Nos primeiros anos da década sessenta, antes da “Revolução de 64”, ainda vivíamos o finalzinho do famoso “anos dourados”, uma época em que deixou muitas saudades, pois, tudo era chique, diferente, algumas pessoas chamavam de “anos glamorosas”, outros tantos, gostavam de referir aos jovens riquinhos de “jeunesse dourè ou juventude dourada”, tanto que até hoje, quando se quer fazer uma “Festa Retrô”, voltando ao túnel do tempo, estes anos nunca são esquecidos, existem inúmeras empresas de serviços especializados em roupas, acessórios e DJ´s mandando ver as músicas daquele belo tempo que passou; a grande maioria dos cinquentões de hoje, ainda gostam de dizer aquele surrado bordão “eu era feliz e não sabia”.
Historicamente, este período foi marcado com a inauguração, em 1960, de Brasília, a nova capital federal; o nosso Brasil torna-se bi campeão, da Copa do Mundo de 1962; o soviético Iuri Gagárin, foi, em 1961, o primeiro a ir ao espaço; surgem os Beatles e os The Rolling Stones, influenciando no Brasil, do rock, com o nome de “iê-iê-iê”; marcam muito as mortes da atriz Marilyn Monroe, em 1961, e do assassinato, em 1963, do presidente americano John F. Kennedy.
Certa vez, olhando para a minha irmã mais velha, viajei no tempo, voltei para os meus seis anos de idade, era uma manhã de sábado, em Manaus de 1962, estava no “Aeroporto de Ponta Pelada”, os meus olhos estavam grudados numa janela de vidro, era a primeira vez na vida em que via um avião, aliás, vários aviões ao mesmo tempo, foi uma coisa maravilhosa.
Lembro muito bem, toda a nossa família estava presente, estávamos nos despedindo dela, pois, naquele tempo, os manauenses, faziam questão de levar toda a sua família ao aeroporto para receber ou se despedir de um ente querido, bem diferente de hoje em dia, onde se viaja muito a negócios e de férias, com aeroportos entupidos e atrasos nos voos, um sufoco total.
A minha irmã estava indo passar uma temporada no Rio de Janeiro, a famosa “Cidade Maravilhosa”. Foi um evento marcante, pois, viajar de avião era uma coisa muito rara para as pessoas das classes menos favorecidas, ao contrário de hoje, onde existe passagem de até trinta reais (na promoção).
Pois bem, ela tomou um banho de loja, fez manicure, pedicuro e o penteado no “Salão da Menssody”, na Avenida Eduardo Ribeiro, o local era muito frequentado pelas madames ricas da nossa cidade; levou uma mala novinha, comprada na Malaria Guerra, não levou muita coisa, pois a sua ideia era comprar no Rio, muitas roupas e presentes para todos os familiares; hora da partida, subiu as escadas de um avião, acredito que era um “Consttelation”, da Panair do Brasil, deu um Adeus e, embarcou, ficou muito tempo por lá, tanto que até adquiriu um sotaque dos antigos fluminenses.
Viajar de avião, era um dia de festa para os familiares, para comemorar fomos tomar um guaraná Luseia e comer queijadinhas, na Confeitaria Avenida, que ficava bem em frente ao “O Jornal e Diário da Tarde”, com direito a almoçar mais tarde no “Restaurante Maranhense”, isso somente acontecia “uma vez na vida e outra na morte”, credo!
Chega de passado, acordei, de volta ao presente! Costumo dizer para os meus amigos que, gosto muito do passado, tanto que o nosso blog é um pouco saudosista, porém, adoro viver intensamente o presente, com o olho no futuro, é claro! Brincadeiras a parte, somos ainda muito ligados ao passado, pode conferir no dia a dia da nossa cidade - existe uma lanchonete “Picanha´s Burger”, na Avenida Djalma Batista, feita nos moldes dos anos sessenta, tem até uma linda “lambreta” na vitrine e vários miniaturas de carros antigos, vocês sabem quem vai por lá? Os coroas, alguns poderão responder! Errado, o público é cem por cento de jovens.
Tenho um amigo que tem três carros na garagem, sabe qual é o preferido dele? Uma Kombi dos anos sessenta! É mole! Está na moda fazer a “Festa Retrô”, com tudo da década de 60 e 70. Em Manaus existe uma festa chamada “Studio 5 Special Dancing Night”, com coroas e velhos se embalando nos antigos sucessos, com os DJ tocando muitos vinis (bolachão).
O gostinho dos anos sessenta ainda permanece entre todos nós. É isso.
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