quinta-feira, 13 de maio de 2010

O SOLAR DOS BRINGEL

Fiz esta crônica em meados de junho do ano passado, recebi inúmeros comentários, a grande maioria dos familiares do Senhor João e da Dona Mariazinha Bringel. Estou hoje republicando o post, em decorrência de ter tido a felicidade de ter reencontrado o Mário Jorge Bringel e a sua esposa Ilka, num show musical no Tacacá na Bossa, no Largo de São Sebastião.
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O Solar dos Bringel ficava na Rua Huascar de Figueiredo, nº.1191, na esquina com a Rua Igarapé de Manaus, centro. O imóvel pertencia ao Sr. João Bringel (1894 – 1987) e Sra. Maria Macedo Bringel (1906 – 1992).

O imóvel era belíssimo, cercado de jardins e de um grande pomar (goiabeiras, mangueiras, abacateiros, limoeiros, abieiros, saputilheiras e coqueiros); com a permissão dos donos, a minha avó Lídia Pires plantou um pé de Mangueira e, com os devidos cuidados, tornou-se frondosa e forneceu muitos frutos durantes décadas. Este lugar permanece vivo na minha memória, pois foi onde passei a minha infância e adolescência - nos porões da residência funcionava a Oficina de Violões, do meu saudoso pai Rochinha.

O Sr. João e a Dona Mariazinha tiveram uma grande prole, lembro do Aurélio, Norma, Mário Jorge, Maury, Mauro, Renato (Pingo), Antonia (Antonina) e Dea, além dos netos Betinha, Titá e Miroco. Os filhos herdaram dos pais uma grande formosura, bem como, o gosto pela música e pelos estudos, foram também brilhantes executivos na área bancária e comercial. O meu pai considerava os Bringel a sua segunda família, conviveram juntos durante 30 anos.

Na aposentadoria, o meu pai gostava de passear pela Rua Igarapé de Manaus, para conversar com os antigos vizinhos, bem como, para admirar e matar a saudade da residência dos Bringel. Num certo dia, deparou com os escombros do imóvel, falou tristemente o seguinte: - Zezinho, meu filho, vamos embora, acabaram com a nossa memória! Nunca mais voltou ao lugar.

Após o falecimento dos pais, os herdeiros do imóvel resolveram vende-lo, o comprador foi a Universidade do Norte – Uninorte (destruidora dos imóveis antigos de Manaus) - não deu outra, a bela casa foi para o chão, virou simplesmente um estacionamento dos veículos dos seus alunos.

O tempo passa, o tempo voa, mas as lembranças ficam! A residência dos Bringel não existe mais no plano físico, porém ficará guardada num cantinho da minha memória.
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Comentários:
• Zezinho,
As palavras na Internet são como mensagens nas garrafas que lançamos e não sabemos aonde vão chegar. No meu caso chegou aonde está o meu imaginário. Meu tio João Bringel, irmã da minha avó. Maria Bringel Siqueira foi o proprietário deste imóvel. Mais do que isso, foi figura presente na minha infancia-adolescencia, pois morou conosco durante mais de seis meses em Recife. A figura do tio Joãozinho alem da formosura continha algo de mágico. Ele era um grande contador de histórias e um lenda viva da epopéia da região, o que incluia a famosa ferrovia Madeira-Mamoré. Como herdeiro de tão fantástica herança, só tenho que dar força a seu blog. Dê sequência ao seu bom trabalho.
Antonio Carlos Gomes Siqueira - Rio de Janeiro.

•Zezinho,
Que bom saber que você compartilha conosco a saudade da casa dos meus avôs... Muito obrigada por suas palavras.
Eu sou Déa, filha da Déa. Quando nós éramos crianças, meu apelido era Deinha. Seu pai era, além do artista genial, uma pessoa maravilhosa: quanta paciência, que doçura. Muita "espadinha" ele fez para nós brincarmos.
Meu violão, o "Vinícius", foi ele quem fez.
Mais uma vêz, foi maravilhoso ler a sua crônica sobre o nosso Solar. Quando eu sonho, eu estou sempre lá.
O nosso carinho para você e a sua família.
Déa Filha.
• Zezinho, eu sou Márcia, filha do Mario Jorge e da Ilka, passei minha infância e até início da juventude, qdo da venda da casa....brincando ali. Sempre que chegávamos por lá íamos à procura do Sr. Rocha, pois achávamos o máximo o que ele fazia, confeccionando aquelas MARAVILHAS.
Fiquei emocionada qdo li seu blog.
Deus te abençoe.
• Querido amigo,
Sei que o tempo apaga muitas lembranças, mas a casa dos meus avós é uma lembrança que trago viva, e com muito carinho, no meu coração. Obrigado pela lembrança gostosa de tempos que não voltam mais. Ainda posso ouvir seu pai afinando os violões, e sentir o cheiro do verniz que inundava a pequena oficina. Se você tiver outras fotos da casa, por favor, manda para esse e-mail, a família agradece. Obrigado pela maneira gostosa como descreveu a casa e a todos nós. Saiba que você e sua família estarão sempre em nossos corações e lembranças. Espero lhe rever em breve.
Um forte abraço,
IVAN BRÍNGEL
• Muito prezado Zezinho, você não imagina a alegria que senti ao ler tua mensagem. Alegria, por encontrar pessoa tão participante de minha vida, na adolescência. E surpresa, por ficar imaginando como conseguiu me encontrar, depois de tantos anos que nos separamos; gostaria de saber. Visitei o teu blog e vou te confessar: meus olhos marejaram quando li a tua bela e sentida crônica sobre o nosso antigo e saudoso “SOLAR”. Ainda não tínhamos tido a oportunidade de ler um texto tão expressivo, tão autêntico e tão feliz sobre ele. Foi uma verdadeira fotografia escrita. Você soube expressar todo um sentimento de amor naquelas palavras. Meus parabéns! Estou encaminhando para todos os meus irmãos e sobrinhos – os citados na crônica e outros mais – o teu trabalho e a indicação do teu blog.
Li e gostei também da crônica sobre o nosso velho Cine Guarany e suas sessões ao ar livre. Que saudade, amigo! Ainda vou ler as demais, tenha certeza, porque você coloca muito sentimento no que escreve.
Não seria preciso dizer que estás parecidíssimo com o teu pai. Outra coisa: de onde é aquela foto antiga, que encabeça tua página? É de Manaus? Estou à procura de uma foto da parte da frente do prédio onde funcionou a Polícia Militar, ali na chamada Praça da Polícia; será que você tem alguma?
Zezinho, mais uma vez quero te agradecer pela alegria que me proporcionaste com a tua mensagem e a felicidade de voltarmos a nos comunicar. Um grande abraço para você, sua esposa e seus três filhos.
Mauro Bringel.

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