*Impressões do Brazil no Seculo Vinte, editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing Company, Ltd.
Situada à margem esquerda do Rio Negro, a oito milhas da sua junção com o Amazonas e a mil do Atlântico, Manaus é um exemplo admirável do rápido progresso do estado. As suas ruas são largas e bem calçadas, as principais asfaltadas e as outras a paralelepípedos. É iluminada à eletricidade, havendo também centenas de casas particulares com instalações elétricas. Cerca de 600 lâmpadas de 2.000 velas cada uma iluminam as ruas e praças públicas. A cidade é abastecida de dez milhões de litros d'água por dia.
Situada à margem esquerda do Rio Negro, a oito milhas da sua junção com o Amazonas e a mil do Atlântico, Manaus é um exemplo admirável do rápido progresso do estado. As suas ruas são largas e bem calçadas, as principais asfaltadas e as outras a paralelepípedos. É iluminada à eletricidade, havendo também centenas de casas particulares com instalações elétricas. Cerca de 600 lâmpadas de 2.000 velas cada uma iluminam as ruas e praças públicas. A cidade é abastecida de dez milhões de litros d'água por dia.
As ruas mais importantes são servidas por
tração elétrica com um percurso de 16 milhas, havendo uma linha circular que
passa pelos pitorescos subúrbios da Cachoeirinha, Flores e outros pontos
freqüentados, que apresentam aos passageiros lindas paisagens formadas por
densas capoeiras da mais rica vegetação tropical e esplêndidas avenidas de
palmeiras. Duas pontes de ferro atravessam o rio nos arrabaldes da cidade. A
linha de bondes é bem montada; os carros, de construção moderna; e o serviço
muito honra à companhia.
Como já vimos, a cidade tem progredido
rapidamente nestes últimos anos. A sua população vai a 70.000 habitantes
atualmente. E muito tem aumentado o número de edifícios públicos e casas
particulares. Alguns dos edifícios do estado, ricamente construídos, são iguais
em tamanho e beleza aos melhores de outras cidades do Brasil. O palácio da
Justiça é um lindo edifício de mármore branco.
O teatro Amazonas, um dos mais elegantes da
América do Sul, custou £400.000. Está num ótimo local da principal avenida, Avenida
Eduardo Ribeiro, e quando o sol lhe bate no zimbório, onde brilham as cores
nacionais, oferece um dos mais belos quadros que se avistam do porto. Obra de
cantaria, o teatro tem à sua entrada colunas trabalhadas em mármore italiano,
sendo o seu interior ricamente decorado.
As igrejas, como em toda a parte do Brasil,
não são notáveis pela sua arquitetura. Os estabelecimentos de educação, na sua
maioria, se acham em modernos e espaçosos edifícios, inclusive e especialmente
o Ginásio e o Instituto Benjamin Constant para meninas.
A Biblioteca Pública tem 10.000 volumes; o
museu tem uma coleção notável e muito interessante de curiosidades amazônicas,
armas de índios, instrumentos musicais de índios feitos de asas de besouro,
dentes de animais etc., e inúmeros espécimes de antiguidades. O mercado público
no centro comercial é espaçoso, fresco e bem ventilado; mas, como é natural, as
lojas não se podem comparar com as do Rio de Janeiro. À tarde, o lugar mais
freqüentado é o Jardim Público, onde toca ao anoitecer uma banda de música.
Outros pontos de vida da cidade são as
estações de telefones, telégrafo sem fio e cabos submarinos, matadouro, parques
e jardins públicos, sítios de diversões, a catedral e igrejas, hospitais,
enfermarias, clubes sociais, orfanatos e asilos para os pobres.
A principal artéria da cidade e o centro do
negócio de borracha é a Rua Marechal Deodoro, uma rua curta e estreita que
corre paralelamente à extremidade inferior da Avenida Eduardo Ribeiro. Muitas
das principais casas de negócio a varejo acham-se na Rua Municipal, ao passo
que a Rua Santa Cruz é dedicada aos armazéns e lojas populares.
Os edifícios particulares, especialmente as
casas de negócio, revelam a grande confiança depositada no futuro da cidade
pelos comerciantes locais. Existem algumas fábricas na cidade, mas 90% dos
negócios consistem em exportação de borracha, castanhas e um pouco de cacau.
A vida em Manaus não está tão sujeita às
condições climatéricas, como a opinião ignorante do povo tem sustentado até
aqui. Apesar de cidade equatorial, está muito longe de ser um inferno. Os
habitantes gozam de muitas comodidades: ventiladores elétricos nas repartições
públicas e casas particulares, produção ilimitada de gelo, regatas e natação, o
que é natural na capital de um estado de rios.
A cidade é bem provida de carros, havendo
também bastantes automóveis. A imprensa é bem representada, e os redatores e
repórteres são tão ativos como os seus confrades europeus. Há muitas fábricas e
companhias mecânicas. Manaus não é um foco de moléstias; as febres ocorrem em
casos esporádicos e as queixas contra o calor não são comuns.
Em grande parte, isto é devido à solicitude
do governo, aos esplêndidos trabalhos do célebre Dr. Oswaldo Cruz, que saneou o
Rio de Janeiro com um bom sistema de drenagem e outras providências.
As obras do Porto de Manaus foram acabadas
recentemente, auxiliando imensamente o comércio e colocando este porto do
interior entre os melhores da América do Sul. Inaugurado o porto em
agosto de 1902, a companhia exploradora em menos de dez meses edificou uma
poderosa casa, construiu seis armazéns de ferro, ocupando uma área de 6.000
metros quadrados, com uma plataforma de 3.000 metros também quadrados,
margeando o rio; igualmente se construiu um pontilhão flutuante, ao qual podem
atracar dois transatlânticos, um de cada lado.
A capacidade de desembarque de mercadorias,
dos vapores para os armazéns, é de 6.000 toneladas em dois minutos. Desde 1902,
diversos armazéns se têm inaugurado, assim como uma ponte flutuante que parte
do paredão pelo rio adentro e a qual se eleva e abaixa com o rio, variando não
menos de 15 metros o seu nível, entre a estação chuvosa e a seca.
O aspecto do porto é muito animado com a
ancoragem dos navios de alto mar e dos fluviais, com o movimento de um para
outro lado de lanchas a vapor e elétricas, com a variedade de cores das
bandeiras, e a tudo isto se deve ajuntar o panorama do rio, impressionante de
beleza e pitoresco.
Manaus é o centro do distrito naval de seu
nome, que compreende os quatro estados do Amazonas, Pará, Maranhão e Piauí. A
força naval consiste em 14 canhoneiras e vedetas. É também o quartel-general
militar do Amazonas; as forças, que compreendem 2.500 oficiais e praças,
parecem insuficientes para os fins policiais em uma área tão grande.
São irrealizáveis as estatísticas modernas no
Brasil, e a do Estado do Amazonas neste particular é tão defeituosa como
qualquer outra. Os algarismos oficiais em 1907, quanto às importações e
exportações, devem ser, pois apensos a este trabalho, com os de 1897, para o
estudo comparativo
As importações elevaram-se de 15.755 contos
(cerca de £1.050.000), em 1897, para 26.087 contos (cerca de £1.735.000) em
1907; a exportação em 1897 montou a 37.798 contos (cerca de £2.520.000) e em
1907, a 114.970 contos (cerca de £7.630.000). Estes algarismos provavelmente
incluem as mercadorias em trânsito, principalmente borracha do Acre, mas é
evidente que o decênio apresentou um aumento muito grande.
Estatísticas mais recentes mostram que, em
1909, as importações foram de £2.187.826 e as exportações foram de £10.877.017;
e em 1910, os algarismos foram, respectivamente, £2.729.501 e £12.777.941.
Em 1907, entraram no porto de Manaus 1.512
vapores e navios, de 575.108 toneladas; as saídas foram de 1.497 navios com
558.302 toneladas. Finalmente, pode-se notar que hoje a principal riqueza do
Amazonas é a sua borracha; mas, como já o disseram hábeis observadores, entre
eles Humboldt, Wallace e Bates, o Amazonas há de se tornar o centro mais
rico do mundo quando a ciência houver ensinado o homem empreendedor a tirar
proveito das suas incalculáveis riquezas.
Fonte: Impressões do
Brazil no Seculo Vinte,
editada em 1913 e impressa na Inglaterra por Lloyd's Greater Britain Publishing
Company, Ltd., com 1.080 páginas, mantida no Arquivo Histórico de Cubatão/SP.
A obra teve como diretor principal Reginald Lloyd, participando os editores
ingleses W. Feldwick (Londres) e L. T. Delaney (Rio de Janeiro); o editor
brasileiro Joaquim Eulálio e o historiador londrino Arnold Wright.
Um comentário:
Pense numa cidade que eu amo, to começando a descobrir mais das suas belezas!!
Beijos!
http://www.universoglam.blogspot.com/
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