terça-feira, 21 de outubro de 2008

A GAVETA DO LUTHIER




Há quantas coisas guardadas
Em tão pequeno recanto
Coisas que por seus porquanto
Foram ainda assim ficaram
São coisas que a pequenice
Da mente não as percebe
Dá-se inteiro a tais guardados

Meu Deus me diga meu Deus
Quem mais poderá saber
Que segredos não passados
Em tão singela gaveta
Da vida do Luthier
Aonde não cabem facas
Nem serras sem canivetes
Nem procura de confetes
Mas tão somente
Simplesmente a fina talha
Que dará o tom da vida
Bilhetes, quiçá pedidos
Encomendas de amigos
De estranhas desavisados, que nunca jamais sabidos
Que ao tempo do luthier
Na gaveta dos guardados
Há uma sonata leve
Breve e diminuta
Que só se fará real
Nos carinhos dessas mãos
Dessas mãos de luthier.

(Paulo Mamulengo - verão de 2007, Paricatuba, à mesa do luthier).