terça-feira, 31 de janeiro de 2023

COLÉGIO ESTADUAL RIBEIRO DA CUNHA - ABANDONADO

 

                                                                 Foto: José Rocha

Um prédio histórico, situado na Rua Silva Ramos, 215, centro, inaugurado em 1925, conforme fotografia abaixo, tombado em 1988, como Patrimônio Histórico e Artístico do Amazonas, servindo até os dias atuais como escola de ensino fundamental, no entanto, encontra-se em péssimas condições de conservação.

Segundo o livro “Manaus, entre o passado e o presente”, do escritor Durango Duarte, as obras de construção foram iniciadas, em 1906, pelo governador Antônio Constantino Nery, ficando vinte anos paralisados os trabalhos, sendo inaugurado em 15 de novembro de 1925, com o nome Grupo Escolar Presidente Bernardes, bem como, da Praça Presidente Bernardes, em homenagem ao Presidente da República e, em 1931, a denominação passou para Grupo Escolar Ribeiro da Cunha.

Segundo o citado livro, o homenageado chamava-se Manoel José Ribeiro da Cunha (1850-1925), um médico maranhense formado na Bahia, que veio para Manaus, onde ingressou na então Academia Amazonense de Letras e foi professor da Escola Normal IEA.

Existem duas fotografias antigas mostrando os bondes passando pela Rua Silva Ramos, ou seja, a Escola Ribeiro da Cunha tinha este privilégio de passar em sua frente este tipo de transporte que rodou até o ano 1957

O jornalista Evaldo Ferreira esteve, recentemente, no local, onde fez uma filmagem de três minutos, publicado no Portal Único, conforme linque abaixo, mostrando a parte externa do prédio.

No dia 20 de janeiro deste ano, o amigo Ed Wilson, fez o seguinte pedido: “Gostaria de pedir a você, que fizesse uma nota no seu blog sobre a escola Estadual Ribeiro da Cunha, assim como muitos que cresceram na Rua Tapajós, fiz da 1° à 4° série nessa escola, semana passada passei em frente e está uma tristeza o prédio antigo completamente destruído, fiquei muito triste, pensei em fazer essa denúncia, depois lembrei de você, que com certeza tem mais alcance!”

Atendendo ao pedido, estive, hoje, no local, onde foi possível ver “in loco” a situação degradante do prédio. Uma lástima, com as seis janelas frontais todas podres, infiltrações, fiações danificadas, com ervas de passarinhos crescendo no frontispício, pinturas deterioradas e muito mais. O portão principal estava fechado, no entanto, a porta que dá acesso ao seu interior estava aberta e com um segurança lá dentro. Não pedi permissão para entrar, mas depois me arrependi por não o ter feito.

Na grade existe uma faixa colocada pela Seduc “Bora Estudar”, onde aparece uma criança sorrindo. Meu Deus! Fico a pensar como encontra-se o interior, deve estar uma lástima! Sem condições de receber as crianças e adolescentes. A Quadra Poliesportiva está toda deteriorada, além de uma Pracinha suja e cheia de lixo por toda parte.

                                                  Foto: IDD

Mesmo com todo este descaso por parte do Governo Estadual, o prédio é muito bonito, vide a fotografia em preto em branco para comparar como era na década de sessenta. As grades de ferro e o portão principal são originais, a fachada continua a mesma de sua inauguração, inclusive encontra-se no lado direito da porta de entrada uma placa de mármore com seguinte “Director da Instituição Prof. Agnello Bittencourt. Executadas as obras sob a Direção do Engenheiro Maximino Corrêa”.

Pelo visto, a Seduc não irá revitalizar àquele prédio tão cedo, pois as aulas começarão no próximo dia 6 de fevereiro e os alunos irão estudar num local inapropriado para os estudos. É uma pena. Com a palavra a Secretaria Estadual de Educação e Desportos – SEDUC.

É isso ai.

Fontes:

https://portalunico.com/escola-tombada-pelo-patrimonio-historico-esta-abandonada/

livro Manaus, entre o passado e o presente do escritor Durango Duarte.

Jornal do Commercio

Portal Único

Evaldo Ferreira


                                         Fotos: José Rocha

segunda-feira, 30 de janeiro de 2023

DESTRUIÇÃO E ABANDONO DO COLÉGIO SALDANHA MARINHO - DENÚNCIA JUNTO MPE-AM

 

 


Este prédio histórico iniciou em 02/01/1901, com a instalação da Escola Modelo, funcionando até 1904. Entre os anos de 1910 e 1913, abrigou a então Escola Universitária Livre de Manãos. Passou por diversas reformas, ganhando as características atuais. Através do Decreto 11.191, de 14/06/1988, foi tombado com Monumento Histórico do Estado. Em 1998 foi reformado, com seis salas para o Ensino Fundamental. No ano de 2017, o prédio foi abandonado pela Seduc, começando a ser invadido por vândalos que estão furtando tudo o que pode ser vendido: portas, janelas, fiações, moveis e utensílios, grades de ferro etc, além de servir de abrigo a moradores de rua e viciados em drogas. Vários moradores já fizeram denúncias as autoridades públicas, mas nada fazem para conter esta destruição do patrimônio público. Vários portais de notícias já fizeram filmagens no local mostrando a triste realidade em que se encontra aquele prédio. Em 2021, a Fundação Hemoam recebeu a posse para utiliza-lo nos serviços de oferta de exames laboratoriais de baixa e média complexidade e doação de sangue. No entanto, esta Fundação deixou o prédio a mercê dos vândalos que “a luz do dia” roubam o que encontram pela frente. Os moradores da Rua Saldanha Marinho e todo o seu entorno, incluindo os manauaras que gostam do centro histórico de Manaus, estão indignados com a falta de respeito deste patrimônio histórico, incluindo outros que serão, também, motivo reclamação junto ao Ministério Público do Estado do Amazonas, pois é o órgão poderá apurar e orientar qual o caminho a tomar ou se este caso de degradação de patrimônio histórico cultural é de interesse da União, visto que está inserido na poligonal de área e bem tombado pelo IPHAN. Favor acessar o linque abaixo para os senhores terem uma ideia do que está acontecendo.

https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/predio-historico-onde-funcionava-escola-e-alvo-de-vandalismo-no-centro-de-manaus.ghtml

https://g1.globo.com/am/amazonas/noticia/2021/10/15/hemoam-ocupara-predio-da-antiga-escola-saldanha-marinho-no-centro-historico-de-manaus.ghtml

https://cm7brasil.com/amazonas/manaus/vandalismo-predio-historico-da-escola-estadual-saldanha-marinho-esta-jogado-as-tracas/




domingo, 29 de janeiro de 2023

VELHOS CARNAVAIS

 Por José Rocha

Carro Alegórico "Fiado Sõ Em Souza Arnaud", na Avenida Eduardo Ribeiro. Estou na foto


Separei algumas fotografias (retratos) antigas, da época em que não existiam celulares smartphones. São de velhos carnavais, nos antigos “Banhos” e Botecos de Manaus. Foi preciso usar a minha impressora multifuncional para digitaliza-las. 

Jorge Palhete, Rochinha e Rogério Dias, num boteco do centro

A fotografia é mais do que um registro. É um bem precioso relacionado a um fato histórico. É um momento da vida que tem um significado naquele instante, mas fica para a posteridade. Possuo outras mais, no entanto, estão dispersas em pastas que não lembro aonde coloquei. Hoje, basta um clique para você busca-la na “nuvem” e disponibilizar na hora. São outros tempos. 

Rochinha, Jokka Loureiro e Jânio Bitar

Sou do tempo dos Blocos de Sujos da Eduardo Ribeiro, dos Bailes de Carnaval nas Sedes de Clubes de Futebol e das Batucadas nos Botecos. Neste ano de 2023, o Carnaval começará no dia 18 de fevereiro, um sábado, e seguirá até 21, terça-feira, sendo que boa parte das pessoas só retornam do descanso no meio dia do dia 22, quarta-feira de cinzas. 

Rochinha num boteco do centro

No entanto, as Bandas de Ruas começaram no dia 14 de janeiro e terminará somente no final de fevereiro. Pretendo curtir o carne+vale do dia 11, um sábado magro de carnaval, no Tacacá da Ivete e do Natinho Raimundo Nonato Galvão De Alcantara Galvão, na Rua 10 de Julho. Pretendo ir, também, ao Sambódromo para assistir a minhas Escolas de Samba do Coração: Reino Unido da Liberdade, Aparecida e Sem Compromisso. 

Eu e meus colegas de trabalho na ARSA, ao lado do Clube Guanabara Clube de Campo, V8, ao fundo aparece o Caminhão do Zezinho Gorgonha.

Não sei mais dançar carnaval como outrora, o corpo não responde mais, mas a minha mente ainda gosta e adora um carnaval com marchinhas de antigamente. 

Eu e meus colegas da Mirai Panasonic, num "banho" da estrada.

É isso aí

sábado, 28 de janeiro de 2023

MEMÓRIAS DE UM PASSADO DISTANTE - PARTE II

 





Por José Rocha

Era a segunda metade da década de sessenta, lembro muito bem, tinha somente doze anos de idade, quando fui morar na Vila Paraíso, bem próximo a Rua Tapajós. Por ser um adolescente consciente, os meus pais me permitiam caminhar sozinho e, conhecer uma parte de minha cidade que nunca dantes tinha visto em minha vida. Tudo era grande, enorme, bonito e cheio de esplendor. A minha preferência era jogar bola na quadra do IEA, pois, segundo os mais velhos bastava subir um enorme muro e "brechar" muitas mulheres peladas que eram internas no Benjamin Constant. Eu ficava excitado, doidinho para subir aquela muralha e ver “in loco” mulheres “peladinhas da silva” tomando banho. Certa vez, os adultos conseguiram uma escada longa de madeira e falaram que a prioridade era para os adolescentes, fui na corda dos malandros, subi e comecei a olhar pelo telhado e, nada de mulher nuazinha, quando resolvi descer, os camaradas tinham escondido a escada. Caralho! E agora, José? Os leprosos ficavam rindo da nossa cara de otários. Pense numa fuleiragem. O jeito foi andar feito equilibrista pelo telhado até chegar nos fundos do IEA, onde o muro era mais baixo e descer com o coração a mil batidas por minutos. Ai, ai, ai, ai, ai! Fui transferido do Colégio Barão do Rio Branco e a minha mãezinha me matriculou no Colégio Divina Providência, na Travessa Frei Lourenço, onde ficava divagando e olhando o Palacete Miranda Corrêa (demolido em 1971), em decorrência de minha genitora ter um dia falado que o meu avô, um carpinteiro dos bons, fora contratado para fazer as janelas daquela residência, eu nada entendia de marcenaria, mas, dentro de minha sala de aula no segundo andar, ficava imaginando o meu avô trabalhando naquele prédio, viajei tanto em meus pensamentos que fui reprovado. Naquela época, o Prédio da Saúde, onde é hoje uma Agência dos Correios, estava fechada e abandonada, um prato creio para jogar pedras e quebrar as janelas de vidros, era uma loucura, não tinha noção de nada, apenas queria me divertir e nada mais, jamais iria imaginar que muitos anos depois seria um ferrenho defensor da preservação dos prédios antigos. Lembro, também, que eu ficava junto com uma galera olhando os aniversários dos filhos dos bacanas no Ideal Clube, certa vez, uma dondoca abriu a porteira e mandou toda a moleca de rua entrar e participar da festa. Meu Deus! Foi uma loucura, eu comia feito um desgraçado e colocava os salgados e docinhos nos bolsos e até dentro da cueca. Coisa de pobre, né? Ao lado do Ideal Clube, morava um mega empresário, o Isaac Benayon, um camarada riquíssimo que gostava de abrir a sua mansão, permitindo aos jovens e adolescentes pobres da redondeza adentrarem e lancharem numa boa, tudo do bom e do melhor, lembro dele, em sua calma e paciência, com um leve sorriso ficava olhando a garotada se empanturrar de tantas guloseimas. O tempo passou, estudei no Benjamin e no IEA, frequentava a Sorveteria Pinguim, depois, fui estudar na Faculdade de Estudos Sócias da antiga UA, na Rua Monsenhor Coutinho e também no CAUA, da Rua Tapajós. Bebia na Choperia do Pinguim e namorava com as gatinhas da Praça do Congresso, ficava olhando um espigão que tomou o lugar do Palacete Miranda Corrêa e um prédio feio “Correios” que fincou lugar no lugar da “Saúde”. Gostava de olhar a residência do Doutro Arlindo Frota, um amigo do peito de meu pai Rochinha. Atualmente, passo por lá todos os dias, mas nada mais toca o meu coração, apenas ficou as memórias de um passado distante. É isso ai.

MEMÓRIAS DE UM PASSADO DISTANTE - PARTE I


 

Por José Rocha

Era a segunda metade da década de sessenta, lembro muito bem, tinha somente doze anos de idade, quando fui morar na Vila Paraíso, bem próximo a Rua Tapajós. Por ser um adolescente consciente, os meus pais me permitiam caminhar sozinho e, conhecer uma parte de minha cidade que nunca dantes tinha visto em minha vida. Tudo era grande, enorme, bonito e cheio de esplendor. Gostava de ficar sentado, aos domingos, bem em frente ao portão do prédio da Academia Amazonense de Letras (nunca adentrei até os dias atuais), onde outros colegas gostavam, também, de se reunir e decidir onde iriamos jogar bola, ou na quadra do Luso Sporting Club, ou no IEA ou Benjamin. Os que tinham mais grana compravam Cuias de Tacacá da Dona Maria, onde todos davam umas goladas no fumegante tucupi, com direito apenas a um camarão. A Dona Maria, também, conhecida como Dona Branca, gostava de minha mãe Nely Fernandes, eram amigas, pois o seu irmão Teófilo era casado com a irmã de minha mãe, a Tia Margarida. Todos os domingos, ela preparava um monte de salgados e doces e pedia para eu levar para minha mãe. Bem em frente a Academia ficava o Teatro Juvenil, onde é hoje a UNIP, onde gostava de participar de um programa aos sábados, conhecido como “Confusão na Taba”, apresentado pelo Paulo Guerra, onde muitos cantores amazonenses se apresentavam, lembro do cantor Abílio Fatias e de uma moça muito bonita que cantava muito bem, a Lili de Andrade. Participei da Juventude Franciscana, comandada pelo Frei Fulgêncio Marcelly, depois foi um parque de diversão. Lembro dos cantores e compositores Aníbal Beça e Celito. Naquela época comecei a frequentar as Pastorinhas do Luso Sporting Club e jogar futebol na quadra que ficava bem no meio do clube do Luso. Aos domingos era sagrado assistir as missas na Igreja de São Sebastião, onde fiz a minha primeira comunhão e participava dos festejos em homenagem ao santo guerreiro. A Praça de São Sebastião era deserta, escura e metia medo quando andava por lá. Certa vez, adentrei ao Teatro Amazonas, na calada noite, que na época estava abandonado. Abri a porta principal e fui até a entrada onde ficavam as cadeiras de palinha, curioso e com o coração batendo, olhei para o palco e vi pela primeira vez em minha vida uma mulher seminua, com um par de seios as amostras, fiquei encantando e os olhos arregalados, não com o teatro, mas com a jovem mulher, voltei outras vezes e nunca mais a vi no palco. Aos domingos, naquela época, ia mais longe, passeava pela Avenida Eduardo Ribeiro, olhando as vitrines e assistindo filmes nos cines Avenida e Odeon. Hoje, continuo caminhando pela manhã, tarde e noite pelo mesma rua e entorno, os prédios continuam os mesmos, mas nada oferecem mais, somente memórias de um passado distante.

É isso aí.

sábado, 21 de janeiro de 2023

OBRA DE ARTE JOGADA NA RUA TAPAJOS

 



Depois de uma “sextada” nos botecos de Manaus, vinha caminhando na calada da noite fria e chuvosa, em direção ao meu barraco na Rua Tapajós, quando vi um quadro jogado na calçada, nas imediações da antiga residência do saudoso magistrado André Vital de Araújo (1899-1975).

Quando eu ainda era adolescente, passava de manhã cedinho por frente da casa do Doutor André, para comprar pão na Padaria Mimi, da 24 de Maio. Eu acho que era esse o nome. O velho ficava numa cadeira de embalo, concentrado, sempre lendo um livro. O seu filho, o Marcus Aurélio, ficava lavando a calçada com uma mangueira. Certa vez, ele jogou água em mim e falou que eu era um pé sujo. Fiquei com raiva desse cara por longos tempos. O tempo passou, tive problemas auditivos, mas, sempre procurava o Dr. Platão Araújo para as minhas consultas e operação. Uma filha dele, não lembro o seu nome, foi minha professora de inglês, no Colégio Benjamin Constant. Parece-me que um dos seus filhos ainda mora na mesma casa.

Caso o quadro for da família deles será uma honra devolvê-lo. Sei, não. Acho que foi o destino. Uma forma do camarada Aurélio pedir desculpas pelo erro do passado.

Sempre dei um grande valor as artes plásticas e aos iluminados que possuem este dom de expressão, no entanto, possuo poucos quadros em minha residência.

Este que encontrei jogado em via pública vai estar pendurado em minha sala até o momento em que aparecer o dono.

Muitos anos atrás cursei alguns períodos de Direito (Por Linhas Tortas), lembrei de um mestre de Direito Penal, quando ele falou que o dito popular “Achado não é roubado” está errado.

É isso mesmo! Segundo o mestre, quando o cidadão encontrar um bem perdido ou esquecido pelo dono, sem devolvê-lo ou entrega-lo às autoridades, em 15 dias, configura crime de apropriação de coisa achada, com previsão de até 1 ano de detenção e multa.

É mole ou quer mais? Fala sério! Caso não aparecer o dono terei de entregar o referido quadro, no prazo de 15 dias, a Prefeitura de Manaus. Está na Lei e eu não quero de forma alguma ficar com o que não é meu, mesmo tendo encontrado em via pública.

Bem que eu poderia ficar calado, mas tornei público, pois os meus dedos ficam coçando para escrever alguma coisa nas redes sociais.

Pois bem, o quadro encontra-se em perfeito estado, o vidro não está quebrado, a moldura de 60x50 perfeita, somente o forro detrás está solto. Aproveitei e dei uma limpeza geral, conforme fotografia. Na parte de dentro deste forro encontrei a data de 1983, ou seja, esta obra tem 40 anos!

Não sei quem é o autor da obra, mesmo dando um zoom no nome do camarada. Uma coisa é certa: o quadro é original, não uma fotografia, pois possui relevos que senti ao passar, levemente, os meus dedos quando estava todo desmontado. Deixei a minha marca digital, mas, assim o fiz para sentir se era original e nada mais.

Segundo os estudiosos “a arte serve como meio de transmissão de todo tipo de informação e pode ser considerada o resultado da relação entre o ser humano e seu meio”. A pintura é considerada a 3ª. Arte (Cor), no meu caso domino um pouco a 6ª. Arte (Literatura).

Juro que não entendo qual é a informação que o artista quis transmitir. É a mesma coisa que um burro olhando para um espelho. A obra pode ter um pouco valor, mas é uma obra, a expressão que poucos sambem fazer.

É isso ai.

quinta-feira, 19 de janeiro de 2023

VILLA “NINITA”

 

VILA NINITA
                          Foto: José Rocha

Por José Rocha

19/01/2023

        A Villa “Ninita” é um dos poucos prédios remanescentes de meados da década de 1910, localizado na Rua Municipal, 154, atual Avenida Sete de Setembro, 1546, anexo ao Centro Cultural Palácio Rio Negro, abrigando, atualmente, salas da Secretaria de Cultura e Economia Criativa – SEC e o Cine Teatro Guarany, um prédio que guarda muitas histórias.

O Jornal do Commercio publicou o seguinte classificado (ineditoreas): “Manaos, sábado, 27 de novembro de 1915 – Villa Ninita – Rua Municipal, 154 (junto ao Palacete Scholtz) – Devendo ficar concluídas até o fim do corrente mez as 10 magnificas casas de sobrado que se compõe esta VILLA. Aceitam-se desde já pretendentes para as mesmas. As casas tem duas salas no 1º andar, duas salas no 2º andar, cozinha e área, banheiro e sentina, sendo o modico aluguel de cada R$ 100$000. A tratar com H. PERDIGÃO & CO., Rua Deodoro, 61-63”.

A empresa H. Perdigão & Co., fundada em 1896 (mesmo ano da inauguração do Teatro Amazonas e da Primeira Ponte) eram procuradores dos principais proprietários e capitalistas do Amazonas, encarregada da administração geral de bens (cobrança de alugueis, juros, venda e compra de prédios, construções, reparos de prédios e inventários).

O termo “Villa” é do Latim, significando casa de campo, casa grande, quinta (atualmente, somente designamos com um L). Já o nome “Ninita” é diminutivo feminino singular de “Nina” (Nana, Ninar, Menina), ou seja, é a Villa Menininha. Não sei informar se é em homenagem a uma criança da família dos donos que era chamada de Ninita, pois até hoje ainda encontramos muitas mulheres com o apelido de Ninita que carrega desde quando era criança.

Em 1915, a cidade de Manaus estava passando por momentos difíceis, pois tinha acabado o “boom” da borracha (1912), muitos seringalistas e empresários estavam falidos, perderam quase todos os seus bens. A empresa acima citada a construiu com um bom padrão, pois surgia naquela época uma demanda por parte de pequenos comerciantes e funcionários públicos que não possuíam capital para alugar uma casa de maior padrão e optavam por este tipo de moradia “Villa”, grafia antiga, bem diferente dos operários que moravam em “Estâncias” (casas de madeiras, cortiços).

O que mais chama atenção é o número de janelas e portas. São vinte janelas na parte superior e mais 20 detrás, além de mais 10 janelas e 10 portas na parte debaixo (frente) e 10 portas atrás), sem contar com mais 4 janelas na primeira casa (frente para a Sete de Setembro).

A cidade de Manaus sempre foi quente por ficar próxima a Linha do Equador, em decorrência disto as casas possuíam muitas janelas para amenizar o calor. Apesar do ar condicionado ter sido inventando em 1920 nos USA, pelo Carrier, somente chegou ao Brasil em 1950, tornando-se popular, em 1970, com os de janela e split no ano 2000.

Na casa de número 9, morava o Major e ex-Prefeito de Itacoatiara (1947), o Francisco Trigueiro Sobrinho e sua esposa Maria Emília Trigueiro, onde completaram “Bodas de Ouro” (50 anos de casado), em 1957.

Na casa numero 2 morou o casal Paulo de Oliveira Onety (o melhor jogador de todos os tempos do Amazonas) e Maria Iris Dutra da Silva Onety (professora do Barão do Rio Branco), onde criou a sua prole de nove filhos, dentre eles o meu amigo e ex vizinho do Conjunto dos Jornalistas, o Advogado Alberto Onety. Ele, assim escreveu no Facebook: "Nessa vila moravam 10 famílias onde se relacionavam como uma autêntica família. E ocorriam eventos dos mais inusitados e uma das reminiscências era o dia em que o governador Gilberto Mestrinho distribuía brinquedos nas datas comemorativas. Lembranças inesquecíveis".

Muitas dessas “Villas” perduraram até os dias atuais:  Vila Georgette (Lauro Cavalcante), Ercília e Carmem (Joaquim Nabuco), Baependi (antiga Itália, na 24 de Maio), Fátima (Saldanha Marinho), Tuma (José Paranaguá), Rezende (Alexandre Amorim), Pedrosa (Rotary), Paraíso (13 de Maio/Getúlio Vargas), Martins (Leonardo Malcher, demolida) dentre outras.

Em 1943 houve uma Reforma Ortográfica, não havendo mais a obrigatoriedade da grafia original em Latim, em decorrência disto, os jornais da época começaram a publicar anúncios diversos, incluindo a oferta de emprego para “Empregada para Serviços Leves” na “Vila Ninita” (sem o l dobrado, em latim). Depois, houve um outro Acordo, em 1971, voltando a grafia a ser Villa “Ninita”, pois é um nome próprio.

Além de ser um local destinado a moradia, serviu para várias finalidades:

a.   Casa de Leilão “Ao Correr do Martelo” (bons móveis e objectos de uzo domestico), Casas nos. 3/4/10, a partir de 1918;

b.   Escritório de Políticos, Casa 2, 1955;

c.   Cine Clube Umberto Mauro (hoje Cine Guarany), Auditório “Kilde Veras”, 1984;

d.   Comissão de Inquérito Administrativo, Sala de Imprensa, Assessoria para Assuntos Internacionais, do Governo do Amazonas, 1987;

e.   Gabinete do Vice-Governador Vivaldo Frota, 1990;

f.    Secretaria de Assistência Social, Maria Emília Mestrinho, 1993;

g.   Coordenação de Recursos Humanos, 2000;

h.   Espaço de Referência Cultural, 2000;

i.     Cine Teatro Guarany (cap. 90 pessoas, palco com 48 m2, filmes, música, teatro, cursos, seminários e palestras), 1999;

j.    Secretaria de Cultura, Turismo e Desportos (atual Secretaria de Cultura e Economia Criativa), 2001;

k.   Museu de Numismática Bernardo Ramos, 2004 (transferido para o Palacete Provincial);

l.     Pinacoteca do Estado do Amazonas, 2004 (transferido para o Palacete Provincial).

VILLA NINITA
                                                                                Foto: José Rocha

O prédio da “Villa Ninita” completou, em 2022, cento sete anos de sua inauguração, guardando muitas histórias.

Ao seu lado existiam outros prédios, presume-se que eram da mesma data, no entanto, foram demolidos para a construção do portão principal do Parque Jefferson Peres, na Ponte Romana II. 

Faz parte da minha infância e adolescência, nunca adentrei ao seu recinto, passando por lá quase todo "santo dia", mas, por possuir muitas histórias e recordações, pretendo ir ao Cine Teatro Guarany para assistir  a um filme e visitar pela primeira vez o seu interior.

Fontes:

Jornal do Commercio

Manaus Sorriso

Blogdorocha

https://www.infopedia.pt/dicionarios/lingua-portuguesa/ninita

https://pt.wikipedia.org/wiki/Formul%C3%A1rio_Ortogr%C3%A1fico_de_1943



sexta-feira, 13 de janeiro de 2023

14 DE JANEIRO – ANIVERSÁRIO DE 60 ANOS DO BAR CALDEIRA E DO BAIRRO DA QUATORZE


Hoje, 14 de janeiro é um dia especial para o reduto mais boêmio, histórico e tradicional do centro de Manaus, o Bar Caldeira, que completa 60 anos, um sexagenário que atravessou todos esses anos mantendo a sua vocação para trazer muita alegria e paz aos manauaras e turistas, com muito samba, suor e cerveja, além de manter sempre viva a sua tradição e história, renovando, expandindo, respeitando, também, o presente e com muita fé para o futuro do bar, seus frequentadores e da cidade de Manaus – por outro lado, esta data coincide com o aniversário do bairro berço do samba e dos bambas, a nossa querida e amada Praça 14 de Janeiro, da Escola de Samba Vitória Régia, do Quilombo Barranco de São Benedito, dos irmãos afrodescendentes que cultivam com muito orgulho suas origens e tradições com muita fé, axé.

O Bar Caldeira foi fundado pelo português Antônio Cardoso,  um garçom no Bar Quintinho, um famoso boteco que ficava na Rua Henrique Antony, no centro antigo de Manaus e pela Dona Maria Cruz, uma amazonense do Careiro da Várzea, filha de portugueses, casaram em 1960 e em 1963 juntaram as economias e compraram um imóvel situado na Rua José Clemente, número 237, esquina com a Rua Lobo D`Almada, para explorá-lo comercialmente na parte térrea, fixando residência na parte de cima.

 

Montaram, inicialmente, uma venda de “secos e molhados”, com nome inicial de “Mercearia Nossa Senhora dos Milagres”, em homenagem a uma santa de madeira que foi encontrada boiando no mar, no século XVI, na Ilha do Corvo, em Açores (Portugal). Uma réplica desta santa permanece até hoje dentro do estabelecimento.

 

Nas proximidades existia o “Bar Cabo Kennedy”, situado na esquina das ruas Epaminondas e Monsenhor Coutinho, um local muito frequentado pelos boêmios Iran Caminha, Padre Nonato, Rair Mininea, João Barroso, Antônio Câmara, Gilvandro Câmara, Athalpa Barros (Tapinha), Tiba Caminha, Adalberto Caminha, João Cruz e Silva, dentre outros.

 

Certo dia, o Senhor Bichara, dono do estabelecimento, resolveu fechar em definitivo o bar, deixando os farristas sem um lugar para tocar, cantar e beber. Foi quando entrou em cena o Waldemar Evangelista, pai do artista plástico Ignácio Evangelista (a pessoa que me fez este relato histórico), morador antigo da Rua Lobo D´Álmada, ao lado da famosa boate Remulo´s, convencendo o Senhor Antônio Cardoso, a deixar aqueles senhores a frequentarem o seu estabelecimento.            

 

O grupo de boêmios cantava e tocava violão, com a cerveja e o uísque sendo comprados fora, pois ali não havia venda de bebida alcoólica. Com o passar do tempo, o dono resolveu comercializá-las, pois começaram a frequentar o local mais pessoas e achou que aquele negócio seria lucrativo.

 

Mudou o nome de Mercearia para Bar Nossa Senhora dos Milagres. A partir daí o boteco começou a ficar famoso, tornando-se um reduto de políticos, empresários, funcionários públicos, poetas, músicos, escritores e                trabalhadores do centro de Manaus.

 

No dia 14 de janeiro de 1970, uma quarta-feira fatídica, batiam os sinos da Igreja de São Sebastião, eram exatamente 10 horas de manhã, quando houve uma grande explosão das caldeiras do Hospital de Santa Casa de Misericórdia, seguido de mais duas explosões, provocando mortes e destruições.

 

Apesar de a explosão ter ocorrido pela parte da manhã já havia alguns frequentadores no bar e por um milagre nenhum boêmio foi atingido pelos destroços da explosão da caldeira. O boteco por ficar ao lado onde ocorreu este evento sinistro passou a ser conhecido em toda Manaus, como aquele bar que fica próximo da explosão da caldeira. Ninguém mais chamava Bar Nossa Senhora dos Milagres, mas, sim, Bar Caldeira, o nome pegou e assim ficou para           sempre.

 

A partir da entrada do administrador Carbajal Gomes, em 2012, o aniversário do Bar Caldeira passou a ser no dia 14 de janeiro, quando começou a ser chamado por este nome em decorrência daquele evento fatídico.

 

Na realidade, praticamente ninguém mais lembrava quando foi que aconteceu aquele evento e, a pedido do Carbajal Gomes fiz uma pesquisa na Biblioteca Pública do Amazonas, onde encontrei os jornais da época e fiz uma postagem no BLOGDOROCHA, além de montar um quadro com fotos que está até hoje dentro do bar.

 

Tempos depois fiz um livro e-book “BAR CALDEIRA – HISTÓRIA & TRADIÇÃO”, contando tudo e muito mais, o mesmo está disponível em PDF, pois ainda não foi publicado, ele não é oficial do Bar, mas apenas uma contribuição para a sua história, que poderá se juntar a muitos outros dos nossos historiadores.

 

A programação será a seguinte: Queima de Fogos na virada de 13 para 14, comandado pelo Papaco & Companhia.  A partir das 15 horas haverá o Chorinho com a Velha Guarda do Caldeira: Graça Silva, Celestina, Nazaré Lacout (a Kátia Maria, infelizmente, não poderá se apresentar por problemas de saúde, mas, será lembrada). Palco com som e iluminação, com a rua fechada da Epaminondas até a Lobo D´Állmada, começando com o Conjunto Musical Pororoca Atômica, depois Papaco Amor & Samba, com convidados (Assis Almeida, Junior Rodrigues, Ausier e muitas outras pessoas do samba e da boêmia de Manaus). Para finalizar, entrará em campo o Conjunto Musical Cauxi Eletrizado, da pegada de carnaval, para pegar fogo e incendiar mesmo a caldeira. As camisas serão vendidas a 60 Reais, a mesma idade do Bar Caldeira, para guardar de lembrança. As cervejas terão um preço promocional de 10 Reais para comemorar a festa.

 

Na virada de 13 para 14, houve uma queira de fogos, também, no bairro mais tradicional de Manaus, a Praça 14 de janeiro, em comemoração aos seus 139 anos de existência, com comemoração nas áreas interna e externa da quadra da Escola de Samba Vitória Régia. Serão três dias de muita festa.

 

Foram montados palcos com sonorização, iluminação e banheiro químicos, apoio da Prefeitura de Manaus (ManausCult), para shows de Guto Lima, Uendel Pinheiro, George Japa, Xiado da Xinela, Felipes Sales, Afonso Lima entre outras atrações.

 

Um pouco de história: Ao longo de sua história teve três nomes (Conciliação, Fernandes Pimenta e 14 de Janeiro – ainda foi proposto, em 1917, a mudança para Praça Portugal, mas não vingou), mas 14 de janeiro foi em decorrência de um conflito armado que aconteceu neste dia, culminando com a deposição do governador Gregório Thaumaturgo de Azevedo.

 

No governo do maranhense Eduardo Ribeiro, vieram um contingente muito grande de pessoas daquele Estado, com a grande maioria ex-escravos que trouxeram a estátua de São Benedito, dando origem ao segundo quilombo urbano do país, o Quilombo do Barrando de São Benedito.

 

O meu irmão Henrique Martins, eu e meu outro irmão Rocha Filho frequentamos o Barranco de São Benedito, pois o nosso saudoso pai Rocha era negro e amigo do Nestor Nascimento, fundador do Movimento Alma Negra e descendente dos primeiros moradores do lugar.

 

O samba na 14 trabalha o ano inteiro, de janeiro a janeiro. É por isso que é conhecida como “O Berço do Samba”. O ponto maior é no carnaval, onde milhares de pessoas se juntam para formar e desfilar na avenida do samba com a Escola de Samba Vitória Régia.

 

Posso escrever laudas e laudas sobre o bairro da Praça 14 de Janeiro e não acabaria, pois é tema para um livro de 500 páginas e muito mais.

 

Somos festeiros, do samba, batuque, comemoração, dança, religiosidade, respeito e admiração das nossas tradições, somos da Praça 14 de Janeiro!

 

14 de Janeiro, um dia de festa e comemoração, aniversário do Bar Caldeira e da Praça 14.

 

Parabéns!


Blog repleto de história

 

Blog repleto de histórias

A cada dia aparecem novos internautas publicando fotos da Manaus antiga nas redes sociais, mas um dos pioneiros desse tipo de publicação foi o administrador José Rocha, ainda num blog. Surgidos em 1994 e popularizados a partir de 2000 como diários virtuais, os blogs logo passaram a oferecer diferentes conteúdos.

“Eu era amigo de bar do psiquiatra Rogélio Casado, e ele tinha, desde 2005, o blog Picica no qual publicava, entre outros assuntos, histórias da Manaus antiga. Um dia eu falei com ele que queria criar um blog para publicar fotos. Ele me ensinou, eu vi que era fácil e, em 2006, criei o Blog do Rocha. Eu, que nunca tinha escrito um texto, não sabia nem o que publicar, além de fotos pessoais, principalmente com amigos, nos bares da cidade”, lembrou Rocha.

Sem ninguém para lhe dizer como fazer, Rocha foi montando seu blog com fotos e legendas.

“Aí começaram a surgir os seguidores. Uma vez um disse que era para eu melhorar a apresentação, outros pediam para eu identificar onde era o lugar das fotos publicadas. Em 2007 foquei na história de Manaus, que não conhecia. Lembro que quando era menino, andando pelas ruas do Centro, me chamavam a atenção os belos casarões abandonados. Queria saber quem havia morado ali e sua história. Foi então que comecei a pesquisar e um fato puxa o outro”, disse.

Assim que o Blog do Rocha foi encorpando com histórias de Manaus, os seguidores foram surgindo cada vez mais ao ponto de suas publicações servirem como referência para quem se interessava por essas histórias. E Rocha se empolgou. 

Conhecendo os casarões

“Eu descobri que sabia de coisas que outras pessoas não sabiam como, por exemplo, eu havia conhecido o casarão que existiu no lugar onde hoje está o edifício Cidade de Manaus e foi demolido em 1968. Não consegui entrar nele porque estava com parte da entrada desabada e não dava para passar. Também vi em pé o Palacete dos Miranda Correa, demolido em 1971. Cheguei a entrar no jardim que havia na frente do palacete, mas ele estava fechado”, recordou.

Paixão por casarões abandonados é antiga. Este é de 1900

Outro belo palacete que, inexplicavelmente foi abandonado e depois demolido, era o Edifício da Secretaria da Saúde, na praça Antônio Bittencourt (do Congresso), demolido em 1969 e construído em seu lugar uma agência dos Correios.

“Eu e a molecada jogávamos pedras nos vidros das janelas do palacete abandonado e os seguranças corriam atrás da gente. Tinha seguranças porque era um prédio público”, riu.

“Também ia me divertir no Parque Infantil existente na frente da catedral e nos cines do Centro eu ia a todos: Guarany, Polytheama, Avenida, Odeon e Popular. O Odeon, que eu me lembre, era o melhor com tapete vermelho, poltronas e ar condicionado central. Guarany, Polytheama e Avenida tinham grandes ventiladores e, à noite, para ventilar, o Guarany abria suas portas laterais porque ficava dentro de uma área murada. Já o Cine Popular era conhecido por cine Poeira, porque era sujo e decadente”, contou.

O Teatro Amazonas, em fins da década de 1960 e início da de 1970, totalmente abandonado, recebia visitas dos moleques da rua Tapajós, entre eles, Rocha.

“A porta da frente ficava aberta. Nós entrávamos e íamos brincar lá dentro”, revelou.  

Outro tema abordado por Rocha em seu blog é a cidade flutuante, afinal de contas lá ele nasceu e viveu até os onze anos, em 1966.

“Muito antes do SUP com pranchas, eu e a molecada da cidade flutuante praticávamos SUP sobre toras de madeira. O remo eram pedaços de madeira. Íamos remando do Igarapé de Manaus, no Centro, até o Caxangá, na Cachoeirinha, atrás da penitenciária, para tomar banho”, informou.

Na ‘cara de pau’

Para não cometer erros em seu blog, Rocha sempre faz pesquisas na Biblioteca Pública, em livros e jornais, e também no Museu da Imagem e do Som. Nesses 16 anos de existência do Blog do Rocha, o blogueiro já realizou 2.700 publicações, entre fotos e textos e, apesar de fazer publicações constantes no Face e Instagram sobre assuntos mais pessoais, e também história, nem pensa em abandonar o blog.

“Não gosto de mudanças, muito menos de seguir modismos. Nem penso em parar com o blog porque não estou atrás de seguidores. Simplesmente fui publicando os fatos históricos e quando vi já havia uma grande quantidade deles”, afirmou.

“Agora uma coisa que me chateia bastante são pessoas que fazem Control C e Control V nos meus textos e fotos. Copiam na ‘cara de pau’ e publicam nas suas redes sociais como se aquele material fosse de sua autoria, sendo que eu tenho o trabalho de pesquisar antes de publicá-los”, lamentou.

Para evitar tal aborrecimento, Rocha instalou no blog um sistema que impede a ação de terceiros de copiar suas postagens e garante que continuará, da mesma maneira como há 16 anos, publicando histórias, principalmente as vivenciadas por ele.

“Acho muito bacana esse interesse de vários internautas estarem publicando textos e fotos da Manaus de antigamente nas suas redes sociais. Gostaria de saber porque fazem isso? Nos meus tempos de escola os livros não traziam nada sobre Manaus. Como você vai gostar de sua cidade se não a conhece? É muito gostoso deixar seu conhecimento para as gerações futuras”, concluiu.     

*** 

Evaldo Ferreira

Evaldo Ferreira

é repórter do Jornal do Commercio
Compartilhe:​

Qual sua opinião? Deixe seu comentário