sábado, 17 de dezembro de 2011

A morte do samba apoteótico

 
 * Rogel Samuel
Com ele morre a gloria, o brilho, a ousadia. “Trevas! Luz! Explosão do universo” – tema com que levou o Viradouro ao primeiro lugar em 1997 – define bem o que ele foi ao longo de sua grande arte. Ele veio do Maranhão como marinheiro aos 17 anos.
Eu o conheci no “Flor do amanhã”, quando recebeu o Dalai Lama. Ali, Joazinho Trinta mantinha permanentemente uma criança ao colo, filho de uma menina de rua que ele abrigava.
A última vez que o vi foi no shopping de Manaus.
- Como vai o “Flor do amanhã”, Joazinho? – pergunto. O que aconteceu com ele?
O “Flor do amanhã” foi para mim o maior projeto social que já existiu no Rio de Janeiro: abrigava toda a população de rua, meninos, meninas, prostitutas, travestis, índios, mendigos, viciados – a todos Joazinho dava casa e comida e tinha o plano de ali instalar uma escola de primeiro grau onde eu pretendia trabalhar de graça.
- Mataram o “Flor do amanhã”, disse-me ele.
E depois de um suspirou de dor:
- Estávamos atrapalhando...
Rogel Samuel - Amazonense, poeta, escritor, webjornalista, colunista de BLOCOS ONLINE, de ENTRE-TEXTOS, doutor em letras, professor aposentado da Universidade Federal do Rio de Janeiro.