Em pleno “Dia dos Pais”
resolvi testar a minha resistência física, fazendo uma caminhada até a Praia da
Ponta Negra – é isso mesmo, saí da Rua Tapajós, nas proximidades da Academia
Amazonense de Letras, levando apenas uns trocados, água mineral e, muita
vontade de chegar até o destino final.
Peguei a Avenida
Constantino Nery, parei no Mercado Cunha Melo, comprei frutas, fui comendo pelo
caminho, entrei na Avenida Kako Caminha, fiquei a admirar uma casa em que possui
na fachada um “carro na contramão”, no outro lado da pista, fica um bonito
imóvel que pertenceu (ou pertence) a Dona Sadi Hauache (a dona do primeiro
canal de TV de Manaus) – por aquelas imediações fica o famoso “Bar Chão de
Estrelas” e a “Casa Borboleta”, pena que eu não tinha levado a minha máquina
digital para registrar e, mostrar para os meus amigos leitores.
Cheguei à famosa Avenida
Brasil, afinal, ela abriga o poder executivo estadual e municipal – no ano
passado, o Programa Social e Ambiental dos Igarapés de Manaus (PROSAMIM) fez
uma intervenção total em grande parte daquela área, porém, os logradouros
públicos estão abandonados, não existe manutenção, muito menos um programa de
conscientização dos moradores para preservarem aquele bem da comunidade.
Caminhei de “cabo a rabo”
pela citada Avenida, sempre observando a tudo e a todos - por ter a mania de
fixar o olhar nas pessoas, notei que algumas delas ficavam também me olhando,
acho que estavam admirados em ver um coroa fazendo uma extensa caminhada, pois
não encontrei uma viva alma fazendo o mesmo percurso.
Passei pela sede da
Prefeitura de Manaus, achei a fachada muito desgastada pelo tempo, com os
estacionamentos e jardins abandonados, sem o mínimo cuidado, ficou aquela coisa
martelando minha cabeça: - Se o Prefeito não cuida da aparência da sede da sua
administração, como vai ter o gosto em cuidar da sua cidade?
Ao passar pela pista que
dar acesso a Ponte Manaus-Iranduba, fiquei olhando um monumento erigido pelo
então governador Eduardo Braga, uma obra prima do abuso e desperdício dos
recursos públicos – imaginem os senhores, naquele lugar era para ser construído
um viaduto e uma rotatória, mas, ele resolveu fazer uma obra para enaltecer a
sua administração, prejudicando enormemente o tráfego de veículos, brevemente,
com a construção da “Cidade Universitária”, tudo aquilo virá abaixo!
Fiz a primeira parada ao
lado do Conjunto Ayapuá, dei uma descansada no esqueleto, fiquei observando as
famílias tomando o tradicional “café regional” em uma banca instalada embaixo
de uma árvore, fiquei na minha, pois não estava afim de tucumã e tapioca –
entrei numa padaria e, fiz um lanche rápido – segui caminho, agora estava na
Avenida Coronel Jorge Teixeira, conhecida como Estrada da Ponta Negra.
Avistei uma enorme igreja
evangélica, onde está inscrito no alto de uma imensa caixa d’agua a data
12/12/2012, acho que eles estão professando os finais dos tempos naquele dia,
na realidade, o pastor daquele templo cristão é uma pessoa muito polêmica,
dizem que ele invadiu uma praça para torná-la um estacionamento exclusivo dos
seus fiéis.
Ao passar pela Igreja do
Sameiro, fiz uma breve oração e, segui o caminho – logo adiante, passei pelo
canteiro de obras do “Shopping Ponta Negra” e mais dez torres de apartamentos,
denominado de “Mixed”, coisas de norte-americanos, com certeza – dai em diante,
encontrei dezenas de lançamentos imobiliários e, muita destruição das matas – é
o progresso, meu filho, fazer o quê?
Um me chamou muito a
atenção, ele é conhecido como “Reserva Inglesa”, uma enorme área, muitas
árvores foram sacrificadas para dar lugar à morada dos bacanas – estão
utilizando o mesmo projeto do “Parque Jefferson Péres”, para a área externa,
inclusive, a Secretaria de Cultura do Amazonas (SEC) emprestou uma réplica de
um bondinho inglês (um bem público) quando do lançamento deste empreendimento
particular.
Para quem não é de Manaus,
aquela área é estratégica para o exército brasileiro, pois possui acesso rápido
ao Rio Negro e ao aeroporto internacional Eduardo Gomes, tanto que eles ocupam
imensas áreas do lado do rio, com a instalação do “Comando Militar da Amazônia”
e de diversas outras companhias militares – bato palmas, pois além de
preservarem a mata primária, não permitindo a especulação imobiliária, estão ali
para defender a nossa Amazônia.
Segui o caminho, notei que
estava em plena forma, apesar dos meus quase 5.6, não sentia nada de dor ou
cansaço – ao passar pelo luxuoso condomínio “Jardins das Américas”, um lado da
estrada estava interditada e, somente era permitida a passagens de transeuntes
– é um projeto sábio da Prefeitura de Manaus, onde privilegia a prática
saudável de esportes.
Muito boa esta
intervenção, são mais de quatro quilômetros de pista para a prática de
desportos, encontrei muita gente ostentando riquezas (com máquinas digitais e
filmadoras caríssimas, i-phones, i-pads, MP-tudo, bicicletas importadas e tudo
o mais), outros tantos, iguais a mim, com a cara e a coragem e, muita
simplicidade – muitas crianças, jovens, adultos e velhos – todos fazendo
caminhadas, corridas, andando de patins e bicicletas.
Avistei um senhor bem
velhinho, ela já estava um pouco penso para a direita e as pernas tortas, mas,
fazia a sua caminhada matinal – quando tentei alcançá-lo, ele engatou a
primeira, saiu correndo em disparada, fiquei cheirando poeira! Logo mais
adiante, o avistei novamente caminhado, achei que ele estava cansado e arfando,
qual nada, quando estava alçando-o, ele novamente saiu em disparada, sumindo da
minha vista – notei, neste momento que, precisava praticar mais esportes e
melhorar a minha condição física – falei para mi mesmo: - Grande merda eu vir a
pé até a Praia de Ponta Negra, não consegui nem alcançar um idoso na corrida!
Fiquei maravilhado com uma
imensa igreja dos ”Santos dos Últimos Dias”, uma coisa cinematográfica, ao
estilo de “ Hollywood”, com uma torre
imponente, onde está um enorme anjo com uma trombeta, tudo em metal ou ouro,
sei lá! – fizeram também um mini-hotel tipo “cinco estrelas”, penso que é para
os gringos norte-americanos ficarem hospedados e, depois, seguirem viagem para
as pescarias de tucunarés, no município de Barcelos.
Ao chegar à praia, fui
logo pulando dentro do majestoso Rio Negro, a água estava muito gostosa, tinha
pouca gente na área, pois era o “Dia dos Pais” e, muitas pessoas estavam
homenageando, em casa, o seu genitor querido. Pois bem, um cabocão foi logo
tirando papo comigo, perguntou se eu queria tomar um gole de uma bebida quente,
acho que ele me achou com cara de “biriteiro” – ele não errou, mas, o meu foco
era curtir o meu dia caminhando e, de cara limpa! Eu, hein!
Tomei um buzão de volta
para o meu barraco, acho que no próximo domingo irei fazer uma caminhada maior,
penso em atravessar a Ponte Manaus-Iranduba e, tomar um banho no outro lado do
rio. Alguém quer me acompanhar? É isso ai.
4 comentários:
Saudações José Rocha.
Caro amigo, fiz uma correção pois enviei o comentário com erros de digitação que considero grotescos. Segue abaixo o melhor.
Grande caminhada mestre dos blogs; só que não dá para arriscar levar equipamento seja o mais simples que for, porque Manaus deixou de ser aquela cidade em que era possível fazer isto.
Na atualidade se rouba celular e outros aparelhos digitais em qualquer esquina.
O seu relato foi fiel. Gostaria muito de acompanhá-lo, mas já me sinto forasteiro na terra onde nasci.
Saúde e até breve.
Achei maravilhosa essa aventura: andar e depois fazer o relato do que viu. Adoro fazer isso mas apesar do guaraná que tomo não sei se tenho saco pra tudo isso. Vamos fazer uma de menor porte mas tão rica de experiencias quanto essa à Ponta Negra. Precisamos sentir a nossa cidade de perto. Parabéns pelo relato. Acabo de fazer 6.0 e gosto mesmo é de dançar e escrever. Aí não tem canseira.
Inspirador essa historia.
Gostei muito
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