Quem não se lembra ou já ouviu falar do filme “E o Vento Levou”? Acredito que a grande maioria irá balançar a cabeça, afirmativamente, – uma longuíssima metragem (drama) lançado nos Estados Unidos, em 1939, com a presença marcante dos atores Clark Gable, Vivien Leigh, Leslie Howard e Olivia de Havilland – a primeira vez que eu tive a oportunidade de assisti-lo, tinha somente dez anos de idade, na época, vendia gibis usados em frente ao famoso Cine Guarany, centro antigo de Manaus. Sempre fui fissurado por cinema desde a minha tenra idade, ficava louco para entrar e assistir a um filme, não importava qual o gênero do filme, o importante era sentar numa poltrona e desfrutar da sétima arte. Depois de vinte e seis anos da sua estréia no Brasil, fiquei afoito para assisti-lo em Manaus, porém, tinham dois problemas, primeiro, era uma longa duração, em torno de quatro horas e, segundo, o juizado não permitia menores de doze anos de idade, entrarem para assistir a película. A minha intenção era entrar na marra, fiquei com um olho no gato e o outro no peixe, quando o porteiro abriu a guarda, dei aquela “furada”, corri na escuridão do cinema, fiquei quieto na última fila de um lugar chamado de “poleiro”, com um olho grudado na tela grande e o outro no “lanterninha”, para não ser pego de surpresa. As quatro horas passaram num passo de mágica, misturei-me na multidão e sai sem ser notado pelos porteiros. Quando me aproximava da cabeça da Ponte Romana I, uma multidão de pessoas veio ao meio encontro, não sabia o que estava ocorrendo, foi quando choveram de perguntas sobre o meu paradeiro, fiquei meio sem jeito, falei que estava assistindo ao filme “E o Vento Levou”, foram avisar aos meus pais, eles começaram a chorar de alegria quando me avistaram, depois, fiquei sabendo que eles tinham mobilizado todos os moradores da Rua Igarapé de Manaus e do seu entorno, para me procurar, inclusive, já tinham até notificado a Chefatura de Polícia, sobre o meu desaparecimento. A nossa cidade era pacata, as crianças brincavam na rua, porém, no máximo às oito horas da noite já estavam todos em suas casas, naquele dia, passavam das onze horas e, eu ainda estava dentro do cine, numa boa, assistindo aquele filme. Na minha infância era assim: fez alguma coisa errada, levava uma surra e ficava de castigo. No meu caso, levei surra durante uma semana e, fiquei proibido por uns meses de ir ao Cine Guarany – a peia eu encarei sem chorar, mas, ficar sem assistir a um filme, foi um martírio, chorava todo final de semana, não teve jeito, tive que cumprir o castigo. Passam os anos e não canso de assistir aos filmes “Ben Hur”/“Os Canhões de Navarone”/“Casa Blanca”/”O Mágico de Oz”/”ET – Extraterrestre”/”Embalos de Sábado A Noite”/”2001, Uma Odisséia no Espaço”/”Cantando na Chuva”/”O Poderoso Chefão”/”Cidadão Kane”, porém, o meu preferido não preciso nem escrever, acredito que dá para perceber qual é! O que mais sinto saudades na vida, com certeza, são dos meus pais (falecidos), dos meus colegas do Igarapé de Manaus (sumiram e o igarapé foi aterrado) e do Cine Guarany (destruído), todos eles “E o Vento Levou” para bem longe de mim! É isso ai.
Um comentário:
assisti "E O VENTO LEVOU"quando tinha 20 anos em 75,trabalhava no Bradesco e fomos num grupo de 5 amigos todos do Bradesco, no cine COMODORO na Av. São João em Sp.foi maravilhoso; já tinha lido o livro aos 15 anos emprestei na biblioteca
na época, depois uma amiga do Bradesco me chamou pra assistir Dr.Jivago em Santo André,não quis pois estava dura, ela falou que pagava aí fomos depois do trabalho sem avisar nossas famílias; na volta ela não tinha dinheiro pra passagem, voltamos a pé,chegamos mais de meia noite, nossas famílias já tinham chamado a polícia foi uma confusão...mais valeu a pena, depois disso já assisti várias vezes.
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