Conforme os filhos iam crescendo, as disputas por espaço se acentuavam, dormiam em redes, herança indígena por parte da avó materna; o barulho era ensurdecedor pela manhã, todos queriam entrar ao mesmo tempo no banheiro, a algazarra era grande apesar dos ralhos da mãe; a primeira refeição era o básico, com café sem leite e, pão sem manteiga.
Todos estudavam pela manhã, era o único momento em que a casa tinha uma paz celestial; quando retornavam da aula, brigavam novamente para entrar primeiro no banheiro; o almoço era servido, tendo por base o peixe ou frango frito, com feijão e arroz, raramente se alimentavam de carne vermelha, a comida era pouca, mas, não faltava o básico no dia-a-dia; apesar de todas as dificuldades de uma família pobre, os filhos cresceram sadios e felizes.
Com a passar do tempo, o mais novo se casou e, aos poucos os outros foram saído também, a casa estava envelhecendo - os passarinhos estavam saindo do seu ninho, pois quem casa quer casa, assim diz o dito popular; restou apenas a filha mais velha, ela resolveu ser titia para o resto da vida.
A casa virou um “mar de tranquilidade”, sendo quebrada esta calmaria somente nos finais de semana, quando os filhos vinham para almoçar com pais, trazendo a tiracolo as suas esposas, filhos, cachorros, gatos e papagaios, ficando a casa superlotada de gente e de animais; os avós não tinham mais sossego, mas, eles gostavam assim mesmo de toda aquela movimentação; os filhos faziam churrasco, regado a muitas cervejas, com o som do 3 em1 no volume máximo e, jogo de dominó até o anoitecer; estes encontros duraram por muito tempo.
Os velhos pais começaram a sentir aquelas doenças crônicas que a idade traz com o tempo, falecendo tempo depois, primeiro, foi a mãe; três anos depois, o pai foi ao encontro da sua amada lá no céu - a casa velha ficou num vazio total, numa calmaria que fazia dó, não havia mais motivos para o encontro dos filhos e netos.
Com o passar do tempo, dois dos filhos se separaram das suas esposas e, voltaram a morar na velha casa dos pais; após anos sombrios, a casa velha começou a ser frequentada novamente, voltando toda aquela barulheira de antigamente, com os filhos, netos e os bisnetos se encontrando todos os finais de semana para celebrar o dia e reverenciar os seus antepassados. Churrasco, peixe assado, cervejas, muito som alto e dominó até o anoitecer, voltando a luz àquela casa.
Pelo andar da carruagem, os tataranetos devem fazer o mesmo no futuro, desde que alguns deles não valorizem mais as lembranças dos seus ancestrais e, resolvam vender a casa velha!
Pelo andar da carruagem, os tataranetos devem fazer o mesmo no futuro, desde que alguns deles não valorizem mais as lembranças dos seus ancestrais e, resolvam vender a casa velha!
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