segunda-feira, 15 de novembro de 2010

O MEU FINAL DE SEMANA PROLONGADO EM MANAUS


A minha ideia inicial era aproveitar o final de semana prolongado e ir para a Vila de Paricatuba, no município de Iranduba, não foi possível, fui convidado para ir a cidade de Rio Preto da Eva, deu também “capim na palheta”, o jeito foi ficar em Manaus e curtir a nossa cidade.

A Prefeitura Municipal de Manaus promoveu a I Virada Cultural da Região Norte, inspirado na “Nuit Blanche” de Paris; a primeira edição no Brasil aconteceu na cidade de São Paulo em 2005. O objetivo do evento é a promoção da cultura e arte pela cidade durante 24 horas ininterruptas, com espetáculos musicais, peças de teatro, exposições de arte, esporte, gastronomia entre outros.

Os palcos foram montados na Praça da Saudade, Praça do Eldorado, Parque dos Bilhares, Estrada da Ponta Negra e Jorge Teixeira. Por morar no centro de Manaus, abracei a primeira opção, antes, fiz o aquecimento no Bar Caldeira, centro antigo de Manaus, onde reuniram os amigos do peito: Graça Silva, Roberto, Kátia Maria, Jorginho, Olavo, Jokka, Enne Rocha, Dona Maria e Adriano. A programação do evento foi a seguinte: Big Manaus Band e artistas da PMM – Erudita: Trio Brasilis – Chorinho: Primas e Bordões e Aldeia do Choro – Michael Jackson de Manaus - MPB/POP: Lucilene Castro/Zeca Torres e Nicolas Junior – Bolero/Brega: Kátia Maria e Nunes Filho – Banda de Rock Tihuana (sucesso musical do filme Tropa de Elite).

Parei na barraca de Sebo “O Alienista” do meu amigo Celestino -, dei algumas gargalhas dos haicais pornôs do poeta Marceleudo, o cara é o máximo! Bati um papo com o DJ Tubarão, ele vai fazer uma surpresa no aniversário da Rosangela (Ro) Mamulengo, o evento será no final do mês de novembro, em Paricatuba, será uma “RaiveRo”. Gosto da música popular amazonense, porém, um rock uma vez e outra vai bem, curti muito os Tihuana, os roqueiro de Manaus marcaram a presença, foi massa!

Lá pelas três da madrugado o sono chegou. Fui e não voltei mais. Ainda iam se apresentar: Reggae: Jonny Jack Mesclado e Deskarados – Salsa: Tati Coração Latino e Conexão Latina. Segundo os coordenadores da ManausCult, a programação rolou solta no domingo, com Café da Manhã, Atividades Esportivas e Comando Garantido (toada de boi bumbá do Garantido), depois, veio o DJ Tubarão – Regional/MPB/POP: Imbaúba/Candinho e Inês/Nelly Miranda/Cléber Cruz/Simone Ávila/Robertinho Chaves, para finalizar, muito REGGAE: Elisa Maia/Ayhuaska e Cileno. No palco 3 foram exibidos 14 filmes (musicais/cult/brasileiro/mulheres).

Chega, cruz credo, mano velho, não tem ninguém que aguenta 24 horas no ar. Ou tem? Sei não, mas os manauenses são muito festeiros e “dão com força” na cerveja, com certeza, algum maluco “esticou a baladeira” na Praça da Saudade e curtiu totalmente a Virada Cultural.

No domingo, não passei pela Praça da Saudade, fui direto a Feira da Eduardo Ribeiro, tomei o meu café da manhã, reforcei com um saboroso suco misto de Guaraná, amendoim e xarope. Comprei o jornal “Amazonas Em Tempo”. Liguei o piloto automático, fui para o Rodoway, comprei a minha passagem e entrei num barco a jato, fui parar embaixo da Ponte Manaus/Iranduba – estacionei os meus ossos num Flutuante Bar, haja suco, guaraná, água mineral e banhos de chuveiro – muita reposição para curar a ressaca, eu, hein!

Abri o jornal e passei a ler na maior tranquilidade, as reportagens do jornal que me chamaram mais a atenção foram as seguintes:

1. De olho na Rua: “Diálogo desocupado no meio do rio sem água, entre os pilares da ponte: - Quando será que a água vai voltar pro rio? Pra que água no rio se vai ter a ponte? Que fim eu dou à minha canoa? Compra um carro”.

2. Marechal Deodoro (Evaldo Ferreira) – “Ex-rua do Imperador e, com certeza, Rua Marechal Deodoro, a partir da proclamação da República, em 15 de novembro de 1889. Um Diário Oficial de 1897, curiosamente a denominou de General Deodoro”.

3. Manaus, história, memória e esquecimento (Renan Freitas Pinto) – “O que marca essencialmente a singularidade de “Manaus, Meu Sonho”, de Joaquim Marinho, é o conjunto de textos, a cuidadosa e especial seleção das imagens e o modo com todos esses elementos foram pacientemente se integrando”.

4. Exercícios para a dor de cabeça – “Para muitas pessoas, somente o uso de medicamentos é capaz de aliviar a dor de cabeça. Pesquisas, porém, comprova que a prática de exercícios também é eficiente. No momento do exercício, há a produção de endorfina e serotonina, este último é o neurotransmissor do bem-estar, ele age como uma morfina natural do organismo”.

5. A morte das “rainhas” da floresta (Náferson Cruz e Cristina Muniz) – “Pelo menos 50 árvores centenárias da espécie castanha-do-brasil (Bertholleta excelsa), na lista oficial das espécies em extinção, foram derrubadas para dar lugar à construção do residencial Vila Cristina, empreendimento localizado na região do Macurany, no município de Parintins. Outras 90 castanheiras aguardam para serem derrubadas – com a palavra o IBAMA e o IPAAM”.

6. À procura da felicidade (Vera Lima) – “Buscar a felicidade no outro é o que grande parte dos humanos faz, entretanto, melhor seria se esse regozijo dependesse mais de si do que de terceiros - algumas religiões pregam que não se pode buscar a felicidade nas coisas (bens materiais) ou nas outras pessoas, porque ela é uma conquista individual e inalienável de cada ser humano. Creio que seja por ai”.

7. O Farmacêutico e o Diabetes (Paulo Roberto da Costa) – “Hoje, 14 de novembro, é comemorado o Dia Mundial do Diabetes. O diabetes ocorre quando o organismo não produz insulina. O farmacêutico ocupa um lugar estratégico na detecção, prevenção e tratamento do diabetes”.

Depois de ler o jornal, fiquei a pensar no que me leva a ir para o outro lado do rio, primeiro, me faz lembrar o flutuante onde eu nasci; a água do Rio Negro faz bem para o meu espírito; o barulho dos barcos regionais lembra a minha infância de ribeirinho e, o cheiro de peixe assado na brasa ativa as minhas papilas degustadoras, segundo, com o término da construção da Ponte, o local será amplamente habitado, tornando-se mais um bairro de Manaus, dessa forma, estou dando adeus à natureza do outro lado do rio.

Ao meio-dia, chegou a hora forrar o bucho, o pedido foi um Pacu assado, o famoso “Hipoglós”, com farofa, vinagrete e baião de dois, detonei o peixe sem nenhum rodeio, lambuzando as mãos e a boca, bem no estilo caboclo, estava uma delícia, além de curtir muita música brega, um estilo musical apreciadíssimo pelos interioranos.

Final de passeio, hora de voltar e comtemplar novamente o Rio Negro, as águas ainda estão turvas, em decorrência da grande seca, quando começar a entrar nos furos, lagos e igarapés, com a decomposição orgânica, a cor mudará para âmbar, a paisagem mudará, o rio ficará cheio novamente, completando mais um ciclo.

Por que é feriado na segunda-feira? Segundo os historiadores, a data é para ser comemorada a Proclamação (o anúncio em público e em voz alta pelo Marechal Deodoro da Fonseca) da República (do latim res publica – coisa publica), ocorrida no dia 15 de janeiro de 1889, na Praça da Anunciação, hoje Praça da República, no Rio de Janeiro; foi um golpe militar em que acabaram com a monarquia no Brasil, cessando o reinado do imperador D. Pedro II – o Brasil passou a ser uma República Federativa, com o governo provisório do Marechal Deodoro. A república é um sistema de governo, onde o presidente é o chefe do governo, auxiliado pelos seus ministros, o povo participa do governo ao votar – o poder é divido em três partes: o executivo (o administrador do Brasil, o presidente da república), o legislativo (elaboram as leis na Câmara dos Deputados e no Senado Federal) e o judiciário (julga o cumprimento das leis). Muitos ainda desejam a volta da Monarquia, inclusive, já foi feito um plesbicito, ganhando a República.

Alguns perguntarão: - E o resto do feriadão prolongado, como foi? Curti nos shopping Center de Manaus, conversei bastante com os meus filhos e brinquei muito de vovô no tapete da sala de estar.

Chega de final de semana prolongado, lamento por não ter ido a Paricatuba ou ao Rio Preto da Eva, mas, valeu ter curtido em Manaus - já estou com saudade do meu trabalho, depois de alguns dias na labuta, irei rezar para chegar logo o próximo feriado, - a vida é assim mesmo: se estamos aqui, queremos ir para lá, se estamos lá, queremos voltar! É isso ai.

Foto: Parte da Capa do livro "Manaus, Meu Sonho", do Joaquim Marinho

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