O Fórum Permanente de Debates
sobre a Amazônia, fez o lançamento oficial do Projeto Jaraqui, no dia 14 de
março de 1980, no Auditório da Faculdade de Estudos Sociais da Universidade do Amazonas, onde foi
realizado uma mesa redonda debatendo a temática “proposta para uma política
florestal para a Amazônia”, contando com
a presença de professores, acadêmicos, intelectuais, ecologistas e pessoas preocupadas
com a problemática da Região Amazônica.
Na proposta inicial, o Projeto
Jaraqui teria um período mínimo de quatro anos e contaria com o apoio
financeiro da Universidade do Amazonas (UA), Banco da Amazônia (BASA), Superintendência
da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), Superintendência do Desenvolvimento da
Amazônia (SUDAM) e da Organização das Nações Unidas para a Educação, as Ciências
e a Cultura (UNESCO).
A proposta inicial do projeto
teria as características:
1. PARLAMENTO POPULAR E NÚCLEO DE
SOLIDARIEDADE ao desenvolvimento adequado e autêntico da Amazônia, com a
participação indispensável de representantes de todos os segmentos e camadas
sociais;
2. Levar aos diversos segmentos da
comunidade regional a discussão dos problemas amazônicos conhecimentos
empíricos dos nativos e dos neo-nativos;
3. Estimular programas e projetos
científicos e comunitários;
4. Suscitar uma autocritica e uma
possível tomada de posição sociocultural, econômica e estético-filosófica as
sociedades urbanísticas.
O projeto teve o nome do peixe Jaraqui, o mais pescado, comercializado e consumido no Estado do Amazonas, com o seu paladar famoso em arrebatar os visitantes do nosso torrão. Ele é a principal fonte de proteína animal para a maior parte da população. Foi um nome justo, pois o Jaraqui é um dos ícones maior da nossa cultura.
No dia 16 de março de 1980, às 10 horas de um domingo, aconteceu o primeiro encontro do Projeto Jaraqui em público. Aconteceu na Praça Heliodoro Balbi (Praça da Polícia), tendo como tema “A Defesa da Amazônia”.
Estiveram presentes ao primeiro ato público o poeta Thiago de Mello, professores da Universidade do Amazonas, políticos e pessoas ligadas a movimentos em defesa da Amazônia.
Os oradores se pronunciaram particularmente contra o anteprojeto enviado ao Parlamento Federal pelo Ministério do Interior, que definia a politica de exploração econômica da floresta Amazônica, em decorrência de excluir pontos fundamental importância para a preservação da floresta, aprovados pela Comissão de politica florestal para a Amazônia brasileira.
Compareceram poucas pessoas ao evento, o que foi encarado pelos organizadores como “absoluta falta de informação do povo com relação aos problemas da Amazônia”.
Na ocasião foi defendida a ideia de que o Projeto Jaraqui deveria ser levado aos estabelecimentos de ensino, a fim de que o estudante seja conscientizado da importância da Amazônia.
Na semana seguinte o Projeto
Jaraqui ouviu a experiência popular. Um senhor de 72 anos de idade, chamado
Francisco Cariatá, um cortador de seringa no Purus e Japurá, esteve na Praça e
fez a seguinte declaração: “Os constantes desmatamentos da floresta amazônica
levarão Manaus a ter uma temperatura, no futuro, por volta dos quarenta
graus”.
O futuro é agora, o desmatamento
continua e a previsão daquele homem interiorano se concretizou: em setembro, em
pleno verão amazônico, em Manaus, faz mais de quarenta graus, na sombra!
No segundo encontro o Senador
Evandro Carreira propôs a utilização de um satélite artificial para policiar a
devastação da Amazônia. O professor
Frederico Arruda, um dos membros do Fórum, conclamou novamente todos os amazonenses e
participantes da mobilização para conquistar a preservação da Amazônia, bem
como, convidou a comunidade para estar presente a um ato público em frente da
Igreja da Matriz na quarta-feira seguinte.
O Projeto Jaraqui passou trinta
anos parado, quando foi resgatado por alguns políticos e professores da UFAM,
em particular sob a coordenação do professor e antropólogo Ademir Ramos, um
militante dos Movimentos Sociais, acadêmico da Universidade Federal do
Amazonas, um dos fundadores do Movimento dos Professores do Estado, bem como do
Movimento Indígena e das Comunidades de Base, um atuante nas lutas sociais e
pela afirmação da Democracia no Brasil.
O assessor político Paulo Onofre e o então Vereador Mário Frota, também ajudaram na volta do novo Projeto Jaraqui, sendo aquele o coordenador do Festival de Marchinhas do Jaraqui e da Banda de Carnaval do Jaraqui.
É isso ai. Parabéns pelos 40 anos
do Projeto Jaraqui. Espero que nova geração de manauaras leve em frente este
projeto para o futuro.
Fontes: Jornais A Critica e Commercio
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