O Zé Mundão acordou cedo, era um tremendo domingo gordo de carnaval, em vez de rezar, começou logo a cantarolar “hoje estou com a corda solta, hoje estou mandando brasa...”, esse cabocão vai aprontar hoje, não sei não! Resolveu forrar a pança no Mercado Durval Porto, na Avenida Djalma Batista, pediu logo uma sopa misturada (carne e mocotó), com suco de Taperebá, depois de tomar até a última colherada do caldo, partiu para as compras, ele tem algumas boquinhas em casa para comer, comprou queijo coalho, broa, pamonha, pupunha, tucumã, laranja, banana e um jornal (coisas de amazonense), rumou para a sua casa, a barriga começou a reclamar, foi entrando direto para a privada, quase que ele faz a “obra” dentro do carro, quem manda ser guloso; depois de voltar aliviado, pesando menos meio quilo, resolveu ler o jornal, as manchetes foram as seguintes: governador faz a farra no 40: muito bacalhau e whisky 12 aninhos (e o povo só tomando no cupuaçú!), partidos nanicos são mil e uma utilidades (para os grandes), mil palhaços no salão (Cony), Porto das Lajes um projeto sustentável (para eles, conversa fiada para boi dormir!), Galo de Manaus saiu meio-dia (o de Recife saiu na madrugada), abram alas para as especiais na Sapucaí (a Mangueira vai entrar e sair numa boa), ao ler esta última notícia, lembrou do desfile das especiais de Manaus, assistiu pela TV o show da Vitória Régia; ele tinha dado um pulo no Sambódromo apenas para assistir ao desfile do Bloco da Camisinha e da Terceira Idade; Zé Mundão pulou da rede, jogou o jornal e partiu para “zonar”, passou no caixa eletrônico, tirou uma merreca, deu um pulo na Feira da Eduardo Ribeiro, tomou um suco de guaraná com amendoim, mel, catuaba e mirantã (o famoso Kit Ricardão), comprou uma peruca fajuta, pois estava agendado a Banda do Caldeira, olhou o relógio, marcavam 11 horas e trinta minutos, estava quase na hora do Zé Mundão dar o pontapé inicial, molhar a garganta, sabe como é - ele também é filho do Homem! No caminho do bar, a barriga começou a reclamar de novo, não deu outra, voltou correndo para a casa direto para a privada, quem manda tomar aquela gororoba; aliviado pela segunda vez, estava invocado, pois tudo que entrava saia em seguida; rumou para o Caldeira, agora o bicho vai pegar, não estava nem ai prá fininha; começou a peleja, os primeiros foliões começaram a chegar, o artista plástico Inácio Evangelista dava os últimos retoques na ornamentação, lembrou de um trabalho que ele fizera, juntamente com o colega Jorge Palheta, no clube Sírio Libanês - tinha ficado puto da vida, pois o garçom o chamou de “decorador”(coisa de viado!), ele era um ornamentador (coisa de macho!); papo vem, papo vai, a velha guarda começou a ensaiar as velhas marchinhas de carnaval, o Zé Mundão começou a contar piadas, soltar palavrão e entornar todas (sua marca registrada); deu 1 hora da tarde, a barriga começou a roncar, rumou para um restaurante da Rua 10 de Julho, escolheu um prato bem “light”, na base de saladas e uma carne bem magrinha, pois estava cabreiro, não queria mais voltar correndo prá casa direto para a privada, sem chance! Forrado, Zé Mundão deu pulo no Bar Jangadeiro, encontrou com o Ferrin, um cearense "cabra da peste" que gosta de falar do seu namoro com uma jumenta; voltou para o Bar Caldeira, o fuzuê já estava feito, colocou a sua peruca e um óculos “ray-munda”, brincou, dançou, o som estava escroto, nunca tinha visto uma Banda sem uma banda de sopros, os caras estavam tocando num órgão Yamaha com as caixas defasadas, mas tudo era carnaval, depois chegaram dois músicos com o seus respectivos instrumentos de sopro, ai o bicho pegou! Zé Mundão brincou e bebeu até se alisar, resolveu encerrar o carnaval daquele dia e, voltou para a sua casa; está pensando descansar na segunda, pois na terça-feira irá começar tudo de novo na Banda do Cinco Estrelas, na Avenida Getulio Vargas. Eu hein!
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