quarta-feira, 30 de outubro de 2013

MOTORISTA VIVE DRAMA COM PERDA DO SEU CARRO


Trecho extraído do livro “No trilho do Tempo: memórias”, Lucena, Armando. Manaus – AM: Editora Belvedere, 2007”.

A Crítica
Manaus, segunda-feira, 8 de Dezembro de 1980
O motorista Armando Lucena, um dos líderes de sua classe, que teve seu carro destruído por uma viatura policial, endereçou ao diretor deste jornal, jornalista Umberto Calderaro Filho, a seguinte carta:

“Com a humildade que tem caracterizado minha vida, é que chego a vossa presença para pedir espaço em seu prestigioso jornal para a publicação, na íntegra, desta carta que, em última análise, é um grito de protesto. Grito que, posso afirmar a V.Sª, ecoará como se partido fosse de dezenas e dezenas de pessoas e famílias que já se viram nas mesmas ou em mais graves contingências. Inicialmente afirmo a V. Sª que a verdade sobre a versão do fato que narrarei só pode ser contestada com o uso da mentira e do cinismo ou usando indevidamente o nome da Lei”.
Vamos aos fatos: Domingo, 4 de novembro de 1979, mais ou menos às 13 horas saí para trabalhar no táxi ZA-3306. Era mais um dia na rotina ao longo de 12 anos. Com a velocidade moderada, como de costume, conduzia um passageiro pela Avenida Costa e Silva com destino ao bairro da Raiz. Com o sinal aberto para mim, no cruzamento com a Rua Borba. De súbito, pelo esquerdo, uma sirene foi ligada. Rápido levantei a vista e vi aproximar-se com fúria diabólica um carro grande. Ele já estava sobre mim. Lembro-me do único pensamento que antecedeu o impacto: Meu Deus! Vou morrer! Depois a inconsciência. Vozes. Alguém me conduzia no braço como seu eu fosse uma criança. Dores terríveis não me deixaram respirar. Com um saldo de seis costelas fraturadas e o pulmão esquerdo atingido, lutei e escapei da morte graças a uma equipe de competentes e dedicados médicos. Já bem melhor, é que soube detalhes do acidente: o carro que me atingira era um carro “tumba”, da Polícia Civil, ou seja, do Instituto Médico Legal. Um Chevrolet placa ZO-2041, que jogara meu veículo a longa distância sobre outro da empresa “Ferreira”, e que, com a violência do impacto, o carro tumba rodopiou ficando de frente para o local de onde vinha. O motorista causador do acidente não me prestou assistência.
Dias depois, ao deixar o hospital, recebi o laudo pericial e com ele em mãos solicitei uma audiência com o secretário de Segurança com a finalidade de propor um acordo. Fui recebido pelo subsecretario que delicadamente explicou-me não ser possível minha pretensão já que a Secretaria não dispunha de verbas, deixando claro que só a justiça podia determinar esse tipo de pagamento.
Daí começou minha andança pelos gabinetes de alguns advogados que prometeram trabalhar no caso, mas, tempos depois, devolviam os documentos que jamais haviam saído de suas gavetas. Eu não dispunha de dinheiro para as custas. Finalmente, meses depois, os papéis chegaram às mãos da competente e dedicada Drª Silvia Maria Abensur Santos que, com franqueza, disse-me o que era necessário fazer para que o processo fosse em frente. Preenchidas todas as lacunas, foi marcada a primeira audiência para o dia 7 de outubro de 1980, quase um ano depois do acidente. Era o dia ansiosamente esperado.
Eu estava certo que tudo ia correr bem, pois podia testemunhar que o carro “tumba” avançara o sinal e só ligara a sirene muito próximo; que vinha com velocidade incompatível com o local e a segurança do trânsito (conforme laudo); que de acordo com o horário (13h45min), mesmo para ir buscar um cadáver (conforme afirmara o motorista responsável pelo acidente), não precisaria tanta pressa, já que os cemitérios só fecham os portões às 18 horas. Finalmente, como não há “emergência” para carro tumba, acreditava em uma solução amigável, isto é, uma proposta por parte do representante do Estado, que certamente seria aceita e eu sairia da longa crise.
Finalmente, às 9h30min do dia 7 de outubro de 1980, estávamos na sala de audiência na 14ª Vara Cível, em frente ao advogado que representava o Estado. Empavonado, bem vestido, bem nutrido e bem falante, agiu como se estivesse em jogo a própria segurança do Estado e ele o único defensor intransigente do “DIREITO” e da “JUSTIÇA”   . Pela preciosidade do espaço deste jornal deixo de entrar em detalhes.
Amargurado, sai daquela audiência. Minha advogada continuou trabalhando e assim é que nova audiência foi marcada para o dia 28 de novembro de 1980, para a mesma 14ª Vara Cívil, já com seu titular. A juíza substituta, que havia presidido a primeira audiência, fora impugnada pelo advogado e por isso se considerou impedida. Entretanto, ao chegar ao Tribunal minha advogada comunicou o adiamento da audiência, em virtude de que o processo havia sido “agravado” pelo advogado do Estado. Sou um leigo, entretanto, lendo tal documento senti que era uma espécie de impugnação a decisão do juiz titular daquela Vara, ou, pelo menos, algo visando dificultar a ação do magistrado, uma espécie de entrava, já que se referia a um despacho daquele juiz.
Conversando com pessoas insuspeitas e profundos conhecedores da Lei, ouvi palavras que me deixaram mais ferido que naquele dia 4 de novembro. Porque este deferimento atinge a alma, já que nos leva à descrença. E a crença é a última coisa que o homem devia perder. Em resumo, disseram-me: Um advogado como este, ávido de prestígio e promoções, vai continuar por tempo indeterminado criando toda série de dificuldades e embaraços. Agravando e impugnando, enfim, vai usar todas as formas de artimanhas para que a parte queixosa tenha razão, não possa resistir uma ação tão prolongada contra o Estado.
O Estado está ai, corrupto e corruptor, dando aos seus apaziguados o conforto das mordomias, enquanto nega a um operário do volante a indenização justa de um instrumento de trabalho destroçada pelo próprio Estado. Talvez o vaso sanitário onde se acomode as gordas nádegas de algum secretário do governo tenha custado aos cofres públicos mais que custaria a reforma do táxi ZA-3306.
Durante todo esse tempo eu não pedi favores, pedi justiça, daí porque estou na estaca “Zero” – “Se você não fosse tão burro e tão casmurro, seu problema já teria sido resolvido” – disse-me um cidadão, que completou. “Era só entrar para o PSD, partido do governo”.
Não sei até quando resistirei, já que até desistir é perigoso, pois teria de pagar as custas do processo e, para isso, mesmo vendendo a sucata do meu carro, já completamente apodrecido, não conseguiria a importância necessária.
Encerrando, afirmo que em minha mesa pobre nunca havia faltado pão, mas agora está faltando tudo. Em meus quase sessenta anos só me resta amaldiçoar aqueles que contribuíram para que isso acontecesse.
Que os leitores me perdoem o desabafo”.

O resultado não se fez por esperar, foi um corre-corre. O advogado do governo procurou minha advogada que me chamou para um acordo. Pagariam-me imediatamente o valor do carro, se eu desistisse da ação de cobrança das diárias, ou seja, do lucro cessante, que durante mais de um ano daria muito dinheiro. Aceitei a proposta, estava ansioso para voltar a trabalhar. Em menos de uma semana recebi o dinheiro e em poucos dias estava na rua dirigindo o meu táxi.



terça-feira, 29 de outubro de 2013

CLUBE DA MADRUGADA DE MANAUS EM NOVO ESTILO

Esta postagem foi republicada em decorrência dos comentários da  Arline Silva, filha do Arthur Engrácio.

BLOGDOROCHA: CLUBE DA MADRUGADA DE MANAUS EM NOVO ESTILO: O Clube da Madrugada nasceu no dia 22 de novembro de 1954, embaixo de um Mulateiro (calycophyllum spruceanum), foto acima, na Praça Helio...

sábado, 26 de outubro de 2013

O GRITO DOS ÍNDIOS DO AMAZONAS CONTRA A MARACUTAIA DO CONGRESSO

Texto dos coordenadores do Projeto Jaraqui e NCPAM


No sábado, 26 de novembro, das 10 às 12h, o Projeto Jaraqui recepcionará as lideranças indígenas do Amazonas para discutir as PECs, as Portarias, as Resoluções e a omissão do governo federal quanto a não efetivação dos programas de sustentabilidades, bem como o descaso da saúde, educação, programa alimentar e o futuro dos povos indígenas.

O Jaraqui deste sábado, na Praça da Polícia, na República Livre do Pina, no Centro Histórico de Manaus, reencontra-se com o seu passado histórico, quando há 30 anos, a Questão Indígena era a grande pauta na Tribuna do Jaraqui, posicionando-se contra os Direitos Fundamentais desses povos violados pelo Estado Brasileiro, no curso da construção da Transamazônica, das hidrelétricas, em particular contra o dano ambiental que Balbina causou ao meio ambiente, a vida e cultura dos povos Waimiri-Atroari e demais Nações que se encontravam na rota da expansão dos megaprojetos da Ditadura no interior da Amazônia e no sertão do Brasil. Os fatos dessa época denunciam o genocídio e as diversas formas de acelerar o mais rápido possível “a limpeza étnica” promovida pela política de integração do Estado Nacional, bem como a ocupação da Amazônia pela pata do boi sob a ordem dos financiamentos das Agencias de Estado representada, sobretudo, pela Superintendência do Desenvolvimento da Amazônia e o Banco da Amazônia.

Na conjuntura do atual governo, as ameaças também se multiplicam seja no Congresso Nacional, na Corte de Justiça e pelos próprios Governantes, que pouco caso fazem para o cumprimento da Constituição Federal e muito menos pela formulação de políticas que venham garantir a integridade e o usufruto dos Territórios Indígenas seguido de programas de etnodesenvolvimento em favor da sustentabilidade destas comunidades tradicionais da Amazônia.  O golpe maior dos latifundiários, dos ruralistas e demais malfeitores dos povos indígenas é tomar de assalto as Terras tradicionalmente ocupadas por esses povos, reafirmando mais uma vez que a política ambiental e a tutela desses direitos lavrados no Art. 231 e 232 da Constituição Federal devem ser violados em benefícios desses oportunistas travestidos de empresários que primam pelo lucro fácil, achando que todo homem tem o seu preço e por isso é capaz de pressionar bancadas de Deputados e Senadores para satisfazer a vontade desses poderosos, que muitas vezes encontram-se aliados com o governo federal e local pela troca do voto e pelo investimento que é feito nas campanhas eleitorais.

No sábado, 26 de novembro, o Projeto Jaraqui recepcionará as lideranças indígenas do Amazonas para discutir as PECs, as Portarias, as Resoluções e a omissão do governo federal quanto a não efetivação dos programas de sustentabilidades, bem como o descaso da saúde, educação, programa alimentar e o futuro dos povos indígenas quanto á sua integridade física, cultural e coletiva, em cumprimento a Constituição Federal e os Tratados Internacionais do qual o Brasil é signatário. Foram convidados os índios da cidade e das regiões culturais do Madeira, Baixo-Amazonas, Solimões, Rio Negro, representantes da Secretaria de Estado dos Povos Indígenas e da própria Coordenação das Organizações Indígenas da Amazônia Brasileira.      
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quarta-feira, 23 de outubro de 2013

MORAR EM UMA CASA FLUTUANTE: PONTOS POSITIVOS, NEGATIVOS E SAUDADES


Em Janeiro de 2011, fiz uma postagem com o título CIDADE FLUTUANTE DE MANAUS, o Daniel, um dos leitores do BLOGDOROCHA fez o seguinte comentário: “Olá prezado Rocha, seria interessante você fazer uma postagem contando um pouco sobre como é viver num flutuante. Os pontos positivos, negativos, do que você sente saudades, etc. Acho muito interessante essa peculiaridade da região norte. Abraços” – atendendo ao nosso amigo, irei citar apenas alguns pontos:

Pontos Negativos:

Éramos discriminados pelos moradores que moravam na parte de cima da Rua Igarapé de Manaus, pois se achavam superiores aos pobres moradores de flutuantes. As famílias das ruas Huascar de Figueiredo e Lauro Cavalcante, com a grande maioria pertencente à classe média, com belíssimas residências, tinham preconceitos ainda maiores – algumas falavam que morávamos no “bodozal”.

Na enchente, os moradores e animais ficavam “ilhados”, com acesso a terra somente por uma pequena tábua, onde os pequenos e os mais idosos sofriam muito para passar, com risco de queda dentro de rio. Com a água batendo seis meses, havia o apodrecimento mais rápido das toras de sustentação das casas. As crianças que não sabiam nadar eram vigiadas 24 horas por dia, pois corriam risco de afogamentos - sofriam também com o ataque de animais peçonhentos, cobras, jacarés.

Na vazante, os moradores levaram alguns meses para limpar toda a área, pois ficavam muitos lixos (garrafas quebradas, latas enferrujadas, tábuas com pregos, etc.).

Para os moradores que não possuíam luz e água encanada, o sufoco era total, pois tinham que recorrer a lamparinas, candeeiros e lampiões, não podiam ter nenhum aparelho eletrodoméstico em casa – na vazante, os banhos eram feitos em cacimbas ou camburões de metal, com água de beber sendo filtradas em potes, bilhas e filtros de barro.

Os riscos de acidentes eram maiores, com perfurações de pregos e vidros, muitas verminoses nas crianças e com frequentes frieiras nos pés (o famoso mijacão) – os incêndios ocorriam com maior incidência, pois os flutuantes eram construídos de madeira e a cobertura, na grande sua grande maioria, eram de palhas.

Pontos Positivos:

Uma das grandes vantagens, era caso o caboco tivesse algum problema sério com o seu vizinho, bastava pegar o machado e, detonar a corda principal que amarava o flutuante a beira rio, colocar num “barco regional”, pedir para ser puxado e, morar no outro lado do rio. Fácil, não!

Na enchente, o balneário ficava na nossa janela, bastava pular dentro do rio e tomar banho nas águas límpidas daquele tempo bom, não havia poluição, a não ser um “toletão” que vez e outra passava ao largo.

Os barcos regionais ancoravam nos flutuantes, oferecendo a preços mais acessíveis peixes, tábuas, leites e queijos – os passeios pela orla do Rio Negro eram facilitados. Os flutuantes serviam de base para muitos pescadores amadores, era o momento em que os moradores da parte de cima, pediam favor para passar e, respeitavam os moradores da parte de baixo.

Quando o rio secava, os moradores se reuniam e faziam campos de futebol, tendo prioridade para formar equipes e jogar, pois eram os donos da bola, os moradores da parte de cima tinham que pedir para jogar – os campos serviam também para inúmeras brincadeiras infantis, além de ser palco para muita porrada entre a molecada de baixo contra a de cima.

Por morarmos em contato direto com a natureza, dentro do rio, acompanhando todo o processo de enchentes e vazantes, a cobocada tinha mais anticorpos, eram poucas vulneráveis as doenças que acometiam normalmente as crianças “filhinhos de papai” que não pisavam de jeito nenhum num bosteiro.

Saudades:

Sinto saudades de todos os meus colegas de infância do Igarapé de Manaus; das águas do Rio Negro que entravam no nosso igarapé; dos banhos e dos pulos dentro d água da Primeira Ponte; dos meus vizinhos (Pátria, Cleia  Franklin, Neno, Nega e Wanda); da lamparina, do candeeiro e do aladim; do café torrado e pilado que tomávamos no nosso flutuante; das peladas nos campos de futebol de várzea; do nosso querido e amado flutuante; da minha família que morava lá, principalmente dos que já foram para o andar de cima, a minha avó Lídia, do meu pai Rocha e da minha mãe Nely. É isso ai.

MERCADO ADOLPHO LISBOA





O Mercado Municipal Adolpho Lisboa, um dos mais importantes centros de comercialização de produtos regionais em Manaus, foi construído no período áureo da borracha. Por ser um dos mais importantes exemplares da arquitetura de ferro e, não tendo similar em todo mundo, foi tombado em 1º de julho de 1987 pelo Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (IPHAN).

Antes da existência do mercado funcionava no local, a Ribeira dos Comestíveis para comercializar produtos vindos do interior do Amazonas. A ribeira supria as necessidades da cidade, mas, com o início do ciclo da borracha,Manaus sofreu um intenso processo de migração, aumentando a demanda de produtos. Desta forma, os governantes da época perceberam a necessidade de construir um Mercado Público.

Foi assim, que em 1880, começou a montagem do Mercado. Os pavilhões de ferro foram importados da Europa. Com duas fachadas totalmente distintas, uma de frente para o rio Negro e outra para a Rua dos Barés. O conjunto foi construído com quatro pavilhões: o principal, central e maior; dois laterais (de peixe e carne) e o “Pavilhão das Tartarugas”.

O corpo central do edifício é vazado por um portão, cuja bandeira ocupa quase a metade do segundo pavimento. No térreo, esse portão é ladeado por duas janelas de vergas retas coroadas com frontões triangulares, e no segundo pavimento há dois pares de janelas geminadas.

Sobre a bandeira do portão principal, existe uma cartela cravada com o nome Adolpho Lisboa que, na época da construção da fachada, era prefeito da cidade de Manaus. Posteriormente Lisboa deu o nome ao mercado.

A construção do mercado ficou a cargo da firma "Bakus & Brisbin", de Belém, com pavilhões construídos em estrutura de ferro, pela firma "Francisc Norton, Engineers, Liverpool".

Sua inauguração se deu em 1883. Dessa época é datado o edifício principal. Trata-se de um galpão de aproximadamente 45 metros de comprimento, e 42 de largura, construído em estrutura de ferro. A estrutura é sustentada por 28 colunas, sendo os parapeitos onde estas se apoiam, e as duas salas laterais, em alvenaria de pedra e tijolo. Seu calçamento é de laje de cantaria, de forma retangular, e sua rua central é calçada em paralelepípedos.

As salas laterais possuem vinte "boxes", separados entre si, por grades de ferro, possuindo, cada um, balcões de madeira, com tampo em mármore. Em 1890 foram construídos dois outros pavilhões (galpões) laterais de igual tamanho, também com estrutura de ferro e cobertura de zinco. Os "novos" pavilhões possuem 360 m2 de área útil. Sua estrutura é formada por beirais abertos, encimados pior arcos de ferro, os quais são sustentados por colunas, também em ferro. Nas duas fachadas principais, fechando os arcos, há gradis de ferro com ornatos decorados, acompanhados por vidros coloridos.

Pavilhão posterior foi construído em 1908

Por volta de 1908, foi construído o pavilhão posterior para a comercialização, na época, de tartarugas, o qual possuía iluminação à querosene. Tal pavilhão teve a estrutura em ferro construída pela companhia "Walter Macfarlane, Glasgow". Seu formato difere dos outros, sendo este totalmente fechado, possuindo cobertura em quatro águas e feita com chapas onduladas.

A construção possui venezianas em todo o seu contorno, tendo oito entradas de acesso (uma em cada fachada principal, e três em cada lateral). Possui frontões formados por gradis ornados em ferro, e vidros coloridos. Ladeando esse pavilhão existem dois menores, de forma octogonal, possuindo também venezianas laterais em seu contorno e janelas em vidro (acima das venezianas).

Todas as janelas possuem gradis de ferro decorados por motivos florais.

Atualmente o mercado passa por reforma das áreas deterioradas pelo tempo ou descaracterizadas por reformas anteriores.

terça-feira, 22 de outubro de 2013

JORNAL DO COMMERCIO DE MANAUS

Dia 24, quinta-feira, não perca a edição especial do Jornal do Commercio.
A caixa contém o jornal impresso, um DVD com vídeo documentário, fotos antigas, história dos 63 bairros e da região metropolitana, fotos das praças do centro da cidade e uma caneta.
Preço da caixa: R$ 5,00

Em 04 de janeiro de 2014 - JC, 110 anos.

BLOGDOROCHA: JORNAL DO COMMERCIO DE MANAUS: Este é um jornal centenário, foi fundado por inspiração do J. Rocha dos Santos (nome dado a uma Rua de Manaus), no dia 02 de Janeiro de 1904...

domingo, 20 de outubro de 2013

UM JEITO MANAUARA DE SER

Hoje é domingo na Vila de São José da Barra (antiga Manaus), acordei com uma vontade danada de comer um Jaraqui frito com baião de dois, peguei o busão e fui “lá pelas bandas do Mercadão” – comprei uma “enfiada” com seis “jaracas” dos “parrudos” – o peixeiro pegou uma peixeira amolada “no balde”, tirou o bucho do bicho e ticou numa agilidade impressionante.

Para acompanhar, comprei farinha do “Aurini” (tipo ova), limões, tomates, cebolas, cabeça de alho, pimenta do reino, pimentões e pimenta “Murupi” com “Tucupi” – tudo no jeito para “forrar a pança”.

O Jaraqui tem um nome complicado, conhecido no meio científico como “Semaprochilodus”, para os meus manos caboclos é apelidado simplesmente por “Jaraca”!Por ser o peixe mais abundante e barato no Estado do Amazonas, o mais abastados falavam tempos atrás que era comida somente de pobre! Puro preconceito! Alguns deles comiam Jaraqui e arrotavam Bacalhau!

Segui a risca as dicas do “Chef Jokka”: lavei bem os peixes, temperei por dentro e por fora com suco de limão, alho, sal e pimenta do reino e, deixei tomar gosto por 30 minutos, depois, escorri bem os peixes, passei farinha de trigo e fritei no óleo quente.

O coitado do nosso Jaraqui foi discriminado durante longos anos – por ter um preço acessível aos pobres, não davam o devido valor – comer jaraqui “nem com nojo”! O tempo passou e, os cientistas chegaram a conclusão que o nosso “jaraca” possui muito mais Omega 3 do que o Salmão – a partir daí, ele passou a frequentar as  cozinhas dos bacanas – ficou chique o nosso cabocão!

Pois é, a Organização Mundial de Saúde (OMS) recomenda o consumo de 12 quilos por habitante/ano, essa marca é bem maior no Estado do Amazonas. Eu como peixes desde quando eu era  um “curumim”, atualmente, estou deixando de comer “carne vermelha” e substituindo por peixes e frango.

Comer peixes, principalmente o Jaraqui é tudo de bom: fácil digestão, aumenta a produção de anticorpos, a coagulação do sangue, no controle da taxa de colesterol, muito rico em nutrientes e sais minerais, a sua gordura é insaturada, não prejudicial a saúde, além de conter o ômega 3.


Outra coisa, tempo atrás os supermercados de Manaus não tinham espaços para venda de peixes, atualmente, tudo mudou, a negada faz fila para comprar peixe tratado – os jovens começaram a curtir a moda dos “sashimis”, aumentando também o consumo de peixes, com a jaraca indo a reboque.

Pois é, quem chega por essas plagas "Comeu Jaraqui, não sai mais daqui, nem com nojo". É isso ai.

Foto: Rocha

quinta-feira, 17 de outubro de 2013

DR. COMTE TELLES, O MÉDICO DOS POBRES DE MANAUS


No dia 18 de Outubro comemora-se o “Dia dos Médicos”, em decorrência de ser o dia consagrado pela igreja a “São Lucas”, um dos quatro evangelistas do Novo Testamento – ele era médico e foi martirizado, vítima da perseguição dos romanos ao catolicismo.

Para homenagear a classe médica, nada mais justo do que lembrar a figura do Dr. Comte Telles, um médico que atendia tanto a família rica, quanto à pobre, ele fazia questão de ir à casa do paciente, não se importando com o horário, podia ser de dia ou altas horas da madrugada, com chuva ou com sol, se a consulta ir ser paga na hora ou depois, na maioria das vezes, não cobrava nada dos pobres e, ainda fornecia os remédios gratuitamente.

Ele morava numa imensa casa que ficava na Rua Huascar de Figueiredo (próximo ao Igarapé de Manaus), centro antigo de Manaus, onde funcionava também o seu consultório particular – nessa rua, moravam naquela época, o governador Plínio Coelho, o Senador Jefferson Peres, o Comendador José Cruz (dono do guaraná Magistral) e o Mestre Luthier Rochinha (nos porões do solar da família Bringel).

Os antepassados da família Telles vêm de Portugal, dessa forma, o Dr. Comte Telles carregava os traços de um europeu, com a cor branca, cabelos lisos, nariz afilado e olhos claros – ele era baixinho, cabelo sempre cortado no estilo militar, não largava de forma alguma um charuto cubano, andava sempre a pé, levando a sua maletinha preta, onde continham os instrumentos médicos e remédios  “amostra grátis” para doação aos seus pacientes carentes – ele era um homem de poucas palavras, mas, tinha uma vocação extrema para ajudar aos pobres de Manaus.

Tinha uma prole numerosa, fazia questão que todos os filhos e netos morassem próximos a ele e sua esposa, tanto que mandou fazer mais duas imensas casas ao lado da sua, tudo para abrigar os seus familiares.

Um dos filhos queridinho do Dr. Comte, era o Roberto Telles, um menino doente, sofria de epilepsia, mas, levava uma “vida normal” entre a molecada de rua, fui seu vizinho e aprontávamos muito.

Com o surgimento de novos remédios, a doença do Roberto foi estabilizada, casou e construiu família - sempre o encontro passeando pelas ruas de Manaus e batemos longos papos. Sou amigo também de alguns netos do Dr. Comte, em especial, do Hugo e Zezinho Telles. Ele é também pai do famoso médico otorrinolaringologista, o Dr. Renato Telles de Souza.


Não conheço nenhum hospital com o nome deste grande médico amazonense (dizem que existe uma policlínica com o nome dele no bairro de São José III).

O governo do Amazonas, na inauguração da Policlínica da Getúlio Vargas, homenageou o governador Gilberto Mestrinho, esquecendo o médico Dr. Comte Teles – na minha humilde opinião, todas as clínicas e hospitais devem ter o nome dos mais nobres profissionais da área médica e não de políticos e seus familiares.

Viva a São Lucas, o Dia do Médico e Dr. Comte Telles! Viva! É isso ai. 

terça-feira, 15 de outubro de 2013

AO MESTRE COM CARINHO


Hoje, 15 de Novembro, dia comemorativo do “lente”, professor e mestre, aquele que no mesmo dia e mês do ano de 1827, o D. Pedro I, editou um Decreto Imperial criando o ensino elementar em nosso país, bem como, no mesmo dia e mês de 1963, o presidente da República, o João Goulart, institui o “Dia do Professor”, através do Decreto Federal no. 52.682 – nada mais justo que, nesta data, fazer uma homenagem aos meus mestres, com todo o carinho do mundo.

Professora Genoveva – uma portuguesa de olhos azuis, morava na esquina das Ruas 24 de Maio e Costa Azevedo, professora de “primeiras letras” no Colégio Barão do Rio Branco, na Avenida Joaquim Nabuco – foi ela que me ensinou a ler e escrever;

Professor Alonso – morador da Rua Marçal (entre a Rua Costa Azevedo e Avenida Getúlio Vargas), ele foi uns dos melhores professores da língua portuguesa em Manaus, lecionou  durante anos no Colégio Benjamin Constant;

Professor Garcytilzo de Lago e Silva – fui seu aluno no Instituto de Educação do Amazonas, a sua sala de aula era o laboratório do colégio, depois, foi lecionar na UFAM e no ICBEU;

Professor Jefferson Peres – fui seu aluno na disciplina de Economia Brasileira, porém, não consegui absorver muito os seus ensinamentos e, fui reprovado, mas, não guardei mágoas, tanto que estou lembrando ele neste momento;

Professor José Seráfico – um dos mais brilhantes professores da Faculdade de Estudos Sociais (Administração de Empresas) da nossa querida Universidade Federal do Amazonas – a base da minha formação profissional devo a ele.


Parabéns aos professores pelo seu dia, em especial, aos meus mestres, com carinho. É isso ai.

segunda-feira, 14 de outubro de 2013

O NOSSO FRANCÊS DE CADA DIA


Êpa, para ai! Não é o que vocês estão pensando! Estou me referindo ao pão, consumido todo dia, sendo o tipo francês a preferência dos brasileiros e, esse alimento diário, não possui outro que o substitua – pode inventar tapioca, cuscuz, bolachas, biscoitos e o que o caboco quiser, sem o nosso pão francês não dá para passar sem ele.
Existe uma infinidade de pães, sendo os mais conhecidos o árabe, de forma, de alho, integral, de queijo, de centeio, doce e de milho. Mas, por que o “pão francês” vingou? Tudo remete a cultura dos brasileiros em sempre valorizar e gostar do que vem de fora.
É isso mesmo, tudo começou no início do século XX quando os brasileiros da próspera burguesia voltavam de temporada de estudos em Paris e, pediam para reproduzir a receita do pão de lá, com o miolo branco e casca dourada, um precursor do baguete - naquele tempo, o mais consumido no Brasil era o do tipo italiano, com miolo e casca escuros.
Na realidade, surgiu na terra tupiniquim o “pão francês brasileiro”, diferente um pouco do europeu, levando um pouco mais de açúcar e gordura em sua composição, recebendo vários apelidos pelo Brasil afora: pãozinho (São Paulo), pão massa grosa (Maranhão), cacetinho (Rio Grande do Sul e Bahia), pão careca (Pará), média (Baixada Santista), pão Jacó (Sergipe), pão aguado (Paraíba), pão carioquinha (Ceará).
Aqui, em Manaus, não possui apelido - sendo o pão de “meio quilo” dominado por muito tempo, depois, foi substituído pelo baquete e, finalmente, pelo nosso “pão francês” de todos os dias.
Falar em pão de antigamente, vem logo à lembrança os portugueses e as padarias - esses estabelecimentos da nossa antiga Manaus, sem exceção, eram tocados por lusitanos e seus descendentes - sabemos que o termo vem do latim “pada = panata, de pane, pão pequeno” e “aria = atividade de”, ou seja, local em que se dedicavam a fabricar e vender pães, bolachas e biscoitos.

O periódico “Amazônia Jornal”, um bi mensário de propriedade do Sr. Raimundo Nonato Garcia Filho, tinha como redator o Sr. David J. Israel e, na sua edição de 9 de Fevereiro de 1948, mostra o comercial de todas as padarias que existiam naquela época.
As padarias eram as seguintes:

Fábrica Victoria – de Loyo & Cruz – situada a Avenida Eduardo Ribeira, 490 canto com a Rua Saldanha Marinho – “Neste estabelecimento tem sempre pão de todas as qualidades, biscoitos finos, bolachas e mais artigos próprios desse ramo de negócio, pelos melhores preços do mercado”;
Fábrica Francfort – de Marques Matias & Ca. Ltda. – situada a Avenida Joaquim Nabuco, 732 – “Panificação a Vapor e Biscoitaria/Fábrica de Massas e Torrefação de Café”;

Padaria Amazonense – de Simões & Cia. – situada a Rua Marques de Santa Cruz, 271 – “Com Amassadeira mecânica movida à eletricidade – Panificação e Estivas/Fábrica de massas Alimentícias – Doces de chocolates e seco/Bolachas de Leite, Água e Sal/Café moído e artigos de mercearia”;

Fábrica Brasil – de Simões & Cia. – situada a Rua Barão de São Domingos, 61, - “Panificação e Biscoitaria/Moagem de trigo, arroz e outros cereais pelo sistema europeu/Doces de chocolate/Bolacha Maria e Água e Sal/Rosca comum e a Barão”;

Fábrica Portuense – de Lopes, Santos & Esteves – situada a Avenida Joaquim Nabuco, 424 – “Pão, Bolachas, Biscoitos e Massas Alimentícias”;

Fábrica Aurora – de Pinho Couto & Arteiro – situada a Rua dos Andradas, 62 – “Panificação, Massas Alimentícias e Torração de Café”;

Fábrica Modelo – de J. Barbosa Grosso – situada a Avenida Joaquim Nabuco, 554 e José Paranaguá, 345 – “Mercearia, Padaria e Confeitaria - Estivas por grosso e a retalho, fabricação e depósito de roscas e bolachas para o interior e aviamentos, especialista em pães e massas alimentícias”;

Fábrica Progresso – de Nogueira Irmãos & Cia. Ltda. – situada a Rua da Instalação, 121 – “Fabricação de massas alimentícias extrafinas, biscoitos, torrefação de café e refinação de açúcar, artigos de mercearia, chocolates e bombons finos, importação direta”.

Desde aquela época, já havia uma preocupação muito grande com o custo das matérias-primas, principalmente do trigo, com os panificadores sempre solicitando juntos aos poderes públicos uma majoração no quilo do pão (preço tabelado), apesar da gritaria dos consumidores.

Das citadas, apenas a Padaria Modelo continua operando - os descendentes dos donos da Padaria Amazonense e Fábrica Brasil construíram um império chamado “Grupo Simões”, com vários segmentos, mas, nada voltado para as padarias dos seus ancestrais.

Na minha infância, tive a oportunidade de comprar pães e bolachas nas padarias Francfort e Modelo e, na adolescência, na Pátria e Mimi – atualmente, existem mais de mil padarias em Manaus, eles vendem de tudo, são lanchonetes e, até restaurantes, com uma variedade enorme de pães, mas, todos com produtos químicos prejudiciais a nossa saúde e, nada mais lembra os portugueses e das antigas padarias de Manaus.

Voltando ao presente - existe uma portaria do INMETRO, determinando, desde o ano de 2006 que, o pão francês deve ser vendido no território brasileiro somente por peso, com o preço liberado, variando em Manaus, de cinco a onze e cinqüenta reais o quilo, uma diferença de até 140%, mesmo sendo desonerado e livre do pagamento de impostos federais, pois faz parte da “Cesta Básica”, conforme determinação da Presidente Dilma Rousseff, em 08/03/2013.

Não faz parte da cultura dos brasileiros em acompanhar os preços dos produtos que consumem, mas, no caso particular do pão francês, fiz uma pesquisa e, encontrei no bairro onde moro, o quilo sendo vendido a R$ 5,50, enquanto numa famosa padaria da Avenida Joaquim Nabuco (próximo ao antigo Cine Popular), ele é vendido a R$ 10,00, quase o dobro do valor - além do mais, a padaria dos bacanas perde em sabor, consistência e tudo o mais da localizada na Cidade Nova II. É isso ai.

quarta-feira, 9 de outubro de 2013

A CASA DO TRABALHADOR DO AMAZONAS (CTA)


Quem passa pela Rua Marcílio Dias, no centro histórico de Manaus, em direção ao antigo Hotel Amazonas, depara-se com o prédio de numero 256 e, ver uma placa com o nome “CASA DO TRABALHADOR” - muitas pessoas não sabem, mas, aquele lugar foi palco de luta pela consolidação da classe operária do Estado do Amazonas.  

A CTA possui como lema “PAZ, TRABALHO, PÃO E LIBERDADE” – fazendo jus aos trabalhos desenvolvidos pelos nossos antepassados irmãos amazonenses, na luta pela libertação do trabalho escravo, ocorrida em nosso Estado em 10 de Julho de 1884 e, pela revolta da classe operária, em 1930, onde surgiram os primeiros movimentos reivindicatórios, com os esboços da sindicalização e organização das “Associações Profissionais”.

Naquele ano de revolta, os primeiros sindicatos foram reconhecidos pelo Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, embora recebidos com má vontade pela classe patronal. Em 1943, o Delegado Regional do Ministério do Trabalho, ativou a campanha sindical e, removeu os obstáculos que se opunham a boa marcha do movimento sindicalista.

Nessa altura, o Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas do Amazonas, fizeram uma reunião em sua sede, situada a Avenida Sete de Setembro (em frente ao Palácio Rio Negro), onde foi lançada a ideia da fundação da “CASA DO TRABALHADOR DO AMAZONAS”, onde se reunissem todas as classes proletárias, para uma melhor compreensão entre eles e, para uma maior força nas conquistas de suas reivindicações.

O então Interventor Álvaro Botelho Maia, reconheceu os anseios da classe trabalhadora de sua terra, veio em auxílio destes, concedendo-lhes a título precário (não definitivo, com direito a reavê-lo, sem indenização), através do Decreto-Lei no. 1.251, de 24 de Junho de 1944 o “palacete” onde fora a sede da “União Sportiva Portugueza”.



No portão de ferro, na entrada principal desse prédio, consta o ano de 1885, com as iniciais “J A F”, deve ter sido a residência de algum barão da borracha – lá existe uma placa de mármore, onde consta o seguinte: “1953 – 1954 – Escola de Alfabetização de Adultos Des. Arthur Virgílio do Carmo Ribeiro – homenagem da Casa do Trabalhador” – este senhor é o saudoso avô do diplomata Arthur Virgílio Neto e atual Prefeito de Manaus.

Depois de quatro anos de muitas lutas, a CTA foi instalada através do Decreto Legislativo no. 406, de 26 de Julho de 1949, sancionado pelo Governador do Estado, o Dr. Leopoldo Amorim da Silva Neves.

Foram feitas obras de ampliação, aumentando o edifício com dois corpos laterais, triplicando a sua capacidade, dando mais liberdade e autonomia as reuniões dos diversos sindicatos ali sediados.

Inicialmente, funcionaram ali os seguintes sindicatos e associação de classes: Sindicatos dos Trabalhadores nas Indústrias Gráficas de Manaus; de Serviços Portuários; de Carris Urbano; dos Estivadores; nas Indústrias de Artefatos de Borracha de Manaus; de Calçados; Metalúrgicas, Mecânicas e Material Elétrico; Oficiais Marceneiros - Associação Profissional dos Odontologistas; Sociedade Amazonense de Gazeteiros; Sociedade Beneficente dos Magarefes e Talhadores de Manaus – ficavam alojados em três amplos salões: “Presidente Vargas”, “Presidente Dutra” e “Cinco de Setembro”.

O meu saúdo pai, o luthier José Rocha Martins, foi um membro atuante do Sindicato dos Trabalhadores Oficiais Marceneiros do Amazonas – ouvi por parte dele muitas histórias das lutas trabalhistas daquela época.

No prédio foi construído também um pavilhão com dois andares, sendo na parte de cima servida como moradia do zelador do prédio e na parte debaixo, funcionavam os estúdios dos serviços de alto falantes “A Voz do Trabalhador”.

A “CASA DO TRABALHADOR” contava com programas de assistência social, dentária, médica (com ambulatórios e farmácia) e jurídicas - além de assistência cultural e sócio-recreativa aos associados e trabalhadores em geral.


Em 1950, foram agraciados pelos relevantes serviços prestados ao engrandecimento da C.A.T. as seguintes pessoas:

EDMUNDO FERNANDES LEVY – Delegado Regional do Ministério do Trabalho, amigo incondicional do trabalhador do Amazonas;

JAMACY BENTES DE SOUZA – gráfico competentíssimo, presidente do Sindicato de sua classe, foi o idealizador da criação da CASA DO TRABALHADOR DO AMAZONAS, tornou-se um dos maiores líderes trabalhistas do Amazonas e, foi por diversas vezes escolhido para representar o Estado do Amazonas e seus colegas trabalhadores em Conclaves trabalhistas na Capital da República (Rio de Janeiro);

SERAFIM AUGUSTO DE ANDRADE -  Secretário da C.A.T. e Presidente do Sindicato dos Taifeiros, Culinários e Panificadores em Transportes Fluviais do Amazonas – um homem dedicado ao trabalho, calejado nas árduas lides de bordo, conhecedor da “hinterland” amazônico;

FRANCISCO CAETANO DE ANDRADE – um homem considerado probo e honesto, ao qual foram entreves os haveres da CAT, na qualidade de Tesoureiro – trabalhador da empresa J. G. Araújo.

Segundos os jornais da época “Esse quatro homens, verdadeiros idealistas que forma um todo harmonioso, são as maiores figuras do desenvolvimento trabalhista no Amazonas, cujos nomes jamais serão olvidados pelo proletariado amazonense e pelos seus descendentes”.

No ano passado, passei por lá para dois encontros:


Tive a imensa satisfação em contribuir com os meus serviços para o Sindicato dos Trabalhadores Rurais do Careiro da Várzea, Manaus e Iranduba, no comando da Presidente Maria Lucinete Nicácio, uma senhora que trabalha a terra e, que possui voz ativa, respeitada até em Brasília. Contribui com a elaboração e alteração dos Estatutos e regularização juntos as repartições públicas das Associações ACNA e ARCA, presididas, respectivamente, pelo Perivaldo e Dona Rita Belém, das comunidades do “Pau Rosa” da Estrada BR-174.

Participei também de uma “Feijoada”, com os meus amigos Ademir Ramos e Paulo Onofre, coordenadores do “Projeto Jaraqui” (um movimento popular, realizado todos os sábados na Rotunda, da Praça da Polícia, que tem como bandeira a “Limpeza Ética na Política”), resolveram fazer uma feijoada, com a finalidade de arrecadar fundos para cobrir as despesas com o referido projeto.


Foi tudo do bom e do melhor, pois a feijoada estava supimpa, sendo elogiada por todos os participantes, além da música da melhor qualidade do Lúcio Bahia & Amigos (Sacy da Pareca, Sandro e Giba) – todos estavam alegres e descontraídos, com muitas pessoas se reencontrando e, lembrando-se dos velhos tempos da ditadura, onde se reuniam naquele casarão antigo, para lutar contra aquele regime autoritário.

Teve a presença do Amercy Bentes de Souza, filho do Jamacy Bentes de Souza, o idealizador da C.A.T, além do senhor José Ferreira Lima, um trabalhador que fez história naquele lugar, pois foram cinquenta anos trabalhando na CTA, sendo presidente por diversas vezes, chegando até a se aposentar na condição de Juiz Classista – o seu nome aparece numa placa de metal, datada de 1987 (o ano da reconstrução daquela sede), ele mora, atualmente, em Porto Velho e, veio a Manaus, somente para colaborar com as novas eleições que aconteceram em agosto do ano passado. 

Ouvimos atentamente os discursos descontraídos do Ademir Ramos (antropólogo e coordenador do Núcleo de Cultura Política do Amazonas), Luiz Castro (Deputado Estadual pelo PPS) e do Abel Alves (presidente do PSOL em Tefé).

O que mais me chamou a atenção foi o estado em que se encontra aquele casarão histórico - está abandonado pelo poder público, apesar dele fazer parte da história de luta da nossa classe trabalhadora, além de servir, atualmente, como abrigo para dezenas de sindicatos, federações, comissões e associações dos trabalhadores do nosso querido Estado do Amazonas.


Esse artigo é dedicado aos bravos companheiros que lutaram para a construção e implantação da CASA DO TRABALHADOR DO AMAZONAS, bem como, que sirva de alguma forma pela revitalização daquele prédio tão importante para a nossa cidade. É isso ai.  

terça-feira, 8 de outubro de 2013

O HOSPITAL BENEFICENTE PORTUGUESA PRECISA DA SUA AJUDA


Assisti, hoje, no canal Amazon Sat, uma belíssima reportagem sobre o hospital português, na qual um grupo de pessoas de boa vontade, elaboraram um projeto para a captação de recursos advindos do imposto a pagar de pessoas físicas e empresas, com base na Lei Rounet, para a revitalização daquele prédio secular.

Talvez, faltem informações, por parte da sociedade brasileira, com relação a essa lei de incentivo à cultura, mesmo ela sendo bastante simples, além dos mais, a contribuição não importará em nenhum gasto para o bolso do contribuinte. Mas, como?

Vamos lá: o contribuinte ao fazer a sua Declaração Completo do Imposto de Renda, possui a opção de doar até 6% do valor a ser pago a Receita Federal e, abater integralmente do imposto devido. Uma boa, não é?

É sim, basta fazer o seguinte procedimento:

1.   Pessoa Física: simule o seu imposto no site da Receita Federal, o percentual de 6% no item 4 (Imposto) e, você poderá doar ao Hospital Beneficente Portuguesa – o valor da doação pode ser preenchido no item 5 (Dedução de Incentivo), caso tenha imposto retido na fonte, receberá o valor doado na próxima restituição. Deposite na conta do hospital;

2.   Pessoa Jurídica: a Lei Rounet permite o limite de até 4% do imposto devido sobre o lucro real. As empresas poderão divulgar a sua marca em suas peças publicitárias – isto, com certeza, será um grande diferencial no mercado;

3.       Segundo o sitio da instituição “Devido à importância histórica e a excelência do serviço prestado pelo Hospital Beneficente, o Governo Federal, através do Ministério da Cultura, concedeu incentivo fiscal a todos os patrocinadores do Projeto de Restauro e Modernização do prédio.Qualquer pessoa pode ajudar a manter esse patrimônio e exercer sua cidadania. A contribuição ajudará a restaurar o telhado do hospital, sem ter que aguardar trâmites políticos ou burocráticos. Seja um patrocinador! Para aqueles que fizerem contribuições maiores e quiserem ter restituição do valor doado, basta solicitar à coordenação do projeto o recibo e abater 100% do valor doado do imposto de Renda devido no período. Os valores das contribuições podem ser 100 % abatidos do Imposto de Renda devido no período. Faça seu depósito e solicite o recibo à coordenação do projeto. Como fazer: Deposite qualquer valor acima de R$100,00 (cem reais) na conta abaixo, exclusiva do Projeto, vinculada ao Governo Federal: Banco do Brasil (001) Agência 3731-1 Conta Corrente 20980-5 Titular: Ligia Mayumi Funaki - coordenadora do projeto”.


História do nosso hospital português:

Foi inaugurado em 17 de dezembro de 1893, contou com a presença ilustre do governador Eduardo Ribeiro, situa-se na antiga estrada Corrêa de Miranda, atual Avenida Joaquim Nabuco, centro antigo de Manaus, o primeiro Diretor Clínico foi o Dr. Jonathas de Freitas Pedrosa, mais tarde foi governador do Amazonas. Tem como objetivo “servir não só a colônia portuguesa, mas também para todos aqueles que aqui labutam, prestando socorro aos seus associados e benefícios a pessoas estranhas à sociedade, oferecendo leitos de caridade dentro das suas disponibilidades financeiras”, conforme o sitio http://www.hospitalportuguesam.com.br/ 

Tenho uma ligação muito grande com este hospital, faz parte do meu universo deste a minha tenra idade. Era o lugar preferido pelos meus familiares e amigos para o tratamento de saúde.

O meu saudoso pai falava que foi onde ele mandou retirar o “sexto” dedo que ele tinha na mão direita, em decorrência dessa doença (polidactilia), passou muitos vexames, não funcionava aquela brincadeira de criança: mindinho, seu-vizinho, pai-de-todos, fura-bolo e cata-piolho, sobrando sempre um dedo sem apelido; odiava ser chamado de “vinte e um”. Como sabemos o sinal da cruz é feito com a mão direita, o papai sempre fazia com a mão esquerda, apesar dos olhares desabonadores das senhoras católicas, apostólicas e romanas, da Igreja Matriz do Amazonas.

Foi também neste local, que ele fez uma urgente cirurgia de hérnia inguinal (virilha) – passou anos e anos administrando o problema, chegou um momento que ela estrangulou, correu para o hospital e foi operado com urgência, com a presteza e grande profissionalismo do seu amigo e médico Dr. Arlindo Frota (pai).

O Alexandre Soares, o meu filho mais velho, ao completar um ano de idade, teve que ser operado com urgência neste hospital, com o mesmo problema do seu avô (hérnia inguinal estrangulada), o seu aniversário foi “comemorado” dentro do hospital! Depois de trinta anos, voltou para faze, novamente, a mesma cirurgia, foi operado com sucesso.

No pronto-socorro do hospital, existia um enfermeiro amigo do papai (o meu velho era conhecido norte/sul/leste/oeste de Manaus), toda a nossa família era encaminhada para lá quando o assunto era tomar injeções, submeter a pequenos curativos e sarjar (furar) tumores, não quero nem mais lembrar, o cheiro de éter ainda está no ar!

Este prédio é majestoso, a fachada principal deixa qualquer um de queixo caído, com uma mistura de estilos, pintado nas cores azul celeste e branco, são dois andares com tetos muito altos e pisos originais em madeira, para quem gosta de arquitetura da Manaus antiga é um prato cheio!

Lembro do grande artista plástico Álvaro Páscoa, era amigo do peito do papai, o dois fizeram um magnífico trabalho de recuperação da porta principal do hospital, foi um trabalho de mestre!

No local, existem inúmeras mangueiras, serviram frutos para várias gerações (inclusive a minha), toda a manhã corria bem cedo da manhã para apanhar Manga Rosa, uma beleza!


Atualmente, o hospital está em estado crítico, com goteiras em todas as partes, as janelas e portas quebradas, teto com infiltrações, inclusive, o terceiro andar está interditado – tudo isto poderá mudar! Basta você e sua empresa contribuírem! As duas primeiras a se manifestar foram a Rede Amazônica de Rádio e Televisão e a Fábrica Magistral. É isso ai.