sábado, 31 de outubro de 2009

POETATU 4

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O lançamento do livro aconteceu no dia 25 do corrente, no Palacete Provincial, centro antigo de Manaus; a organização foi do poeta/livreiro Celestino Neto (sebo O Alienista, na Praça Heliodoro Balby) e do meu mano poeta Marco Gomes, com apoio cultural da Secretaria de Cultura do Estado do Amazonas e, da ONG Gens da Selva – In Memorian Anibal Beça, Marcos Figueira e Narciso Lobo; com a contribuição poética dos pesos pesados: Almir Graça, Anísio Mello, Carlos Araújo, Castro e Costa, Celestino Neto, Célio Cruz, Eliberto Barroncas, Felipe Wanderley, Henrique Mesquita, José Ribamar Mitoso, Jersey Nazareno, Marcileudo Barros, Marco Gomes, Simão Pessoa, Tenório Telles e Zemaria Pinto.

A capa é uma talha do artista plástico Roberto Cravo, dando forma a um desenho do Hanneman Bacellar (jovem pintor manauense, desaparecido tragicamente); a foto é do nosso lambe-lambe oficial Luiz Souza; o quadro faz parte do acervo da BICA e está exposto no Bar do Armando; a outra fotografia que ilustra o nosso post é do gaiato que vos escreve, mostra em primeiro plano a nossa eterna rainha Petrolina (Petrô para os íntimos) e ao fundo o poeta Frankenstein escrevendo os seus versos com a sua perna de piroca!

O Simão Pessoa, nosso querido poeta e escritor, foi o encarregado de fazer a apresentação do livro: No futuro do pretérito, essa antologia poética feita nas coxas será o livro narrativo mais instigante de 2014. O New York Times informará. Mistura de Win Wenders com Bouvard et Péchuchet, muitas vezes parece Bukowski. Sim, é um livro preguiçoso. Sim, é um livro engraçado, gostoso de ler. Um livro triste, angustiado. Um livro de crônicas. Um livro de poesia. Um livro de filosofia. Um livro de memórias travestido em ficção. Escritura sem afeto. Texto raiva-ternura. Chocante. Lindo. Poetatu. Poesia paca, bicho! Sim, há uma gota de sangue em cada poema. Ao alarme, prefiro o ladrão. Biscoitos finos para a massa. Poetatu já nasceu clássico. E não fosse isso seria aquilo. De leve.

MERCI, BERINHO – Marco Gomes (poeta, fotógrafo)
Bendito é o fruto
do português Manoel Pracinha
(embora vivo... muito vivo)
que em ti baixou.
Obrigado pela devolução
da Praça da Polícia
já estava até pensando
em acionar o MP
pedindo-a de volta.
Juro que dentre essa algazarra toda
de animados artistas
(ou seriam alegres?)
Não existe turma mais folgada
que a dos legítimos donos da praça
reunidos ali no canto.
Pedrosa, Pina, Piauí, Manuel Curupira,
Valério, ou seja, a fina flor
da Turma do Pau-mole
que volta a se concentrar
ou sua Catedral da Fé!
(do bicho, dama, fofoca...)

LIBRE – Jersey Nazareno (poeta, jornalista)

Há algum tempo,
não sei quanto,
Venho-me condenando,
por querer a liberdade.
Há algumas horas,
não sei quantas,
deixo de condenar-me,
por sentir-me livre.
Livre por saber
que sou um condenado
à liberdade.

DEZEMBRO/EPITÁFIO NO CRESPÚSCULO/TEMPO TEMPLO – Eliberto Barroncas (poeta, músico)

O tempo
tem passado ligeiro
já vem
mais um janeiro.

O tempo voa
com suas penas
nas águas do tempo
tudo nada.

Morte do dia
luto da noite
sina
o tempo assina o que ensina.

Isto foi apenas um aperitivo, uma degustação! Quer mais? Então passa um correio eletrônico para
sebo.oalienista@yahoo.com.br – será enviado um exemplar para qualquer cafundó-de-Judas do nosso Brasil, via canoa, batelão, taxi, sedex e até de asa dura, basta somente acertar uma módica contribuição de alguns reais! É isso ai Poetatu!

quinta-feira, 29 de outubro de 2009

PEIXARIA DO JOKKA



O estabelecimento está localizadoe na Rua São José, no. 9, bairro de São Raimundo, em Manaus; a rua é sem saída, o restauante é minúsculo, porém se destaca por três itens: a figura do proprietário, a delícia dos peixes servidos e a inigualável vista para o Rio Negro.


O dono do estabelecimento chama-se Joaquim Loureiro Neto, 59 anos, natural de Cajatuba (Manacapurú, Amazonas), conhecido por Jokka(com dois KK mesmo!), figura conhecida na cidade de Manaus pela sua irreverência e mau humor - o estabelecimento é fechado, o portão é de ferro e só entra que ele permitir; logo na entrada existe um letreiro que adverte: "Gabinete do Jokka Loureiro, só para amigos e convidados. Não entre sem permissão!", existem também outras pérolas espalhadas pelo restaurante, retratando muito bem a personalidade do dono: "Não aceitamos cheques nem vendemos fiado, para evitar a frequência de liso."/"Atendo do estivador ao doutor."/"Não toleramos exigências nem frescuras."/"Se queres tratamento especial vá para uma casa de massagem ou Hotel Tropical." É mole ou quer mais? Então segura essa: "Seja educado: coma, pague e pegue o beco"! O Jokka não tolera pergunta idiota, mais ou menos do tipo: - O senhor tem peixe frito? Não, temos somente prego, ferrolho e serrote! Responde com irritação. - O que é aquilo que estão construindo ali no meio do Rio Negro? (se ferindo a Ponte Manaus/Iranduba) É o Condomínio Residencial Rio Negro! responde babando de raiva. Segundo o Jokka, ele não é uma pessoa mal-educada, no fundo é tudo brincadeira. O Jokka é também um grande cantor e compositor, compôs muitas músicas para o Mega Star Brega Abílio Farias, gosta de soltar a voz aos domingos no Bar Caldera, centro antigo de Manaus.

O restaurante é tocado com a ajuda da mulher, filhos e até dos netos, oferece à clientela sete variedades de peixes, todos acompanhados de baião-de-dois, farofa, vinagrete e farinha de Uarini; de sobremesa, tem sorvete caseiro de sabores como cupuaçu e tapioca. O cardápio é oral: - Tem tambaqui, pirarucú, tucunaré, matrinxã... só frito! detona o Jokka. O imóvel é de madeira, com uma pequena laje, onde são acomodados os bancos também de madeira; existem dois compartimentos: a parte de cima, com um mezanino (área VIP) e a parte de baixo; atende de segunda a sábado, no horário de 11h/15h30; a clientela é formada na sua grande maioria por empresários, turistas e políticos.

Outro diferencial é a vista para o Rio Negro, pois o estabelecimento fica num morro do bairro de São Raimundo, aliás, existe outro aviso: “Criança, Macaco e Balão, somente amarrado”, foi uma forma de alertar aos pais, com relação ao perigo de uma criança cair morro abaixo.

Vale a pena conferir! Vá lá! Você vai se divertir, detonar o melhor peixe de Manaus e curtir o nosso majestoso Rio Negro, porém, aconselho não fazer pergunta idiota para o Jokka, tipo - A cerveja está gelada? O peixe vai sair rapidinho? ou Este peixe tem espinhas?

Fotos: http://www.nobanzeiro.blogspot.com/


quarta-feira, 28 de outubro de 2009

TUDO MUDOU



Composição: Chico da Silva/Venâncio


Mudou,

Meu pandeiro de couro se modificou

O progresso da arte o plastificou

A viola de pinho se eletrificou

Tudo mudou

Mudou,

Já existe uma orquestra num só instrumento

A ciência aniquila com nosso talento

E o artista é que sofre com esse advento

Tudo mudou

Mudou,

O idioma gritando cadê meu capricho?

É o pacas, é o putes

É o pow, falo bicho.

Pra cultura primária o esforço mudou

O mental mudou

Não comunicou

É o Brasil país que tem seu dialeto

O ok não é nosso, não é o concreto.

A corruptela de estar ficaria mais certo

Tudo mudou

Mudou,

O abraço não chora pra quem vai partir

O adeus não conversa com que vai ficar

O sorriso não fala pra quem vai sorrir

Tudo mudou

Mudou,

O olhar não tem graça pra quem vai olhar

Só Deus desse mundo foi quem não mudou

E o mundo de Deus ainda está no lugar

Mas o resto mudou e como mudou

O menino proveta se enche de glória

A ciência da vida perdeu a memória

Ou será que o amor vai sair da história

Tudo mudou

Tudo mudou

Mudou

DAVID ASSAYAG


Natural da cidade de Parintins, no Estado do Amazonas, iniciou a sua carreira artística em 1984, como vocal principal da banda Raízes da Terra; foi convidado em 1986 para a gravação de um CD do Boi Caprichoso, sendo o back vocal do levantador de toadas (cantor) Arlindo Júnior; foi também um dos fundadores do grupo Canto da Mata; passando depois a ser o numero um do Boi Garantido, no período de 1990 a 2009; retornando finalmente ao boi azul, com um contrato de quatro anos.



Na nação vermelha e branca foi consagrado como uma das maiores vozes da Amazônia, tendo recebido em 1997 das mãos do presidente da república Fernando Henrique Cardoso, a comenda “Honra ao Mérito Cultural”, sendo aclamado o cantor mais popular do norte e nordeste do país; ficou também conhecido nacionalmente com a interpretação da música “Vermelho”, do famoso compositor Chico da Silva.


O David Assayag criou um vínculo muito grande com a galera do Boi Garantido, inclusive foi aclamado como “Rei David”, estabeleceram uma simbiose de emoção, carinho e respeito, dessa forma, está sendo muito difícil para a torcida vermelha e branca em aceitar esta mudança, tanto que o artista foi duramente vaiado na apresentação do Boi Manaus (evento comemorativo ao aniversário da cidade de Manaus).


Imaginem o David entrando na arena do Bumbodrómo de Parintins, em 2010, vestido de azul e branco, soltando a sua potente voz, acompanhado da batida cadenciada da Marujada de Guerra, sob o comando do Didi Redman , não sei não, mas as duas torcidas contrarias irão chorar de emoção, uma pela perca do seu astro rei e a outra pela satisfação da volta, depois de tantos anos servindo ao contrário - dizem os mais fanáticos do Caprichoso: nas veias de todo rei corre sempre um sangue azul!


O nosso David ficou deficiente visual na sua infância, recentemente, submeteu-se a um tratamento com células tronco, torcemos muito para que ele volte a enxergar.

Frequento durante anos o Bar do Boi, desde a TvLandia, na avenida Djalma Batista; fui inúmeras vezes a Parintins, assistir as apresentações dos bois no Festival Folclórico; sempre fui azul, porém, admiro muito as toadas do Garantido, principalmente na voz do David; terei que me adaptar aos novos tempos.


Na realidade, este festival ganhou uma dimensão muito grande, envolve muita grana na parada, os principais artistas dos bois (artistas plásticos, compositores, amo do boi, levantador de toadas, etc.) estão se profissionalizando, a paixão é grande, porém o negócio fica à parte, quem sabe em 2014, em plena Copa de Mundo, o Rei David Assayag, entra na arena Bumbodrómo de Parintins, vestido de vermelho e branco, de volta a sua galera do coração, tudo pode acontecer – já vi até boi voar!

terça-feira, 27 de outubro de 2009

MANAUS EM DETALHES

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Apesar de não ser um detalhista e metódico extremado (dizem que os nascidos no signo de virgem são exatamente assim), gosto de realçar nas minhas fotografias os detalhes, mesmo sendo um amador (nunca fiz um curso de fotografia e não ganho nenhum “dindin” pelas fotos tiradas).

Nas minhas andanças pela cidade de Manaus, fico admirando o trabalho artístico feito nas fachadas dos prédios antigos, praças, monumentos e outros logradouros públicos; ando sempre com a minha velha máquina “rolleiflex” para registrar – noto que algumas pessoas não acham nenhuma graça ficar parado no meu da rua olhando a fachada de um prédio antigo – quando me afasto do lugar, observo que alguns transeuntes voltam para olhar exatamente onde eu estava olhando, talvez fiquem se perguntando e se interrogando: O que aquele maluco estava mesmo olhando? Não vejo nada diferente! É apenas um prédio velho! Mais um doido em Manaus!

Realmente, na loucura que é o nosso dia-a-dia, na luta contra o relógio para chegar ao trabalho, escola, casa, supermercado, Shopping, Lan House, Foró/Brega/Boi, etc., prestamos mais atenção ao sinal dos semáforos, nos veículos que passam, nos pedestres apressandos, nos engarrafamentos infernais, na boazuda que teima em passar na nossa frente, nos ônibus lotados até o toco, nos vendedores ambulantes, et cetara e tal – não vamos parar para olhar detalhes de fachadas de prédios antigos de Manaus! Somente os que veem mais longe, quem admira um trabalho mais bem elaborado e uma bela paisagem, estes sim, param para olhar e, proporcionam ao espírito um grande estado de felicidade.

A foto colagem acima mostra alguns detalhes do Paço da Liberdade, antiga Assembléia legislativa, Hospital Santa Casa de Misericórdia, Federação Espírita, Colégio Dom Bosco, Teatro Amazonas, Rodoway, Ideal Club, Teatro da Instalação, Fábrica Progresso, Igreja de São Sebastião, Escola da Magistratura, Centro Cultural Luso Brasileiro, Castelinho da Barroso, Mercado Adolpho Lisboa, Palacete Provincial, Centro Cultural Palácio Rio Negro, Ponte Romana I, Barco Regional, Barco Justo Chermont, Ipham, Corpo de Bombeiros, Ponte de Educando, Palacete dos Nery, Amarelinho, Centro Cultural Palácio de Justiça, Hospital Beneficente Portuguesa, Biblioteca Pública de Manaus, Ponte dos Bilhares, Marina do Davi, Prédio Au Bon Marché e Fachadas de Prédios Abandonados.

Existem inúmeras formas de ser feliz, não irei enumerá-las, mas dizem os magos que pregam a valorização da autoestima que, o sucesso é conseguir o que você quer e a felicidade é amar o que você já tem – dessa forma, se amarmos mais o nosso patrimônio histórico, os nossos rios, as nossas matas, os animais, a nossa família, o ser humano, enfim, a nossa cidade e as coisas belas que já possuímos aqui em Manaus, com certeza seremos mais felizes!

Pare, Olhe os Detalhes de Manaus e Viva Mais Feliz!

domingo, 25 de outubro de 2009

BOI MANAUS - A FESTA DA CIDADE DE MANAUS



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Este ano não participei da festa do Boi Manaus, estive na Feirinha do Turiri, comprei o meu da “Tribo do Rei David Assayag”; tirei algumas fotos no domingo de manhã e fiz a colagem acima, a outra foto é da Rede Amazônica de Televisão, mostra como foi a festa no sábado passado, uma loucura! Vamos conferir algumas matérias sobre essa grandiosa festa:

“O Boi Manaus, comemoração oficial do aniversário da capital amazonense, foi idealizado em 1997. A idéia foi misturar o ritmo das toadas de boi-bumbá à alegria contagiante das folias carnavalescas fora de época, as conhecidas micaretas. Uma forma de valorizar os representantes legítimos da nossa cultura regional, com a tecnologia dos trios elétricos que embalam os mais importantes carnavais do Brasil.De lá para a cá, a festa caiu no gosto popular e hoje é um dos principais eventos do calendário cultural da maior metrópole da Amazônia, reunindo em cada uma de suas três noites, mais de cem mil brincantes, cada um identificado com o tururi (*) de sua tribo.Realizado durante três noites consecutivas, o Boi Manaus consiste no desfile de levantadores de toada e bandas de Boi-Bumbá, seguidos por torcedores e simpatizantes que os acompanham por toda a extensão da pista do Centro de Convenções Umberto Calderaro (Sambódromo).O Boi Manaus se concretizou não apenas como mais uma opção de entretenimento e lazer para os moradores de Manaus, mas que também rendeu à Capital um potencial e promissor produto turístico. Afinal, a exemplo do que já acontece em outras cidades, o Boi Manaus é um evento com todos os requisitos para chamar a atenção dos formadores de opinião e atrair o interesse de inúmeros visitantes.(*) O tururi, uniforme oficial do Boi Manaus, sinônimo dos abadás que se usa na Bahia, também tem uma origem indígena. É uma espécie de palmácea originária da palmeira Baçu. Suas fibras entrelaçadas são extraídas do fruto. Os indígenas utilizam-nas para vestuário, calafetação de embarcações, cobertura de palhoças, etc.”
WWW.boimanaus.manaus.gov.br


“Os festejos do aniversário de 340 anos da cidade de Manaus chegam ao último dia. Para fechar com chave de ouro a programação do Boi Manaus 2009, que está sendo realizado no Centro de Convenções, Sambódromo, neste domingo, 25, haverá a apresentação dos cantores: Hamiraldo da Mata e Fabiano Neves, Hélio Veras e Clécio Brasil, Boi Bumbá Brilhante, Renato Freitas, Tony Medeiros, Edilson Santana e Canto da Mata. A festa tem previsão para começar às 19h e termino às 1h da madrugada de segunda-feira, 26.Durante este fim de semana, 23, 24 e 25 de outubro, várias ações foram desenvolvidas em diversos pontos da cidade, desde atividades físicas à culturais. O evento de maior concentração de público está sendo o Boi Manaus, que nesta edição trouxe um elemento diferencial Eletro Boi, uma mistura de Boi-Bumbá com música eletrônica. Para conferir a última noite do Boi Manaus 2009, basta vir ao Sambódromo localizado na Avenida Pedro Texeira, próxima as principais avenidas de Manaus, Constantino Nery e Djalma Batista.Tânia Freitas especial para o http://www.portalamazonia.globo.com/

sábado, 24 de outubro de 2009

MANA MANAUS MANINHA - PARABÉNS PELOS TEUS 340 ANOS!



Hoje, dia 24 de outubro de 2009, feriado municipal comemora-se o aniversário da cidade de Manaus, capital do Estado do Amazonas. Foi fundada em 1669 como Forte de São José do Rio Negro, foi elevada a Vila em 1832 com o nome Manaus, que significa “mãe dos deuses” em homenagem a nação indígena dos Manaós, sendo legalmente transformado em cidade em 24/10/1848.


Peço a Deus que ilumine a mente dos administradores públicos, no sentido de orientarem as suas ações, visando ao bem estar social das pessoas que aqui habitam, através de planejamentos a longo prazo, planos diretores e, acima de tudo, trabalhando com sintonia e respeito com as reais aspirações do povo manauara; cuidando com mais respeito e carinho do nosso patrimônio público, do meio ambiente, da educação, da saúde, lazer, transporte e moradia do nosso povo, dando-lhes uma vida mais digna, com maiores oportunidades para obterem trabalho e renda para as suas famílias.


Peço também a Deus para clarear os pensamentos dos seus habitantes, direcionando as suas ações para o respeito com a sua cidade, tendo mais cuidado com o meio ambiente, destinando corretamente os seus resíduos sólidos e líquidos, preservando as nascentes, os igarapés, as matas ciliares, os animais, as árvores e ao ar que respiramos, o nosso patrimônio histórico, as praças e os jardins, nossos balneários e, principalmente respeito a si mesmo e aos seus semelhantes, com ações carregadas de amor e carinho para com as nossas crianças, adolescentes e aos nossos irmãos da idade feliz.


Muito obrigado Manaus, por ter tido a felicidade de nascer neste torrão, por teres me dado a oportunidade de uma infância feliz no Igarapé de Manaus, de passar a minha adolescência na Vila Paraíso, entre as Ruas Getulio Vargas e Tapajós, por ter tido uma vida adulta sadia e equilibrada, sempre trabalhando e estudando em prol do crescimento digno da nossa sociedade.


Muito obrigado Manaus, pelos meus três filhos e uma netinha, nascidos nesta cidade que tanto amo, de ter-lhes dado um ótimo local para morar, no Conjunto dos Jornalistas, uma educação adequada e de terem aprendido também a respeitar e a amar a nossa cidade.


Parabéns Manaus!

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

O QUINTAL DA MINHA CASA - DRA. GRAÇA SILVA




As fotos em preto e branco foram enviadas pela minha amiga Dra. Graça Silva, Delegada de Polícia Civil do Estado do Amazonas. O local é o Igarapé do Mestre Chico, na Ponte Benjamin Constant (conhecida por Terceira Ponte). As imagens trazem de volta um grande saudosismo na nobre Delegada, pois foi uma parte da cidade de Manaus onde passou a sua saudável infância. É muito bom para o nosso espírito, voltarmos um pouco ao passado, trazermos de volta a nossa mente as boas lembranças da nossa cidade, dos nossos antigos vizinhos, do local onde passamos a nossa infância e adolescência.

A cidade de Manaus foi conhecida no inicio do século passado, como a Veneza dos Trópicos, em decorrência dos inúmeros igarapés que cortavam a cidade, todos navegáveis, curtíamos muito as enchentes e as vazantes do nosso majestoso Rio Negro. O progresso e o crescimento desordenado da cidade fez desaparecer toda essa beleza, os igarapés viraram esgotos a céu aberto, acabou a beleza do lugar.

O governo do Amazonas tem feito muitas intervenções, no sentido de minimizar as agressões feitas ao meio ambiente, investindo uma fábula de dinheiro em saneamento dos igarapés, através de um programa chamado Prosamin (grande parte dos recursos vem do Banco Mundial).

A foto colorida mostra como é hoje o local; o igarapé foi aterrado, restou somente uma pequena lâmina de água, fizeram um belíssimo parque, está muito bonito, porém não é mais o quintal da casa da Dra. Graça – ela era feliz é sabia muito bem que era feliz! O tempo passa, o tempo voa, mas as boas lembranças ficam guardadas para o todo sempre, amém!

quarta-feira, 21 de outubro de 2009

POETAU 4 - CONVITE

Após dez anos de ausência - o Coletivo Gens da Selva (ONG) - reedita sua Antologia Poética POETATU 4, o livro reúne poemas inéditos de 17 poetas que vão desde nomes consagrados e imortais da Academia Amazonense de Letras (Anísio Mello, Tenório Telles e Zemaria Pinto), como novíssimos e novos poetas como Felipe Wanderley, Castro e Costa e Henrique Mesquita, passando pela prata da casa como Simão Pessoa, Almir Graça, Celestino Neto, Jersey Nazareno, Carlos Araújo e Marco Gomes, e músicos/poetas Célio Cruz, Cleber Cruz e Eliberto Barroncas.

O lançamento será nesta sexta-feira, às 19 horas, na Arena do Palacete Provincial (antigo Quartel da Polícia Militar), além de cocktail, o evento contará com um show do Cileno e da mega transformer Guadalupe de Montserrat. Não percam!
Poetas e os respectivos celulares para contato:
Simão Pessoa 8116-4144
Zemaria Pinto 9984-2407
Celestino Neto 8831-6698
Almir Graça 8114-6061
Marco Gomes 9626-0990
Carlos Araújo 8402-6721.

Nota: O Poetatu - foi criado por João Araújo, Carlos Araújo e Marcos Gomes - é uma dízima períodica em poesia.


terça-feira, 20 de outubro de 2009

COLÉGIO DOM BOSCO DE MANAUS



Os salesianos chegaram à cidade Manaus em 24 de julho de 1924, foram convidados pelo bispo Dom Irineu Joffily, tinham como missão principal iniciar as atividades do Colégio Dom Bosco, o primeiro diretor foi o Pe. Pedro Ghislandi. As instalações eram precárias, funcionava o curso primário no Prédio Episcopal. Em 1927, o colégio passava por graves dificuldades financeiras, com a ajuda das famílias tradicionais, foi possível construir o antigo prédio do colégio com a sua majestosa fachada ao lado da Av. Epaminondas.


Com o novo prédio, foi aberto o Curso Ginasial, nos turnos matutino e vespertino, para atender aos alunos da classe média da cidade, e, na parte da noite, atendia aos alunos pobres, filhos dos operários – graças a essa gratuidade, o meu saudoso pai conseguiu se alfabetizar e estudar matemática e língua portuguesa no colégio, com a supervisão do padre Agostinho (famoso pela bondade e carinho que dispensava aos alunos pobres da nossa cidade e do interior), inclusive existia um internato próprio para os meninos do interior que desejavam aprimorar os seus estudos.


Em plena guerra mundial, o colégio instalou o Curso Cientifico e de Técnicos em Contabilidade. Em 1971, com muita pressão dos pais, foram permitidos a matricula das primeiras alunas no colégio, além da abertura do Pré-Escolar. Em 1985, o antigo prédio foi reformado, com novos ambientes; depois construíram uma igreja moderna e acolhedora, para atender a comunidade, aos alunos, ex-alunos e suas famílias.


O colégio é mantido pela Inspetoria Salesiana Missionária da Amazônia, conta atualmente com cursos de educação infantil, fundamental e médio, com laboratórios de informática, bibliotecas e um complexo cultural-esportivo, além abrigar a Faculdade Salesiana Dom Bosco.


O colégio me traz boas recordações: no final da década de 80, o meu filho Alexandre estudou por lá - eu tinha uma missão espinhosa: fui escalado para buscar o menino toda final de tarde de quinta e sexta-feira, uma forma que a minha esposa encontrou para me controlar: casa/trabalho/colégio/casa, mas algumas vezes dava para dar uns pulos lá no Caldera Bar, ninguém é de ferro! O Alex Soares é hoje um pequeno empresário do ramo alimentício. Em 2001 a minha filha Amanda estudou o curso médio, passei um sufoco para mantê-la no colégio! – hoje é a Dra. Amanda Costa, cirurgiã-dentista, formada pela UFAM. É isso ai! Salve o Colégio Dom Bosco! Salve!

segunda-feira, 19 de outubro de 2009

A VAZANTE DO RIO NEGRO

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Depois de uma enchente histórica - em 25 de junho o Rio Negro alcançou a marca de 29,71m, superando a de 1953 que foi de 29,69m - a vazante iniciou em julho, mudando a paisagem das cidades do Amazonas, forçando os ribeirinhos a se adaptarem a estiagem.
As fotos acima são da cidade de Manaus, tiradas no dia 18 do corrente, o local é conhecido por Beira do Mercadão (Mercado Adolpho Lisboa) – muitos barcos ficaram encalhados, em decorrência da falta de manutenção – irão aguardar por mais seis meses, até iniciar o novo ciclo das enchentes; o Barco Consciência é um deles, ficará no estaleiro, no Lago de Paricatuba, aguardando as águas chegarem.

Os técnicos do Serviço Geológico do Brasil (CPRM) prevêem uma vazante normal, apesar da descida rápida das águas. Não sei não, mas o fenômeno El Nino (aquecimento do Oceano Pacífico), a devastação da floresta amazônica e a poluição desenfreada ocasionada pelo bicho homem, provocaram a segunda maior vazante do Rio Negro, ocorrida em 2006 (a maior foi em 1963) e a maior enchente em 2009.

Sempre repito: a natureza está dando o sinal e, o homem não está nem ai, dessa forma, pode esperar que o troco virá com certeza!

domingo, 18 de outubro de 2009

O FALAR CABOCO: A ROUPAGEM E O DISCURSO

*Sérgio Augusto Freire de Souza

O que caracteriza o falar caboco? Qual a margem que o localiza como pertencente a um sujeito diferente? Definir essas margens é um dos grandes desafios dos lingüistas. Até que ponto isso é um termo do falar amazonense e não mais uma herança do falar nordestino incorporada ao patrimônio lingüístico local pela diacronia lingüística, que apagou o traço da história?

Na análise de nosso corpus, são duas as grandes influências que compõe o falar amazonense: a influência nordestina e a influência indígena. É preciso um breve histórico dessa influência.

Segundo Freire (2004), o Português é língua hegemônica na Amazônia há apenas 150 anos. Até então a presença lingüística da Língua Geral (Nheengatu) era preponderante, bem como as demais línguas das nações indígenas existentes.
Com o início do Ciclo da Borracha (1879-1912), a presença de migrantes nordestinos foi acentuada e seu falar passou a compor o cenário lingüístico da região. Os migrantes, principalmente cearenses, fugiam da seca e da miséria que avassalava sua região então.

Sob a base do português geral, essas duas variáveis passaram a desenhar os traços do linguajar amazônico. Quando falamos da dificuldade de definir bordas é exatamente a esses limites opacos que nos referimos. Nordestinos reconhecem em termos cabocos sua filiação nordestina. Indígenas vêem a presença de seus termos de forma forte no português amazônico. Termos e expressões como arrudear, bucho, caga-raiva e desconforme trazem uma cor nordestina, da mesma forma que carapanã, mangarataia, empachado, jururu, pitiú apontam para uma indigeniedade marcante.

Se o reconhecimento é um critério de identificação, o desconhecimento também o é. Uma vez feito o levantamento do vocabulário, passamos a “testar” suas bordas com pessoas não pertencentes ao universo discursivo amazonense. Expusemos os vocábulos a paulistas, mineiros, gaúchos, baianos, cearenses, fluminenses e catarinenses. Alguns termos foram reconhecidos na acepção utilizada pelo amazonense, mas a maioria dos termos era desconhecida. Sabendo da impossibilidade de um recorte preciso, porque a língua é volátil, tentamos ajustar o máximo possível as fronteiras que definiam o que ficava dentro e fora do dicionário.

Assim, antes que alguém reclame que determinada palavra não é exclusividade do falar amazonense, explicamos que a dinâmica da língua nunca garantirá tal propriedade exclusiva.

Afinal, é bom ou ruim ser caboco? Como nos diz Derrida (1997), todos os signos são pharmakon. Podem ser bons ou ruins, dependendo da dosagem e do paciente. Não seria diferente com a imagem de ser caboco. Encontramos índices de identificação e de contra-identificação (Pêcheux 1988) nas falas analisadas.

Algumas falas de identificação: “… é muito bom falar de coisas nossas, amazonenses. A nossa linguagem é única e fantástica”, “…ouvir essas palavras de novo me faz voltar o que de mais feliz eu tive: a minha infância”, “… é (sic) muito chibata essas expressões”, “gente, como é bom falar e ser entendida. Odeio quando falo as coisas aqui no Rio e ninguém me entende”.
Algumas falas de contra-identificação: “… é muita caboquice falar assim, coisa de gente pobre, do bodozal’, “… triste esse jeito de falar. Só cabocão fala assim…”, “… é uma pena que muita gente fala esse português errado…”.

Aqui voltamos à tese de que não há coincidência entre identidade lingüística e identidade discursiva. Por um lado, muitas frases de identificação vêm de falantes que não utilizam os termos cabocos com freqüência. Algumas frases traduzem o preconceito lingüístico (Bagno 1999) da associação biunívoca entre norma padrão e língua portuguesa, sendo todos os outros registros considerados como sendo português errado ou de pior qualidade. Por outro lado, essa mesma associação habita o imaginário das classes mais pobres que possuem acesso restrito à língua padrão, quando associam o registro que usam a uma língua inferior. Mesmo utilizando o registro, não o aceitam como de valor na economia das trocas simbólicas (Bourdieu 1999), mimetizando em sua própria auto-imagem da identidade social esse não-valor.

Ainda como exemplo de que a transversalidade valorativa perpassa as várias classes sociais, citamos dois exemplos recentes. A rede de drogarias Pague Menos chegou a Manaus oferecendo descontos de 60% nos medicamentos por ela vendidos. Os dois grupos que dominam o mercado farmacêutico em Manaus começaram uma propaganda maciça fazendo um chamamento à amazonidade, utilizando o slogan “Amazonense como você”, utilizando frases como “quem não lhe conhece não pode inspirar confiança” e coisas do gênero. O Banco HSBC decidiu fazer propagandas regionalizadas e utilizou várias expressões, como “Cortar a curica”, por exemplo. A repercussão foi extremamente positiva na cidade e o comercial bastante comentado. Vale ressaltar que a atitude positiva veio de um público que é cliente de banco e que tem acesso aos meios de comunicação.
AMAZONÊS

PERIGO loc. adv. – 1 Sem dinheiro. “Paga o lanche pra mim, cara, que eu tô a perigo”. 2 Muito tempo sem manter relações sexuais. “O Amaro está a perigo. Está pegando até velha desdentada”.
ABESTADO adj. – Apalermado, imbecil, idiota, estúpido, pessoa que não entende de nada. “Não gosto dele, não. Ele é muito abestado pro meu gosto”.
AFOLOSADO adj. – Frouxo, largo. “O parafuso não segura porque ele está cuspido e a porca está afolosada”.
ASA DURA s. f. – Avião. Usada na região de Parintins. “Não perco o festival por nada. Vou até de asa dura se precisar, apesar de morrer de medo”.
BANHO TECHO s. m. – Banho rápido, em que só se lava as partes íntimas.
BODOZAL s. m. – Bairro pobre, periferia. “Lá no bodozal onde ela mora não tem nem água e nem esgoto”.
BRONHA s. m. – Masturbação masculina. “Esse moleque só vive trancado no banheiro batendo bronha”.
CAIR NA BURAQUEIRA exp. id. – Cair na gandaia, ir para a farra. “Babita no bolso, carro novo… eita que eu vou é cair na buraqueira!”
CAIXA-PREGO s. f. – Lugar distante. “Para chegar lá temos que pegar três ônibus. Ela mora lá na caixa-prego”.
DE BODE loc. adj. – Menstruada. A associação vem do fato desse caprino, que não gosta de banho, exalar um cheiro muito forte, semelhante ao cheiro do sangue de origem uterina que ciclicamente a mulher expele. “Todo mês essa mulher diz que está doente, mas está mesmo é de bode!”
DE MALA E CUIA loc. adv. – Transferir-se para outro lugar com todos os pertences. “Ela foi de mala e cuia pra casa da mãe. Deixou o marido mesmo”.
ÉGUA! interj. – Égua pode ser usado em várias situações. Tomou um susto: “égua!” Alguém faz algo que você não entendeu: “égua…”. Uma situação estapafúrdia? “Éééguaa, maninho…”. A entonação faz parte do sentido.
FULEIRAGEM s. f. – Porcaria, coisa ruim. “O filme é a maior fuleiragem”.
INVOCADO adj. – Difícil de entender, de fazer, etc. “Esse brinquedo é invocado, né?” “Égua! Ele saiu com uma e voltou com outra? Invocado…”
KETCHBACK s. m. – Um lance amoroso, rolo. “Tive uns ketchbacks com ela no passado”.
LAMBANÇA s. f. – 1 Gabolice, bazófia, fanfarrice. “Ele falou que era rico?! Haha… pura lambança…” 2 Serviço mal realizado, sujeira. “Vou ter que pagar pra consertar o carro de novo. O outro mecânico foi mexer sem saber e fez a maior lambança”.
LESO adj., LESEIRA s. f. – Leso é alguém que sofre de leseira. Leseira é um abestalhamento momentâneo que acomete o leso. Se a leseira for uma característica contínua, dizemos que o leso sofre de leseira baré. Dizem que a leseira baré ocorre entre os amazonenses devido ao sol quente na cabeça, que queima alguns neurônios. Temos ainda as expressões derivadas: “Deixa de ser leso!” e “Pára de leseira!” Dizem que todos os amazonenses têm três minutos de leseira por dia. Mas como tudo tem seus dois lados, dizem também que o sol também causa nos amazonense o tesão de mormaço, um aumento na capacidade sexual devido ao sol quente.
MAIOR PALHA loc. adj. – Muito ruim. “Esse cantor é a maior palha”.
MANO voc. – Tratamento carinhoso entre conhecidos ou não. Muito usado para fazer perguntas e pedidos. “Mana, faz um favor pra mim?” “E aí, tudo bem, mano?” Variações no diminutivo: maninho, maninha.
PAID’ÉGUA adj. – Algo ou alguém muito bom, muito legal. “O filme é paid’égua”. “O teu pai é um cara paid’égua!”
PINGUELO s. m. – 1 Órgão sexual feminino. “Menino nasce por onde entra: pelo pinguelo”. 2 Clitóris.
PIRIGUETE s. f. – Mulher fácil. Aglutinação de Piranha (ou Perigosa) com Gueguete. “As piriguetes do trabalho do meu marido ficam dando em cima dele direto”.
TÁ, CHEIROSO! exp. id. – Não, mesmo! “Vou pegar teu carro esse fim-de-semana, tá bom?” “Tá, cheiroso! Esquece!”

QUERIDA voc. – Falso cognato. O uso da palavra “querida” no Amazonas denota certo sarcasmo ou ironia. “Escuta aqui, minha querida. Eu sou a mulher dele, entendeu?” “Você não está entendo, querido. (ou seja, você é um burro!)”. Mulher amazonense odeia ser chamada de querida.
RÁDIO CIPÓ s. f. – A boca pequena, a fofoca. “Diz a Rádio Cipó que o Gláucio vai ser demitido”.
RATADA s. f. – Mancada, pisada de bola. “Eu ia fazer uma festa surpresa, mas o João acabou contando antes. Deu a maior ratada!”
TE METE! Exp. id. – Humilhou! “Olha o anel de ouro com brilhante dela!” “Te mete!”
VAI TE LASCAR! interj. – Expressão de raiva ou de decepção. “Vai casar de novo? Ah, vai te lascar!”
ZERO-BALA adj. – Renovado, pronto pra outra. “Tava de porre ontem, mas agora estou zero-bala”.

*Sérgio Augusto Freire de Souza é amazonense de Manaus, professor da Universidade Federal do Amazonas (UFAM). Mestre em Letras pela própria UFAM e Doutor em Lingüística pela Universidade Estadual de Campinas (UNICAMP).
Publicou dois livros. O primeiro, em co-autoria, foi a série Citizen 2000, pela Editora Novo Tempo. A série didática foi utilizada por anos pelos alunos do ensino médio da rede pública do Amazonas, tendo sido reformulada em 2004 e rebatizada de New Citizen. O segundo livro, Conhecendo Análise de Discurso: linguagem, sociedade e ideologia, apresenta uma introdução à área de Análise de Discurso e foi publicado pela Editora Valer.

O autor tem publicado artigos em vários periódicos impressos e on-line e apresentado trabalho em encontros e congressos, além de proferir palestras em várias instituições. Suas áreas de interesse na lingüística são a Análise de Discurso, Produção de Material Didático, Aquisição de Linguagem e Informática e Ensino de Línguas. Mais recentemente ampliou seu interesse por Gestão da Educação Pública.

É casado com Fabiana Eid e pai de Ana Clara e de Marina. Em seu site pessoal
www.elton.com.br podem ser encontradas mais informações e outros textos do autor, como suas crônicas, muitas publicadas em jornais locais.

sexta-feira, 16 de outubro de 2009

ILHA DE MARAPATÁ


Existe uma ilha fantástica no Amazonas, localizada bem na entrada de Manaus, chama-se Ilha de Marapatá, alguns estudiosos dizem que este nome significa na língua Macua (tribo africana) alpendre (Espaço coberto, reentrante, e aberto na fachada de uma casa, que dá acesso ao interior).

Este lugar é tema para muitos cientistas sociais e escritores, no que diz respeito a ética - falam que o interiorano com a sua peculiar “pureza” ou o forasteiro, antes de aportar em Manaus, deixa a sua vergonha na Ilha de Marapatá, tornando a cidade um lugar ideal para trapaças e crimes. Os empresários que teimam em construir o Porto das Lajes, deixaram as suas consciências (honradez, retidão e probidade) enterradas na ilha, aliás desejam fincar os seus negócios bem na “ilharga” da ilha – no encontra das águas!

Tanto que o escritor Euclides da Cunha, no seu livro Terra Sem História relata o seguinte “..À entrada de Manaus existe uma ilha, de Marapatá, que é o mais original dos lazaretos (que, ou aquele que tem pústulas, chagas) um lazareto de almas! Ali, dizem, o recém-vindo deixa a consciência...”. O também famoso Mário de Andrade, ao escrever Macunaíma, refere-se a ilha ”... No outro dia Macunaíma pulou cedo na ubá (canoa indígena) e deu uma chegada até a foz do rio Negro pra deixar a consciência na ilha de Marapatá, deixou-a bem na ponta dum mandacaru de dez metros, pra não ser comida pelas saúvas, voltou pro lugar onde os manos esperavam e no pino do dia os três rumaram pra margem esquerda do Sol”.

O cantor e compositor Armando de Paula e o saudoso poeta Anibal Beça, escreveram e musicaram uma linda canção chamada “Marapatá”, a letra é assim:

Que doce mistério/Abriga teu dorso/De ilha afogada/No curso das mágoas?/O Velho Bahira/Se mira nas águas/Espelho da lua/Narciso nheengara/
É Marapatá, porta de Manaus/É Marapatá, patati patatá/
Que mana maninha/Que dança sozinha/Savana de seda/Pavana de cio/Campim canarana/Bubuia banzando/Canção enrugada/Banzeiro de rio/
Vá logo deixando/Senhor forasteiro/A sua vergonha/Em Marapatá/Vergonha se verga/Na cuia do ventre/No V da ilhargas/Vincando por lá/
Cunhã se arretando/Tesão de mormaço/Abrindo as entranhas/A flor do tajá/E o macho fungando/Flechando, fisgando/Mordendo a leseira/Dizendo: "Ulha já!"

É isso aí, manos e manas da nossa aldeia! Vamos mudar - nada de deixar a consciência na Ilha de Marapatá!
Vamos fazer uma bela Manaus, com homens retos, probos, visando sempre o bem comum e o respeito pela mãe natureza, do jeito que está - não dá para ser feliz, Marapatá!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

KÁTIA MARIA - 50 ANOS DE MÚSICA

Nascida no dia 10 de março de 1940, na Rua Santa Izabel, no bairro da Praça 14 de Janeiro, a menina Cleonice Galvão do Nascimento, filha do estivador Manoel Galvão e de sua esposa, a dona de casa Francisca Nogueira do Nascimento, ainda na tenra idade, já sonhava viver no mundo da arte inspirada nos musicais exibidos nas telas dos cinemas, na provinciana capital amazonense, que não deixava de frequentar, especialmente quando os astros principais eram Ninon Sevilla, Elvira Pagã ou Maria Antonieta Pons. Essa fascinação a levaria, ainda na adolescência, com pouco mais de 16 anos, junto com a irmã Cleide, mais nova apenas dois anos, a participar de shows que começara a ser realizado pela Rádio Baré, como bailarina de rumba, adotando o nome artístico de Irmãs Galvão. Essas apresentações antecediam os astros principais naquela época, como Carlos Simões, Sheila Maria, Maria das Dores, Estevão Santos, Izinha Toscano, Simas Vieira, acompanhados por exímios instrumentalistas que fizeram fama na época de ouro da Rádio Amazonense, como Olavo Santana, Domingos Lima e Máximo Pereira.

Em abril de 1958, decidiu apresentar-se individualmente, agora como cantora, sendo aprovada imediatamente pelos músicos que faziam parte do cast da Rádio Difusora do Amazonas, inaugurada em 24 de novembro de 1948, que concorria com a Rádio Baré em programações semelhantes, com um palco dotado de piano e excelentes músicos a dirigir a sua programação musical, iniciando uma trajetória que perduraria por mais de 50 anos, tendo sido muitas vezes premiada como a melhor cantora do Amazonas.

KÁTIA MARIA, seu nome artístico começou a ficar reconhecido pelas autoridades ligadas a cultura do Amazonas, quando recebeu várias homenagens, como Rainha do Rádio. No ano de 2002 foi homenageada no espetáculo Mulheres do Brasil, realizado no Teatro da Instalação, com a participação das cantoras Lucilene Castro, Lucinha Cabral, Márcia Siqueira, Fátima Silva, Sinara Nery e Cristina de Oliveira. Em 2005, recebeu a medalha Ana Carolina, o plenário da Câmara Municipal de Manaus, com a presença do mundo artístico e intelectual manauense. Em 2006, recebeu a Medalha do Mérito Legislativo, da Assembléia Legislativa do Amazonas, pelos relevantes serviços prestados a música de nossa terra. No dia 24 de novembro de 2008 no Teatro Amazonas, a cantora Kátia Maria recebeu da Rádio Difusora do Amazonas o Microfone de Ouro, em comemoração aos 60 anos da referida rádio.


O release acima foi retirado do Projeto Kátia Mária – 50 anos de Música. O espetáculo em comemoração a Boda de Ouro será realizada no Teatro Amazonas, no dia 02 de dezembro de 2009, contará com a participação especial de Lili Andrade, Cilene Castro, Engrid Nascimento e Flávio de Castro, com a direção de Manoel Passos. O projeto está aberto aos empresários que desejarem colaborar com este grande evento.


sábado, 10 de outubro de 2009

ENCONTRO DAS ÁGUAS - AINDA PODEMOS SAVÁ-LO



*TENÓRIOS TELLES

A terra é a nossa casa e a natureza é o jardim e a fonte de nossas vidas. Maltratar a terra, agredi-la e devastá-la, significa por em risco a segurança de nossa morada, prejudicar o frágil equilíbrio que mantém vivo os rios, as florestas, os bichos e também os seres humanos. Movidos pelo egoísmo e arrogância, alguns homens têm feito exatamente isso: destruído o jardim que herdamos da providência para vivermos e nela sermos felizes.
Transformaram o planeta num lugar ameaçador para a vida. E não contentes, apesar de todos os alertas, seguem destruindo, queimando... Essas criaturas que não merecem ser chamadas de humanas carregam no peito não um coração, mas uma pedra. Não sentem e não se comovem com nada: falar com elas sobre flores, passarinhos, rios, árvores, céu, estrelas. Beija-flores... Ou sobre o Encontro das Águas, é inútil. Insensíveis, não percebem a beleza que emana dessas coisas, veem apenas cifrões e a possibilidade de levar vantagem.
Esse tipo de gente mente, intimida e destrói para alcançar os seus intentos, como têm feito em relação à insanidade de construir um porto no Encontro das Águas. Não compreende o significado de um lugar como esse – encontro de dois rios milenares que carregam em suas falas e suas águas a memória do passado, do que somos e do próprio tempo. Não percebem sequer a beleza desse lugar mágico. O pior é que não se comovem com o seu simbolismo, sua grandeza, o encanto, sua grandeza divina. O argumento do dinheiro e do progresso obscureceu-lhes os olhos aos sentimentos.
Apaixonado que sou por esse santuário, que traduza força e exuberância de nossa terra e expressa a nossa identidade, fui ao Encontro das Águas. Num pequeno barco, naveguei-lhe as águas, maravilhei-me com a floresta de suas margens, os pássaros, as gaivotas, o silencio e a paz que emanam desse espaço que mais que uma dádiva de Deus é uma bênção.
Queria me certificar de que não estava sendo inconsequente ou irresponsável ao me posicionar contra a construção do porto das lajes. Na verdade,, eu não sou contra que porto seja construído. Só não concordo que seja no Encontro das Águas e seu entorno. Esse patrimônio deve ser preservado para as próximas gerações. Para a nação, enfim, para a humanidade.
Ao voltar, emocionado com a beleza e grandiosidade dos dois rios que sem embatem e se abraçam e resolvem se juntar para ser um só, concluí que pensaram o projeto errado para o lugar. A região do Encontro das Águas deveria ser um centro de turístico e de entretenimento, com espaços culturais, bosques públicos, com um grande teatro, um grande aquário com as espécies regionais e um centro de estudo e documentação da memória da Amazônia e sua gente. Seria uma maneira de gerar renda, aproveitar o potencial turístico do lugar, sem destruir esse patrimônio do povo amazonense. O Encontro das Águas não pertence à Lo-in Logistica Intermodal. O Encontro das Águas é um bem de nossa gente.
A decisão de construir esse porto está na contramão dos debates e a preocupações com a preservação da natureza. A sociedade precisa tomar uma atitude para impedir essa estupidez, ante que seja tarde. O governador Eduardo Braga, que assumiu compromissos, perante a comunidade internacional, com o meio ambiente e com a defesa da Amazônia, precisa tomar uma atitude para impedir que essa insanidade seja cometida. A força da grana não deve prevalecer sobre os direitos da sociedade ou ser usada de forma irracional para destruir nosso patrimônio natural. O dever de salvar o Encontro das Águas é de todos. E ainda é tempo.

*escritor amazonense – e-mail
tenoriotelles@hotmail.com

Este grito de alerta do nobre escritor Tenório Telles, foi publicado no jornal A Crítica, edição de 10 do corrente.

Faço parte do Movimento SOS Encontro da Águas, com a liderança do antropólogo e professor da UFAM Aldemir Ramos. Para que os senhores tenham uma idéia, este mega projeto conta com o apoio irrestrito do governador do Estado do Amazonas, o auto intitulado protetor da floresta amazônica em pé - Eduardo Braga -, da Superintendência da Zona Franca de Manaus (SUFRAMA), da poderosa Coca-Cola, através do Grupo Simões (Juma Participações S.A.) de Manaus e da Log-In Intermodal S.A., sediada no Rio de Janeiro, pertencente a empresários italianos.

Os três senadores do Amazonas, escritores, pesquisadores, comunitários do Lago do Aleixo, estudantes do ensino médio e fundamental, artistas, religiosos, cientistas, ambientalistas, membros do PV, PSOL, CUT e alguns do PT, indígenas, estudantes da UFAM e UEA, dentre outros segmentos da sociedade civil amazonense – são radicalmente contrários a este insano empreendimento.

Este porto irá comprometer o Encontra das Águas, acabará com o Lago do Aleixo, expulsará os moradores do entorno, facilitará o contrabando, a importação de lixo dos paises desenvolvidos e de drogas - é mole ou quer mais?

Fique também do nosso lado, do lado do meio ambiente, diga NÃO a construção do porto das lajes no Encontro das Águas!

MANHÃ CHUVOSA EM MANAUS

Após 50 dias de estiagem, calor insuportável e fumaça das inúmeras queimadas da Amazônia, a cidade Manaus amanheceu com uma chuva torrencial, o clima está agradável, uma beleza! Mesmo embaixo de chuva, resolvi tirar algumas fotos da nossa Manô de mil contrastes - na colagem aparecem o Monumento de Abertura dos Portos as Nações Amigas, o Colégio Adalberto Valle, Canto do Quintela, Academia Amazonense de Letras, Bar do Armando, Praça Heliodoro Balbi (antiga praça da Polícia), Residências Antigas de Manaus, antiga Fábrica de Velas e Loja Simbólica Amazonas.

Recebo alguns e-mails de pessoas que moraram aqui em Manaus e também de amazonenses que estão longe da sua terra, sentem saudades da nossa terrinha, para ameninar um pouco, disponibilizo algumas fotos no blog, mando também para e-mail do solicitante alguma foto especifica de algum lugar da cidade, sem nenhum ônus, apenas pelo prazer em servir e ajudar aos nossos semelhantes.

É isso ai!