A cidade de Manaus, em 1915, sentia as consequências econômicas com o término do boom da borracha, no entanto, muitas famílias ficaram ricas e ainda desfrutavam das benesses advindas das exportações da goma elásticas – no carnaval deste ano, um grupo de jovens riquinhos, filhos da aristocracia manauara decadente, eram donos de um bloco carnavalesco denominado “Paladinos da Galhofa”, alugaram o clube mais chique da cidade, o Ideal Clube, na época sediada na esquina da Avenida Eduardo Ribeiro com a Rua Henrique Martins, onde se desenrolou uma tragédia que repercute passado mais de cem anos.
Era o dia 16 de fevereiro de
1915, uma terça gorda de carnaval, onde seria realizado um grande baile
carnavalesco, reunindo no clube a nata social de Manaus após o desfile dos blocos
na Avenida Eduardo Ribeiro.
O Bloco Paladinos da Galhofa era
o mais animado, composto por onze carros, sendo sete alegóricos e quatro sobre
críticas diversas. Como eram ricos, vinha à frente uma guarda de honra,
montados em cavalos, seguida do Carro Precursor, apresentando um enorme Canhão
42. Dois carros faziam alegorias à Música, com o primeiro ostentando uma imensa
Lira e conduzindo uma orquestra formada por rapazes, outro, com uma enorme Harpa
conduzindo também uma orquestra formada por senhoritas da alta sociedade. Outros
carros chamava-se Carro Japonês (com Queijas), Carros de Críticas (Tacacá e
Fatos Pitorescos da Época), Carro das Crianças. Fechando o desfile com o carro
denominado Chave de Oiro, coroando o desfile triunfal do Paladino da Galhofa.
Após a apresentação, os jovens integrantes
do bloco Paladino da Galhofa reuniram-se para comer e beber, comemorado a
vitória do desfile, dirigiram-se, depois, para o Ideal Clube, que estava todo
decorado, com deslumbrantes cores, cheio de homens charmosos e damas elegantes.
Era tudo esplendor, jamais alguém
poderia imaginar que naquele local aconteceria uma tragédia que invadiria um
cenário tão alegre, aconchegante, cheio de felicidade, harmonia, ao som da
melhor orquestra de Manaus. Foi tudo uma maravilha quase toda a noite, com
luzes, requinte e beleza das damas.
Ao passar da meia-noite, já era a
quarta-feira de cinzas trazendo consigo o momento sinistro, selando o destino
cruel daquela noite encantadora.
Uma bela jovem chamada Ária Paraense Ramos, que
a todos encantavam com a sua graça, olhar e sensualidade, foi atingida pelo
disparo de um revólver, vindo de um jovem estupido, que o empunhara de forma
desequilibrada e traiçoeira.
Momentos antes dessa tragédia, a
Ária fez parte do Carro da Harpa, ostentando o seu violino, irradiando beleza e
ternura no Paladino da Galhofa.
No clube, dançou com um amigo
inglês de nome Fenthon, de repente parou de dançar e atendendo ao pedido de
alguns amigos, conhecedores de seus dons artísticos, tocou uma valsa Subindo ao
Céu, ao terminar, dirigiu-se a uma mesa sendo atingida por uma bala assassina que
interromperia a sua trajetória e o fulgor de sua juventude.
Os seus amigos, desesperados, colocaram-na
em seus ombros, correndo vários quarteirões até chegarem no Hospital da Santa
Casa de Misericórdia, no afã de salvar sua vida, mas o destino já havia escrito
a sua página de tristeza para a cidade de Manaus.
Segundo alguns historiadores, o crime foi passional, pois havia um triângulo amoroso. No baile estava vestida de Diana, a Deusa Caçadora, o seu namorado Edílio Baroco, de Caçador, enquanto o ex-Mário Travassos, de Cowboy, para completar, ainda foi dançar com um amigo inglês, o Fenton. A ciumeira foi instalada no baile.
O seu namorado chegou a ser preso, mas solto pela polícia e o seu ex-namorador não foi nem abordado, devido pertencer a uma família rica e tradicional de Manaus.
O seu namorado, segundo os jornais da época, morreu louco, ouvindo um violino imaginário tocar a valsa "Subindo ao Céu".
Ária tinha apenas dezenove anos de idade quando foi brutalmente assinada. Nasceu no início da Belle Époque Manauara e morreu quando a cidade começava a ficar pobre.
Passado mais de um século não há quem possa esquecer aquela tragédia.
Segundo alguns historiadores, o crime foi passional, pois havia um triângulo amoroso. No baile estava vestida de Diana, a Deusa Caçadora, o seu namorado Edílio Baroco, de Caçador, enquanto o ex-Mário Travassos, de Cowboy, para completar, ainda foi dançar com um amigo inglês, o Fenton. A ciumeira foi instalada no baile.
O seu namorado chegou a ser preso, mas solto pela polícia e o seu ex-namorador não foi nem abordado, devido pertencer a uma família rica e tradicional de Manaus.
O seu namorado, segundo os jornais da época, morreu louco, ouvindo um violino imaginário tocar a valsa "Subindo ao Céu".
Ária tinha apenas dezenove anos de idade quando foi brutalmente assinada. Nasceu no início da Belle Époque Manauara e morreu quando a cidade começava a ficar pobre.
Passado mais de um século não há quem possa esquecer aquela tragédia.
O seu corpo foi sepultado no
Cemitério São João Batista. O seu túmulo foi esculpido pelo artista plástico
Ítalo Amazonense, que era muito conhecido na época por seus trabalhos em
mármore – fez a imagem da moça tocando o seu violino.
No Dia dos Finados, 2 de
novembro, existe uma verdadeira romaria para reverenciar o seu nome.
É isso ai.
Fontes:
Livro “Fastígio e Sensibilidade do
Amazonas de Ontem”, de Genesino Braga
Livro “Ideal Clube – Cem Anos de
Aristocratismo”, de Gaitano Antonaccio
Entrevista com a Betsy Bell, Evaldo Ferreira, Jornal do Commercio, 2014.
Entrevista com a Betsy Bell, Evaldo Ferreira, Jornal do Commercio, 2014.
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