quinta-feira, 31 de maio de 2012

COISAS DE MENINO, QUE TEMPO BOM!


Ao passar pela velha e abandonada Ponte dos Bilhares, na Avenida Constantino Nery, no sentido bairro/centro, notei um grupo de meninos entre os seus 10 a 14 anos de idade, estavam reunidos bem no meio da referida ponte, olhando a cheia do rio pelas frestas das grades de ferro, repentinamente, resolveram subir na parte mais alta para pular lá de cima e, mergulhar nas águas poluídas e fétidas do Igarapé do Mindu – tudo normal, pois são coisas de menino.

Por uns instantes, lembrei-me da minha infância quando pulava da Primeira Ponte, na Avenida Sete de Setembro, com a grande diferença de que naquela época o Igarapé de Manaus estava no inicio do processo de degradação, muito pelo contrário do atual Mindu, que se encontra agonizante, quase sem vida, um esgoto à céu aberto – mesmo assim, achei graça daqueles moleques pulando dentro d’água, não se importando nem um pouco com a podridão ali existente.

Observei que os guardas do Parque dos Bilhares estão atônitos com aquela cena, começaram a passar o rádio sabe lá para quem, acho que estava chamando a polícia, neste momento, a garotada ao notar a presença da Guarda Municipal, nadaram até uma canoa que estava amarrada numa passarela amarela que fica embaixo da ponte e, botavam para remar em direção ao bairro de São Jorge, sumindo rapidamente daquele lugar.

Pena que não estava com minha máquina “Rolleyflex” para registrar aquela cena inusitada para os dias atuais, porém, muito comum na minha infância. Aliás, blogueiro tem o dever de andar sempre com uma máquina digital, mas, nesse dia eu estava de férias das redes sociais, fazer o quê!

Para relembrar um pouco da nossa puerícia, o grande cantor e compositor Chico da Silva mandou ver com a composição musical intitulada “Tempo Bom”:

Daquele tempo de menino
Ainda tenho no meu peito muita saudade
Rodar pião,
Estilingue no pescoço e papagaio pra soltar
Mamãe me acordava cedo
Menininho toma banho,
Vai se aprontar
Vou ficar lhe vigiando
E no caminho da escola você vê se da um jeito de não se sujar
E sempre com os meus amigos
Uma chegada à lagoa não fazia mal
E não faltava um bate bola no campinho
Improvisado no quintal
E tudo que chegou primeiro
Minha primeira namorada se perdeu de mim
E só ficou minha viola, meu cavaco,
Meu pandeiro e tamborim
Que tempo bom.
Que tempo bom que não volta mais – para a minha geração, é claro! Mas, apesar da poluição da cidade e dos novos tempos, os meninos de Manaus continuam pulando da ponte, alguns até se atrevem a pular na cabeceira da Ponte Manaus-Iranduba, em decorrência da grande cheia do Rio Negro, enquanto outros moleques do interior, onde não existem grandes pontes, pulam das árvores. Coisas de menino, que tempo bom!
Fotografia: “Moleques Pulando da Ponte Manaus-Iraduba”, Evandro Seixas (jornal A Critica) – “Meninos da Comunidade do Livramento”, J Martins Rocha.

quarta-feira, 30 de maio de 2012

TRANSPORTE FLUVIAL DE ENCOMENDAS DO INTERIOR


Os moradores da Amazônia utilizam os rios em substituição às estradas, com os barcos regionais fazendo o papel dos automóveis - conta com um péssimo serviço de encomendas, um sufoco total para enviar e receber, em decorrência da precariedade dos portos, descontrole total dos donos das embarcações, com as mercadorias misturadas com os passageiros, provocando todo tipo de avarias e percas durante o trajeto – não utilizo muito este serviço, mas, as duas últimas vezes em que enviei e recebi encomendas passei por um sufoco daqueles.

A cidade de Manaus é uma metrópole, beirando aos dois milhões de habitantes, cresceu tanto que, foi criada a Região Metropolitana de Manaus, formado por oito municípios, no entanto, cresceu de forma desordenada, com todas as mazelas em que se possa imaginar existir nas grandes cidades – a reboque dessa desorganização, possui um porto improvisado denominado de “Porto da Manaus Moderna” para atender a grande maioria dos barcos que chegam e partem para essa imensidão da nossa Amazônia.

A porta de entrada da Manaus antiga é o Porto de Manaus, conhecido como “Rodoway”, um complexo construído pelos ingleses no inicio do século passado – foi repassado para a iniciativa privada, através de um acordo “por debaixo dos panos” entre a família Di Carli e o então governador da época, o negão Amazonino Mendes – restrito somente aos grandes barcos e transatlânticos – ficando a grande maioria dos barcos regionais proibidos de utiliza-lo (por não darem lucros para os intitulados “donos do porto”), forçando os pequenos armadores a improvisarem a suas operações no tal Porto da Manaus Moderna.

Voltando às encomendas do interior – gosto muito de viajar pelo meu Estado, faço muitas amizades por onde passo, fico muito feliz e honrado - sou muito bem recebido por todos; os nossos caboclos sempre foram muito hospitaleiros - certa vez, resolvi mandar um presente para um amigo interiorano, utilizei os serviços de um barco regional, penei para efetuar a remessa e, não foi entregue ao destinatário, houve o extravio e não fui ressarcido do valor, além do mais, tive que mandar novamente outro objeto para substituir ao que não fora entregue.

Outro amigo interiorano mandou uma mensagem, via celular, avisando que havia mandado uma encomenda para mim, informou o nome do barco e a data em que chegaria a Manaus – no dia marcado, pegue um carro (passei no posto de gasolina e gastei quinze reais) para receber a tal encomenda, entrei num engarrafamento total naquela área; um “flanelinha” conseguiu uma vaga para estacionar o carro (paguei dois reais para ele “reparar”) e, danei-me a procurei o tal barco.

Depois de muita procura, fui informado que o barco estava recebendo mercadorias num porto próximo a Feira da Panair, chegando lá, tive que pagar mais dois reais para outro “flanelinha” ficar olhando o carro, quando recebi a péssima noticia que o barco já estava se dirigindo de volta ao Porto da Manaus Moderna. Ufa! Cansei!

Voltei no dia seguinte, passei pelo mesmo sufoco no trânsito, tinha uma multidão de pessoas naquele lugar, carga, descarga, carregadores, ambulantes, uma loucura! Paguei mais dois reis para o “flanelinha” dar uma olhadela no carro, encontrei, enfim, o dito barco, paguei mais quinze reais de frete, além de dez reais para o carregador.

Era uma sexta-feira, peguei um monstruoso engarrafamento na cidade, penei muito até chegar ao meu destino – ao abrir a minha encomenda, encontrei um cacho de banana-nanica + vários quilos de farinha d´água número cinco – fiquei satisfeito, pois é gostoso receber um presente de um amigo, mesmo tendo que despender quarenta e seis reais e ter passado o maior sufoco do mundo para receber uma encomenda que vale materialmente menos de vinte reais nas feiras de Manaus.

Caso outros amigos resolvam mandar outros presentes, pedirei para eles enviarem pelos Correios, via Sedex, com porte a pagar, pode ser também pela “asa dura” (avião), mesmo que o valor do frete seja três vezes maior do que o da encomenda, não importa - irei fazer também a mesma coisa para enviar, mas, uma coisa é certa, enquanto não for tomado de fato um “choque de ordem” e a reciclagem dos armadores, não me atreverei mais a ir ao dito Porto da Manaus Moderna, para enviar ou receber encomendas do interior. Eu, hein!

Fotomontagem: Jorge Laborda - www.cronicabipolar.blogspot.com 

domingo, 27 de maio de 2012

O SACI DA PARECA


A figura do Saci é, sem dúvida, uma das mais populares entidades fantásticas do nosso Brasil, um negrinho de uma só perna, de cachimbo e gorro vermelho, e que, consoante a crença popular, ele é bastante travesso, persegue os viajantes, armando ciladas pelo caminho – por outro lado, o nosso Saci da Pareca, foi assim apelidado desde a sua tenra idade, em decorrência de ter nascido também negrinho, por adorar usar um macacãozinho encarnado e, ser morador do bairro de Aparecida, chamada carinhosamente pelos seus moradores por Pareca.

O nosso Saci nunca foi chegado a perseguir ninguém, muito menos de armar ciladas, mas “já foi um menino levado, jogador de petecas, só não foi sacristão porque era levado da breca”, como escreveu um dia o compositor e cantor amazonense “Carapeta” – aprontou muito na sua infância, adolescência, vida adulta e, um pouco na velhice, mas, tudo dentro da normalidade de um saci.

Nasceu numa casa flutuante que ficava nos arredores do bairro e, por ser de uma família bem pobrezinha, a sua mãe biológica resolveu deixá-lo com um casal que morava na Bandeira Branca, abandonando-o para sempre – recebeu na pia batismal o nome de José, registrado oficialmente no cartório como José Raimundo de Souza, tornou-se o caçula dos cinco irmãos, a mãe era capixaba e o pai cearense; um dos seus irmãos era o empresário Zezinho da Casanova, um jogador de futebol que virou empresário, dono de uma loja de roupas masculinas, famosa nas décadas de 70 e 80, situada na Avenida Eduardo Ribeiro.

O seu bairro é considerado o berço de muitos historiadores, poetas, sambistas e católicos fervorosos, fica na zona sul, sendo um dos mais antigos de Manaus, nele ficava a Cervejaria Amazonense e a Fábrica de Gelo Cristal, de propriedade dos Miranda Corrêa – tudo a ver com o Saci da Pareca.

Ele gostava de frequentar desde novinho, a Igreja de Nossa Senhora de Aparecida, principalmente, as novenas das terças-feiras e as missas aos domingos; brincava de futebol no campo do Colégio Dom Bosco; foi ajudante do seu pai adotivo numa pequena taberna de vendas de farinhas e legumes, começando a batucar no balcão e a tomar gosto pela música ainda menino.

Ainda rapazola, começou a participar das rodas de samba que aconteciam no antigo “Largo da Bandeira Branca”, um reduto de boêmios, sambistas e palco dos principais eventos culturais do bairro.

Foi esquentado da cabeça desde novinho, não levava desaforos para casa, brigava com os seus colegas de bairro e, constantemente entrava em atritos com os moleques dos bairros de São Raimundo e da Matinha, coisa normal quando Manaus acabava no bairro de Flores, numa época em que os jovens tinham rixas com os outros das imediações, com muitas brigas no “mano a mano”, sem uso de armas brancas ou de fogo.

No campo profissional, foi de tudo um pouco, ralou muito trabalhando nos depósito das Lojas Americana e Bemol e de uma empresa sediada no meio do Rio Negro (num flutuante), prestadora de serviços para a Refinaria de Manaus - também comercializou por muito tempo os famosos e proibidos “bicho de casco” (Tartarugas e Tracajás) e dos seus ovos, muito apreciados pelos manauaras de então, sempre dando um jeitinho brasileiro para driblar a fiscalização das autoridades.

Chegou a ser o proprietário do “Sacy Bar”, um boteco situado a Rua Ramos Ferreira, próximo à sede do Rio Negro Atlético Clube, – o lugar era muito frequentado pelos sambistas do bairro, da turma do Partido dos Trabalhadores, artistas e boêmios do centro da cidade, com a casa cheia todos os finais de semana, pois rolava muito samba de raiz (tocados em aparelhos 3 em 1, com discos de vinil e fitas cassetes), com muito caranguejo no toque-toque; servia aos clientes, gratuitamente, algumas porções de camarões, além de ter uma cerveja estupidamente gelada, tipo “véu de noiva”.

Quando alguém pedia para ele colocar uma fita cassete, caso fosse um som no estilo da banda “Pink Floyd”, ele cuspia fogo, expulsava o freguês na hora, não gostava nem pouco de rock, achava que era coisa de maconheiro – dizem alguns frequentadores antigos que, o Sacy era um “cara de lua”, instável, podia passar a noite sorrindo, mas, de repente, fechava o tempo.

Orgulha-se de ter tido como cliente famoso, o saudoso Josué Cláudio de Souza (Pai), o fundador da Rádio Difusora do Amazonas e prefeito de Manaus, ele apareceria por lá para tomar umas cervejas e comprar camarão da melhor qualidade e, quem ia buscá-lo era a sua filha, a inesquecível radialista Fezinha Anzoategui.

Depois de alguns anos movimentando o seu boteco, teve um problema muito sério com um cliente e vizinho, foi xingado e ameaçado, culminado com uma briga fatal, sendo obrigado, em seguida, a fechar para sempre o seu estabelecimento.

Foram anos difíceis para o Saci, inclusive, teve que passar por tratamentos psicológicos para esquecer aquela cena fatídica que aconteceu no seu bar, para dizer a verdade, ele ainda sente muito que aconteceu naquele dia. Para superar este trauma e sobreviver, buscou na música um escape e, o conforto espiritual, frequentando com mais assiduidade à igreja do bairro.

No carnaval, gosta de frequentar os ensaios da sua escola de samba do coração, a Mocidade Independente de Aparecida (a Pareca) e, quando é possível, desfila garbosamente no Sambódromo. Também adora as apresentações dos bois de Parintins, viajando todo ano para a Ilha de Tupinabarana, para torcer pelo seu boi preferido, o Garantido. Por ser católico fervoroso, faz de tudo para participar do Círio de Nazaré, em Belém do Pará, onde segura a corda em todo o seu trajeto e, aproveita para “bater com força” no Pato no Tucupi e na Maniçoba.

Por ser um exímio percussionista, sempre sai de casa com uma sacola surrada, cheia de instrumentos musicais (agogô, reco-reco, triângulo e tamborim), fazendo apresentações de forma descompromissada nos botequins de Manaus, principalmente no Bar Caldeira, Bar do Armando, Bar dos Cornos, ET Bar, Bar do Cipriano e no Bar do Metal – sendo muito aplaudido pela sua forma diferente de tocar e, de rebolar, um tanto sensual.

Certa vez, resolveu passar no baixo meretrício da Rua Mauá, centro antigo de Manaus, parou numa barraca de churrasquinho de gato, deixando no chão a sua sacola de instrumentos e, saboreou um miau da melhor qualidade; um larápio percebendo o descuido do Saci - levou todas as suas ferramentas de trabalho – chorou que nem um bezerro desmamado, muitas pessoas foram solidarias e, fizeram uma quota para a compra de novos instrumentos – ele ainda gosta de comer um churrasquinho de bichano, mas, com um olho no gato e, o outro na sua bolsa!
 
Por essas e por outras, tornou-se um cara folclórico na nossa cidade. Quando alguém pergunta o porquê do apelido Saci, ele responde:

- Sou um Saci diferente, tenho duas pernas, porém, uma é morta! – referindo-se ao seu bilau.

Quando chega aos botecos, após tomar várias e diversas, fica nostálgico, gosta de lembrar o passado, sempre cita o Peteleco & Oscarino, do Boi Brinquedinho (do saudoso Festival Folclórico do General Osório), onde foi “tripa” (aquele cara que dança embaixo do boi); das Pastorinhas do Luso e dos causos interioranos:

- Peteleco, quantas partes se dividem o corpo humano? – pergunta o Oscarino. - Depende das porradas que o caboco tomar! – fica dando gargalhada das respostas do Peteleco.

- Peteleco, como se diz noventa e nove em japonês? – Quazixém! – idem.

- Ei, meu boi! Vem prá cá! Vem dançar. Que a festa já vai começar!  Ei, Boi! – canta em voz alta e, começa a dançar a toada antiga.

- Rocha, filho do Cão do Luso! - faz sempre esta saudação ao me encontrar, pois ele sabe que eu fui ajudante do Cão (o Lapinha), o satanás de uma famosa pastorinha (peça teatral) que acontecia no Luso Sporting Club.

- Alô Dona Maria, do Lago do Limão, o sêo marido mando avisar que vai demorar a chegar, pois um pau atravessou bem na boca do Lago do Periquito, assim que o pau sair, o barco vai continuar a viagem, abraços e beijos, Afonso! – conta com sorrisos, desse aviso interiorano.

O Saci possui família, tem um casal de filhos e faz bastante tempo em que está separado da mulher, apesar de morarem no mesmo teto (isto é normal para muitos casais) – ele adora um “rabo de saia”, certa vez, arranjou uma namorada com mais de setenta anos, adorava chamá-la por “Minha Sincera”, a velha era cheia da grana, gostava muito da noite e, pagava todas – com o passar do tempo, ela deu uma rasteira no Saci, arranjou um garotão “bombado” que tinha idade para ser seu bisneto – o pobre do Saci chegou até ameaçar em pular, na vazante, da Ponte Fábio Lucena (liga os bairros de Aparecida ao São Raimundo) caso ela não voltasse para os seus braços. Tudo em vão!

O tempo foi um santo remédio para ele esquecer a vovozinha – arranjou, tempo depois, outra namorada, uma coroa fogosa, cheia de dengos, “biriteira” de mão cheira e frequentadora assídua dos botecos dançantes de Manaus; ele gosta de chamá-la de “Amorzinho”.

Algumas pessoas falam, eu não sei e, também não posso afirmar que, a dita cuja põe uma galhada enorme no pobre coitado – somente sei que, vez e outra, ele fica chorando pelas mesas dos bares, lamentando o abandono por parte de sua amada – pouquíssimas vezes o vejo feliz com ela, as pessoas falam que isto acontece somente quando ele está com “bala na agulha”, momento em que ela usa e abusa do Saci, largando-o somente quando fica na lisura total.

O Sacy está pensando em dar em basta nisso e, partir para uma nova conquista, afinal, ele é frágil no amor, fica logo apaixonado - espero que ele tenha êxitos e, encontre uma mulher decente e que o respeite. 

O nosso Saci da Pareca está aposentado, ganha uma merreca, batalha muito para sobreviver, vende camarão seco, guaraná em pó, filé de Pirarucu, copaíba e mel, além de fazer o que mais gosta: tocar os seus instrumentos musicais, bebericar umas e diversas nos botecos de Manaus; namorar as suas “sinceras e amorzinhos” da vida; rezar muito nas igrejas de Aparecida e São Sebastião; curtir o seu Boi Garantido (em Parintins) e o Círio de Nazaré (em Belém).

Possui esperanças de um dia realizar o seu grande sonho, em reabrir o seu famoso “Saci Bar”, vender a sua cerveja e camarão e, continuar a vida, uma vez e outra aprontar, tanto quanto o Saci do nosso imaginário popular. É isso ai.

Fotografia: "Saci da Pareca, esse é o cara!", por José Martins Rocha.

quarta-feira, 16 de maio de 2012

AVISO AOS NAVEGANTES


Resolvi tirar férias do Blogdorocha, Canal Itacoatiara, Facebook, Orkut, Twitter, YouTube, Gmail, Hotmail, Google+  e Panoramio – estou sem vontade de escrever, tirar fotografias e postar, vou dar um tempo no tempo, não sei se irei aguentar passar trinta dias sem entrar nas mídias sociais – peço desculpas a todos. Fui!

segunda-feira, 14 de maio de 2012

CEM ANOS DEPOIS


A fotografia antiga mostra  uma represa das águas cristalinas que vinham de vários igarapés, sendo os mais importantes os dos "Franceses" e  "Mindú", após captação e tratamento, eram distribuídas para o consumo dos moradores de Manaus. Depois de cem anos, no mesmo local, na Ponte do São Jorge, a Prefeitura de Manaus disponibiliza 300 trabalhadores, três balsas, três empurradores, dez botes de alumínio com motor de popa, duas pás carregadeiras, duas retroescavadeiras hidráulicas, 10 caminhões caçamba, quatro caminhões baú e quatro ônibus para o transporte dos garis, para a retirada diária de 25 toneladas de lixo! Caramba, estamos acabando com tudo, menos com o lixo! A natureza agredida todo o santo dia, começou a dar o troco!

domingo, 13 de maio de 2012

AS MAROMBAS


Com as grandes cheias dos rios da Amazônia, este termo está muito em voga, por ser, atualmente, um recurso fundamental para os nossos pobres ribeirinhos salvarem os seus animais domésticos, a sobrevivência da família e dos poucos móveis que possuem em suas casas.

A maromba é um jirau alto, feito de tábuas ou troncos, onde se põe o gado durante as grandes enchentes na região amazônica, serve também para salvar as plantas, os animais domésticos (galinhas, porcos, carneiros, cachorros etc.) e objetos de utilidade dos ribeirinhos, além de ser um termo conhecido para designar os assoalhos das casas alagadas e das passarelas de madeiras.

Na confecção das marombas, o caboclo utiliza com mais frequência as toras da madeira conhecida como açacu, pois ela é leve, resistente à umidade e com alto poder de flutuação; monta os assoalhos com tábuas de copiúva, andiroba ou de louro-gamela, com cobertura de lona ou palha de palmeira nativa.

A grande maioria dos caboclos mora em casas tipo palafitas (sustentadas por paus ficados ao solo), bem como, em habitações que ficam nas proximidades da orla dos rios (conhecidos como ribeirinhos), são estes que mais sofrem com as cheias dos rios.

Quando a enchente é grande, as famílias entram em desespero, com a água tomando, inicialmente, o quintal da casa, quando são obrigadas a protegerem os animais, depois, a água sobe e começa a tragar o assoalho, quando são obrigadas a construir marombas no interior, ficando suspensos os objetos e os poucos móveis; o espaço fica diminuto, com atenção total as crianças pequenas para não caírem no rio, além do perigo constante de ataques de cobras, jacarés e outros animais peçonhentos.

O acesso das pessoas que moram nas áreas alagadiças até a terra firme somente pode ser feito por estreitas passarelas de madeira, também conhecida como marombas – é um sufoco total para os velhos, doentes e crianças.

Próximos às sedes das cidades interioranas, a grande maioria dos ribeirinhos utilizam as “casas flutuantes”, um tipo de moradia onde é apoiada por grandes toras de madeiras, conhecida como bóias – este tipo de residência permite uma maior tranquilidade, pois flutuam, evitando a entrada das águas dentro da casa.

Na orla da cidade de Manaus, a casa flutuante é proibida desde a década de 60, com as pessoas mais humildes optando em morar em palafitas, sofrendo todos os anos com as cheias cada vez maiores.

O governo estadual vai colocar em prática um projeto para retirar todos estes tipos de moradias, indenizando as famílias e dando-lhes condições mais dignas – assim, espera-se que seja feito!

Povo sofrido é o brasileiro, enquanto no nordeste padece com as grandes estiagens, sem água potável para beber, plantar e cuidar dos animais - na Amazônia, com as grandes cheias dos rios, para sobreviver, ver-se forçado a utiliza as marombas.  

sexta-feira, 11 de maio de 2012

FELIZ DIA DAS MÂES!



Um dia festivo para muitos filhos e, um pouco triste para alguns, estou no segundo caso, pois a minha mãezinha não está mais neste plano espiritual, mesmo assim, faço questão em homenagear a todos a mães do nosso planetinha.

Este dia era comemorado na Grécia antiga, na entrada da primavera, com festejos em honra a Reia, a Mães dos Deuses, sendo assim, também poderemos comemorar ao dia da deusa da tribo dos Manaós, a Mães dos Deuses dos nossos ancestrais.

No Brasil, este dia foi oficializado em 1932, pelo então presidente Getúlio Vargas e, 1947, o Dom Jaime de Barros Camara (Cardeal do Rio Janeiro), determinou que esta data fizesse parte também no calendário da igreja católica.

A comemoração é sempre no segundo domingo de Maio, sendo uma data em que existe um forte apelo comercial, movimentando muito a economia nacional.

Sabemos que o ato de dar um presente é uma forma de agradecimento e, claro que toda mãe gosta de receber um presente – coisa linda é ver aquele rostinho feliz, com os olhos brilhantes da mãezinha ao receber o seu presente e, ouvir do seu filho “Mãe, eu te amo muito!”.

Por falar em presentes, antigamente, os presentes eram os seguintes:
Jogo de panelas “Panex”, bobs, sandálias, toalhas de banho, batas, colônias, joias, relógios, moveis, fogões, geladeiras, televisão, maquina de escrever, corpetes, anáguas, espartilhos, meias, saias plissadas, casacos, luvas, leques, óculos, livros, terços, véus, imagens de santos, chapéus, discos de vinil, flores naturais, porta-cédulas, porta-retratos etc.

As mães modernas, por outro lado, gostam de receber o seguinte: Celulares de última geração, Mp3/MP4 para ouvir música e assistir filmes, Ipad para guardar seus livros digitais, Câmeras Fotográfica Digitais, aparelhos de som, roupa de última geração para ginástica, Conjunto de pesos para musculação feminina, tênis, relógio com cronômetro e que mede pulsação, óculos de Sol, televisão LED, televisão Plasma, Secador de Cabelos, Prancha para o Cabelo, tratamentos estéticos, perfumes, maquiagem, cremes para o corpo, bijuterias e acessórios modernos, joias, roupas, sapatos etc.

Toda dia é dia da nossa mãezinha, todo santo dia, lembro com saudades da minha. Sua benção, minha mãe! Feliz dia das Mães!

quarta-feira, 9 de maio de 2012

PARA REFLETIR!

Vale a pena ler o “FIM DA GRANDE VIDA”, um trecho do livro do nosso poeta amazonense Thiago de Mello, sobre como era Manaus após o fim da época áurea da borracha. 
"Do dia pra noite, se foram acabando o luxo, as ostentações, os esbanjamentos e as opulências sustentadas pelo trabalho praticamente escravo do caboclo seringueiro lá nas brenhas da selva. Cessou bruscamente a construção dos grandes sobrados portugueses, dos palacetes afrancesados, dos edifícios públicos suntuosos. Não se mandou mais buscar mármores e azulejos na Europa, ninguém acendia mais charutos com cédulas estrangeiras. O enxoval das moças ricas deixou de vir de Paris. Os navios ingleses, alemães e italianos começaram a escassear na entrada da barra. Muitas grandes firmas exportadoras, de capital europeu, começaram a pedir concordata. Das casas aviadoras (que forneciam dinheiro e mercadoria aos seringalistas do interior da floresta), as mais fracas faliram logo, algumas resistiram um pouco, mas não puderam evitar a falência. As companhias líricas de operetas italianas foram deixando de chegar para as suas temporadas exclusivas no sempre iluminado Teatro Amazonas. Os coronéis de barranco não podiam pagar com fortunas uma carícia mais quente das francesas importadas e refinadas na arte do amor comprado, as quais, por isso mesmo, foram logo tratando de dar o fora, substituído nas pensões noturnas pelas nossas caboclas peitudas e de cintura menos delgada. Dar o fora foi também o que fizeram os comerciantes ingleses e alemães, os navios partiam carregados deles com a família inteira". MELLO, Thiago de. Manaus, amor e memória. Rio de Janeiro: Philobiblion, 1984, pp. 27-28.

E, se um dia acabar a Zona Franca de Manaus? Como ficará a nossa cidade? Teremos outras opções para continuar o nosso desenvolvimento ou mergulharemos novamente no caos como aconteceu com o fim da borracha?

terça-feira, 8 de maio de 2012

BLOGDOROCHA: A MÚSICA E O MEDIUNISMO - CHICO DA SILVA E CHICO X...

BLOGDOROCHA: A MÚSICA E O MEDIUNISMO - CHICO DA SILVA E CHICO X...:  EM HOMENAGEM AO ANIVERSÁRIO DO CHICO DA SILVA - Duas reportagens me chamaram a atenção,foram publicadas pelo jornal Diário do Amazonas, ambas falam sobre dois Chicos, a primeira é sobr...

segunda-feira, 7 de maio de 2012

A NOSSA MANÔ DOS MIL CONTRASTES


Numa das minhas caminhadas pela “Nossa Manô dos Mil Contrastes”, como era chamada a cidade de Manaus pelo Gilberto Barbosa (antigo colunista social do jornal A Crítica), deparei com um senhor de cabelos brancos, na varanda da sua residência, apreciando o Rio Negro e a movimentação ao redor – somente um detalhe: a sua casa foi edificada em cima de um enorme tanque de água – este fato, serviu para uma singela comparação entre os dois extremos em termos de moradia -, numa ponta está um surrupiador  dos recursos públicos e, na outra, um aposentado que ganha um salário minimo por mês, sendo obrigado a fazer um "bico" como vigia, para poder sobreviver dignamente.

Pois bem, um certo político que sai dando entrevistas quase todo os dias na televisão e, gosta de mostrar que é um bom moço e salvador da pátria, no entanto, amealhou uma montanha de tutu, que está saindo de montão pelo ladrão, construiu a sua mansão num condomínio fechado da bela Ponta Negra, dotada de piscina com cascata, área de lazer, várias suítes, inclusive para os serviçais, salas e mais salas, lavabo, garagem, cozinha, varandas, jardins de inverno, escritórios, bar, academia, aquecedor solar, sistema de alarme, com ar Split até na casa dos cachorros, armários embutidos, antenas sky, porteiro eletrônico, fossa/sumidouro, portões automáticos em alumínio bronze, cerca elétrica e outros mimos mais, avaliada em alguns milhões de reais.


Por outro lado, um senhor de idade foi obrigado a construir a sua morada em cima de um tanque de água abandonado, num terreno do município, conhecido outrora como “Ilha de Monte Cristo”, na maltratada “Manaus Moderna” – uma casa tamanho 5 x 5, ou seja, com 25 metros quadrados de área construída, tipo quitinete, com cobertura no modelo duas águas, dotada de um quarto onde cabem somente duas redes de dormir, um sanitário e banheiro conjugado, uma varandinha e, nada mais, avaliado em pouco mais de três mil reais.


Este é o quadro da nossa “Manô”, onde apenas 5% dos mortais detêm 90% da renda bruta da cidade, com o money suficiente para curtir do bom e do melhor, morar nos lugares considerados top e, desfrutar das benesses que o dinheiro farto pode proporcionar – contrastando com a grande maioria das pessoas das classes D e E, as quais possuem pouquíssimas opções para ter uma vida mais digna, sendo obrigadas a morarem debaixo das pontes, em cima dos tanques de água e, nos lugares de riscos e alagadiços (palafitas).


Haja contraste! É isso ai.

sábado, 5 de maio de 2012

HOMENAGEM AO DR. MAURY DE MACEDO BRINGEL

 No ano de 2010 fiz uma postagem sobre o O SOLAR DOS BRINGEL - hoje, estou republicando para homenagear ao Dr. Maury de Macedo Bringel, um grande homem, foi professor na faculdade de economia da Universidade Federal do Amazonas e presidente do Banco do Estado do Amazonas. Na fotografia acima (retirado do Blog do Marcos Santos), ele é o segundo da direita para a esquerda. Ontem, deixou este plano e, foi para o andar de cima, está ao lado do nosso bom Deus.
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O Solar dos Bringel ficava na Rua Huascar de Figueiredo, nº.1191, na esquina com a Rua Igarapé de Manaus, centro. O imóvel pertencia ao Sr. João Bringel (1894 – 1987) e Sra. Maria Macedo Bringel (1906 – 1992).

O imóvel era belíssimo, cercado de jardins e de um grande pomar (goiabeiras, mangueiras, abacateiros, limoeiros, abieiros, saputilheiras e coqueiros); com a permissão dos donos, a minha avó Lídia Pires plantou um pé de Mangueira e, com os devidos cuidados, tornou-se frondosa e forneceu muitos frutos durantes décadas. Este lugar permanece vivo na minha memória, pois foi onde passei a minha infância e adolescência - nos porões da residência funcionava a Oficina de Violões, do meu saudoso pai Rochinha.

O Sr. João e a Dona Mariazinha tiveram uma grande prole, lembro do Aurélio, Norma, Mário Jorge, Maury, Mauro, Renato (Pingo), Antônia (Antonina) e Dea, além dos netos Betinha, Titá e Miroco. Os filhos herdaram dos pais uma grande formosura, bem como, o gosto pela música e pelos estudos, foram também brilhantes executivos na área bancária e comercial. O meu pai considerava os Bringel a sua segunda família, conviveram juntos durante 30 anos.

Na aposentadoria, o meu pai gostava de passear pela Rua Igarapé de Manaus, para conversar com os antigos vizinhos, bem como, para admirar e matar a saudade da residência dos Bringel. Num certo dia, deparou com os escombros do imóvel, falou tristemente o seguinte: - Zezinho, meu filho, vamos embora, acabaram com a nossa memória! Nunca mais voltou ao lugar.

Após o falecimento dos pais, os herdeiros do imóvel resolveram vende-lo, o comprador foi a Universidade do Norte – Uninorte (destruidora dos imóveis antigos de Manaus) - não deu outra, a bela casa foi para o chão, virou simplesmente um estacionamento dos veículos dos seus alunos.

O tempo passa, o tempo voa, mas as lembranças ficam! A residência dos Bringel não existe mais no plano físico, porém ficará guardada num cantinho da minha memória.

sexta-feira, 4 de maio de 2012

BLOGDOROCHA: O FORRÓ DA MARIA BELÉM

BLOGDOROCHA: O FORRÓ DA MARIA BELÉM: A Dona Maria Belém, era uma senhora que veio com a família, do interior do Pará, para morar em Manaus, em torno da década de 20; tornou-se...

quinta-feira, 3 de maio de 2012

BLOGDOROCHA: CÃES DE RUA

BLOGDOROCHA: CÃES DE RUA: Ao ler uma postagem sobre cães de rua, no “ Facebook ”, na página do meu amigo Bob Medina, lembrei-me de alguns cães que foram adotado...
O casal Américo e Kasmin Carnevali adotou um cão que costuma vagar pelo Largo de São Sebastião, foi batizado como "Alain Delon"; ele é bem alimentado pelo casal, a pelagem ficou bonita, mas, não gosta de ficar em casa, passa o dia todo na rua, retornando somente para dormir e se alimentar, sempre acompanha o casal quando vão até o Bar do Armando, ele também é chegado ao sanduíche de pernil. Faz cinco dias que ele sumiu, dizem que ele foi roubado por um cara loiro que parou a sua High Lux vermelha, levando o Alain para um lugar incerto e não sabido. Quem tiver notícias desse animal, favor entrar em contato com a Kasmin (tel 92 3622-6642).