domingo, 8 de janeiro de 2012

FLAGRANTES DA DESTRUIÇÃO DO PASSADO E DO FUTURO


Ao passar pela Avenida Constantino Nery, na Ponte dos Bilhares, presenciei dois fatos que me entristeceram muito, o primeiro, foi em frente ao Parque dos Bilhares, com a destruição de um bloco de pedras, uma das testeiras da ponte, construídas há mais de um século.


 O segundo, foi uma derrubada proposital de uma muda de árvore (recém transplantada para o local), bem em frente ao templo das compras dos bacanas, o Shopping Millenium Center.





A fotografia antiga mostra a Ponte dos Bilhares, outrora conhecida como a Ponte de Ferro da Cachoeira Grande, com matas em ambos os lados, com pouca ou nenhuma residência, apenas o bonde que fazia linha de Flores passando pelo local.

Aquela testeira que ficava ao lado direito, para proteção da parte de ferro da ponte, uma obra da engenharia inglesa, serviu durante todo esse tempo para esta finalidade, porém, em pleno século XXI, um bêbado ao volante, na madrugada de sábado para domingo, mandou ao chão uma parte da nossa memória (veja a fotografia atual), não sei dizer se ele também se ferrou.

Infelizmente, não acredito que a Prefeitura de Manaus fará os devidos reparos, pois este patrimônio está abandonado faz muito tempo. As câmeras de segurança do CIOPS devem ter filmado o acidente, o poder público tem o deve acionar a justiça, para o infrator pagar pelo crime de dano ao bem público. Quando um motorista derruba um poste, a Eletrobrás cobra na justiça o valor de cinco mil reais, bem diferente do nosso alcaide, ele é bom para cobrar cada vez mais um IPTU elevado dos moradores.

Para citar o segundo caso, a cidade de Manaus possui apenas 12 mil quilômetros quadrados, um pingo dentro de um oceano de mata, pois o Estado do Amazonas tem uma extensão de um milhão e meio de km2; dizem os especialistas que 98% está preservado, por outro lado, a capital está praticamente pelada, com poucas árvores nos espaços públicos e nos imóveis privados,  sendo que as existentes, estão sendo derrubadas, para dar vez a voraz especulação imobiliária.

O poder público municipal, apesar dos pesares, tem tido ultimamente uma preocupação com a arborização da cidade, com a implantação de um projeto de introdução de 10 mil árvores no cenário da cidade. É um dever de todos os manauenses e das pessoas que aqui moram, em cuidar e preservar dessas plantinhas (futuras árvores), mas, sempre teremos na sociedade aqueles dotados de “espírito de porco”, uns safados que não entendem da importância de uma árvore para o bem estar dos cidadãos, da qualidade vida para a urbe, simplesmente, tem o prazer insano em destruir, quebrando tudo o que encontram pela frente.

Ao passar por frente ao Shopping Millenium, fiquei indignado com o que vi, uma árvore com o seu talo todo entortado e o protetor derrubado, tirei a foto acima e, parti para colocar em pé a estrutura metálica de proteção e, todo o cuidado para não danificar a árvore, coloquei várias pedras para a sua proteção (foto ao lado).

Senti que muitas pessoas curiosas estavam me olhando, talvez, algumas aprovando o meu gesto, outras tantas, quem sabe, estavam achando que eu era um abestalhado.

Estou fazendo a minha parte, pode ser um trabalho de formiguinha, mas, o pouco que for feito por cada um de nós, em prol do crescimento sustentável, da melhoria da qualidade de vida e do respeito aos cidadãos, com certeza, a nossa cidade e as futuras gerações agradecerão muito. É isso ai. 

3 comentários:

M.BECKHMAN disse...

Mais uma vez, oportuna a sua postagem. Precisamos amar o lugar, pois ele faz parte de nossas histórias. Lembro de um geógrafo que nos anos 1980 publicou um artigo nos jornais da época contra a retirada das mangueiras da Av. Contantino Nery. Hoje, vejo que esta militância de uma voz só precisa ecoar num coro amazônico, forte, feroz e apaixonado por estas coisas que nos impedem de viver melhor nesta nossa Terra de Ajuricaba. Saudações Amazônicas!

Flaic disse...

Nunca vai ser em vão o seu trabalho! Uma formiguinha pode contagiar o resto da comunidade, e você pode estar certo de quantas consciências pode ter mudado, no mínimo as pessoas que presenciaram seu gesto, se tocaram para necessidade de repensar certos hábitos. Abraços.

Anônimo disse...

Rochinha, favor publicar que o país é democrático. Volto a insistir na tese do Jorge Tufic:Não é o conteúdo que faz a arte ser amazônica. Mas a forma. Quando a "forma"grega encapa a temática Amazônica, é teatro grego, embora com temática Amazônica.A forma teatral AmaZônica é o ritual, a dança, o canto, o tocar-cantar-dançar ao mesmo tempo. O Ajuricaba não pode ser encaixado em forma européia.E não é Ajuricaba pois a palavra ajuri (mutirão, juntada) é tupi e não arawak, língua de Aiuicaua e do povo Manao. E os jornais engolem! Terra de embustes midiáticos. Pe. José de Anchieta