sexta-feira, 23 de setembro de 2022

VOLTA ROBÉRIO BRAGA!

José Rocha

Blogueiro e Escritor

O Robério pode ter todos os defeitos do mundo, mas é considerado um dos manauaras que mais ama a sua cidade.

Quando está no poder, faz e acontece no centro histórico.

O Largo de São Sebastião é o queridinho dos manauaras, graças ao trabalho incansável do Robério.

A turma da Bica chamava de Roberlândia, com todo respeito, é claro!

Todos esses festivais que acontecem na cidade e no interior, a grande maioria engrandeceu graças ao Robério.

Posso passar a noite e o dia escrevendo sobre as coisas boas do camarada, mesmo descontando os seus defeitos, mesmo assim, o seu saldo positivo será muito grande.

O Wilson Lima irá faturar a reeleição e vai chegar a hora do Robério Braga voltar.

Volta Robério!

 

Roberto Pacheco

Advogado e Assessor Parlamentar

Robério dos Santos Pereira Braga, antes de ser Secretário de Cultura, foi Presidente da antiga Emamtur (Empresa Amazonense de Turismo), no início dos anos 80, na gestão "tampão" do governo Paulo Nery, quando fez uma verdadeira revolução no Carnaval de Manaus, se destacando em todo o país ao divulgar a festa na grande mídia nacional com a finalidade de atrair turistas para a nossa cidade, com destaques nas revistas Isto É - representada pelo saudoso Joaquim Marinho - e pela Veja, então a terceira maior revista do mundo, com 1,350 milhões de assinantes. Lembro que, depois do grande trabalho que fez para alavancar o nosso Carnaval para todo o Brasil, Robério, a convite de alguma autoridade de Recife (não sei ao certo), foi dar uma palestra na Universidade Federal de Pernambuco e, ao chegar no auditório, foi ovacionado pelos universitários - de lá - que já conheciam o seu trabalho. Por cá, nem tanto. Portanto, depois de revolucionar o nosso Carnaval, o Festival de Ópera foi uma consequência do seu talento para criar, inovar e produzir cultura. É bom frisar que Robério só ficou por seis meses à frente da Emamtur e se destacou em nível nacional. Por outro lado, é sempre bom lembrar que, ao assumir a Secretaria de Cultura, quando se destacou internacionalmente, Robério adotou nossos escritores, compositores e cantores ao financiar edições de livros e gravações de CDs para os novos talentos. Assim, podemos afirmar que a cultura amazonense (incluindo aí o Carnaval, evidentemente) tem duas fases: antes e depois de Robério. Para finalizar, lembro ainda que Robério, além de advogado, é historiador, escritor, foi vereador de Manaus e é considerado, por grande parte dos nossos intelectuais, um dos maiores oradores que já passaram pela plateia do Amazonas. 

Parabéns pela lembrança meu amigo Jose Rocha. Agora, resta à história cumprir a sua parte.


sábado, 10 de setembro de 2022

MANA MANAUS


Meu nome de batismo é José Martins Soares, conhecido por muitos por José Rocha, apelido herdado de meu pai, o saudoso luthier José Rocha (Rochinha), um   cearense que veio para Manaus ainda muito jovem, famoso por construir e consertar instrumentos de corda, entre os quais o violão, conquistando fama além-fronteiras.
        Nasci no Hospital da Santa Casa de Misericórdia, vivendo os primeiros dias com meus pais e meus irmãos mais velhos num “flutuante” no Igarapé de Manaus. Aos doze anos de idade fui morar com a minha família na Vila Paraíso, na Avenida Getúlio Vargas.   Casei em 1980 fixando residência no Conjunto dos Jornalistas, depois de separado voltei ao centro da cidade.
        Dentre algumas conquistas, a colocação de grau no curso de Administração de Empresas pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e apesar das vicissitudes, a alegria de manter em todos esses longos tempos, um grande número de amigos fraternos e também de desfrutar da companhia e do carinho dos três filhos e dos três netos que Deus me presenteou.
        Sou um sessentão, gosto de caminhar pela minha cidade Manaus, senti-la, fotografá-la e acompanhar a sua evolução, fazendo postagens nas mídias sociais, principalmente sobre a sua história,     o seu povo e a cultura.  Este livro foi fruto de publicações no BLOGDOROCHA    do qual sou editor desde 2006, no sitio 
www.jmartinsrocha.blogspot.com.     Conto com um farto material recolhido de livros de autores amazonenses, pesquisas em jornais antigos e de mídias sociais.    Não sou historiador, apenas um memorialista, procurando sempre colocar nos textos meus sentimentos e  minha saudade da antiga Manaus.     Mana é como os manauaras se tratam uns com os outros, constituindo-se na maior família do planeta. Isto é cultural.      Manaus a nossa cidade, significando em tupi “A Mãe dos Deuses”. Somos seus filhos, por isso todos os manauaras são irmãos. O saudoso jornalista manauara Inácio Oliveira escreveu artigos e poemas com o título Mana Manaus.  O poeta amazonense Chico da Silva compôs e gravou a toada Mana mana Manaus, para demonstrar o seu amor a cidade que o acolheu como seu legítimo filho.   O livro é dedicado a ela,  a nossa Mana Manaus.

Mana mana Manaus
No coração da hiléia
Tu és soberana cidade matriz
O rio Negro teu ciúme, teu costume
Abraça forte teu terraço fluvial
O rio Amazonas viageiro te paquera
Nesse manto florestal
Vila da Barra, tu és monumental
Entalhada pelos teus igarapés
Mana Manaus
Bela arte manauara
Os teus palácios, o teatro, a catedral
A relumear, sob o céu da Amazônia
Os teus poetas, tuas danças e bumbás
Mana manô
Minha fada, meu conto de amor
O orgulho e encanto do amazonense
Chico da Silva


 

sexta-feira, 9 de setembro de 2022

FORRÓ DA MARIA BELÉM


Dona Maria Belém era uma senhora que veio com a família do interior do Pará. Tornou-se uma mulher festeira e, por isso, foi considerada uma referência no quesito diversão, com muito forró em sua residência, situada no igarapé de Manaus. Apesar de os paraenses gostarem muito do Carimbó, tipo de dança de roda, originário da cidade de Marapanim (PA), a Maria Belém adotou o forró, o famoso arrasta-pé, música originalmente instrumental, parente do baião, porém com andamento mais acelerado, muito apreciada no nordeste, principalmente no Ceará. Ela foi influenciada por famílias de nordestinos que migraram para a Amazônia, na época “dos soldados da borracha”, na coleta do látex para os esforços de guerra (Segunda Grande Guerra Mundial).
Morava numa grande casa-flutuante ancorada na Rua Ipixuna, no igarapé de Manaus, ao lado do “Edifício do Homem de Brasília”. Sua casa tinha uma distribuição interior igual as dos caboclos ribeirinhos da Amazônia, feita de madeira, com um grande salão, pequeno quarto, cozinha com jirau (espécie de pia), banheiro e privada juntos, casa com duas portas, uma na frente e outra nos fundos, além de várias janelas laterais. Enfim, coberta de palha, sem água encanada, nem luz elétrica.
Nas sextas-feiras e sábados, sua residência era transformada num grande salão de danças. Os músicos que se apresentavam eram originários da Banda da Polícia Militar, das Pastorinhas da Rua Major Gabriel e de alguns moradores que tocavam instrumentos de sopro, advindo das ruas do entorno do Igarapé de Manaus. A entrada era gratuita: bastava apenas ter fôlego para dançar até o sol raiar e gogó de aço para entornar bastante batida de Cocal.
Eu e meus irmãos e outros moleques, que moravam no entorno da casa, podiam entrar para apreciar a festa desde que ficassem comportados. Mas eram logo expulsos, pois aprontavam muito, como ficar o tempo todo chupando limão bem na frente dos músicos de metais, que os deixavam com a boca cheia d água, impedindo-os de soprarem o saxofone e o clarinete. Eu sempre dava um jeito de retornar a casa, pois gostava de ver os mais velhos dançando e bebendo uma batida de limão, um tipo de ponche feito numa grande panela de alumínio, com muitas garrafas de Cocal (cachaça originária do Pará). O pessoal tomava a batida num caneco de alumínio, soldado em uma haste, o mesmo que era utilizado para tomar água de pote de barro. Eu saía da festa somente quando sentia que o clima estava ficando tenso. Quando os frequentadores começavam a ficar bêbados e a soltar impropérios uns contra os outros, as brigas eram inevitáveis. A iluminação era realizada à base de lamparinas (feitas de metal, com um pavio e querosene) e algumas vezes os mais afoitos apagavam a chama, aproveitando a escuridão para pegar nos seios de alguma cabocla ou dar um acocho numa vizinha.
Todo final de semana era assim: na hora da briga, muitos pulavam pelas janelas dentro do rio (quando o rio estava cheio) e os músicos corriam em debandada juntamente com a mulherada. Numa dessas brigas, o flutuante começou a tremer, uma lamparina caiu dentro da panela de batida, quando entrou em ação a turma do “deixa disso”. Ânimos acalmados, todos voltaram ao forró da Maria Belém. Quando foram reiniciar os trabalhos, a cachaça estava com gosto esquisita. Dona Maria Belém meteu a mão dentro da panela, de lá tirou a lamparina e a jogou pela janela, mostrando aos gritos um terçado tipo facão:
– E aí cambada de valentões, ordinários, não vão mais encarar a minha batida de limão?
– Até que dá para tomar, mesmo com este gosto escroto de querosene! - argumentou um deles.
Dona Maria procurou amenizar a situação:
– Tá bom! Podem beber e dançar novamente, mas se começarem a brigar de novo vou acabar na hora com a porra desta festa e botar todo mundo prá correr!
Durante anos foi sempre assim: muita dança, batida de limão e brigas no Forró da Maria Belém.
Fonte: Livro E-book "O Igarapé de Manaus, Jose Rocha"

VIAJAR NO TEMPO E NO ESPAÇO

 Meus amigos, confesso a vocês que, em tempos idos eu era um “rato de biblioteca”, lendo livros de autores amazonenses, dissertações de alunos das nossas universidades, leitor voraz de revistas antigas e  um apaixonado por “papeis amarelados”, no entanto, passados alguns tempos depois fiquei decepcionado, não pela tara por livros e jornais antigos, mas, por sentir que um grande público não está nem ai por o que escrevi e/ou escrevo no meu diário eletrônica (blog), muito menos pelos meus livros no formato e-book e pelo meu primeiro na forma impressa. Certa vez, o livreiro Celestino falou: - Amigo Rocha, você acabou de publicar um livro, isto é para poucos, mas, com todo respeito tens uma guarda-roupa de quatro maleiros? Respondi-lhe com toda inocência: - Não entendi! Respondeu: - Rocha, o escritor somente vende o seu livro no lançamento, o que sobrou fica guardado no armário, pois ninguém irá compra-lo, salvo raras exceções! Passado uns meses depois, consegui através de amizade colocar trinta livros nas bibliotecas do Estado do Amazonas e algumas venda esparsas. O meu armário de quatro maleiros estava lotava de livros quando resolvi descarta-los, fazendo doações para quem eu achava que um dia iria lê-lo. Sei, não. Quando sobraram vinte exemplares, resolvi fazer uma campanha nas mídias sociais para venda dos vinte últimos. Vendi somente um para o meu amigo Eduardo Braga. Tomei uma decisão: continuarei escrevendo “certo por linhas tortas” e lançando mais livros no futuro, mesmo sabendo que somente poucos irão compra-los e lê-los. Graças ao meu bom Deus não dependo da venda de livros para sobreviver. No entanto, irei continuar escrevendo, pois é o meu destino ser escritor, mesmo não sendo lido. Para vocês terem uma ideia já escrevi uns cinco ou mais e-book na famosa Amazon.com, mas até agora nada na conta do amazonense. Brincadeiras a parte, quero falar a vocês que não sei tocar, cantar, vender, declamar poesias, pintar um quadro, ser um político influente, fazer fortunas, roubar, ludibriar, mas, somente escrever e, quem sabe um dia ser um escritor famoso em Manaus, disponibilizando livros para vocês viajarem no tempo e no espaço. É isso ai.   

terça-feira, 6 de setembro de 2022

PASSO A PAÇO

 PASSO A PAÇO

Este projeto da Prefeitura de Manaus está na sua sétima edição, como uma forma de resgate, do centro histórico de Manaus, buscando através de atrações musicais locais e nacionais, gastronomia e culturais, incutir no povo manauara a autoestima e valorização de sua cidade, exatamente no local onde ela nasceu e se desenvolveu – é um projeto caríssimo para o cofre público municipal, no entanto, acho muito importante para a valorização e amor à nossa cidade, apesar dos pesares.

O projeto é assim chamado (assim acho) por concentrar todas as atividades num local onde o povo poderá curtir vários ambientes andando (passo) partindo do Paço (antigo Palácio do Governo).

A cidade de Manaus é tão pequena em relação ao Estado do Amazonas, no entanto, ela é tão populosa que se tornou uma Cidade-Estado, englobando a Região Metropolitana de Manaus, onde os nossos munícipios vizinhos serão todos no futuro abarcados por Manaus.

Por ser morador antigo do centro da cidade Manaus, resolvi, hoje, caminhar até o Paço no início da tarde, muito antes dos shows e eventos do último dia.

Ontem, fui barrado no baile, pois gosto de samba, suor e cerveja, mas não deu para quem quis: cerca de dez mil pessoas ficaram de fora!

Hoje, a programação será para “os santos”  - àqueles que irão direto para o céu, no caso os evangélicos e os católicos apostólicos e romanos – será o show “gospel” bem ao gosto do Prefeito evangélico, pois os dois dias anteriores foram para “os pecadores” e “não cristãos” que irão direto para o inferno. Cruz, credo!

Partindo da Rua Tapajós, toda asfaltada – está uma belezura – passei pelo Largo de São Sebastião – uma beleza pura – ao adentrar a Rua Barroso, a coisa toda mudou de feição.

Apressei os meu “Passo” para chegar no “Paço”: a rua está toda esburacada, sujeira total, fedentina de esgotos sanitários jorrando pelas sarjetas, o Castelinho fechado, a Casa Dos Estudantes da UFAM fechado e abandonado, bueiros sem tampa, a Caixa Econômica Federal com tapumes e nunca termina a reforma do prédio, até a Bemol pegou o beco – apesar dos pesares ainda existem alguns prédios bem conservados pelos seus donos – por sinal, a Biblioteca Pública salva tudo!

Pois bem, continuei com o “Passo” até o “Paço”, discai até a Praça da Polícia, uma vergonha! Abandonada, depredada e sem manutenção. Alguns locais fedem a urina, pois não possui nenhum mictório público naquele local e em todo o centro da cidade. Isto é um absurdo!

Apressei o meu “Passo” para chegar logo ao “Paço”, mas tive de parar na Avenida Sete de Setembro com a Eduardo Ribeiro, um buraco enorme está lá, herança do ex-prefeito Artur Neto. Como é que pode! O prefeito atual já está dois anos no poder e nada fez para tampar aquele buraco do Arthur! 

No “Passo” até o “Paço” a coitada da Avenida Sete de Setembro está abandonada! As fotografias valem por mil palavras! Deu pena em ver uma belíssima obra do ARQUITETO (em letras maiúsculas) Severiano Mário Porto (antigo BASA) totalmente abandonado!

Tudo mudou quando cheguei no “Paço”! Graças A Deus! O meu “Passo” já estava cansado e decepcionado. Pois bem, tudo limpinho, organizado, segurança “saindo pelo ladrão” – passei por vários palcos, onde estavam “passando o som”, coisa de primeiro mundo!

Segundo o atual prefeito, os empreendedores faturaram alto (de três a trinta mil por noite!) – passei pela Rua Mauá, reduto dos boêmios e mulheres de programa – vi dezenas delas todas sorrindo com a vida, acho que o faturamento, ontem, foi alto, hoje, será zero, pois o pessoal gospel “não pula muro” ou pula? Sei, lá! 

O pessoal das barracas de cervejas e cachaças mudaram o estoque para “água mineral”, pois o “capeta” não vai ter saída – ou vai? Sei, lá!

Não sou contra o evento, muito pelo contrário, sou totalmente a favor, no entanto, no próximo ano, o prefeito têm o dever de consertar o “Passo”, pois para termos uma ideia dos milhões gastos em 2022, somente com os cachês dos artistas de renome nacional dava e sobrava para “tampar o buraco do Arthur” e muito mais!

É isso aí.