Desde a minha infância que adoro uma manga rosa, um fruto suculento, fibroso e saboroso – elas eram encontradas em poucos quintais do centro da cidade, sendo, portanto, muito cobiçada pela molecada, com preferência para as cinco mangueiras plantadas no lado esquerdo do terreno do Hospital da Beneficente Portuguesa do Amazonas, mais conhecido por “Bené”.
Recentemente, estive por lá para tirar umas fotografias do interior do prédio e, ao sair, deparei-me com as referidas mangueiras – voltei ao passado, passou um filme em minha cabeça, quando juntamente com meus irmãos e a molecada do Igarapé de Manaus, corríamos bem cedinho da manhã, para pegar as mangas caídas.
A Manga Rosa sempre atraiu o olhar das pessoas, devido a sua cor amarela, laranja e vermelha – dizem os especialistas que ela contém cerca de 15% de açúcar, até 1% de proteína e quantidades significativas de vitaminas A/B/C, minerais, antioxidantes e ferro – sendo benéficas para mulheres em períodos de menstruação e para pessoas que sofrem de câimbras, stress e problemas cardíacos, além de suavizam os intestinos, tornando fácil a digestão.
Claro que não sabíamos desses benefícios todos a nossa saúde, aliás, não estávamos nem um pouco preocupados com ela. Naquela época, havia uma competição entre a molecada para pegar um numero maior de mangas, além do gosto de driblar o vigia da “Bené”, um senhor turrão que corria e batia sem dó naquele que ele conseguia pegar!
O lance era chegar bem cedinho, antes de clarear o dia - a negada ficava pendurada na mureta do lado da Avenida Joaquim Nabuco e, assim que o guarda dava as costas, todos pulavam o muro ao mesmo tempo, para deixar o vigia maluco de raiva, pois enquanto ele corria atrás de um, o restante pegava rapidinho as suas mangas.
Os administradores públicos de outrora, gostavam de plantar mangueiras nas principais ruas e avenidas de Manaus e, na época em que os frutos amadureciam, era festa na cidade, pois as pessoas gostavam de apanhá-las durante todo o dia e a também a noite.
A manga rosa era muito
rara, existiam poucas plantadas, geralmente ficavam em terrenos particulares, o
que motivava os moleques a pularem os muros - essa manga que aparece na
fotografia, foi encontrada debaixo das mesmas mangueiras da minha infância –
levei-a para a minha casa para saboreá-la, pois desde aqueles tempos bons, as
mais gostosas e excitantes de pega-las, eram, sem dúvida, as mangas Rosa da
“Bené”! É isso ai.
Foto: Rocha