O padre Nonato foi um religioso que bem cedo deixou a batina; a sua praia era mesmo a boemia e, dizem, eu não sei, que ele era também chegado a uma pederastia, era também um grande brigão; tomou todas nos bares de Manaus, porém, era respeitado pelos acadêmicos, o homem tinha uma vasta cultura, foi um grande literato; ouvi falar que ele tinha um assessor para assuntos aleatórios, era um caboquinho do interior, tinha como missão espinhosa, a busca e seleção de homens formosos e avantajados; certo dia, encontrou o Companheiro Inácio, tentou inúmeras vezes trazê-lo até a presença do padre, mas recebia sempre um grande e sonoro não; num belo dia, fez uma proposta indecente, irrecusável, o Companheiro Inácio era um jovem Surubim (liso, mas cheio de pinta!), aceitou a parada, primeiro teve que mostrar a “dita cuja” para o “assessor”, o cara ao ver a parada de sucesso, tremeu nas bases, saiu correndo para contar as boas novas ao padre:
– Sêo padre, o homem aceitou, mas ele tem uma tremenda lambedeira, mede um palmo e três dedos o mangará, parece até uma escora de carroça, tenho até pena do senhor! Passou a informação, no puro nervosismo.
- Não esquenta não, meu filho, vá lá e traga o bofe, e, seja o que Deus quiser! Respondeu na maior tranquilidade, fazendo o sinal da cruz.
Conheci o padre nos últimos anos da sua vida, andava bem arrumado, carregando sempre um guarda-chuva e uma bengala, parava em todos os bares do centro antigo de Manaus, era solitário, tomava a sua cervejinha, sempre lendo um livro ou jornal, não perturbava mais ninguém.
O Companheiro Inácio é um artista plástico muito famoso na região norte; na sua juventude aprontou poucas e boas, era um bonitão, detonou centenas de mulheres, o cara era um garanhão; gostava também de tomar umas e outras; certa vez, encontrou a mulher dos seus sonhos, uma gaúcha muito linda, ela era aeromoça da Varig-Cruzeiro, o Companheiro Inácio pediu ela em casamento, o pedido foi aceito, porém, na condição de ele parar de beber, aceitou a condição, para tanto, passou a frequentar a irmandade dos Alcoólicos Anônimos (AA do Porto de Manaus), seguiu direitinho os doze passos, por lá encontrou o Professor Lazáro, do Colégio Einstein, era o Presidente da instituição, o Companheiro Inácio foi muito dedicado, chegou até ser o Secretário Geral; num belo sábado caliente de Manaus, os dois amigos se encontraram no Canto do Fuxico (esquina da Avenida Eduardo Ribeiro e Rua Henrique Martins), o Companheiro Inácio propôs uma caminhada até a esquina da Rua José Clemente, chegando lá, resolveram pegar a esquerda e pararam em frente ao Bar Caldeira, resolveram tomar um guaraná Baré, papo vem, pago vai, pediram outro guaraná, papo vem, papo vai, tomaram o terceiro guaraná, o Companheiro Inácio propôs o seguinte:
- Companheiro Lázaro, está fazendo um calor danado, que tal tomarmos somente um copo de cerveja? Perguntou na brincadeirinha para o professor, se colar, colou.
- Companheiro Inácio, faz logo o pedido, aproveita e pede dois maços de Hollywood e Tira-Gosto de Queijo Bola com Salame, manda logo o Adriano separar uma dúzia de ampolas véu de noiva, eu não sou homem de tomar somente uma, estou até o pescoço com a porra desse guaraná, vamos secar o boteco, Companheiro Inácio! Respondeu na maior, quem manda cutucar Onça com vara curta.
- Paranananam, paranananam - Ó abre alas que eu quero passar, eu sou da lira não posso negar..! Vou-me embora para Pasárgada, lá sou amigo do rei, lá tenho a mulher que eu quero, na cama que escolherei..! Os dois companheiros passaram a tarde bebendo, cantando e declamando, estavam mais animados do que pinto na merda! Depois da bebedeira, os dois ainda foram abrir os trabalhos do AA, foram expulsos pelos estivadores, embaixo de socos e pontapés.
O Companheiro Inácio perdeu a noiva, ficou solitário até hoje, ainda toma umas e diversas, porém, ainda produz excelentes quadros, famosos no Brasil inteiro – O Companheiro Lázaro, foi proprietário de vários cursinhos pré-vestibular de Manaus, continua lecionado Literatura e Língua Portuguesa.
O Manoel Mormão é um “Espoca Konga”, é um dos moradores mais queridos da Ladeira da Tapajós, mora num terreno baldio, bem ao lado da antiga casa da família Bentes de Souza; acredito que pelo tempo que está no local já dá para pedir Usucapião. Quando era jovem, foi morar numa fazenda situada no bairro do D. Pedro II (o local virou depois uma casa de forró), ele era um exímio domador de cavalos, ficou responsável por um árabe puro sangue; nos finais de semana, gostava de passear à noite, montado no cavalo, sem a permissão do dono, visitava todos os botecos da Compensa, fazia o maior sucesso, andava a cavalo nos meios dos carros, trajava um chapéu cowboy e um facão na cintura; certa vez, parou no Bar Senadinho, pediu uma dose marítima, o dono do estabelecimento colou cachaça, querosene, pólvora e uma bala, tomou de uma só talagada e sem fazer careta, montou no cavalo e foi passear, depois voltou sem o cavalo, foi logo detonando:
- Faz outra dose marítima, pode colocar os ingredientes, sem a bala, pois na anterior, dei um pum e matei o cavalo! Fez o pedido na maior gozação.
O cara adora uma pura, todas as vezes que ele vai tomar uma dose, fecha o nariz para não sentir o cheiro da cachaça, se não, vai dá água na boca e misturar o mé! Todos os vasilhames de 51 ficam arrumados numa parede, no final de ano, ele faz uma árvore de natal de garrafas, a vizinhança entra com os piscas-piscas. O local aonde mora chama-se Sindicado do Mé, o presente preferido do Manoel Mormão é o Kit Pé Inchado: uma garrafa de cachaça 51, uma carteira de cigarros Derby e uma lata de Conserva de desfiar. Gosta sempre de cantarolar: - Manoel Mormão, Manoel Mormão, não deixa a cachaça cair pelo chão! Já fui menino levado, tocador de p..., só não fui "sãocristão" por que era levado da breca! Assim vai levando a vida.
Existem várias outras figuras, comentarei em outras oportunidades. O importante é o reconhecimento, o resgate dessas pessoas, não pretendo desmerecê-las, mas, mostrar o lado bom e engraçado das suas vidas. Comento toda semana sobre a minha vida, sem nenhum problema, tudo na maior alegria. E isso aí!
Existem várias outras figuras, comentarei em outras oportunidades. O importante é o reconhecimento, o resgate dessas pessoas, não pretendo desmerecê-las, mas, mostrar o lado bom e engraçado das suas vidas. Comento toda semana sobre a minha vida, sem nenhum problema, tudo na maior alegria. E isso aí!
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