Manaus, 11 de Setembro, um domingo de muito calor na cidade, estava cansado de assistir aos programas televisivos sobre os dez anos da destruição das “Torres Gêmeas”; peguei um ônibus e fui ler o meu jornal num banco do Largo de São Sebastião, para minha surpresa, encontrei o meu amigo Mitoso, passamos uma manhã agradável, dei muitas gargalhadas da sua irreverência, além de receber aulas e mais aulas do ilustre professor.
O meu amigo Mitoso é blogueiro, no seu site http://www.literaturapanamazonica.blogspot.com/ consta o seu perfil: José Ribamar Mitoso é escritor, dramaturgo, professor da UFAM, Mestre MSC em Literatura Amazônica, ex-presidente do Sindicato dos escritores e três prêmios FUNART de teatro. É autor de cinco peças do teatro do indígena na cidade e no presente, como escritor, escreveu os livros de contos “Contos Vagabundos”, “Povo de Manaus”, “O Camelô” e o inédito “Manaus - Contos Amazônicos na Desglobalização”. Escreveu ainda três livros de ensaios sobre o movimento artístico-cultural no Amazonas. São eles: “Vozes da Lenda”, “A Carta Doida” e “Os Artistas de Março”.
Ele falou que é leitor assíduo do meu blog, fiquei imensamente feliz, comentou sobre a última postagem que eu fiz, dando uma maior ênfase as criticas anônimas que estou recebendo sobre o meu “português terrível”.
Fez questão de fazer a seguinte declaração:
- Rochinha, não existe português. Existe língua portuguesa. Se alguém tem que começar a melhorar é o anônimo. Escreva. A literatura está acima da língua. Esta é apenas seu material, mas não sua forma, nem seu conteúdo. É a cor para o artista plástico e o som para o músico. Mas nunca o quadro ou a música.
Além do meu “português terrível”, reconheço que escrevo muitas besteiras no blog – aproveitei uma postagem do Mitoso em que ele se refere ao assunto:
- Sempre que escrevo uma besteira eu pago caro, mas como besteira é algo inevitável que eu escreva, vivo pagando caro, embora seja mais fácil combater em mim a besteira do que o ato de escrever. Sobre isto, não está ao alcance de ninguém. Besteira eu posso evitar, às vezes; mas querer que eu não escreva, é melhor que tirem de mim o sexo e o tabaco. Como, segundo Moliere, o homem sem tabaco não merece viver, e como, segundo Freud, o homem sem sexo também não, segundo essa pessoa que sou eu mesmo um escritor que não escreva também não merece tabaco, nem sexo. Daí que, para não ficar sem tabaco, nem sem sexo, eu escrevo, embora reconheça que outras pessoas escrevam por motivos mais relevantes. Mas eu sou assim e não fui que me fiz. Então, que é que eu posso fazer? Muito prazer!
Conheço o Mitoso faz bastante tempo, no entanto, somente no ano passado é que passamos a conversar com maior constância. Possuidor de uma vasta cultura, um leitor compulsivo de livros, tem o dom de escrever e falar muito bem em público. Reconheço que ele é um pouco áspero em suas críticas, fala direto, sem subterfúgios, isto trouxe algumas inimizades, paga caro por ser uma pessoa sincera. Enquanto isso, alguns políticos mentem descaradamente e, mesmo assim, são endeusados.
O meu amigo Mitoso é uma pessoa privilegiada, mora num sítio, na área nobre do bairro do Tarumã, no quintal da sua casa passa um igarapé de águas límpidas; dorme tranquilo com o coaxar dos sapos e o cricri dos grilos e, acorda com os cantos dos pássaros – um lugar ideal para preparar as suas aulas, fazer as suas postagens no blog e, escrever a sua tese de doutorado. É isso ai.