quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

SERINGAL MIRIM DE MANAUS


Quem passar pelo início da Avenida Djalma Batista, antiga João Alfredo e, olhar para o lado esquerdo, no sentido centro/bairro, verá um monstrengo da Eletrobrás, uma estrutura de redistribuição de energia elétrica para aquela parte de Manaus, muitos, com certeza, não imaginará que, aquele lugar já fora uma belíssima praça, onde existiam cento e vinte seringueiras, a famosa “Hevea brasiliensis” fornecedora do “ouro branco” para a construção do primeiro ciclo de desenvolvimento do Estado do Amazonas – o lugar era conhecido como “Seringal Mirim” (pequeno seringal).

Segundo os historiadores, em 1913, o Sr. José Claudio de Mesquita, antigo proprietário daquela área, encontrou no local oito seringueiras, ao qual deu os nomes de A a H, depois, fez outras 112 plantações com sementes vindas do Rio Jamari. Em 1944, foram encontradas as 120 seringueiras (todas preservadas), segundos os estudos realizados pelos pesquisadores da época, as nativas eram mais produtivas, sendo que a planta “E” morreu - restando as sete, com idade desconhecida e as outras 112 com idade de trinta anos.

Na década de 40, o local pertencia ao Estado do Amazonas, estando sob a administração do Dr. Admar Thury, Diretor do Serviço de Fomento Agrícola, na foto antiga, pode-se vê-lo dando uma aula racional de extração do “látex da Hevea” às professoras estagiárias – também é possível ver como era o local, com as seringueiras todas enfileirada. Uma beleza!

Fomos à bancarrota (falência, ruína) no início do século passado, em decorrência de explorarmos somente as seringueiras nativas, enquanto, os malásios plantaram, racionalmente, as sementes pirateadas pelos ingleses na Amazônia. O Sr. Cláudio Mesquita teve a brilhante idéia de fazer o mesmo, depois de trinta anos, o local estava servindo de laboratório para os pesquisadores.


Na outra foto, mostra os soldados da guarnição militar de Manaus, fazendo aprendizagem da extração do leite de uma seringueira do Seringal Mirim. Veja como foi importante aquele local, serviu de escola para os “soldados da borracha”, nome dado a milhares de brasileiros que foram alistados e enviados para a Amazônia, entre 1943 e 1944 (segunda guerra mundial), com o objetivo de extrair borracha para os Estados Unidos da América (Acordos de Washington).

Mas, como tudo é bom, tem logo o seu fim! O local ficou esquecido, serviu por muito tempo de praça e, aos poucos foram fazendo a derrubada das seringueiras, finalmente, o governo do Amazonas, cedeu o local para a antiga Eletronorte, ao qual derrubou as últimas sobreviventes, o local virou uma subestação de energia.

E agora? Como é que fica? Reclamar para quem? Imagine os senhores, um Estado que teve o seu primeiro ciclo de desenvolvimento econômico, creditados ao látex extraído das Seringueiras, com o qual conseguiu, com o dinheiro ganho, construir o Teatro Amazonas, o Palácio da Justiça, as Pontes da Sete de Setembro, embelezar a cidade de Manaus, fazer muita gente enriquecer do dia para a noite – não tem uma única praça que o homenageie a árvore que foi a responsável por tudo isto – os insensatos derrubaram o “Seringal Mirim”!Uma Seringueira vive mais de cem anos, caso tivessem preservardo o Seringal Mirim, muitas delas ainda estariam de pé!
Para a construção do "Novo Seringal Mirim" e resgatar parte da nosso memória, tenho a seguinte sugestão a fazer para os nossos governantes:

1. Conseguir outro local para a atual Eletrobrás construir a sua subestação de energia, pode ser no terreno da antiga fábrica da Coca-Cola (está abandonado faz muito tempo);

2. Revitalizar o local, fazer convênios com os pesquisadores do INPA e UFAM, para coleta, análise e plantio de 120 pés de Seringueiras;

3. Fazer uma ampla divulgação junto aos estudantes do ensino médio e fundamental, para que conheçam um pouco mais da nossa história e valorize o novo “SERINGAL MIRIM DE MANAUS”;

4. O local deverá ser permanentemente cuidado, com um administrador e auxiliares, poderá ser transformado em um parque, com a administração da Prefeitura Municipal de Manaus.

Acredito que se tomarmos esta decisão, ainda hoje, daqui a trinta anos, a futura geração poderá retomar o processo de pesquisas, além de servir de local de respeito aquela árvore que tanto contribuiu para o nosso Estado e, quem sabe, um dia ainda irá contribuir muito mais. É isso.

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