quinta-feira, 14 de outubro de 2010

O TAMBAQUI


O Tambaqui é um peixe nobre da Amazônia - o nome científico é Colossoma macropomum; segundo os especialistas, as características são as seguintes: escamas com corpo romboidal (quadrilatero de âgulos não retos) , nadadeira adiposa (pequena excrescência carnosa) curta com raios na extremidade; boca prognata (mandúbula alongada) com dentes molariformes (molar, próprio para roer) e rastros branquiais (brânquias, orgão respiratório) longos e numerosos, a coloração geralmente é parda na metade superior e preta na metade inferior do corpo, mas pode variar para mais clara ou mais escura dependendo da cor da água.

Vamos conhecer um pouco mais: É uma espécie que realiza migrações reprodutivas, tróficas e de dispersão; durante a época de cheia entra na mata inundada, onde se alimenta de frutos ou sementes; na vazante dos rios, os indivíduos jovens ficam nos lagos de várzea onde se alimentam de zooplâncton e os adultos migram para os rios de águas barrentas para desovar. Na época de desova não se alimentam, vivendo da gordura que acumularam durante a época cheia.

Por ser um peixe com uma carne soborosissima, muito utilizado na culinária regional e, alcançando um alto valor de mercado, houve uma sobrepesca, tornando difícil encontrar um indivíduo com um peso maior.


Um caso raro: no mês de Agosto deste ano, um pescador do Município de Maraã (635 Km de Manaus), no Rio Solimões, pescou um com 1 metro e 15 centímetros, pesando quarenta e quatro quilos, com idade calculado entre doze a quinze anos. Foi colocado no formol e está em exposição no Bosque da Ciência, no Instituto de Pesquisa do Amazonas – INPA, em Manaus, no bairro do Aleixo.

Segundo os especialistas, a pesca e comercialização em Manaus eram a seguinte: durante décadas e notadamente até metade da década de 80, o Tambaqui foi o principal item desembarcado no porto de Manaus, chegando a um pico de 14 mil toneladas anuais durante a década de 70, no entanto, nas últimas estatísticas pesqueiras computadas apresentaram uma média de desembarque de 300 toneladas anuais de peixes oriundos de ambiente natural.

Para a proteção da espécie na época da desova, o IBAMA criou a temporada do defeso (proibição), entre 1º. de Outubro a 31 de Março de 2011, neste período, não é permitido a pesca, transporte, armazenamento, beneficiamento e a comercialização desta espécie, com execeção dos casos de estoques declarados pelo IBAMA, produto proveniente de piscicultura registradas e acompanhados de certificado de origem e a pesca científica autorizada previamente autorizada.

Na minha infância, tinha uma missão muito árdua: ir toda semana ao Mercado Adolpho Lisboa, para pegar o “bucho” do Tambaqui.  Apesar de ser um peixe nobre, era muito consumido pela classe de baixa renda, existiam em grandes quantidades e o preço era muito bom, na nossa mesa nunca faltava. As pessoas quando viam aquele menino, pegando as vísceras do peixe, ficavam chocadas, algumas até se dispunham a me dar uma “banda” do Tambaqui, porém, sempre me recusava, o objetivo maior era o bucho!  Não dava para explicar para todo mundo que aquilo servia como matéria-prima para fazer um tipo cola, utilizada na confecção de violões. Depois da década de oitenta, a produção caiu, o preço foi para a estratosfera, tivemos que parar de utilizar o bucho, passamos a utilizar a cola branca. Olha o Tambaqui ai, gente!

Foto acima: Arquivo do IBGE - mostra um peixeiro, na década de 70,  vendendo um Tambaqui, no Mercado Municipal Adolpho Lisboa, em Manaus/AM.
No meio, mostra um desenho do peixe, para melhor visualização das suas caracteristicas físicas. 

Um comentário:

Flávia Reis disse...

Mas afinal, vc pegava o bucho pra comer ou fazer a cola para o viiolão?