Ao passar pela velha e abandonada Ponte dos Bilhares, na
Avenida Constantino Nery, no sentido bairro/centro, notei um grupo de meninos
entre os seus 10 a 14 anos de idade, estavam reunidos bem no meio da referida
ponte, olhando a cheia do rio pelas frestas das grades de ferro, repentinamente,
resolveram subir na parte mais alta para pular lá de cima e, mergulhar nas
águas poluídas e fétidas do Igarapé do Mindu – tudo normal, pois são coisas de
menino.
Por uns instantes, lembrei-me da minha infância quando
pulava da Primeira Ponte, na Avenida Sete de Setembro, com a grande diferença de
que naquela época o Igarapé de Manaus estava no inicio do processo de degradação,
muito pelo contrário do atual Mindu, que se encontra agonizante, quase sem
vida, um esgoto à céu aberto – mesmo assim, achei graça daqueles moleques
pulando dentro d’água, não se importando nem um pouco com a podridão ali
existente.
Observei que os guardas do Parque dos Bilhares estão
atônitos com aquela cena, começaram a passar o rádio sabe lá para quem, acho
que estava chamando a polícia, neste momento, a garotada ao notar a presença da
Guarda Municipal, nadaram até uma canoa que estava amarrada numa passarela
amarela que fica embaixo da ponte e, botavam para remar em direção ao bairro de
São Jorge, sumindo rapidamente daquele lugar.
Pena que não estava com minha máquina “Rolleyflex” para registrar aquela cena
inusitada para os dias atuais, porém, muito comum na minha infância. Aliás, blogueiro tem o dever de andar sempre com uma máquina digital, mas, nesse dia eu estava de férias das redes sociais, fazer o quê!
Para relembrar um pouco da nossa puerícia, o grande
cantor e compositor Chico da Silva mandou ver com a composição musical intitulada
“Tempo Bom”:
Daquele tempo
de menino
Ainda tenho no meu peito muita saudade
Rodar pião,
Estilingue no pescoço e papagaio pra soltar
Mamãe me acordava cedo
Menininho toma banho,
Vai se aprontar
Vou ficar lhe vigiando
E no caminho da escola você vê se da um jeito de não se sujar
E sempre com os meus amigos
Uma chegada à lagoa não fazia mal
E não faltava um bate bola no campinho
Improvisado no quintal
E tudo que chegou primeiro
Minha primeira namorada se perdeu de mim
E só ficou minha viola, meu cavaco,
Meu pandeiro e tamborim
Que tempo bom.
Ainda tenho no meu peito muita saudade
Rodar pião,
Estilingue no pescoço e papagaio pra soltar
Mamãe me acordava cedo
Menininho toma banho,
Vai se aprontar
Vou ficar lhe vigiando
E no caminho da escola você vê se da um jeito de não se sujar
E sempre com os meus amigos
Uma chegada à lagoa não fazia mal
E não faltava um bate bola no campinho
Improvisado no quintal
E tudo que chegou primeiro
Minha primeira namorada se perdeu de mim
E só ficou minha viola, meu cavaco,
Meu pandeiro e tamborim
Que tempo bom.
Que tempo bom que não volta
mais – para a minha geração, é claro! Mas, apesar da poluição da cidade e dos
novos tempos, os meninos de Manaus continuam pulando da ponte, alguns até se
atrevem a pular na cabeceira da Ponte Manaus-Iranduba, em decorrência da grande
cheia do Rio Negro, enquanto outros moleques do interior, onde não existem
grandes pontes, pulam das árvores. Coisas de menino, que tempo bom!
Fotografia: “Moleques Pulando
da Ponte Manaus-Iraduba”, Evandro Seixas (jornal A Critica) – “Meninos da Comunidade
do Livramento”, J Martins Rocha.
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