Domingo, o Dia do Senhor -
acordava cinco da manhã, tomava um banho gelado de água de camburão - era o dia
de sair com os meus irmãos e o meu pai, para fazemos compras no Mercado
Municipal Adolpho Lisboa - por lá comprávamos peixes, carnes, frangos, verduras/legumes
e frutas (ingá, laranja, marimari, tucumã, cupuaçu e melancia), além do queijo
coalho, pé de moleque, cuscuz, sorva, pamonha e, ainda tomávamos o nosso
gostoso mingau de banana.
Voltávamos felizes com a sacola cheia e pesada, com o trajeto feito a pé, um pique até o Igarapé de Manaus – chegando em casa, era à hora de tomarmos banho no igarapé e pular da Ponte Romana I até o meio-dia.
Eu corria para casa, tomava
um banho apressado, não tirava todo o cauxi do corpo – a minha mãezinha passava
a minha roupa domingueira, num ferro a carvão e, dava apenas uma colherada de
comida, corria feito um louco pelo meio da rua, indo direto para o Cine
Guarany, para assistir filmes e ficar na brincadeira num local conhecido dentro
do cinema como “poleiro”.
Ao sair, dava conta que a
minha barrigada estava roncando de fome, com a tripa gaiteira fazendo festa –
era quando “matava a broca” com um sanduíche de picadinho, com refresco de
maracujá.
A cidade era pequena e pacata,
dava para passear sozinho pelo centro antigo – a minha preferência era andar
pela Avenida Eduardo Ribeiro, olhando as vitrines das lojas, além de ficar admirando alguns prédios antigos abandonados.
Às vezes a minha avó paterna
levava-me para assistir missas na Igreja Matriz (Nossa Senhora da Conceição),
aproveitava para brincar num parquinho e, visitar o “Aviaquário”, um local onde eu ficava admirando um Pirarucu
nadar num imenso aquário, além de olhar, com medo, de um Jacaré Açu- a Minha avó comprava algodão doce, pipocas e pitombas.
Outras vezes, o meu pai levava-me
para passear no “Rodo” (Rodoway), o nosso porto flutuante – ficava espantando
com aqueles navios enormes e com a grandeza do Rio Negro.
Alguns domingos, a nossa família ia para o Parque Dez de Novembro, um balneário de águas limpas e cristalinas (Igarapé do Mindu), ficava bem em frente ao atual DETRAN – o lugar era distante, falavam que “ficava no fim do mundo”, com uma dificuldade enorme para chegar até lá, pois tinha pouquíssimos ônibus (de madeira) que faziam o trajeto do centro até aquele local.
Quando comecei a gostar de
assistir a futebol de campo, dava uma pernada do centro até o Parque Amazonense
- furava (subia pelos muros), pois não tinha grana para comprar os ingressos – quando
o meu pai dava a grana, pagava para o dono de alguma casa que ficava ao redor
do estádio e, subia em uma árvore para assistir ao jogo do meu Fast Clube do
coração!
2 comentários:
Rocha. Li tua crônica e também "viajei",morava na Pça. da Polícia. A única coisa que não fazia era o banho no igarapé de Manaus, tudo o mais fazia na companhia de minha mãe e de meu pai e o cinema ia com a turma da rua. Manaus era uma delicia,na minha visão de criança parecia que o tempo não passava. Parabéns. Diniz Alexandre Pereira
Olá Rocha, amei seu blog! Ir ao Parque Dez era o melhor programa de fim de semana; levávamos comida para poder passar o dia inteiro lá, já que como vc falou, o lugar ficava "no fim do mundo", mas quando a gente chegava lá, todo o sufoco da viagem valia a pena. Obrigada por ativar minha caixinha de lembranças. Parabéns pelo blog! Fiquei fã kkk...
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