segunda-feira, 13 de fevereiro de 2012

CABOCO & CABOCA




Caboclo ou caboco, qual o termo correto? Para nós, brasileiros, nascidos nos lugares rodeados por rios e matas da nossa Amazônia, não existe este intrometido “”, somos conhecidos por cabocos e, nada de colocar entre parênteses por não existir oficialmente, aliás, achamos estranhíssimo quando alguém pronuncia a palavra “caboclo”, não soa muito bem nos nossos ouvidos, fica parecendo algo que foi empurrado goela abaixo.

O famoso Câmara Cascudo, um dos maiores estudiosos da cultura brasileira, fez o Dicionário do Folclore Brasileiro, onde defende a forma caboco, pois, segundo ele, o “l” teria sido introduzido na palavra sem encontrar base nas diversas hipóteses etimológicas, como a que afirma derivar do tupi caa-boc “o que vem da floresta” ou do kari`boca “filho do homem branco”.

Como surgiu o caboco? Dizem os historiadores que surgiu através da mestiçagem na colonização brasileira – por estas bandas chegaram muitos portugueses, franceses e ingleses, vinham sozinhos, a solução foi se unirem as mulheres nativas, desse acasalamento entre o branco europeu e a índia brasileira, resultou no caboco.

Atualmente, não sabemos exatamente quantos cabocos existem, pois, muitos não gostam de ser assim chamados ou mesmo desconhecem a sua origem. O IBGE colocou o caboco no mesmo saco de outras combinações de raças, tudo agora é da cor parda.

O Deputado Estadual Luiz Castro (PPS/AM) conseguiu incluir no calendário oficial do Amazonas o “Dia do Caboco”, passando a ser comemorada no dia 24 de Junho. Atendendo a demanda do movimento mestiço, a lei tem por finalidade homenagear o caboco, defendê-lo e repudiar o preconceito e a discriminação contra a sua cultura e identidade.

Nunca tive vergonha das minhas origens, aliás, sempre tive muito orgulho. A minha mãe era uma caboca nascida em Terra Nova (interior do Amazonas), filha de um branco maranhense com uma caboca de marcantes traços indígenas – o meu pai era filho de uma mulher branca descendente de espanhóis e um negro – portanto, sou uma mistura de raças (branco, índio e negro).

Sou um cabocão com muito orgulho e muito amor. É isso ai, cabocada!

4 comentários:

José Ribamar Mitoso de Souza disse...

Ótimo, Rochinha. E caboco não tem cor . Tem consciência: conhece o ciclo das águas, a fruta da época, se vai hover ou não, a hora de pescar tal peixe,tem amor aos pássaros, as árvores, aos igarapés. Conhce as lendas da mata, os seres da floresta. Ótimo!

Flaic disse...

É isso aí Rocha!ORGULHO DE SER CABOCO, chega de querer ser sulista ou nordestino, temos uma origem e devemos ter respeito e orgulho pela mesma.

Cynara disse...

Eu também sou uma cabocona Rochinha...rs
Morando em BH e me emocinando só de lembrar do cheiro de diesel quando 'atracamos o motor'na Manaus moderna.E das tartarugadas,e da chuva...e de tudo.
Muito obrigada por ter este espaço.Super vale.

Cynara disse...

Eu também sou uma cabocona Rochinha...rs
Morando em BH e me emocinando só de lembrar do cheiro de diesel quando 'atracamos o motor'na Manaus moderna.E das tartarugadas,e da chuva...e de tudo.
Muito obrigada por ter este espaço.Super vale.