segunda-feira, 7 de março de 2011

A VITROLA NIVICO HI-FI DA DONA DIVA

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Nos anos sessenta, na Rua Igarapé de Manaus, sem numero, existia uma moradora, a Dona Diva - ela tinha um equipamento moderno e caro para a época, um privilégio para poucos, era uma “Vitrola”, um termo que está em desuso (vem de Victrola, uma marca registrada), somente é conhecida por alguns colecionadores.

Era um móvel de madeira, bastante grande, bem trabalhado, com caixas de som embutidos, servia para reproduzir sons gravados em disco de vinil (Long Play e Compact Disc), tinha um regulador de discos, dava para colocar em torno de seis LP´s, iam caindo automaticamente no prato e, um braço com uma agulha de diamante, deslizava suavemente e começava a tocar a primeira faixa musical do disco.

Era também conhecido, antigamente, como “Eletrola”, “Fonógrafo” ou “Gramafone”. Modernamente, chama-se “Toca-Discos”, muito utilizados pelos profissionais “DJ”, pois segundo eles, os sons dos graves e agudos são bem melhores, mais nítidos do que as mídias atuais.

A “Vitrola da Dona Diva” tinha um extraordinário recurso chamado de “alta fidelidade”, conhecido também como “HI-FI” do inglês, tinha uma maior fidelidade possível ao som real.

A Dona Diva e o seu marido, eram donos de algumas casas, fomos uns dos seus inquilinos, morávamos na parte detrás da casa deles; aos sábados, ela gostava de tomar umas cervejas e ouvir uma boa música, era muito festeira, botava no volume máximo, dava para ouvir em todo o quarteirão.

No quesito lazer, a geração dos anos sessenta de Manaus, não tinham televisão em suas casas, pois somente chegaram à década seguinte – o aparelho de rádio imperava, porém, somente em alguns lares eram encontrados – quanto ao dispor de uma vitrola Nivico HI-FI, somente os mais abastados tinham este privilégio.

A nossa família era humilde, somente possuímos um rádio a válvulas e, por ser grande demais e muito pesado, ficava a maior parte do tempo na oficina do meu pai - moral da história: não tínhamos nada para passar o tempo em casa, sendo a única solução para entretenimento, ouvir aos sábados as músicas tocadas na vitrola da Dona Diva.

Os grandes sucessos daquele tempo bom, foram: Palhaçada (Doris Monteiro)/Blue Moon (The Marcels)/Faz Me Rir (Edith Veiga)/Biquini De Bolinha Amarelinha (Ronnie Cord)/It’s Now Or Never/Surrender (Elvis Presley)/Negue (Nelson Gonçalves)/Maringá (Carlos Galhardo)/Ninguém É De Ninguém (Cauby Peixoto)/Boato (Elza Soares)/Solidão (Núbia Lafayette)/Ansiedad (Nat King Cole)/Mulata Assanhada (Miltinho), dentre outros.

Passados todos esses anos, com o mercado de entretenimento fazendo lançamentos a todo o momento, com possibilidades de ouvir uma boa música em qualquer lugar, a qualquer momento, com equipamentos portáteis, com sons de alta qualidade, ligados online com o mundo inteiro, ainda encontro um tempo para lembrar os velhos vinis e da “Vitrola Nivico Hi-Fi da Dona Diva”. Eu, hein!

2 comentários:

graca silva disse...

parabens pela materia, muito boa, fiz um passeio de volta ao passado!Ah, Rochinha, estamos fazendo uma corrente de oracao, pela saude da nossa Katia Maria! Nao pude visita-la, pq a dengue tem me massacrado.... qdo falei com vc, pensava que era virose, mas qual nada!

Anônimo disse...

acho que tenho essa eletrola, comprei de um marceneiro, tenho quase certeza q eh a mesma, incrível, vou restaurá-la em breve,comprei o material para madeira primeiro...o marceneiro q me vendeu disse q era de uma senhora de aproximadamente 50 anos q deixou lá a cinco anos e não foi buscá-la, então ele me vendeu, descobrimos q ela havia morrido, pelo motivo não foi buscar...então nos disseram q era da mãe dela...