazonas, a grafia Manau, com U e não Manao como eles bem demonstram as profundas e diversas razões etmológicas para a alteração da grafia. Sabemos que não existe em qualquer gramática que discipline a ortografia de termos aruaques incorporados à Língua Portuguesa determinação da pronúncia ou da grafia de Manaus com a letra U. Na língua arauaca, como prelecionou André Araújo o O tem dois sons: fechado na forma de avô e aberto na forma de socó. Assim a pronúncia indígena verdadeira da palavra deve ser Manaus e nunca Manaôs ou Manaós. É como etimologicamente deve ser grafada. O professor Arthur Cezar Ferreira Reis, às paginas 77 de sua obra História do Amazonas, lançada em primeira edição em Manaus em 1931, em nota de rodapé mostra que “ Antônio Brandão de Amorim e outros conhecedores do nheengatú preferem graphar Manau, embora ele mesmo, conhecedor dos mais profundas das coisas do Amazonas, naquela mesma obra, grafasse com a letra "O“. O mesmo fato o escritor repetiria em 1935, em outro trabalho de sua lavra. Octaviano Mello a quem devemos consideráveis estudos mais recentes, mostra o contraste de Manaus como uma das formas femininas de Manouh, Manou, Manu, Mani, que são abreviações do nome hebraico – Manouchyaka e duas variações, donde veio a palavra indo-tupi, Houcha, homem ou gênio nascido em Manou, significando conforme evidenciado às páginas 36 de seu livro Topônimos Amazonenses, Deus dos Índios. A palavra Manaus tem sido grafada de diversas formas: Manou, Manau, Manao, Manaó, Manaha, Manave, Macnal, Manouh, Manouâ, Manáos. Fundada em 1669 a partir do forte de São José da Barra do Rio Negro, a sede da Capitania e a sede da Província, estabelecida à margem esquerda do rio Negro, tinha seu nome escrito com a letra O, portanto era grafada Manaos. Em 1862, na edição da tipografia de Francisco José da Silva Ramos, aparece a grafia Manáus, na capa do folheto de Antonio David Vasconcellos Canavarro, tratando do problema do cólera-morbus, e, na última página do referido estudo, está grafado Manaos. Na obra Notizie Interessanti sulla Província delle Amazzzoni – nel nord Del Brasile, editada em Roma em 1882, está grafado Manaos, repetidas vezes no corpo da breve memória traçada por um missionário franciscano. Em 1908, publicado pela Tipografia J. Renaud & Comp., o escritor Bertino de Miranda lançava seu livro sobre Manaus, trazendo a grafia com a letra U. Vê-se, pois, que embora houvesse uma grafia de uso mais corrente, outras formas também eram utilizadas. Embora desde o dia 19 de março de 1937 os atos oficiais estivessem trazendo a grafia Manaus, como se vê do Decreto nº 117, publicado no Diário Oficial do Estado de nº 12.589, somente a 14 de julho de 1939 em sua edição de nº 13.192 o órgão oficial do Estado faria a correção do termo em seu cabeçalho, passando a grafar, definitivamente Manaus. Fato interessante a ser registrado é que o primeiro ato oficial assinado pelo governador a trazer a grafia Manaus, como hoje é escrita, concedia prêmios a estudantes do curso secundário. Era governador o professor e poeta Álvaro Botelho Maia, na sexta-feira, 19 de março de 1937. A capital amazonense recebeu este nome, pela primeira vez em 1832 em decorrência do art. 27 do Código de Processo Criminal que erigiu o Lugar da Barra do Rio Negro à condição de Vila com a denominação de Manáos, passando a ser sede oficial da nova unidade político-administrativa criada: a Comarca do Alto Amazonas. Em 24 de outubro de 1848 através da lei nº 145, a Vila de Manáos foi elevada á categoria de Cidade com a denominação de Cidade da Barra do Rio Negro. Somente pela Lei nº 68 de 4 de setembro de 1856, cujo projeto foi do deputado provincial João Ignácio Rodrigues do Carmo, a Cidade da Barra do Rio Negro passou a ser denominada Cidade de Manáos, sede e capital da Província do Amazonas. Somente após acordo ortográfico entre Brasil e Portugal, e o uso rotineiro da expressão Manaus, é que a grafia atual foi consolidada".

Robério Braga

sábado, 10 de fevereiro de 2007

CURIOSIDADES DO SAMBA E CARNAVAL DE MANAUS




Salles Gato

 Infelizmente não há mais registro em fitas cassetes, dos sambas de Manaus dos anos 70 e até 1984.
O primeiro LP que foi gravado com todas as Escolas do grupo principal foi em 1986 no projeto CANTE O NOSSO CARNAVAL que durou até 1989.
Até 1991 os sambas de enredo de Manaus eram gravados no Rio de Janeiro por puxadores (intérpretes )cariocas. Alguns tornaram-se, à época, a "cara" das agremiações, senão vejamos: Vitória Régia (Dominguinhos do Estácio), Sem Compromisso (Aroldo Melodia), Reino Unido e Andanças de Ciganos (Carlinhos de Pilares), Aparecida (Sobrinho, da Unidos da Tijuca), Ipixuna (kandanga da Tradição). É claro, que houve revezamentos entre estes intérpretes durante algum tempo, mas os aqui citados , marcaram muito uma época (anos 80).
Comentário de FERNANDO PAMPLONA, trabalhando pela REDE MANCHETE em 1994, sobre a Vitória Régia: "...A bateria é forte, mas um pouco acelerada...Mas está faltando negro na escola (O ENREDO FALAVA SOBRE A PRAÇA 14 e OS NEGROS BANTUS)...vejo muito é mestiço e caboclo....
Durante muito tempo as escolas de samba de Manaus não traduziam bem seus enredos nas fantasias e alegorias, ou seja, o que importava era volume e brilho e não a famosa ÓPERA DE RUA onde se canta e representa uma história.
Em 1993 a TV BAND de São Paulo mandou alguns "flashes" do Desfile do Grupo Especial para todo o Brasil. Em 1994 foi a vez da Rede Manchete e também da própria TV BANDEIRANTES transmitirem na íntegra o desfile.
A Balaku Blaku e a Andanças de Ciganos são as Escolas de Samba que mais "deram" rainhas para o Carnaval de Manaus. Exemplo dos últimos anos: 1998 e 1999 - Andanças de Ciganos. 2002 e 2003 - Balaku Blaku.
O compositor Paulo Onça, amazonense, conseguiu a façanha de ganhar um samba de enredo pelo Salgueiro em 1998 com o enredo sobre os Bois de Parintíns (em parceira com mestre Louro da bateria). Também compôs samba famoso para Jorge Aragão - "Feitio de paixão" em meados dos anos 80.
Edmundo Soldado, que na verdade é sub- tenente da Polícia Militar do Amazonas é compositor da Vitória Régia e também já foi Intérprete Oficial da Escola durante vários anos. É recordista de composições de sambas de enredo das Escolas do Grupo Especial, Grupos de Acesso e Blocos (29 sambas), sendo 12 pela Vitória Régia. Outros sambistas que estão perto de Edmundo em número de composições são Walmir da Mocidade,Marinho Saúba e Agnaldo do Samba, todos oscilando entre 10 e 18 sambas.
Agnaldo do Samba, intérprete dos mais renomados no samba de Manaus começou sua carreira na bateria do Bloco Sem Compromisso em 1980 de onde saiu em 1986 para ir cantar nas seguintes agremiações: Bloco de Enredo Arrastão Assuano (campeão do Grupo B de 1986), Guerreiros do Vinho e Escola de Samba Mocidade Independente de Aparecida. Em 1990, retornou à Sem Compromisso, de onde saiu em 1992 e retornou em 1993. Cantou pelo Coroado em 1998 e saiu novamente da Sem Compromisso, passou pela Unidos do Alvorada em 1999, voltando em 2000 onde está até hoje. Todos os anos, desde 1999 vai à cidade de Óbidos cantar em uma agremiação local.
O Bloco MOCIDADE que desfilou até os aos 70 na Av. Eduardo Ribeiro foi um ícone no Carnaval de Manaus durante mais de 40 anos! Era formado por intelectuais, jogadores de futebol e comerciantes de Manaus. Todos iam em cima de um caminhão, que saía lá do Bairro do Educandos, de uma serraria até ao Centro de Manaus, na Av. Eduardo Ribeiro. Flaviano Limongi, que ainda é um desportista local desfilava no MOCIDADE.
Até o Carnaval de 2004 a Escola de Samba Mocidade Independente de Aparecida é a que detém o maior número de títulos no carnaval de Manaus - 15, seguida pela Vitória Régia - 9 e Reino Unido da Liberdade - 6.
A Antiga Escola de Samba MISTA da Praça 14 foi fundada em 1946 e ganhou os carnavais de 1947,48,49,50,51,52,53,54,55,56,57,58,59,1960 e 1961. Ou seja, todos em que disputou - 15 títulos. Suas cores eram: Preto, Amarelo e Vermelho.
A Escola de Samba a VOZ da Liberdade também contemporânea da MISTA não ganhou carnaval na época. Ela foi fundada em 1948 mas desapareceu precocemente.
Somente em 1970 é que surgiu outra Escola de Samba em MANAUS: A G.R.E.S. Unidos da Selva que foi campeã em 1971/72/75 e 1976 (seu último desfile). Jaílton Sodré,atual cromometrista da AGEESMA foi um dos seus fundadores. Sua cores eram o verde e o Branco.
Esta Escola era formada pelos militares do Exército do CIGS do bairro de São Jorge, Zona Oeste de MANAUS.
No Rio de Janeiro, nos últimos anos o samba de enredo que teve o maior número de compositores foi os da Mangueira em 1993 (10 autores) e o do Grande Rio (1993) (10 autores). Em Manaus esse recorde quase foi igualado, pois o samba da Vitória Régia em 2003 teve nada mais, nada menos que 9 compositores, fruto da junção de três sambas campeões na Quadra, tipo (2 + 3+ 5 compositores).
O Sambódromo de Manaus é o maior do gênero no Brasil. nem o Anhembí em São Paulo, nem a Sapucaí no Rio chegam próximos em números gerais. O Centro de Convenções de Manaus tem capacidade para mais de 100 mil pessoas.
Este Colosso de concreto foi pré-inaugurado por 3 vezes. Explica-se: em 1991 ele já estava pronto (a ferradura), porém não houve desfile das escolas nesse ano, apenas bandas de frevo fizeram a festa lá dentro. EM 1992 mais uma vez pré-inaugurado ainda somente com a ferradura. Em 1993 construíram-se mais dois lances de arquibancada e somente em 1994 que terminaram os outros 4 lances, totalizando 6.
Em 1986 a G.R.E.S. Andanças de Ciganos levou à Avenida Djalma Batista (Palco do Carnaval à época) a primeira mulher inteiramente nua para o Desfile em Manaus. Ela vinha sendo destaque dentro da boca de uma serpente.
Em 1983 a G.R.E.S. Sem Compromisso pela primeira vez gravava um Disco com um samba de Enredo, sendo pioneira em Manaus nesse sentido, gravando um DISCO com selo proprio, ja que anos antes, a Em Cima da Hora tambem gravava disco,porém com outros sambas, ou seja, uma Coletânea (1976). Mesmo assim, pode-se considerar a Em Cima da Hora como a pioneira, porém, junto à outros sambas.
Até 1979 os Desfiles de Blocos de sujo, Blocos de Embalo, Blocos de Enredo, Cordões, Escolas de Samba, Batucadas, etc... ocorriam na Av. Eduardo Ribeiro, no Centro antigo de Manaus. De 1980 a 1990 os Desfiles ocorreram na Av. Djalma Batista, na Zona Centro-Sul e a partir de 1992, no Centro de Convenções (SAMBÓDROMO) na Zona Centro-Oeste de MANAUS.
Sem Compromisso, Mocidade Dependente do beco Ipixuna (agora IPIXUNA), Andanças de Ciganos, Reino Unido, etc.. começaram suas vidas carnavalescas como Blocos. A Balaku Blaku, começou como batucada em 1977, desbancando as favoritas Acadêmicos do Rio Negro e Batucada Baré.
A Escola de Samba EM CIMA DA HORA, era do Bairro de Educandos (Zona sudeste de Manaus) e foi extinta em 1983, em seus primeiros momentos, foi fundada por militares da Marinha brasileira. Ganhou dois carnavais em Manaus, sendo o último junto com a então estreante APARECIDA. Nota: A Em cima da hora tinha em suas cores o azul e o branco e foi a madrinha da Aparecida.
Jorginho Devagar da Aparecida conheceu grande parte do mundo em suas viagens sempre divulgando o samba brasileiro e hoje possui autênticos documentos da fundacao da Aparecida'que se deu em março de 1980.
A Primeira Escola de Samba de Manaus nessa nova era, foi a UNIDOS DA SELVA, fundada em 1970, que congregava em seu bojo, militares do CIGS (Centro de Instrução de Guerra na Selva), grande parte desses sambistas eram cariocas. Esta Escola acabou em 1976, surgindo aí uma "continuação" sua - A Unidos de Sao Jorge, que desfilou apenas em 1983. Em 2003, em abril, foi fundada a GRES Dragões do Império, do bairro de São Jorge, que tem tudo para continuar a história dos sambistas do bairro. Esta escola desfilou no dia 22 de fevereiro de 2004 no Sambódromo de Manaus, sem concorrer, fechando o desfile do ano.
As primeiras Escolas de Samba de Manaus, que podem ser consideradas Escolas de Samba de padrão mais atual, fora: ESCOLA MISTA DA PRAÇA 14 - fundada em 1946 e que foi extinta em 1961 e a escola A VOZ DA LIBERDADE, fundada em 1948 e extinta em 1958.
Algumas Escolas de Samba de MANAUS já extintas ou com atividades paralizadas:
Unidos da Selva (desfilou até 1976)
Moto na Onda (até 1977)Em cima da Hora (extinta em 1983)
Unidos da Raiz (extinta em 1983), voltou na forma de BLOCO em 2001
UIRAPURÚ (extinta em 1982)
Barelândia (extinta em 1992)
Unidos de São Jorge (extinta em 1983)
Acadêmicos do Rio Negro (extinta em 1983- desfilou como escola apenas em 1983, antes era uma batucada)
Guerreiros do Vinho (extinta em 1992)
Estação 1a. do Boulevard (extinta em 1992)
Acadêmicos de Petrópolis (extinta em 1992)
Jovens Livres na Folia (quando ia virar escola em 1991, não houve desfile naquele ano).
Até 1985 a grande maioria das Escolas e Blocos usavam roldanas nos seus carros alegóricos, em vez dos pneumáticos. Que só começou a ser usado em 1986 pela Sem Compromisso - campeã naquele ano.
Em 1981 a Vitória Régia levou para a Djalma Batista, nada mais nada menos que 15 carros alegóricos. Todos na faixa de 3 x 4 m. Todos de madeira.
até 1981 as Baterias das Escolas de Samba eram compostas por no máximo 100 ritmistas. A Em Cima da Hora em 1981 desfilou na Djalma Batista com 70 na bateria.
E as Escolas de samba compunham-se de no maximo 500 " brincantes"
Ednelza Sahado, a "imortal" Porta-bandeira da Aparecida, já foi no seu início carnavalesco, pertecente à escola de samba Vitória Régia. Ednelza foi homenageada em 2003 com a inauguração dopalco de eventos da Aparecida, chamado: "Palco Ednelza Sahado".
Quem é Vitória Régia não e de maneira alguma Aparecida, pois as disputas entre as Escolas já foram ferrenhas, tanto na Avenida quanto nas ruas e nas apurações (vide apuração de 1983 ocorrida no Ginásio Renê Monteiro e no Sambódromo em 1994, quando ocorreram verdadeiras batalhas entre as torcidas
A disputa entre as duas Escolas só amainou com a subida em importância da REINO UNIDO nas disputas, a partir de 1988.
Segundo Paulo Santos (sambista veterano de Manaus), quando ele era intéprete da Barelândia, nos anos 80, não cantava com cavaco acompanhando, era muito difícil e sempre havia espaço para o desgaste precoce das cordas vocais
Genésio e o grupo " Amazon Music Show" , grupo de danças, foi ao México, no Estado de Vera Cruz em fevereiro de 2000, acompanhado de "Mulatas" amazonenses. intérpretes e cavaquinistas.
Em 1984 a G.R.E.S. Sem Compromisso não desfilou em Manaus, mas sim, em Boa Vista (RR), perdendo a chance de ser campeã em Manaus naquele ano, visto que não houve julgamento e todas as Escolas que desfilaram ganharam o titulo.
A Quadra de Escola de Samba mais reclusada de Manaus é a da IPIXUNA, situada no beco Ipixuna, próximo do Centro Antigo de Manaus, porém escondida por mais de 100 degraus da escadaria da União Esportiva Portuguesa e pelos baixios do Beco Betel. Uma Quadra bem escondida.
A Primos da Ilha, Escola do Grupo 1 , fundada em 1990, foi idealizada por Nélson Medeiros, da família Medeiros, uma das famílias fundadoras da Vitória Régia e também da antiga Escola Mista em 1946.
A Vitória Régia foi fundada na casa da "tia Lindoca", em 01/12/1975. Tia Lindoca faleceu em 1993. Os ensaios da Escola lá eram realizados,às vezes na própria Praça 14, em 1988, a Escola ganhou sua Quadra em local privilegiado, no seio do bairro, bem na lateral da Praça 14, ao lado da Igreja católica de N.Sa. de Fátima.
A partir de 1986 com a inauguração da Ponte Fábio Lucena, interligando o Bairro da Aparecida ao São Raimundo, a Escola de Samba Mocidade Independente de Aparecida tornou-se mais popular, saíndo um pouco da reclusão do Centro da Cidade e abrindo as portas para outras comunidades, até então geograficamente próximas, porém longínquas por causa do difícil acesso.
A Sem Compromisso é a Escola de Samba que mais mudou de Local para seus Ensaios. vejamos: Rua Comendador Clementino - Centro, Rua Libertador - Beco do Macedo, Rua Japurá, altos da Praça 14, Quadra esportiva do Colégio Ribeiro da Cunha (centro) (1993-1994), Garotinho (Av. Constantino Nery)( 1995), Olímpico Clube,(1996-1997) Vila Mamão ( agosto de 1997), Lírio do Vale (2 locais)( 1998-2000) e Vila da Prata (a partir de 2001)
IPUJUCAN GOMES é o presidente recordista à frente de uma Escola de Samba - IPIXUNA, do Primeiro Grupo desde 1986
A Escola de Samba Andanças de ciganos deixou de desfilar em Manaus de 1992 a 1997, voltou em 1998.
O sambista Manteiga, conhecido batuqueiro, passista e sambista emm geral já desfilou por mais de 10 agremiações em Manaus - obs: Ensaiando, participando ativamente nas escolas.
Tia Lurdinha , 72 anos foi ' a mais tradicional baiana de Manaus. Desfilou na Escola Mista da Praca 14 nos anos 40 e 50 e na Vitoria Regia desde 1976. para quem a visitou, comparecendo em frente da Quadra da Vitoria Regia, onde esta verdadeira "Rainha" e "Cidadã do Samba" vendia seus maravilhosos croquetes de camarão , quitutes, tacacá e outros. Infelizmente faleceu em meados de julho de 2003 e a sua verde e rosa a homenageou, junto a outro baluarte da 14 - o Advogado Nestor Nascimento. Em 2004 a Vitória Régia foi campeã junto à Aparecida.
Dona Zuzu, com seus sessenta e poucos anos é outra maravilhosa baiana da Sem Compromisso. Desfilou na Antiga escola/Rancho de samba A VOZ DA LIBERDADE do bairro do Pico da Águas nos anos 50 e está na Escola dos Tucanos desde 1980.
Em 1982 a Mocidade de Aparecida inovou na feitura dos carros alegóricos em Manaus ao colocar telhas de aluminio num dos seus carros e em vários tripés, dando um efeito diferente do queu era até então visto.
O grande CENTAURO que a Vitória Régia levou ao Sambódromo em 1993, é sem dúvida o carro mais alto do Carnaval Amazonense até então. Naquele ano a Verde e Rosa tinha como enredo: "De bumbum virado prá lua", coincidentemente também no Rio de Janeiro, a Grande Rio tinha o mesmo enredo.
Em 1985 a Sem Compromisso gravou o seu CD (Compact Disk) de vinil junto com o então bloco Reino Unido da Liberdade. O samba da Preto e Amarelo - "Folias de Momo" era de autoria de Rinaldo Buzaglo e Celito e do outro lado, o Bloco do Reino Unido com a composição de Bosco Saraiva.
No primeiro Compact Disc da Sem Compromisso em 1983, um lado possuía o samba do ano e do outro lado, JURUPARI- enredo de 1981 quando ainda era um Bloco de enredo.
Indubitavelmente o samba popularmente conhecido como "Levanta a sandália" de autoria de Bosco Saraiva do então Bloco Reino Unido foi um dos maiores sucessos do Carnaval de 1984 junto com o samba da Barelândia, que falava do "sufoco do brasileiro".
A Vitória Régia teve sua sede inicial no quintal do terreno de Tia Lindoca, aonde ensaiava de 1976 até 1987. Em 1988 teve finalmente a sua Quadra inaugurada na própria Praça 14, ao lado da Igreja de Fátima.
A Unidos do Alvorada foi a primeira Escola de Samba a inovar na comissão de frente em 2004 (dia 22 de fevereiro, madrugada de domingo) no Sambódromo, quando fez com que a Sua Comissão de frente saísse de dentro do Carro Abre-Alas.
Em 2001, no desfile do Grupo 1, apenas um jurado (Mrinho Saúba) julgou o desfile das 4 agremiações: Ipixuna, Primos da Ilha, Presidente Vargas e Ciganos). Auferiu a vitória à Primos da Ilha - Fato inédito no carnaval de Manaus.
Em 2002, por causa disso, a Presidente Vargas, desfilou, mas decidiu não concorrer, sob protesto. 3 jurados foram designados para julgar os 9 itens. mais uma vez a Primos da Ilha ganhou o Carnaval, a Ciganos foi vice-campeã.

sexta-feira, 9 de fevereiro de 2007

EVANDRO DAS NEVES CARREIRA ou Evandro Carreira, brasileiro, amazonense; advogado, estudou medicina até o 2º ano na velha Faculdade da Praia Vermelha, conquistou o título de melhor orador universitário do Brasil em 1957; representando a Faculdade de Direito do Amazonas contra 46 outras Faculdades do Brasil; cuja banca julgadora fora presidida pelo magnífico Reitor Pedro Calmon.
Elegeu-se Vereador por Manaus em 1959, obtendo a 2ª. Melhor votação reelegeu-se em 1963, e em 1974 elegeu-se Senador da República pelo Amazonas.
Desde 1960 na Tribuna da Câmara Municipal de Manaus afirmou a VOCAÇÃO HIDROGRÁFICA e SOLAR DA AMAZÔNIA, valendo todos os corolários que decorrem deste AXIOMA, como soem ser as VOCAÇÕES ICTIOLÓGICAS, A AGRÍCOLA VARZEANA, a HIDROVIÁRIA, a RIBEIRINHA, a FOTOSSINTÉTICA, USINA de ALIMENTOS e FÁRMACOS, através de sua BIODIVERSIDADE.
Exigiu a única providencia inteligente e fundamental para decifrar a HIDROESFINGE AMAZÔNICA: O SEU INVENTARIO, ESVURMANDO, anatomizando, todas as suas ESPÉCIES, para saber QUEM É QUEM? QUEM AMA QUEM? QUEM ODEIA QUEM NA AMAZÔNIA, ISTO É, descobrir a sua HOMEOSTASIA.

“A AMAZÔNIA é a melhor grife, a melhor marca, a melhor propaganda do mundo. Nem a COCA-COLA empata com a AMAZÔNIA. Porém, a incopetencia dos governantes do AMAZONAS e de MANAUS, do PARÁ e de BELÉM, nunca soube aproveita esse MARKETING”.
“CABOCLO! O QUE É DESENVOLVIMENTO? TENS CERTEZA MESMO QUE ÉS DONO DA AMAZÔNIA? Não achas que a AMAZÔNIA está nas mãos de grupos econômicos estrangeiros, e brasileiros, ligados a políticos vigaristas, corruptos, vendilhões-da-patria... DONOS DE MINERADORAS, MADEIREIRAS, FAZENDAS DE GADO, LATIFÚNDIOS, INDUSTRIAS DE APARAFUSAMENTO DE ELETRODOMÉSTICOS, das quais tu, quês és POVO, não és SÓCIO?”
EVANDRO CARREIRA






quarta-feira, 7 de fevereiro de 2007




OBRAS DO ARTISTA PLASTICO MOACIR DE ANDRADE


Em homenagem aos 80 anos do artista plástico Moacir de Andrade, publico a Biografia do ilustre amazonense, que foi originalmente lançada em 13 de agosto de 2001, pelo Sesc Amazonas, na Galeria de Artes Sesc Moacir Andrade.

Quem é Moacir Andrade?
Moacir Andrade nasceu em Manaus no dia 17 de março de 1927, na Santa Casa de Misericórdia de Manaus. Com poucos dias de nascido, seus pais, Severino Galdino de Andrade e Jovina Couto de Andrade viajaram para o interior do Amazonas onde o menino viveu a sua primeira infância. Em 1934, Severino viajou para Manaus em busca de melhor educação para seus dois filhos Mozart e Moacir. Depois de se estabelecerem em Manaus à Rua Joaquim Nabuco com a Rua Ramos dos Andradas, mudando-se depois para a Rua Ramos Ferreira e finalmente para a Dr. Machado, bairro do Alto de Nazaré, onde o menino vivei até o ao de 1953.
O período elementar estudou no Grupo Escolar Ribeiro da Cunha. Terminando o curso primário, ingressou no Ginásio Amazonense D. Pedro II em 1939. Com a noticia da abertura do Liceu Industrial anunciando o ensino de profissionalização em Manaus, seus pais resolveram em comum acordo com seus padrinhos, Dr. Temístocles Pinheiro Gadelha e Clotildes Pinheiro, interna-lo nesse novo estabelecimento de ensino secundário profissional, já que o menino era exímio desenhista e suas pinturas despertavam as admirações às autoridades da época.
No dia 02 de fevereiro de 1942, ingressava como aluno interno do Liceu Industrial de Manaus. Como aluno interno, permaneceu até fins de 1945, quando finalizou o curso industrial, que equivalia ao curso ginasial. Em 1946 trabalhou na firma comercial Ciex S/A, de propriedade de Isaac Benzecry. Em 1948, ingressava como desenhista de construção da empresa Mario Novelli e inicia a vida profissional como desenhista do engenheiro José Florêncio da Cunha Batista. Foi professor da Escola Normal São Francisco de Assis. Em 1953 no dia 09 de maio, contraiu núpcias com a Sra. Graciema Britto de Andrade, filha de João Fernandes Brito e Petrolina do Valle Britto. Do casamento nasceram cinco filhos: Gracimoema, Lucia Regina, graciema, Maria do Carmo, Moacir Couto de Andrade Junior e Raimunda Santo da Cruz, filha adotiva.
Sua primeira mostra individual foi realizada no peristílo da Escola Técnica Federal do Amazonas, no dia 09 de abril de 1952.
Em 1954, juntamente com os poetas Jorge Alauzo Tufic, Antisthenes de Oliveira Pinto, Alencar e Silva, Saul Benchimol, Carlos Farias de Carvalho, Francisco Vasconcelos, Oscar Ramos, Afrânio de Castro, Antonio Trindade, Freitas Pinto, José Pinheiro, Francisco Batista, Djalma Passos e outros, fundaram o Clube da Madrugada em plena Praça da Policia Militar.
Das suas obras literárias, as que mais se destacam são: Moacir Andrade, Catálogos; Moacir Andrade, Desenhos; Manaus, Monumentos, Hábitos e Costumes; Amazonas, a Esfinge do Terceiro Milênio; Alguns aspectos da Antropologia Cultural do Amazonas; Tipos e Utilidades dos Veículos de Transportes Fluviais do Amazonas; Nheengaré ou Narrativas Amazônicas; Manaus, Ruas, Fachadas e Varandas; Tesouro de Icambiaba.
Lecionou Educação Artística na Universidade do Amazonas, Escola Técnica Federal, Colégio Estadual e no Colégio Militar, onde construiu um monumento mural de madeira.
Criou vários cursos gratuitos na cidade e no interior, entre os quais ensinou desenho, pintura, escultura em barro, madeira e gesso.
Seus quadros, espalhados pelo mundo, encontram-se em casas de amigos, admiradores de suas obras, bem como nos acervos de muitos museus e pinacotecas.

terça-feira, 6 de fevereiro de 2007


POETATU

“Os poetas amazonenses não se emendam. Não tomam jeito. Não procuram fazer algo de útil para a sociedade. Pelo contrario. Resolveram engrossar a couraça, reuniram um time de peso-pesado e decidiram bagunçar de vez com o coreto da Praça da Policia, onde surgiu o Clube da Madrugada. Em vez de pé de mulateiro, pé de miratinga. No lugar do Café do Pina ao final da tarde, Bar do Armando de madrugada. Nada de vampirismo sutil, chegou a hora do banho de sangue.
Se os curitibanos homenageiam Leminski com o movimento Perhappiness (um inteligente jogo de palavra para exprimir a nossa “quase felicidade”), a turma do Poetatu homenageia o poeta Ernesto Penafort mostrando a cor azul que determina a palavra primária: palavras, as palavras de que são feitas as árias.
O Retorno de Jedi não pede passagem: simplesmente passar por cima de tudo e de todos, doa a quem doer. “O mais são sentimentos, palavras ocas, jogadas ao vento”. Simão Pessoa, poeta e escritor.

CARÍCIAS
As minhas mãos são pentagamas
Acordando sons no teu corpo
Ponta de dedos imã o tato se vai
Percutindo notas descobrindo portos
Um toque de cheiro no silencio úmido.
Nos teus cabelos teço a fina partitura
Feita de duas claves:
A mao direita
Sola um sol agudíssima
A esquerda se faz em fá
O grave fado
O gesto do teu tesão
Fala do meu pulsar
(Um sopro morno fala baixo
no bafo abafado em tua boca)
O suor dos nossos corpos
-enquanto garoa no lençol –
Lava por instante
O tempo de um ritmo sem metromo
um cheiro concreto de amêndoas
Aníbal Beça, poeta, escritor e compositor.

NOITE EM CLARO
(azul plúmbeo)
Por
amanhecer-me,
sujigo-me
ao dia
CURTA-METRAGEM
(marrom)
A fogueira
Dos meus olhos
não apaga
a cinza do amanha.
Cunha faceira
Lava o rosto
À beira da lama
VÔO
(arsênico)
Querer-me em ti
É um suplicio
das dores,
sem cores
para o meu bem-te-vi
Jersey Nazareno, poeta,jornalistas e produtor cultural
ABCDADO
Anarquista (alheio à conquista)
Boêmio (corpo molhado, abatêmio)
Celibatário (até caso contrário)
Diferente (de todo inocente)
Extremado (um apaixonado)
Fatal ("vem pro meu bem, vem pro mal")
Grávido (dia novo, ávido)
Hermafrodita (só leso acredita)
Indio (testemunha do genocídio)
Judeu (à esquerda, ateu)
Louco (por tão pouco...)
Marginal (margem é rasa, sou perau)
Narciso (no que for preciso)
Odiado (melhor que ser amado)
Palhaço (tipo velho Inácio)
Querubim (safado deus curumim)
Ridículo (provo e explico)
Suicida (pra morte entrego a vida)
Teratologista (de carne sem visita)
Uamiri (com veneno atroari)
Volátil (brisa molhada, banzeiro de rio)
Xoxoteiro (graduado em puteiro)
Zonzo (tô morrendo de banzo)
Marco Gomes, poeta anarquista e produtor cultural.

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

AS PEDRAS DE LIOZ

As calçadas da Manaus antiga eram feitas com as Pedras de Lioz, chamadas assim porque foram trazidas de Portugal, da vila que lhe empresta o nome. Os navios de arribação colonial chegariam vazios se não trouxessem pedras em seus porões, flutuariam sem lastro, pois levavam mais do que traziam.
Hoje ainda encontramos essas pedras no entorno do Teatro Amazonas, Palácio da Justiça, Palácio Rio Negro, Mercado Municipal, Prefeitura de Manaus e em algumas ruas do centro de Manaus.
Segundo o geólogo Frederico Cruz, não existem informações sobre a localização das jazidas de onde foram retiradas, mas provavelmente ficavam em regiões banhadas no passado por grandes mares. Explica também que tanto mármores quanto calcários são formados por sais marinhos, sendo que os primeiros foram submetidos a grandes temperaturas, provavelmente por terem entrado em contato com lava vulcânica. “É por isso que os mármores têm essa aparência vítrea e lustrosa, diferente das pedras calcaria que são mais opacas”, diz Fred. O aquecimento dessas pedras também fez com que a forma circular dos estromatólitos ficasse deformado, mas internamente permanecerem intactas, sendo um campo de estudo valiosíssimo para paleontólogos. “Poucos lugares do mundo têm isso”.
O ilustre pesquisador foi contratado pela PMM para assessorar os técnicos que estão reformando o Paço da Liberdade, antiga sede da Prefeitura, para indicar qual a outra pedra que poderia substituir as pedras de Lioz que estão bastante desgastadas. Ela conta que ao fazer um exame químico com acido clorídrico na amostra colhida na praça, a área avermelhada não regia, enquanto a borda, clara, reagia, como era de se esperar de um pedaço de calcário, explica o geólogo. “Levei a amostra ao microscópio e descobri o estromatólito, além do valor histórico, agrega um valor turístico e paleontológico, portanto, essas pedras não podem ser retiradas dos locais”.
O jornal A Crítica fez uma reportagem com o pesquisador em 2004, e chegaram a este fabuloso achado, segundo o reporter, “as pedras de Lioz usadas n calçamento de boa parte do Centro histórico de Manaus esconderam por dois séculos um tesouro paleontológico raríssimo, são estromatólitos , estruturas organo-sedimentares que serviam de casa para algas cianofíceas, os primeiros seres vivos a habitar a Terra, há aproximadamente 3,5 bilhões de anos”. “Estas descobertas agora, contudo, são do período paleozóico, entre 800 milhões e 200 milhões de anos atrás”, explica o geólogo.