terça-feira, 18 de maio de 2010

HOTEL CASSINA & CABARÉ CHINELO

Posted by Picasa

O imóvel que abrigou o Hotel Cassina e, posteriormente, o Cabaré Chinelo, localiza-se na Rua Bernardo Ramos no. 295, no centro antigo, foi considerado um bem que integra o Patrimônio Cultural de Manaus, tendo sido incluído no Decreto da Prefeitura Municipal de Manaus, sob o no. 7.176, de 10/01/2004, como Unidade de Preservação do 1º. Grau.

O prédio tem como características: a representatividade da Manaus Belle Époque; com predominância da cor vermelha, com o branco nos ornamentos do edifício, possui algumas linhas circulares inspiradas nos arcos abaulados, o seu estilo é eminentemente ecléctico.

Este magnífico prédio foi construído em 1899 e, segundo os historiadores, o nome do hotel foi em homenagem ao seu proprietário, o italiano Adréa Cassina. Passou por momentos de glória no período áureo da borracha – depois com a débâcle (ruína dos seringalistas e toda a cadeia que envolvia a produção da borracha), foi rebaixado para a condição de Pensão, passando, posteriormente, para Cabaré Chinelo, no sentido pejorativo de quinta categoria e, finalmente, para a condição de um prédio abandonado, em ruínas.


Na época do fausto, o casino era utilizado pelos barões da borracha, onde apostavam grandes fortunas, era um espaço de diversão das elites, um conjugado de “dancing”, bordel e casino - a prostituição corria solta, com belas mulheres “cocotes” francesas e polonesas, bebiam conhaque, champanhe e vinhos finos, com tudo do bom e do melhor! Belos tempos!.

O prédio tem uma significação bastante grande para a nossa história, tanto que o autor amazonense Alberto Nunes Lopes, escreveu o livro “Cabaré Chinelo” - "O livro reconstrói o cotidiano do Hotel Cassina, onde se divertiam os barões da borracha e ocorreram muitas histórias que ficaram registradas no imaginário popular, recrio na ficção a vida do cabaré que era frequentado pelos altos barões da borracha", explica o autor.


O imóvel pertence a particulares, porém, existem projetos do poder executivo municipal e estadual, para restaurá-lo e transformá-lo em um teatro popular.

Existe boa vontade dos homens públicos, mas, somente a intenção não é suficiente – o imóvel vem sistematicamente sofrendo degradações, sem nada ser feito para a sua conservação.

O imóvel é tombado por lei. Porém, fica a pergunta que não quer calar: - E se tombar, no sentido da palavra? Talvez alguns respondam: - Tombou, e daí? Outros dirão: - Poderemos construir no local mais um Camelodrómo!

A administração pública deve ter o compromisso de promover e incentivar a preservaçao, recuperação e a revitalização das construções de relevante interesse, para a garantia da valorização cultural da cidade e de seus custumes e tradições. É isso.



Fotos: Foto Colagem e a última -J Martins Rocha;
            A do meio ,foi idealizado pelo pessoal da Fucapi.
           

3 comentários:

Phamela disse...

Muito interessante você falar sobre este prédio Rocha, que aliás é um dos mais charmosos de Manaus. Infelizmente, passei em frente à ele esta semana e com pesar, notei que uma das belas grades dos grandes janelões não está mais lá. Fiquei preocupada, afinal, no estágio de abandono em que se encontra o mesmo, pode ser que ela tenha caído para o lado de dentro ou mesmo tenha sido depredada. Triste retrato do descaso com o nosso patrimoônio cultural!

marcia ishii disse...

Que bom uma pessoa criar um blog é contar a historia cultural dessas belas construções de Manaus, da Bela Epoque, que pena que elas estão abandonadas pelo poder pùblico.

Ieda maria disse...

Achei muito importante que alguém tenha um blog com um tema pouco valorizado como a prostituição no período da borracha. Sou formada em história pela UFAM e o meu projeto da monografia foi exatamente este, A PROSTITUIÇÃO EM MANAUS NO PERÍODO ÁUREO DA BORRACHA, orientada pela professora Maria Luíza Urgate.Tentei me pós graduar com o assunto mas naquele momento a história econômica teve mais espaço