quarta-feira, 28 de maio de 2014

EXPLORAÇÃO DOS TRABALhADORES DO PIM


O jornal "A Critica", edição de hoje, estampou a seguinte manchete: “Sobram Vagas”. Motivo: Segundo a direção do SINE-AM, os candidatos ao emprego, na sua grande maioria, não se enquadram dentro das exigências dos empresários do Distrito Industrial. Por exemplo: um jovem formado em Administração e, sem nenhuma experiência, não é aceito. Aquele que possui experiências, porém já passou dos trinta anos de idade, também não é aceito, por já ser considerado “velho”. O que eles querem: jovens talentosos, com curso superior, estando na faixa de 24 a 28 anos de idade e, com relativa experiência.

A realidade é a seguinte:

1. Jovens formados e sem experiência, representa custo com treinamentos e, somente irão dar retorno em médio prazo;

 2. Jovens com trinta anos de idade ou mais, com experiência comprovada, desejam ganhar mais e, os empresários não estão dispostos a pagar;

3. Os “felizardos” são aqueles jovens talentosos que estão com todo o pique, pois irão dar tudo de si, fazer o melhor possível, trabalhar feito um escravo e, se contentar com até dois salários mínimos.

O Karl Max já escreveu sobre isso faz muitos anos, mas, continua atual: A exploração do capitalista sobre o trabalhador!

Os empresários do Distrito Industrial ganham “de graça” grandes lotes de terra para construírem suas indústrias. Gozam de incentivos fiscais de toda ordem. Importam componentes de países asiáticos, por produzirem muito e, a um custo bem baixo, exatamente por explorarem a mão-de-obra.

Obtêm lucros fabulosos e, se alguma coisa adversa diminuir os seus ganhos, os primeiros a “pagarem o pato” são os trabalhadores, cinicamente chamado por alguns de “colaboradores”.

Para aprovação da prorrogação da ZF por mais 50 anos, está sendo feito “um esforço concentrado” de políticos, com uma “romaria” de governadores e prefeitos da região norte, levando a reboque assessores e empresários em direção a Brasília, tudo em prol da prorrogação e futura perenizarão do modelo, pois ele é bom e dar lucro, aliás, muito lucro – explorando o trabalhador é muito fácil obtê-lo!

Somente para exemplificar: Existe uma empresa sul-coreana que, vira e mexe ameaça fechar as suas fábricas do PIM e mudar para São Paulo – eles conseguem tudo o que reivindicam. Recentemente, foram autuados pelo MPT-AM por forçarem os seus “colaboradores” a trabalharem oito horas em pé na linha de produção!

A SUFRAMA não manda mais no dinheiro que é arrecadado, tudo vai para Brasília – em decorrência disso, os “sanguessugas” do erário público não fazem mais questão nem de participar do Conselho que aprova os projetos - sem dinheiro e sem poder, a autarquia não fiscalizar a contento as indústrias, permitindo essas barbaridades contra o trabalhador. É isso ai.

segunda-feira, 26 de maio de 2014

ADEMIR RAMOS - RECONHECIMENTO DAS LUTAS SOCIAIS

Ademir Ramos

A Câmara Municipal de Manaus, em cumprimento ao Projeto de Decreto Legislativo n.º 006/2014, de autoria do vereador Mário Frota (PSDB), no dia 05 de junho (quinta-feira) das 10 às 12h, no Plenário da Casa, fará homenagem ao professor Ademir Ramos, militante da Comuna Jaraqui, dos Movimentos Sociais, acadêmico da Universidade Federal do Amazonas, um dos fundadores do Movimento dos Professores do Estado, bem como do Movimento Indígena e das Comunidades de Base numa perspectiva das lutas sociais e pela afirmação da Democracia no Brasil.

A Medalha de Ouro Cidade de Manaus que será outorgada ao professor Ademir Ramos é concedida a todo cidadão que tenha prestado relevantes serviços à comunidade, por pelo menos dez anos.

Os organizadores do evento querem transformar o ato numa expressão do movimento social, articulando cultura popular e políticas públicas de qualidade.

A mobilização se intensifica fazendo valer a vontade da maioria.


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Aproveito a oportunidade, para parabenizar ao Professor Aldemir Ramos, pela sua postura ética e combativa, líder dos movimentos sociais de preservação do meio ambiente e de combate a corrupção. O nosso país e, principalmente, a cidade de Manaus, necessita de pessoas do quilate do Aldemir Ramos. Quiçá um dia, teremos ele na tribuna do nosso legislativo, seria uma outra história! José Rocha   

domingo, 25 de maio de 2014

PRESENTES DA COCA-COLA DO BRASIL PARA O BLOGDOROCHA


Desde o ano passado que a Diretoria de Marketing da Coca-Cola do Brasil vem mantendo contando comigo e, me mandando presentes – ontem, recebi essa miniatura da TAÇA DA FIFA.

Na realidade, eles não me conhecem pessoalmente, nem tão pouco possuo contrato publicitário – o presente não foi mim, mas para o BLOGDOROCHA, na qual sou editor – talvez por dois motivos principais: por de ser de Manaus, uma das sedes da Copa do Mundo e, pelo blog ser visitado mensalmente por uma média de 14 mil pessoas, dessa forma, compartilho com todos vocês esse presente!

O teor da carta foi o seguinte:

Rio de Janeiro, 05 de maio de 2014-05-25

Olá!

A Coca-Cola tem orgulho de ser patrocinador oficial da Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014 e de promover o Tour da Taça do Mundo por 90 países, percorrendo mais de 150 mil quilômetros. E pela primeira vez na história o maior ícone do futebol mundial irá a todas as capitais de um país sede em uma viagem de 41 dias. Tudo para que esta edição seja a mais inesquecível.

Por isso, você está recebendo um presente especial, reservado a poucos. Trata-se de uma réplica em miniatura da Taça FIFA, maior objeto de desejo entre as seleções participantes desde 1974.

Esperamos que você goste!

Victor Bicca, Diretor de Assuntos Governamentais, Comunicação e Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil para a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014.
Luiz Felipe Schmidt, Gerente de Assuntos Governamentais, Comunicação e Sustentabilidade da Coca-Cola Brasil para a Copa do Mundo da FIFA Brasil 2014.

Merece o registro! Muito obrigado pela presente! É isso ai.

Resposta da Coca-Cola do Brasil:

Olá Jose, tudo bem?

Fiquei muito feliz que tenha gostado!

E o que disse no blog tem razão, a Coca-Cola esta desde a Copa das Confederações falando com blogs de comunidade, vida ativa e reciclagem das cidades sedes e o seu blog foi identificado por falar de Manaus.

Muito obrigada pelo carinho e até mais!

abraço,


Sheila Zanesco
Supervisor Atendimento
Ogilvy Public Relations

sexta-feira, 23 de maio de 2014

O MURALISTA

 O Muralista é um termo conhecido no meio da “Politicalha”, como aquele que “fica em cima do muro”, descendo no momento certo, na hora exata e, declarando “o seu apoio” aquele que vai concorrer ao cargo de governador, quando tiver “cem por cento” de certeza que vai ganhar as eleições, pois ele não possui a menor vocação para oposição, sempre foi governista desde criancinha.

Não é um “Homem de Partido”, pois muda ao sabor dos ventos, onde o governador ou o prefeito estiver - ele vai dar um jeito de pular para ninho da situação – também não gosta da ética e da moral, principalmente, dos moralistas - não respeita pobres e desvalidos (somente nas eleições) - é um rato gordo, rouba até o dinheiro da merenda escolar das criancinhas pobres da periferia – o negócio dele é “se dar bem em quaisquer situação”.

Ele adora “mamar nas tetas do governo”; indicar amigos, parentes e aderentes para os cargos comissionados das secretarias do governo; indicar empresas para participarem e, ganharem todas, principamente as mais polpudas licitações do Estado, além de gostar de “fazer um esforço concentrado” para liberar verbas para os prefeitos do interior e, influenciar na administração desses “fantoches” para encher cada vez mais o seu cofre pessoal.

Na eleição para governador do Amazonas, em 2014, está deixando o Muralista numa situação um tanto desconfortante, pois ainda não possui a absoluta certeza quem vai ganhar – a sua estratégia é deixar para descer do muro e decidir o seu apoio, somente minutos antes do apito final, ou seja, no dia da Convenção do seu Partido, quando irá as rádios, TVs e jornais, declarar se segue a cartilha dos seus confrades ou contraria a tudo e a todos, para o seu próprio bem, é claro!

Ele estava sentado em cima do muro, conversando com outro muralista, mal ele sabia que um microfone da Rádio Cipó tinha captado tudo:

- Mano, que situação escrota é essa que estamos passando, já imaginou se apoio o Dudu, o preferido nas pesquisas e, ele perde para o Professor! Se isso acontecer, estarei na letra Efe! Caso contrário, eu apoie o Zé e, ele perder, mesmo estando com  a caneta e a máquina do Estado nas mãos, o Cadeirudo vai me chamar de“Traíra”, ai o bicho vai pegar para o meu lado, pois ficarei quatro ou oito anos sem nenhum peitinho para chupar no governo dele!

É, mano velho, a situação do Muralista não está nada tranquila – ele está correndo da sala para a cozinha e vice versa - gastando uma grana com pesquisas eleitorais; não consegue dormir direito, pois passa o dia e a noite toda em reuniões, além de ler todos os jornais e assistir a todos os programas de televisão, tudo para ter a certeza de quem vai ganhar essa e, decidir o seu apoio!

Mas, afinal, quem é esse Muralista? É fácil, basta acompanhar as entrevistas dele, sempre está desviando das perguntas diretas. As respostas são sempre vagas: Não sei/Pode ser/Ainda não decidi/O Partido ainda não decidiu/Vou esperar mais um pouco/Estou analisando o cenário político/ – aliás, existe muitos, basta observar o comportamento atual deles! É isso ai.

SECOS & MOLHADOS

EMPURRANDO MOTOR - Em 2010, houve uma grande seca do Rio Negro e, fui passar um final de semana na Comunidade de Paricatuba, em Iranduba. No domingo bem cedo da manhã, saí em companhia do Paulo Malulengo e do seu filho mais velho, o Simão (ele mora atualmente em Portugal), fizemos uma longa caminhada pelas imensas praias que apareceram em decorrência do fenômeno da natureza – o nosso objetivo era chegar até o “Lago do Mudo”, um local bem afastado, onde foi possível encontrar dezenas de peças arqueológicas (fragmentos de cerâmicas indígenas de milhares de anos). Depois de termos enchidos duas grandes sacolas, ficamos no compasso de espera de uma carona – ao longe ouvimos o barulho de um pequeno motor regional, o Paulão falou; - Pode ser o “Motor do Gelo”, será uma carona certeira. Dito e feito. O dono da embarcação parou, lavamos os pés e, entramos, rumo a Praia de Paricatuba. Logo em seguida, o barco encalhou e, o Comandante gritou: - Desce todo mundo e, empurrem para desatolar o bicho! O Paulo falou: - Rochinha, o lance é não levantar os pés, pois aqui tem Arraia que não é brincadeira! Pensei: Santo Deus, já empurrei Kombi, Brasília, Chevette e até Fusca, mas, empurrar barco é a primeira vez! E ainda posso ser ferrado por uma Arraia, caracas! Depois de muito sufoco e medo, o barco desencalhou, foi um alivio total. Paramos em Paricatuba e, horas depois, apareceu o Barco Consciência, para irmos até a Cachoeirinha de Paricatuca, pensei: - Barco regional, Rio Negro seco, Arraia dando na cara que nem papeira, encalhar e empurrar Motor novamente. Tô fora, mermão! Eu, hein

ESTUDOS – Já estudei “Prá Burro”! Desde a Alfabetização até a Faculdade, sem contar os anos de preparação para o Vestibular e outros tantos anos para Concurso Público e, ainda continuo estudando. Alguns conseguem ganhar dinheiro com os estudos, outros tantos, nem tanto! Tenho um eterno cunhado, o Marcelo, ele sabe somente escrever o nome, digitar a senha no Banco e contar a grana no final do mês – ele é Gari da Prefeitura de Manaus e, ganha o dobro do que recebe a minha nora, a Vanessa – ela é formada em Ciências Contábeis, com Pós-Graduação!

A SENHA - Cara, esse “Gerenciador de Dispositivos Android”, da Google, funciona mesmo! Depois de tanto procurar o meu telefone celular e, nada de encontrá-lo, resolvi fazer um teste nesse programa – pedi para tocar o celular, mandei bloqueá-lo, incluindo nova senha, além de colocar uma mensagem no tela: “Este celular estar sendo monitorado”. Depois de alguns minutos, ele tocou e, comecei a procurá-lo dentro de casa, ao encontrá-lo o bicho pegou: tinha esquecido a nova senha. E agora, José? Vou tentar uma simpatia para lembrar!

PADRÃO FIFA - Dizem que para o turista conhecer de imediato a cultura de uma cidade, deve ir a três lugares: Mercado, Igreja e, a Zona (baixo meretrício)! Pois bem, o nosso Mercado Adolpho Lisboa, o Mercadão para os manauaras, está sendo mais visitado que o Teatro Amazonas. As Igrejas de São Sebastião e a de Nossa Senhora da Conceição (Matriz) continuam sendo muito visitadas pelos turistas, pelo seu valor histórico. Quando a dita “Zona”, situada a Rua dos Prazeres, digo, Rua Lobo D´Almada, as Prefeitura bateu pesado nos “inferninhos”, fechando diversas vezes a “Catedral do Prazer”, a Boate Remulo´s – o dono teve uma grande sacada: passou atender pela Avenida Epaminondas, onde existia um Hotel, utilizando um novo CNPJ e Alvará “ - ele simplesmente quebrou as paredes do fundo e, a negada tem acesso a “Zona” numa boa – com tudo “Padrão FIFA”: Garotas bilíngues e com carteira de vacinação e exames em dias!

VIAGRA & LUPAS - O Doutor Lió estava tomando a sua gelada no Bar Caldeira, quando entra um camelô, o Peruano, um baixinho que tem os “olhos trocados” que é conhecido em todos os botecos de Manaus - dirige-se ao odontólogo:
- Doctor Lió tiene ungüentos, condones, sara-todo y mucho más!
Ele responde:
- O que você tem ai para “levar o rapaz”, pois hoje a minha namorada, a Juceta, vai pegar no pesado!
O peruano responde no ato:
- Viagra, el original, el bien del Perú!
E para ele aumentar de tamanho, tem alguma coisa? – insistiu, pensando em gozar o peruano
- Sí lo hago, simplemente mira esta lupa que crecerá lo suficiente! – o Peruano respondeu gozando o Lió.
- Então embrulha os dois e vem receber amanhã aqui no bar!
- Fiado, y no eleva nem aumenta o rapazito, Doutor Lió! Pagado en efectivo que le garantizo.
Sem chances para o nosso saudoso Doutô Lió!

INGÊNUO - O Prefeito Arthur Neto foi muito ingênuo em esperar a liberação de verbas do Governo Federal. Postergou ao máximo a obras do centro histórico de Manaus, pensando que o Ministério das Cidades iria liberar a grana. Moral a história: O Largo da Matriz vai passar a Copa do Mundo apenas com tapumes! Sem contar a “Manaus Moderna” - existe um projeto para sua revitalização, mas, continua uma vergonha! Já pensou o que vão falar os turistas? Na realidade, o Arthur, enquanto Senador da República meteu o pau no PT e no Lula. Ele achava que a Dilma iria liberar as verbas, mesmo trabalhando para o candidato do seu partido, o Aécio Neves (PSDB), rival político dela, além dos mais, ele apóia o José Melo (PROS) e não o Eduardo Braga (PMDB), o líder do governo federal e candidato novamente ao governo do Amazonas. Como é que pode liberar verbas, mano velho?

TROCADILHO – Segundo o “pai dos burros”, o papai Aurélio “É um jogo de palavras parecidas no som que dão margem a equívocos”. Pois bem, o cara que eu conheço que mais gosta de usar essa figura estilística é o Trindade, um boêmio intelectual, tradutor juramentado e policial aposentado, aquele que quando toma todas nos botecos, fala bem alto: “Lucinda, FDP, só os cachorros me esperam, auauau”. Ele costuma falar “O Trocadilho é do Trocaralho” e, manda também ver “Copo aqui, Copular, terapia Alcoolpacional”. Na realidade, poucos sabem usar o trocadilho, pois apesar de parecer cacofonia, ele é geralmente muito utilizado com a intenção humorística, maliciosa e obscena. É uma arte!
Quer mais? Então toma:
O negocio é trabalhar em cima do que você quer — já dizia a prostituta sobre seu trabalho.
Motel é um péssimo ambiente para as virtudes do ser humano. Lá as pessoas entram humildes e saem metidas!
Se eu sou bom partido, imagina inteiro!
Meu gato morreu em miados do ano passado.

É RUIM, HEIN! - O TRE está aceitando a inscrição de Otários, digo, Mesários Voluntários, para trabalharem “De Graça” no primeiro e, no segundo turno, caso houver. O camarada corajoso deve ainda dispor de um dia do seu precioso tempo, para participar dos treinamentos. A preferência é por universitários maiores de dezoito anos, para trabalhar no local e seção em que vota. Esse dia de trabalho voluntário e de amor a pátria, pesará no currículo do caboco! Outra coisa, todos os seus colegas e vizinhos, irão votar e passar o resto do feriado numa boa, enquanto você, Otário Mesário, trabalhará das seis às seis da tarde, com direito a uma quentinha bem friinha às duas da tarde, além de um copo de refresco e, muita dor de cabeça! Tudo para colocar no poder, uns bandidos que irão tirar até a merendinha escolar das criancinhas pobres da periferia! Éruimhein!


TÔ NA FESTA – Sai à noite numa quarta-feira - estava vestido de calça social, camisa manga comprida, sapato, meias e cinturão. Todo “becado”. Encontrei uma turma de amigos, perguntaram se eu estava vindo de algum casamento ou do Festival de Opera. Fui “na corda” de um deles e, entrei num clube. O DJ Tubarão estava mandando ver, depois, entrou uma Banda da melhor qualidade. Notei que algumas pessoas olhavam para mim, talvez me achando um cara que veio de alguma galáxia distante, pois a minha roupa não combinava nem um pouco com o ambiente. Mano velho, eu estava no meio de várias tribos de rock, com os caras vestidos com roupas descoladas e tudo o mais. Pensei: “Tô na festa, não tô nem ai”.

É isso ai.


terça-feira, 20 de maio de 2014

VIZINHOS ENGRAÇADOS


Quem teve a felicidade de morar em uma cidade pequena, onde quase todo mundo se conhecia, fica guardado na memória aqueles vizinhos marcados com as suas características pitorescas – no meu caso particular, tive o privilégio de usufruir de uma Manaus ainda pacata e, de nascer e morar, na Rua Igarapé de Manaus, onde vira e mexe lembro dos meus vizinhos, principalmente daqueles mais engraçados.

MAL FEITO A MARTELO – Santo Deus, como pode alguém colocar um apelido desses numa criatura! Mas, assim foi e, assim ficou para o todo sempre. Naquele tempo não existia esse tal de “bullyng” – mas, o cara nasceu mais feio do que um processo de pobre e, era chamado assim por toda a extensão da rua. Ele era meio penso, com a cabeça um tanto esquisita, com um pezão daqueles, magrelo e vara pau. Depois de longos anos, o encontrei na rua e, fez questão de falar comigo – Ai, Rochinha, tudo bem? Respondi: Tudo bem, Mal, Mal...! Fiquei um pouco desconcertado, pois apesar de sermos amigos de infância, nunca soube o seu nome verdadeiro e, não achei nada legal chamá-lo pela alcunha. Ele respondeu: - E o Mal Feito a Martelo, porra, não lembra mais? Lembro sim, Mal Feito a Martelo! Respondi bem alto e sem nenhuma vergonha!

CASAL VINTE – Hélio e Glória, um casal elegante, bonito e remediado. Eram unha e carne. Todo santo dia, a sua mulher o acompanhava ao trabalho e também ia buscá-lo na saída, podia chover canivete que ela sempre estava lá no batente! Ele trabalhava na Central de Ferragens – nunca faltou um dia sequer a labuta, mas, quando o relógio batia quatro horas, ele saía para tomar rapidinho meia dúzia de cerveja no Bar do Cardoso (na Praça do Hotel Amazonas), voltava quinze para as seis, antes da sua mulher chegar! No final do mês, quando pegava o “boró”, inventava uma cobrança e, saia depois de uma da tarde, dizem ou não sei que, ele ia “pegar uma prima” e, voltava sempre antes da mulher chegar! Voltavam de braços dados, parando nos botecos do caminho (quando ela permitia) - fazendo todo santo dia essa via crucis até chegarem em casa. Assim foi até se aposentarem!

DONA MARIA UCHÔA – Ela era uma católica fervorosa e, tinha uma promessa que cumpria fielmente todo ano. No dia 21 de Junho, dia de São Lázaro, o Leproso (aquele que os cães lambiam as suas chagas), e que ficou conhecido como o protetor dos mendigos e dos leprosos. Pois bem, a Dona Maria fazia um grande banquete para os “vira-latas” bem no meio da rua. Colocava uma imensa e bonita toalha de mesa, diversos pratos fundos, depósitos de água e, muita comida de humano: Sopa de Carne com legumes, Carne de Panela, Bifes Acebolados e Cozidão de Carne com Ossos – com direito a Sobremesas: Bolos, Mingaus e Pudins. A cachorrada “batia com força”, com direito a “repeteco”. A molecada que passava um “Rafael Danado”, ficava com água na boca, mas, não tinha jeito: a comida era servida somente para os cachorros, com direito a uma briga por um osso bem carnudo! Era o dia da desforra dos caninos, eles comiam do bom e do melhor, tudo pago pela Dona Maria Uchoa, porém, durante o ano todo viviam que nem o São Lázaro, comendo apenas migalhas!

SÊO ARTHUR – Tinha um boteco em que vendia também secos e molhados. Namorou, casou, morou e teve os seus filhos na parte detrás do seu estabelecimento. Passou a vida inteira dentro do local de trabalho, saia muito pouco, pois todo dono de mercearia é um escravo do ganha-pão, com a labuta de domingo a domingo. Não fechava a bodega nem na hora do almoço, como faziam os outros concorrentes – pegava a “broca” e fazia a sesta em pé! Como o assoalho era de tábuas, quando alguém adentrava, ele acordava da soneca com o barulho. Certa vez, o Tico, um vizinho gozador até a alma, chegou bem devagarzinho, sem fazer barulho, pegou uma botija de gás vazia, levantou e jogou ao chão e, gritou: - Tem gás? Ele respondeu ainda meio sonolento: - Não! O Tico agradeceu, colocou a botija no lombo e “pegou o beco”!. Fiz isso várias vezes. Depois de algum tempo, o Tico estava numa lisura daquelas e, foi até o boteco: - Sêo Arthur, o papai está vendendo umas seis botijas de gás, o senhor tem interesse em comprar? Ele respondeu: - Tenho sim, pois as minhas botijas estão desaparecendo! Depois de muitos anos, quando o Sêo Arthur já estava velho e usava óculos tipo “fundo de garrafa”, o Tico resolveu falar a verdade e reparar o erro da sua adolescência.

DONA ROSA – Ela era uma típica enfermeira de antigamente: uma senhora de idade que ainda trabalhava nos hospitais públicos, gordinha, ranzinza, parecendo que estava de mal com o mundo, braba “no balde”. Mascava um tabaco de corda e, era o terror da molecada da rua, pois era a única que aplicava aquelas injeções que doía até a alma! Quando alguém fica va doente, os pais tinham de amarar o caboco e levá-lo até a Dona Rosa. Acho que ele era sádica, tinha todo um ritual, colocava álcool num recipiente, tocava fogo para esterilizar as agulhas grandes e grossas e as ampolas de vidro, depois, metia a agulha num vidro, quebrava uma ampola e fazia um teste, escorrendo um pouco do líquido, aquilo era cruel para a meninada. Dava as ordens aos pais: - Tira a calça dele, a injeção vai ser na bunda, não quero que se mexa e muito menos choro, senão aplico outra! Meu Deus, pense num sufoco! Ela ainda ria, chamando o guri de frouxo! A mulher era durona, não gostava de ninguém, muito menos de crianças barulhentas, mas, próximo ao Natal, o seu coração amolecia, mudava de feição, ficava mais alegre, não aplicava as malditas injeções e, pasmem, fazia chocolate quente com biscoitos, convidava todas as crianças para lancharem em sua casa! Mudava da água para o vinho – fazia uma lapinha e, pedia para a molecada rezarem ao redor. Depois do Natal, a Dona Rosa voltava ao oficio de aplicar injeções doloridas e fazer chorar um montão de crianças da nossa rua!


Existem muitos outros e, cada um, tem a sua história – quanto a Dona Maria Belém, Sarto Nego Mau, Adelson Mal Elemento e o Goiaba, já fiz tempo atrás postagem sobre eles, sem falar no meu pai, o Rochinha do Violão, o velho foi uma figura! É isso ai. 

domingo, 18 de maio de 2014

DOMINGO NA VILA DE SÃO JOSÉ DA BARRA


É muito bom dormir cedo no sábado e, acordar bem cedinho num belo domingo na Vila de São José da Barra, a nossa querida cidade de Manaus – tava tudo programado na minha cachola e, assim foi.

Calção, tênis, óculos de Sol, camiseta nas cores na nossa Bandeira brasileira, água e celular com fone de ouvido – tudo preparado para fazer uma caminhada na Ponta Negra.

Sai quando ainda estava tudo às escuras, com o ponto de partida na Cidade Nova II – deu para ver muitos jovens amanhecidos, ainda estavam bebendo e dançando nos botecos e postos de gasolina - passei pelo Aeroporto Eduardo Gomes, entrei na Estrada do Turismo e, às seis horas estava entrando no Cemitério Parque Tarumã, para fazer uma visita na morada eterna dos meus pais.

Segui pela estrada, com poucos carros, mas, com movimentação de pessoas correndo e pedalando as suas bikes – existe um trecho com bastantes casas de shows e bares bem transados, um convite cruel para transgredir a Lei Seca.

Entrei num desvio da Estrada Coronel Jorge Teixeira, conhecido como Estada da Ponta Negra, pois aos domingos, um lado da estrada fica interditado para a prática esportiva, um projeto da Prefeitura de Manaus, conhecido como Faixa Liberada.

Comecei ao lado do Tropical Hotel e, fui até a Prainha (esta não foi perenizada), voltei e caminhei até a Marina do Davi, depois, desci para a praia - a água estava bem fresquinha, com poucas pessoas, alguns amanhecidos tirando a ressaca.


Às oito da manhã já estava de volta, era hora de comprar jornais e bributes para o café da manhã com a minha filha e neta, no Condomínio dos Jornalistas, depois, passei o resto do dia brincando de vovô na sala de estar.

Hora de voltar para o meu barraco, para escrever e postar as fotografias do meu domingo na Vila de São José da Barra. É isso ai.

Fotos: Rocha - 1. Parte de Manaus vista de longe 2. Praia de Ponta Negra.

Obs.: O leitor Diniz Alexandre Pereira, mandou-me um e-mail perguntando se fui caminhando da Cidade Nova II até a Ponta Negra - na realidade, fui de carro e, fiz a caminhada na Ponta Negra. Já caminhei inúmeras vezes do centro até lá, bem como, da Cidade Nova II até o C. Jornalistas. Sempre gostei de fazer longas caminhadas - tenho vontade de ir até a sede de Iranduba, para tanto, estou caminhando todo dia no Centro de Convivência da Família, para entrar em forma.

sábado, 17 de maio de 2014

TVLÂNDIA


Foi um clube que ficou para a história, pois sediou o famoso BAR DO BOI, onde reinava o pessoal do “azul e branco” do Boi Caprichoso – ficava na Avenida Djalma Batista, onde é hoje o Manaus Plaza Shopping – marcou toda uma geração de jovens que gostavam do “dois prá lá e dois e dois prá cá” dos bois de Parintins, na década de oitenta.

Antigamente, aquela avenida chamava-se Rua João Alfredo e, naquele local pertencia a Companhia de Petróleo da Amazônia – COPAM, empresa do Grupo Sabbá – chamava-se “Caiçara Clube de Campo”, no local existiam dois campos de futebol de areia, quadra de esporte, uma grande sede campestre, piscina, além do Igarapé do Mindu passar na parte detrás, onde  os frequentadores tomavam banho nas suas águas límpidas e cristalinas.

Na gestão do Prefeito Coronel Jorge Teixeira, os tratores abriram uma grande rua, mudando o nome para Avenida Djalma Batista e, o clube foi comprado pelo José Azevedo, dono do Grupo TVLAR, servindo de sede campestre para os seus funcionários, passando a chamar-se TVLândia ( A Cidade da TV Lar).

O Bar do Boi funcionou, inicialmente, no Centro de Meteorologia do Ministério da Agricultura, na antiga Rua Recife – o local ficou pequeno para tanta gente e, na década de noventa, os organizadores alugaram o espaço na TVlândia, para apresentação, aos sábados, do Bar do Boi.

Era imperdível o Bar do Boi, começando sempre às seis horas e terminando às dez da noite – onde todos dançavam, bebiam, namoravam e curtiam de montão o cantor de toadas Arlindo Júnior, acompanhado da Marujada de Guerra, com o comando do Didi Readman – mandando ver as inesquecíveis toadas “Candelabros azuis” (1999), “Lagarta de fogo” (1995), “Amazônia Quaternária” e “Ritmo Quente” (1997).

As toadas eram dançantes e empolgantes – os frequentadores dançavam para valer, pois os passos da dança eram simples, nada desses contorcionismos de hoje em dia – virou uma febre na cidade, com o pessoal do Boi Garantido se apresentando no Olímpico Clube – chegavam a ter aproximadamente 10 mil pessoas no local e com a venda de 16 mil caixas de cervejas em lata.

Na época, eu morava no Conjunto dos Jornalistas, os meus filhos eram pequenos e a minha mulher não gostava do evento – eu não perdia uma festa, foi quando comecei a gostar do Boi Caprichoso (azul e branco) e ter interesse em conhecer o Festival Folclórico de Parintins.

Aquilo virou um grande negócio, com lucros fabulosos, sendo uma parte enviada ao Boi Caprichoso, em Parintins – a coisa cresceu tanto que, resolveram mudar para o Centro de Convenções, onde obteve um grande sucesso durante anos – com a saturação e a Lei Seca, o Bar do Boi entrou em decadência, indo se apresentar na Quadra da Escola de Samba Aparecida, no centro da cidade.


Da TVLândia resta somente saudades, pois o local ficou supervalorizado e, o dono imóvel mandou construir um shopping Center. É isso ai.

sexta-feira, 16 de maio de 2014

O JURIDIQUÊS


Ao ler as matérias do caderno de política, do jornal A Critica, fui obrigado a pedir ajuda aos universitários, para poder entender algumas frases e expressões próprias do jargão (gíria)  profissional dos operadores de Direito (estudantes, advogados, promotores de justiça, juízes, desembargadores e ministros) – dizem que a culpa não é desses profissionais que o utilizam em contextos especiais (processos e julgamentos), mas, sim, dos repórteres e redatores do jornalismo jurídico, que são “contaminados” pelo “Juridiquês”, assim como o são, os do jornalismo econômico pelo “Economês”.

Exemplos:

1.   Por falta de Quórum, foi adiado, o julgamento de dois processos do prefeito Adail Pinheiro.

Traduzindo: Quórum = número mínimo de pessoas presente exigidos por lei ou estatuto para que um órgão coletivo funcione (no caso, o pleno [decisões tomadas pelos Desembargadores] do Tribunal).  Ou seja, para o processo ser julgado (decidir se o homem é culpado ou não), deveria estar presente no mínimo dez Desembargadores (Juízes do Tribunal [2ª. instância] que julgam o que já foi julgado pelos Juízes de Direito [1ª. instância]), no entanto, somente oito deles apareceram ao Tribunal. Em decorrência disso, um dos processos do referido prefeito foi adiado pela 8ª. VEZ! Esse adiamento do julgamento pode levar o prefeito de Coari a sair da cadeia POR EXCESSO DE PRAZO (DEMORA NO JULGAMENTO)!

2.   Disse o Desembargador Rafael Romano (Relator dos processos) “Comigo não existe esse negócio de suspeição ou impedimento. Estou fora disso”.

Traduzindo: Para se declarar SUSPEITO, somente nos seguintes casos: amigo ou inimigo das partes/ele deve ou o réu deve para ele/herdeiro ou empregador das partes/tenha interesse no julgamento a favor das partes/por motivo de foro íntimo/receber dádivas antes ou depois de iniciado o processo. O Desembargador Rafael Romano declarou que não se enquadra em nenhuma dessas hipóteses e que não procura de forma alguma dessas justificativas para não julgar um processo.

3.   Foi adiado pelo Tribunal de Justiça do Amazonas, o julgamento de um recurso do Governo do Amazonas que pede a anulação da decisão que suspendeu o aumento de 19 para 26 do número de membros da Corte. O relator da matéria, o Desembargador Antônio Simões, pediu suspensão da matéria, alegando que teve poucos dias úteis para analisar o processo, devido aos recentes feriados prolongados.

Traduzindo: O governo do Estado deseja aumentar o numero de Desembargadores, para tanto, elaborou uma Lei Complementar que foi aprovada pela Assembleia Legislativa, mas, foi anulada provisoriamente pelo Pleno (decisão do conjunto de Desembargadores) que optaram pelo não aumento. O governo do Estado pediu a anulação dessa decisão, pois não concordou e pede nova decisão - o relator da ação é o Desembargador João Simões (ele vai analisar o processo, emitir um relatório e dar um voto, a sua decisão sobre o caso, depois, os demais Desembargadores poderão dar o seu voto ou acompanhar o voto do relator), mas, este pediu mais tempo para dar a sua decisão. A favor do aumento: governo do Amazonas, Juízes de Direito que esperam promoção e o Presidente do TJ. Contra: Deputados Estaduais da oposição (foram eles que entraram com um Mandado de Segurança) e os demais Desembargadores.

4.    A Procuradora Elissandra Monteiro, do Ministério Público de Contas, notificou o presidente do Tribunal do Amazonas, Ari Moutinho, a prestar contas numa representação que apura possível ilegalidade nos pagamentos dos magistrados.

Traduzindo: O MPC possui poderes constitucionais para fiscalizar a parte contábil, financeira, patrimonial e orçamentária da Administração Pública. Ele deseja saber se procede a denúncia de que alguns membros do TJ recebem acima de 29 mil reais, um valor conhecido como “teto constitucional”, ou seja, nenhum funcionário público poderá receber acima desse valor, conforme determina a CF88.

5.   Supremo Tribunal Federal arquiva processos contra cinco deputados federais por crimes eleitorais, desacato e malversação de dinheiro público.

Traduzindo: O STF arquivou (cessou todos os atos que poderiam ser praticados pelos juízes ou pelas partes), a pedido da Procuradoria-Geral da República, contra cinco Deputados, incluindo o Silas Câmara (PSD-AM) que era acusado de usar a Boas Novas para ganhar votos dos evangélicos, pois não encontram nada contra eles, dessa forma, não chegaram nem a serem julgados por serem infundadas as acusações contra eles;

6.   Segundo o Ministro Marco Aurélio de Melo, há hipocrisia na legislação, pois os candidatos já penetram em nossas casas, proibida antes de 5 de julho.

Traduzindo: A regra eleitoral somente permite o candidato fazer propaganda eleitoral a partir de 5 de julho, no entanto, eles de forma disfarçada estão todos os dias em nossas casas através da televisão e das mídias sociais – ele entende que a realidade é outra e que deve ser mudada a legislação, pois existe propaganda até um ano antes do prazo, com o horário gratuito da propagando partidária!


Dei apenas seis exemplos – não sei se a tradução dada pelos universitários ajudou aos pobres coitados que não entendem patavina de “Juridiquês” ou “complicou ainda mais o meio de campo”. Peço ajuda também aos leitores para darem a sua opinião e tradução de muita coisa que ainda falta traduzir para o "português claro".

 Essa matéria não é da minha seara, apesar de estudado alguns anos Direito, mas, está ligada a nossa cidade, portanto, do interesse de todos os manauaras. É isso ai.

quinta-feira, 15 de maio de 2014

O CARRO “CAIXA DE FÓSFOROS” DA HONDA


Na década de setenta, a Moto Importadora Ltda., uma empresa genuinamente amazonense e, magistralmente administrada pelo Senhor Natan Albuquerque, foi a pioneira na importação diretamente do Japão, dos automóveis e motos da marca Honda – o maior sucesso foi, sem dúvida, um carrinho bastante popular, apelidado por alguns de “caixa de fósforos”, em decorrência do seu diminuto tamanho, mas cabiam quatro pessoas tranquilamente no seu interior.

Eu ainda era muito jovem, trabalhava na empresa Importadora Souza Arnaud Ltda., situada a Rua Marechal Deodoro – ela revendia móveis, eletrodomésticos, motores de centro e popa, além de peças de reposição – o meu superior era o Lázaro Castro, chefe do Setor de Importação – ele tinha um carrinho da Honda, na cor branco gelo – era utilizado também para serviços externos da empresa, onde tive o prazer de andar de carona por um bom tempo.

Num certo dia, fomos buscar no Hotel Amazonas, um Fiscal da Receita Federal (veio do Rio de Janeiro para auxiliar os outros colegas), para levá-lo ao depósito da nossa empresa (onde é hoje o Residencial Ephigenio Salles), para liberação (selagem) de motores (importados) que foram vendidos para a Amazônia Ocidental - quando o referido fiscal viu o carro da Honda, não quis entrar de forma alguma nele, achou aquilo uma brincadeira, pois para ele não passava de um brinquedo, de tão pequeno que era.

Ele falou: “Um carrinho desse eu dou para o meu filho brincar lá no Rio” – falando na gozação.

Depois de muito papo, ficou convencido a entrar – no início ficou temeroso, mas, aos poucos foi relaxando e gostando do “Caixa de Fósforos” - ficou encantado com o carro, tanto que pediu emprestado para passear no final de semana. 

Tínhamos outros carros para levar os fiscais para liberarem as nossas mercadorias, mas, esse fiscal carioca fazia questão ir somente no automóvel “Hondinha”.

Na realidade, era um carro muito bem desenhado pelos japoneses, com três portas, onde cabiam quatro pessoas tranquilamente – com a marcha no volante e alcançando uma velocidade muito boa - praticamente não davam “prego” e, consumiam um litro de gasolina a cada vinte e cinco quilômetros, além de custar em torno de sessenta por cento de um carro popular de hoje.

O dono da Moto Importadora, o Senhor Natan, resolveu fechar todas as suas lojas, em 1982, em decorrência da morte por acidente de carro do seu filho primogênito, o Natanhiel – ocasionando a paralisado das importações desses carros da Honda – para quem não sabe, esse empresário foi um dos sócios fundadores da Moto Honda da Amazônia, no Distrito Industrial.

Um carro “Caixa de Fósforos”, fabricado em 1973, ainda funcionado, custa, em São Paulo, a quantia de vinte e cinco mil reais, no site do “Mercado Livre” (foto acima) – quase o preço de um carro popular zero quilômetro.

Os japoneses eram visionários, pois, atualmente, com os congestionamentos, a falta de espaço para estacionar e o elevado preço do combustível, esses mini carros seriam a solução para as grandes cidades.

Os que são fabricados atualmente por muitas montadoras, são bastante caros - seriam muito bom voltar os hondinhas "caixa de fósforos" com um preço bem popular como era antigamente. É isso ai.

quarta-feira, 14 de maio de 2014

ILHA DE CURARI

O Zé Mundão trabalhou por uns anos no Polo Industrial de Manaus, numa grande fábrica de relógios de pulso – passava duas horas dentro de um ônibus especial, para ir e vir do trabalho; batalhava oito horas diárias, além de fazer extras todo dia.

Era obrigado a fazer as suas refeições dentro da própria fábrica, ou seja, passava, no mínimo, doze horas diária à disposição do patrão.

Depois de uma semana cansativa de trabalho, gostava de reunir os colegas de trabalho e passar o final de semana no interior para recarregar as baterias.

Um dos seus colegas de trabalho, conhecido como “Borrachinha”, era uma figura de office-boy, sempre solícito e sorridente, muito querido por todos, ele era amigo de um amigo que conhecia o filho de um dono de uma fazenda no Curari, uma região pertencente ao município do Careiro da Várzea, no Rio Solimões, distante cerca de 20 km de Manaus.

A turma ficou logo assanhada, partiram para fazer uma quota para a compra do rancho, material para caldeirada de peixes, gelo, refrigerantes, cachaça e, bastante cerveja em lata; a contribuição foi proporcional ao posto de “caboco” na fábrica, pois, tinha de gerente ao peão.

Ficou acertado pegarem um “motor de linha”, um tipo de barco regional que faz longas viagens na base do “pinga-pinga”, parando em diversas comunidades ribeirinhas da Amazônia, com o valor da passagem sendo cobrada, de acordo com a localidade em que o passageiro vai ficar e com o tipo de comodidade (rede ou camarote).

Este tipo de viagem é diferente dos “barcos de recreios”, um tipo de embarcação que faz um pacote fechado, levando grupos de pessoas para um determinado lugar, com horário previsto para sair e voltar, os manauaras gostam muito de ir para as praias do Tupé e Paricatuba e, para participar de torneios de futebol e festas nas comunidades mais próximas de Manaus.

A partida foi bem cedo da manhã de um sábado ensolarado, o barco saiu do porto da “Manaus Moderna”. O comandante do navio foi logo avisando:

 - Vou deixar vocês no Curari, mas, o barco somente passará na volta às quatro da manhã de sábado para domingo, portanto, estejam todos acordados, caso vocês perderem, somente passaremos por lá na segunda-feira. Combinado?

O líder era o Paulão, um gordinho cheio de graça, o cara organizou tudo aos mínimos detalhes, tudo passava pelo crivo dele. Ele foi logo detonando:

 - Olha aqui, gente fina, o negócio é o seguinte: não vou deixar ninguém dormir, todos estarão acordados esperando pelo barco às quatro da manhã, por favor, passe no horário previsto e nada de furo com a gente! Combinado?

O barco aportou às onze e meia da manhã, o dono da fazenda, o Senhor Jacinto, ficou assustado com dez pessoas vindo em direção a sua fazenda. O Zé Mundão iniciou o diálogo:

 - Bom dia Senhor Jacinto!

Ele respondeu meio desconfiado:

- Bom dia!

Ai o Zé Mundão mandou o papo mole:

- Pois é, fomos convidados pelo amigo aqui, o Borrachinha, ele é amigo de um amigo do seu filho. Nós trabalhamos numa fábrica de relógios e resolvemos aceitar o convite para passar o sábado na sua fazenda, aproveitamos e trouxemos um relógio de presente para o senhor, ele é à prova de água, caso caia dentro do rio na cheia, pode procurar na vazante que o senhor vai encontrá-lo funcionando perfeitamente, pois é um legitimo Orient!

O velho ficou numa alegria total, com um sorriso de orelha a orelha - cumprimentou um a um, deu as boas vindas, mostrou a casa e, mandou a sua esposa, a Dona Joana, colocar mais água no feijão e fritar mais um quilo de jabá, todos foram convidados a almoçar, demonstrando ser um caboclo muito hospitaleiro.

Depois da broca, uma parte da turma resolveu dar uma soneca na varanda da fazenda, outra, partiu para o ataque nas latas de cerveja. Lá pela quatro da tarde, resolveram pescar, conseguiram pegar algumas Sardinhas e Carás, o fogo foi feito no quintal e botaram para assar os peixes, no início da noite não tinha sobrado nem as espinhas e o estoque das cerveja tinha zerado.

Hora depois, eles ficaram sabendo que nos fundos da fazenda tinha um viveiro de peixes, com uma quantidade enorme de Tambaqui e Matrixã - o Zé Mundão ficou chateado, pois perdeu um tempo danado pescando, sem saber que no local tinha peixe fazendo “lama”!

O Senhor Jacinto procurou consolá-lo:

 - Olha aqui, meu filho, esse negócio de pescar em viveiro não tem gosto nenhum, pois é muito fácil pegar um peixe, o bom mesmo é ficar horas e horas olhando para a boia, sentir a briga, lutar com o bicho, além do mais, o peixe acostumado a comer tudo o que vem pela frente tem um gosto especial, por isso que eu não falei do viveiro!

Com relação à cerveja, a turma foi obrigada a beber num bar-flutuante – com um preço bastante salgado e não estava bem gelada. Quando a grana acabou, a solução foi pedir o aval do Senhor Jacinto, com o qual o dono do bar aceitou receber um cheque “borrachudo” (vai e volta do Banco).

O dono do flutuante colocou um monte de discos de vinil, numa vitrola “Nivico Hi Fi” e, a turma bebeu até “secar o boteco”. Foram dormir lá pela meia noite – imaginem dez bêbedos roncando e soltando pum para todos os lados, o dono da fazenda deve ter passado uma noite nada tranquila!

Conforme o combinado, o comandante do barco passou às quatro da madrugada, o Senhor Jacinto se acordou e, foram chamar o Paulão, ele ainda estava de porre, simplesmente pulou da rede e mandou bala:

- Meu Deus, isso é hora de acordar alguém? Deixa a gente dormir, pois ninguém está a fim de embarcar hoje, passa na segunda-feira, mermão!

Deu as costas para o comandante, voltou para a sua rede e, continuou a roncar, falar alto e soltar umas bombas de hidrogênio.

Lá pelas oito da manhã, foram ver o estrago que o Paulão tinha feito. Todos estavam com a cara de enterro, não conseguiam tomar o café da manhã, era somente lamentação.

O Senhor Jacinto ainda colocou mais lenha na fogueira:

 - Não tem mais jeito não, por aqui não passa uma viva alma, motor de popa, nem pensar! Vocês terão que esperar até segunda-feira para voltarem para Manaus!

Todos estavam aflitos, pois iriam faltar ao trabalho sem justificativas. Depois de algum tempo, o Senhor Jacinto falou que ele ia quebrar o galho da rapaziada:

 - É o seguinte meus jovens: Tenho um motorzinho de centro, ele está na casa de um compadre meu, quero dois caboclos bom de remo, será uma hora de braçadas até chegar lá!

Os dois felizardos foram o Paulão e o Zé Mundão, os lideres do grupo.

Quando o barco chegou, a turma entrou em peso, estavam todos aliviados - chegaram ao porto do Careiro de Várzea por volta das treze horas.

Resolveram não pegar de imediato a balsa para retornar a Manaus, aproveitando a presença do Senhor Jacinto, conhecido e respeitado pelos moradores daquela área, pediram novamente o aval do fazendeiro - foram mais quatros cheques borrachudos nos bares do beiradão!

Lá pela onze da noite de domingo, pegaram a última balsa e voltaram para Manaus - o gerente fez o contato com a segurança da fábrica, enviaram um micro-ônibus para o resgate da turma, todos foram deixados em suas casas.


Na manhã seguinte, estavam a postos nos seus lugares de trabalho. Depois, correu uma vaquinha com os colegas, conseguiram depositar a tempo a grana dos cheques espalhados pela ilha e adjacências. Gostaram tanto do passeio que resolveram voltar por várias vezes a Ilha de Curari!