sexta-feira, 1 de maio de 2020

PRÉDIO DA CERVEJARIA MIRANDA CORRÊA DE MANAUS



Este prédio em dois momentos: um em preto e branco, em 1920, e outro clicado por mim, em 2020, além do rótulo da cerveja XPTO. Passados cem anos continua majestoso, imponente, chamando a atenção dos manauaras e dos turistas que chegam aos transatlânticos aportando no Roadway (um porto flutuante construído pelos ingleses na época do boom da borracha). Sempre passo por lá para fotografar. Eis a história deste prédio que fora construído para abrigar a primeira fábrica de cerveja em Manaus, segundo os historiadores:
A Fábrica de Cerveja Miranda Corrêa, cuja pedra fundamental foi assentada em 20 de fevereiro de 1910 e inaugurada em 10 de outubro de 1912 pelos irmãos Miranda Corrêa (Luís Maximino e Antonino Carlos, engenheiros, Altino Flávio, almirante, e Deocleto Clarivaldo, médico), com o início da produção de cerveja e chope em barris, que faria fama entre os manauenses. A XPTO sobreviveu aos seus criadores, continuando a ser fabricada por mais de 50 anos. Ganharam o mundo, pois eram servidas nos navios que saiam de Manaus rumo à Europa. XPTO, que a primeira vista é uma sigla, na realidade é abreviatura do nome de Cristo em grego (Christós: X (qui), P (ró), T (tau) e O (omicron). O historiador Antonio Loureiro, descobriu que XPTO é uma gíria usada em Portugal desde o século 20 e falada até hoje e significa “OK, é o máximo”. O prédio da empresa, projetado na França, no estilo de um castelo bávaro. A pincha (ou tampinha) que fechava a garrafa tinha desenhado o mapa do Amazonas e seus rios, circundado pela inscrição Cervejaria Miranda Corrêa. O rótulo apresentava uma águia entrelaçada com o nome XPTO. Uma cópia de um anúncio visto na Times Square, em Nova York, por Antonio quando esteve lá. Quando a XPTO deixou de ser fabricada, em 1970, o historiador Ed Lincon Barros tinha apenas um ano de idade, mas ele descobriu que a empresa J. Macedo comprou o controle acionário da Cervejaria Miranda Corrêa e começou a fabricar a Brahma, em 1972, com novos e modernos equipamentos, aumentaram a produção, talvez não visse sentido em produzir duas marcas de cervejas ou mesmo a Brahma não permitisse que eles produzissem outra”.
O livro A Belle Époque Amazônia, de Ana Maria Dou, cita A Cervejaria Miranda Corrêa "...inaugurada em 1912, em estilo art nouveau, contribuía para a "vida alegre da cidade", abastecendo Manaus com a famosa cerveja XPTO, refrigerantes e gelo. A cervejaria também realizava bailes inesquecíveis para a alta sociedade. O chope e a cerveja animam a sociabilidade masculina, quando ao final do dia se reuniam nos clubes ou nos bares os recebedores da borracha, fiscais de Alfândega, representantes das firmas seguradoras e das companhias de navegação, responsáveis pela saída da contrapartida amazônica na tonelagem dos navios que tornavam o Atlântico em direção à Europa, aos Estados Unidos ou ainda para o Rio de Janeiro. Refrescados pelo chope gelado ou pela cerveja, realizam os últimos acertos nos negócios, atentos à cotação da borracha..."
São muitas histórias deste prédio que encontra-se fechado e não sabemos quem é o seu verdadeiro dono. Continua em pé, um orgulho para os manauaras.

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