domingo, 4 de novembro de 2012

EDIFÍCIO CIDADE DE MANAUS



Por gostar da nossa Manaus antiga, pode até parecer um contra-senso dedicar uma postagem sobre a construção de um espigão erguido na Avenida Eduardo Ribeiro, uma via pública que foi a mais linda de Manaus e, com o tempo ficou descaracterizada, exatamente, com a destruição das antigos casarões e, em seu lugar, foram erigidos tais edifícios de mais de vinte andares, mas, o “Cidade de Manaus” possui história, em decorrência de ser uns dos primeiros a ser construído na nossa cidade, apesar dos pesares.

Na minha infância, aos domingos, gostava de andar por aquela belíssima avenida, ficava espantado em ver um imenso casarão abandonado, onde somente as fachadas estavam em pé, mostrando um monstruoso buraco em seu interior – pela minha tenra idade, não sabia que naquele lugar já fora um poderoso empreendimento comercial na época de “boom” da borracha.

Pois bem, neste mesmo lugar, tempo depois, foi construído o edifício “Cidade de Manaus” que, segundo os jornais da época, seria “o marco do progresso do Amazonas” e, assim declarou o engenheiro responsável Acatauassú Nunes: “Se iniciarmos o que pode vir a se tornar um verdadeiro “push” imobiliário em Manaus, com uma obra superior do ponto de vista estético, isso pode representar em que todo empreendimento futuro obedeça à mesma diretriz e, Manaus será uma bela capital, de grandes edifícios, mas, sobretudo, de bom gosto”.

A Construtora América do Sul Ltda.(CASUL) foi a incorporadora do prédio e administradora da construção, fazia parte do Banco Comércio e Indústria da América do Sul, um sólido grupo financeiro na época – construído pelo sistema de condomínio e de custo, com a fiscalização dos coproprietários.

O arquiteto foi o Ary Macedo, segundo ele “Tanto as área de uso comum, quanto às unidades autônomas obedecem a um esquema rigoroso no planejamento – arte e técnica foram as vozes de comando na criação do projeto: arte revolucionária e técnica aprimorada”.

O edifício divide-se em dois estágios – no térreo, destinada a lojas comerciais – até o quarto andar, com um bloco maior para apartamentos para escritórios, com um “playground” na sua cobertura – a partir dai, será o conjunto residencial, com dezesseis pavimentos em duas lâminas imensas, ligadas na sua parte superior por duas imensas caixas d’águas, completando o lado estético da construção.

Para atrair os clientes, os construtores apelavam: “Panorama visto do alto de Manaus – toda a cidade, sua paisagem humana, as negras águas do Rio Negro, o verde Amazonas – tudo isso você verá do alto do Edifício Cidade de Manaus” - o preço era muito salgado, com toda construção em Manaus, somente alguns abastados conseguiram comprar, inclusive, muitas famílias ainda moram lá desde a sua inauguração, não mudam para lugar nenhum de Manaus.

Com a implantação do “Plano Diretor da Cidade de Manaus” e, com o tombamento do “Centro Antigo de Manaus”, houve, finalmente, uma parada na construção de altos edifícios na parte histórica (ainda bem!), mas, o Edifício Cidade de Manaus ficou como parte da história da nossa cidade! É isso ai.