Na Segunda Guerra Mundial
(1939-1945), o Presidente Getúlio Vargas foi forçado a ficar ao lado dos
norte-americanos, por dois motivos principais: eles ameaçavam invadir o
Nordeste brasileiro, caso optássemos pelo Eixo (Itália, Japão e Alemanha) e, pelos
bombardeios de navios brasileiros, supostamente executados por submarinos
alemães – para tanto, assinou o Acordo de Washington, na qual receberíamos cem
milhões de dólares para implantar siderúrgicas e, em contrapartida,
forneceríamos minérios, combatentes e borrachas para a indústria bélica dos
Estados Unidos e aliados, pois tropas japonesas invadiram a Malásia determinando o
bloqueio total dos produtos asiáticos, cortando totalmente o fornecimento.
Nesse jogo de interesses,
entra inocentemente quase sessenta mil nordestinos, principalmente cearenses flagelados
da grande seca de 1941-1942 – eles foram recrutados, selecionados e alistados
para a guerra – tinham duas opções: primeira: ir para o front na Itália e,
segunda: coletar o látex na Amazônia - a grande maioria não queria morrer
lutando, preferiram viajar, tornado-se um soldado da borracha - dos vinte mil que
foram para a Itália, morreram 454 e, dos sessenta mil que vieram para a
Amazônia, quase a metade desapareceu na selva.
Receberam o kit de
seringueiro, foram colocados nos navios do Loyd, com a promessa de recompensas
financeiras e passagem de volta. Havia propagando enganosa: slogans “Borracha
para a Vitória”, “Na Amazônia se junta dinheiro com o rodo” e “O paraíso perdido,
a terra da fartura e da promissão, onde a floresta é sempre verde e a seca
desconhecida”.
O treinamento de parte desses
soldados deu-se em Manaus, no Seringal Mirim, um local onde existia mais de cem
Seringueiras enfileiradas, plantadas desde 1913 pelo proprietário do terreno, o
Sr. Cláudio Mesquita – davam aulas de extração racional do látex da Hévea.
Foram enganados, pois a
grande maioria morreu em decorrência do transporte, alojamento, malária, febre
amarela, alimentação precária, falta de atendimento médico, conflitos nos
seringais e, outros tantos, ficaram devendo aos seringalistas e também não
receberam as passagens para voltarem para as suas cidades de origem.
Os que conseguiram voltar
para o Nordeste, embarcaram doentes e sem um tostão no bolso – uma grande parte
resolveu fixar raízes no interior e na cidade de Manaus - em decorrência disso e do primeiro ciclo da borracha, grande parte dos amazonenses são
descendentes de caboclas e de nordestinos.
Passados todos esses anos,
somente em 1988, com a Carta Magna brasileira, os soldados da borracha foram
amparados e, recentemente, o governo brasileiro na tentativa de reparar esses
erros, editou a PEC 61/2013, na qual prevê a indenização de vinte e cinco mil reais
aos soldados titulares ou pensionistas, além de pensão mensal vitalícia de dois
salários mínimos (este valor já vinha sido recebido pela categoria).
Alguns poucos ganharam com
a Segunda Guerra, com destinação de milhares de dólares para o Centro Oeste,
com a criação da Companhia Siderúrgica Nacional e a Vale do Rio Doce, dando
base para o estabelecimento da indústria automobilística no ABC paulista – por outro
lado, os nordestinos “soldados da borracha” trabalharam feito escravos nas
matas da Amazônia, dando o seu sangue para o lucro de poucos! É isso ai.
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