sábado, 30 de julho de 2011

PROGRAMA NOSSO ENCONTRO - BABY RIZZATO

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

Nosso Encontro é um programa de televisão brasileiro apresentado desde 13 de agosto de 1972 por Baby Rizzato, que vai ao ar todas os sábados às 10h30 depois do Hoje em Dia na Record / Manaus.

O nome do programa originou-se do primeiro encontro entre Baby Rizzato e Heron Rizzato, o primeiro produtor do programa, e ex-marido de Baby Rizzato. O Nosso Encontro mereceu a atenção especial de homens ilustres como José Airton Pinheiro e Umberto Calderaro Filho, principais idealizadores apoiadores para o crescimento do programa.

O programa foi tão concebido que ao longo de três décadas e meia resistiu a três expressivas mudanças na televisão amazonense. A primeira foi dos “Diários Associados” para “TV Baré”; a segunda da “TV Baré” para “TV A Crítica/SBT” e a terceira da “TV A Crítica/SBT” para “TV A Crítica/Record”.

Música, moda, culinária, entrevistas sem censura e cartas marcadas, praticando um jornalismo sem mordaça, e discussões sobre assuntos polêmicos da semana continuam sendo os principais atrativos do programa.

Há 38 anos no ar, o programa é apresentado ao vivo nas manhãs de sábado, comunicando-se com um público que foi conquistado através do tempo. É assistido pelos que gostam e também pelos que não gostam. Sempre foi assim.

O Nosso Encontro foi o primeiro programa local em formato de revista eletrônica, assim como o primeiro a ser exibido em cores. É também o que mais tempo permanece no ar, ou seja o mais antigo da televisão amazonense. Com duração de uma hora e meia, ele é transmitido pela TV A Crítica, um dos braços do império da Rede Calderaro de Comunicação , que possui ainda o jornal de maior circulação do Estado, e algumas emissoras de rádio.

Apresentadora

Baby Rizzato iniciou na televisão após um convite de Sadie Hauche para apresentar na TV Ajuricaba o Baile das Debutantes, em outubro de 1969. O sucesso da apresentação televisiva das debutantes foi tão grande que o jornalista Phelippe Daou (atual dono da TV Amazonas, afiliada da Rede Globo) resolveu “vendê-la” como apresentadora de um programa à TV Ajuricaba.

Em 1970, Baby passou a apresentar um, programa na televisão Ajuricaba. O nome era o mesmo da coluna que tivera em O Jornal: Sempre às Quintas. Em forma de revista, o programa durava apenas 15 minutos no horário comprado pela Amazonas Publicidade, do jornalista Phelippe Daou.

Ao vivo, Baby apresentava moda, desfiles de manequins e algumas notas de sociedade. Imagens, só o que se podia fazer dentro do estúdio, pois não havia condições de cenas externas. Com imaginação e criatividade, sempre inovava e lançava modas, como certo dia em que se apresentou com um enorme anel no dedão do pé. Túnicas indianas coloridas e calças justas o tempero jovem ao estilo famosa Carnaby Street de Londres, a meca dos hippies de butique.

Quadros
• A Velha Surda – interpretada pelo ator Mário Jorge Bittencourt, fazia as criticas que a apresentadora preferia não assumir diretamente.
• Prêmio a Chave do Sucesso – o prêmio era dado às personalidades da cidade. Os homenageados eram escolhidos pelos Radialistas.
• O Círculo das Luminosas - O quadro foi introdizido no Nosso Encontro em 1974, criado pelo produtor da época, Mário Jorge Bittencourt, que acrescentava a sua veia humorística de ator caricato a um outro quadro do programa, encarnado a personagem “Velha Surda”, que fazia críticas que a apresentadora preferia não assumir diretamente.

A produção do programa tinha nomes escolhidos para o quadro que contava com as luminosas fixas (que nunca recusavam um convite para participar do programa), e as avulsas, que eram convidadas em ocasioes em que tivessem mais familiariedadecom o tema entrevista. Dele participaram, em vários momentos, mulheres que ainda hoje estão em evidência, como Lourdes Buzaglo, Rosaline Pinheiro Muelas, Cacilda Barbosa e a juíza Lúcia Tereza Assayag. Participaram como luminosas, além das citadas, Justina Lebre da Silva, Inês Maria Lyra Benzecry, Myrza Theodoro, Henriette Cordeiro Oliveira, Ana Maria Silva e Giese Cardoso.

• Prêmio Nosso Encontro – Em 2002, na comemoração do aniversário do programa de 30 anos do programa, a TV A Crítica instituiu o “Prêmio Nosso Encontro”, com o qual foram agraciadas pessoas ilustres da sociedade, políticos e gente do ramo das comunicações, em uma grande apresentação no palco do Teatro Amazonas.
• Abrindo o Armário - A apresentadora descobri o que a as socialites guardam dentro dos seus guarda-roupas e closets
• Saindo do Estúdio - Baby visita pontos da cidade, eventos e entrevista cidadãos comuns da sociedade.
• Etiqueta Social - Espaço onde o comportamento das pessoas é avaliado por um especialista no estúdio para ajudar com as dicas de etiqueta.

Moda, culinária, atrações artísticas, entrevistas, agenda, realize o seu sonho, sorteio de brindes – são alguns quadros que compõem no programa atual.

Os produtores

Heron Rizzato, Álvaro Braga, Mário Adolfo, Fábio Marques, Herman Marinho, Alberto Jorge, Cauby Cerquinho, Alexandre Prata, Kid Mahall.

O programa “Nosso Encontro”, não se trata apenas de mais um programa da TV Amazonense e sim o retrato de um povo. Os idealizadores e incentivadores iniciais deram uma grande contribuição, os produtores e diretores do programa que se seguiram, não são menos importantes. Cada um deles, com as suas vertentes de comunicação explícitas e o desempenho de Baby, conseguiram dar ao “Nosso Encontro” as condições de acompanhar a evolução da televisão ao longo dos anos.

No início, o publicitário Heron Rizzato acumulava a função de apresentador, em parceria com Baby e a de produtor. Nesse período surge Mário Jorge Bittencourt, ator e estilista, para compor a primeira equipe de produção do programa. Com a saída de Mário Jorge surge o teatrólogo Álvaro Braga, que se dispôs a ser o produtor, trazendo o consigo o assistente e também ator Fábio Marques.

Com a morte Álvaro Braga, Mário Adolfo (jornalista), assume a produção do programa a convite de Baby Rizzato. O programa continuava com um trio de produtores; entre tantas modificações feitas por Mário, a primeira delas foi substituir o prefixo musical de abertura do programa que era “BABY”, de Arthuzinho, gravada pelo cantor Marcus Piter, por “BABY” de Caetano Veloso; uma outra de tamanha repercussão foi acabar como quadro “Circulo das Luminosas”. Mário atuou como produtor até 1987.

O jornalista Herman Marinho substituiu o Mário Adolfo, na produção do Nosso Encontro, e que ainda mantinha-se o trio de produção. Depois vieram Alberto Jorge e Caubi Cerquinho como produtores e Alexandre Prata como assistente de produção.

Atual Produtor

Jornalista Kid Mahall trabalha na direção do “Nosso Encontro” da TV A Crítica desde 1992
No final da década de 80 havia na TV A Crítica um programa de enorme audiência chamado ‘Alô Manaus’. Era um jornalístico da pesada mesmo, onde os debates, as denúncias e as mazelas da cidade rolavam com enorme seriedade, entre jornalistas brilhantes, como Paulo França, Fernando Collyer, Humberto Gomes e outros. O ‘Alô’ tinha a direção do carioca Ozéas Monteiro e produção do Alberto Jorge. Um dia, Baby Rizzato assistindo ao desenrolar do programa, ao vivo, ficou observando o trabalho do assistente de produção, um cara de teatro, estranhamente chamado Kid Mahall. Rizzato ficou ligada na movimentação e na esperteza de Kid, e imediatamente desejou levá-lo para o Nosso Encontro. Na época os produtores do programa eram Cauby Cerquinho e Alexandre Prata, o que significava ausência de verba para contrartação de mais alguém.

“Coincidentemente”, semanas depois, o Cerquinho assumiu o jornalismo da TV A Crítica, deixando o cargo de produtor em aberto. Era chegada a hora do Kid Mahall. Baby ao conversar com o Kid, notou a indecisão e o medo foi então obrigada a cutucar os brios do artista sacudindo no tranco o seu ego super. Foi batata! Mahall topou, e dias depois fazia a sua estréia no Nosso Encontro, começando ali a história, que já dura uma década. A dupla havia sido formada, Kid Mahall (produtor) e Alexandre Prata (assistente de produção) até 1995. Foi quando Alexandre saiu da equipe para se dedicar ao colunismo social. kid Mahall assumiu em 1992, a produção e direção do programa.

Kid foi o mais organizado e burocrático dos produtores, sempre com arquivos, agendas e fichas em dias. Dirige o programa com mãos de ferro, sem sorrisos e proibições a granel. O que tinha o Herman Marinho de doce e tranquilo, tinha o Mahall de marrudo e arrepiado.

Com Kid na direção do programa, tudo tem que ser para ontem, sem garagalhadas nem gracejos, da maneira mais profissional possível. O produtor e apresentadora Baby trombaram de frente no primeiro round, e em muitos outros, até atingirem o estágio em que estão hoje, chegando até se entenderem pelo olhar. Baby Rizzato define o produtor Kid Mahall dessa forma: para amá-lo há de entendê-lo. E para entendê-lo há de exercitar o lado paciente que possuímos lá no fundo, sempre escondido...”

Homenganens
Câmara Municipal de Manaus – Em comemoração aos 30 anos de TV
Tema da Escola de Samba A Grande Família, que contou a história da apresentadora na passarela do sambódromo no carnaval de 2003.
Pesquisa de audiência: áreas de atuação

O programa está entre os dez programas locais mais assistidos pelos telespectadores de Manaus; 86% dos telespectadores de Manaus assistem freqüentemente a programação da TV A Crítica; Durante a semana, 24% dos televisores ligados estão sintonizados na TV A Crítica. Aos domingos, são 33%; O sinal da TV A Crítica cobre Manaus e os quarenta principais municípios do interior do Amazonas. São três milhões de pessoas, ou mais... O sinal da TV A Crítica também pode ser sintonizado em qualquer parte do Brasil e da América do Sul por antenas parabólicas com receptor digital.

Referências
LEONG, Leyla. Baby Rizzato - 30 anos de TV. 1. ed. Manaus: Valer, 2003. 110 p.

sexta-feira, 29 de julho de 2011

BLOGDOROCHA: PALACETE DOS NERY

BLOGDOROCHA: PALACETE DOS NERY: "O jornal “A Crítica”, publicou uma matéria denominada “PALACETE HISTÓRICO DA FAMÍLIA NERY ESTÁ À VENDA”, um trabalho da jornalista Ana Céli..."

quinta-feira, 28 de julho de 2011

PASSEIO A ILHA DE CURARI.

Os trabalhadores do Polo Industrial de Manaus, na sua grande maioria, passam duas horas dentro de ônibus especiais, para ir e vir ao trabalho; batalham oito horas diárias sem contar as extras e, são obrigados a fazerem as suas refeições dentro da própria fábrica, ou seja, passam no mínimo doze horas à disposição do patrão; depois de uma semana cansativa de trabalho, não tem sacristão que não goste de passar um belo final de semana no interior, foi o que fizeram, certa vez, uma turma da fábrica Orient Relógios da Amazônia.

O convite partiu do Raimundinho, conhecido por alguns como “Borrachinha”, uma figura de office-boy, sempre solícito e sorridente, muito querido por todos, ele era amigo de um amigo que conhecia o filho de um dono de uma fazenda no Curari, uma região pertencente ao município do Careiro da Várzea, no Rio Solimões, distante cerca de 22 km de Manaus.

A turma ficou logo assanhada, partiram para fazer uma quota para a compra do rancho, material para caldeirada de peixes, gelo, refrigerantes, cachaça e, bastante cerveja em lata; a contribuição foi proporcional ao posto de “caboco” na fábrica, pois, tinha de gerente ao peão.

Ficou acertado pegarem um “motor de linha”, um tipo de barco regional que faz longas viagens na base do “pinga-pinga”, parando em diversas comunidades ribeirinhas da Amazônia, com o valor da passagem sendo cobrada, de acordo com a localidade em que o passageiro vai ficar e com o tipo de comodidade (rede ou camarote).

Este tipo de viagem é diferente dos “barcos de recreios”, um tipo de embarcação que faz um pacote fechado, levando grupos de pessoas para um determinado lugar, com horário previsto para sair e voltar, os manauenses gostam muito de ir para as praias do Tupé e Paricatuba e, para participar de torneios de futebol e festas nas comunidades mais próximas de Manaus.

A partida foi bem cedo da manhã de um sábado ensolarado, o barco saiu do porto da “Manaus Moderna”. O comandante do navio foi logo avisando: - Vou deixar vocês no Curari, mas, o barco somente passará na volta às quatro da manhã de sábado para domingo, portanto, estejam todos acordados, caso vocês perderem, somente passaremos por lá na segunda-feira. Combinado?

O líder era o “Paulão”, um gordo cheio de graça, o cara organizou tudo aos mínimos detalhes, tudo passava pelo crivo dele. Ele foi logo detonando: - Olha aqui, gente fina, o negócio é o seguinte: não vou deixar ninguém dormir, todos estarão acordados esperando pelo barco às quatro da manhã, por favor, passe no horário previsto e nada de furo com a gente! Combinado?

O barco aportou às onze e meia da manhã, o dono da fazenda, o Sr. Jacinto, ficou assustado com dez pessoas vindo em direção a sua fazenda. O Borrachinha iniciou o diálogo: - Bom dia Sr. Jacinto! Ele respondeu meio cabreiro: - Bom dia! Pois é, fui convidado pelo amigo de um amigo que é amigo do seu filho, aproveitei e convidei o pessoal da fábrica para conhecer a sua fazenda! Não deixou nem o velho falar e foi logo detonando: - Nós trabalhamos numa fábrica de relógios, aproveitamos e trouxemos um relógio de presente para o senhor, ele é à prova de água, caso caia dentro do rio na cheia, pode procurar na vazante que o senhor vai encontrá-lo funcionando perfeitamente, pois é um legitimo Orient!

O velho ficou mais alegre do que pinto na merda! Cumprimentou um a um, deu as boas vindas, mostrou a casa e, mandou a sua esposa, a Dona Joana, colocar mais água no feijão e fritar mais um quilo de jabá, todos foram convidados a almoçar, demonstrando ser um caboclo muito hospitaleiro.

Depois da broca, uma parte resolveu dar uma soneca na varanda da fazenda, outra, partiu para o ataque nas latas de cerveja. Lá pela quatro da tarde, resolveram pescar, conseguiram pegar algumas Sardinhas e Carás, o fogo foi feito no quintal e botaram para assar os peixes, no início da noite não tinha sobrado nem as espinhas e a cerveja foi para o beleléu.

Hora depois, eles ficaram sabendo que nos fundos da fazenda tinha um viveiro de peixes, com uma quantidade enorme de Tambaqui e Matrixã, o Paulão ficou puto da vida, pois perdeu um tempo danado pescando, sem saber que no local tinha peixe fazendo “lama”!

O Senhor Jacinto mandou ver: - Olha aqui, meu filho, esse negócio de pescar em viveiro não tem gosto nenhum, pois é muito fácil pegar um peixe, o bom é ficar horas e horas olhando para a boia, sentir a briga, lutar com o bicho, além do mais, o peixe acostumado a comer tudo o que vem pela frente tem um gosto especial, por isso que eu não falei do viveiro!

Com relação à cerveja, a turma foi obrigada a beber num bar-flutuante, com a dita cuja cara e quente. Outro detalhe: a grana acabou! A solução foi pedir o aval do Senhor Jacinto, com o qual o dono do bar aceitou receber um cheque “borrachudo”.

A negada bebeu até “secar o boteco” e ouviram de montão discos de vinil, numa vitrola “Nivico Hi Fi”; resolveram dormir lá pela meia noite. Imaginem dez bêbedos roncando e soltando pum para todos os lados, o dono da fazenda deve ter passado uma noite nada tranquila!

Conforme o combinado, o comandante do barco passou às quatro da madrugada, o Senhor Jacinto se acordou e, foram chamar o Paulão, ele simplesmente pulou da rede e mandou bala: - Vá acordar ó caralho, ninguém vai embarcar nessa merda! Deu as costas para o comandante, voltou para a sua rede e, continuou a roncar, falar alto e soltar bomba de hidrogênio.

Lá pelas oito da manhã, foram ver a merda que fizeram. Todos estavam com a cara de enterro, não conseguiam tomar o café da manhã, era somente lamentação. O Sr. Jacinto ainda colocou mais pau na fogueira: - Não tem jeito, por aqui não passa uma viva alma, motor de popa nem pensar, vocês terão que esperar até segunda-feira para voltarem para Manaus!

Já tinha até neguinho chorando, quando o Sr. Jacinto falou que ele ia quebrar o galho da rapaziada: - Tenho um motorzinho de centro, ele está na casa de um compadre, quero dois caboclos bom de remo, serão duas horas de braçadas até chegar lá! Os dois felizardos foram o Paulão e o Borrachinha, os lideres do grupo.

Quando o barco chegou, a negada entrou em peso, estavam todos aliviados; chegaram ao porto do Careiro de Várzea por volta das treze horas. Quem pensou que eles iam pegar a balsa para retornar para Manaus se enganou, aproveitaram a presença do Sr. Jacinto, conhecido e respeitado pelos moradores daquela área – pediram novamente o aval do fazendeiro, foram mais quatros cheques borrachudos nos bares do beiradão!

Lá pela onze da noite de domingo, pegaram a última balsa e voltaram para Manaus, fizeram contato com a segurança da fábrica, foi enviado um micro-ônibus para o resgate da turma, todos foram deixados em suas casas.

Na manhã seguinte, estavam todos a postos nos seus lugares de trabalho, correu uma vaquinha com os colegas, conseguiram depositar a tempo a grana dos cheques espalhados pelo Curari e adjacências. Gostaram tanto do passeio que, resolveram voltar por várias vezes a Ilha de Curari! Eu, hein!

BLOGDOROCHA: PRAÇA DO CONGRESSO DE MANAUS

BLOGDOROCHA: PRAÇA DO CONGRESSO DE MANAUS: "Esta Praça foi projetada no período áureo da borracha, chamava-se Praça Antônio Bittencourt, em homenagem ao homem que governou o Estado d..."

terça-feira, 26 de julho de 2011

BLOGDOROCHA: MUSEU/CASA DE EDUARDO RIBEIRO

BLOGDOROCHA: MUSEU/CASA DE EDUARDO RIBEIRO: "O casarão onde morou o governador Eduardo Ribeiro voltou ao esplendor de outrora, será mais um espaço cultural para os moradores de Manaus,..."

domingo, 24 de julho de 2011

NONATTO, O CABOCLO-GAÚCHO (MANAUCHO).


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O nosso país é de dimensão continental, com uma diversidade cultural enorme, num extremo faz um calor de derreter a moleira, por estar próximo a linha do Equador, enquanto, no outro, faz frio de doer os ossos, chegando até a nevar, são opostos em tudo, mas, dizem que eles se atraem.

Imaginem uma pessoa que nasce na parte de cima, passando toda a sua infância e adolescência comendo Jaraqui com farinha, tomando banhos nos igarapés e, saboreando de montão o Tacacá na cuia. Pai d’égua, mano!

Porém, na sua fase adulta, resolve morar na parte de baixo, tendo de se acostumar a usar roupas de frio, comer churrasco de costela e, tomar Chimarrão na cuia. Más que barbaridade tchê!

Pois bem, o meu amigo Nonatto Silva, é um bom exemplo dessa situação. A sua irmã Graça Silva fez o seguinte depoimento:  "Ele é o meu irmão mais novo, aprendeu a tocar violão assistindo outros músicos, ou seja, é autodidata. Trabalhou na Mavel e depois no Banco Itaú. Como todos os domingos participava de um passeio turístico num barco da Amazon Explorers, a pedido do  saudoso Bebeh, proprietário e fundador da empresa, e, num dos passeios conheceu LISETE, uma gaúcha que gosta de cantar, e dai começou a mudança na vida do caboclo. Três meses depois foi conhecer Porto Alegre e de lá voltou noivo, para 3 meses depois casar com LISETE CHESLAK. Isso há 32 anos. Em Porto Alegre, ao ser dispensado pelo banco, foi trabalhar na noite, fazendo o que mais gosta - cantar e tocar violão - , e já se vão mais de 10 anos nessa vida de notívago. Como a Lisete também canta, o acompanha fazendo shows. Quando vem a Manaus, gosta de comer Jaraqui frito, mas com um detalhe, não come mais a nossa farinha, acho que adquiriu o costume sulista e esqueceu a nossa farinha do Uarini!  Lá no sul o chamam de manaucho (mistura de manauense com gaúcho), o casal tem uma filha Deborah, que é arquiteta e atualmente mora no Rio de Janeiro, onde faz pós-graduação".

Por ter nascido no Amazonas, conhece o “Amazonês” de cor e salteado, no entanto, teve de aprender na marra um novo idioma, o “gauchês” dos pampas!

O grau de dificuldade é muito grande para entender o linguajar dos gaúchos, somente para ter uma pequena ideia, eis algumas palavras e o seu significado:
Alemoa: loura/Baita: grande/Crêendios pai: exclamação quando algo dá errado/De revesgueio: de um tal jeito/Fincá: cravar/Garrão: calcanhar/Incebando: enrolando, fazendo cera/Jóssa: coisa/Kakedo: pessoas que não valem nada/Malinducado: mal educado/Paiêro: fumo de palha/Resbalão: escorregar/Sinalêra: semáforo/Tchuco: bêbado/Vortiada: passeio/Ximia: doce de passar no pão.

Ele nunca se esquece da sua cultura amazônica, não consegue passar muito tempo longe da sua terra e da sua gente, sempre que possível, ele pega um avião (asa dura, para os amazonenses), quando surgem aquelas promoções relâmpagos, vem bater por estas bandas, curtir o amor da sua mãezinha, a Dona Lili e a da irmã Graça Silva. Adora o Bar Caldeira, centro antigo, onde aos domigos, se reúne com os amigos, para bebericar, jogar conversa fora, cantar e tocar violão. 

Não pode ficar muito tempo na sua cidade natal, pois a sua esposa é gaúcha, ela não está acostumada com o calor de 40 graus de Manaus, além do mais, ele tem de trabalhar e sua vida está lá em Porto Alegre.

Vocês lembram daquela música do Martinho da Vila, chamada “Daqui Prá Lá”? A letra é mais ou menos assim:

Não sei se vou, não sei se fico
Se eu fico aqui, se eu fico lá
Se estou lá tenho que vir
Se estou aqui eu tenho que voltar.

Pois é, o Nonatto passa por essas mesmas inquietações, quando está em Porto Alegre, sente uma saudade danada de Manaus, quando chega aqui, tem de voltar!

Quando está em Porto Alegre, vem à lembrança o hino da sua cidade, do poeta amazonense Áureo Nonato:

Quem viu você
não pode mais esquecer
Quem vê você,
logo começa a querer.
Manaus, Manaus, Manaus,
minha cidade querida.
Manaus, Manaus, Manaus,
és a cidade sorriso,
esperança da nossa Amazônia.
Manaus, Manaus, Manaus,
Minha cidade querida.
Manaus, Manaus, Manaus

Quando está em Manaus, na hora de voltar, começa a cantarolar a música dos gaúchos Kleiton e Kledir:

Deu pra ti
Baixo astral
Vou pra Porto Alegre
Tchau!
Quando eu ando assim meio down
Vou pra Porto e bah! Tri legal
Coisas de magia, sei lá
Paralelo 30
Alô tchurma do Bonfim
As gurias tão tri afim
Garopaba ou Bar João
Bela dona e chimarrão

O nosso caboclo-gaúcho, vai ter que conviver para o resto da vida com os dois extremos: Manaus/Porto Alegre, Quente/Frio, Tacacá/Chimarrão, Camiseta-sandália/Casaco-bota, Amazonês/Gauchês, Música Popular Amazonense/Música Nativista, Rio Negro/Rio Guaíba, Tambaqui na brasa/Churrasco, Comedor de Jaraqui/Papa-areias e Nacional/Grêmio.

Um gaúcho chega com o Nonatto Silva e, faz a pergunta: - De onde tu és cria, vivente? Ele responde: - Eu sou dos pagos de Manaus, mas estou aquerenciado em Porto Alegre! É mole ou quer mais, tchê! 

Um abraço do tamanho da Amazônia para o Nonatto Silva, o nosso caboclo-gaúcho (manaucho)! É isso ai.

Foto: Graça & Nonato - facebook da Dra. Graça Silva

sexta-feira, 22 de julho de 2011

O ENTREGUISMO BARÉ

O Prefeito de Manaus, Amazonino Mendes, tem a fama de ser um grande entreguista “Baré”, ou seja, em todas as suas administrações no comando do executivo estadual (1987/1990 e 1995/2002) e municipal (1983/1986, 1993/1994, 2009/2013), sempre foram marcadas com o interesse político em entregar o patrimônio do povo à exploração de grupos particulares. Vamos enumerar algumas façanhas do cabocão de Eurinepé:

Banco do Estado do Amazonas:

Na onda de desestatização ocorrida em 2002, as ações do Banco foram parar nas mãos do governo federal, através do Banco Central, posteriormente, foi a leilão e sendo arrematado num único lance e ao preço mínimo, adquirido pelo Bradesco, no valor R$ 182.914.000,00 – dizem as más línguas que o então governador Amazonino Mendes, deu de mão beijada e, a transação beneficiou somente uma meia dúzia de pessoas. Na época, o Banco possuía 85 agências e postos de atendimento e 185 mil clientes, era o único a atender todo o interior do Estado do Amazonas.

Companhia de Saneamento do Amazonas (Cosama):

Esta empresa era a responsável pelo sistema de água da capital e do interior. O filé da companhia (capital) foi vendido em 2000, para um grupo de franceses (Lyonnaise dês Eaux) pelo valor de 193 milhões de reais, bem abaixo do seu patrimônio, da ordem de 480 milhões de reais, deixando o osso para o Estado (interior). Dizem os especialistas que, o passivo trabalhista e outros prejuízos da empresa eram de 600 milhões de reais, para não transferir esta “bomba” (passivo a descoberto) para a iniciativa privada, o governo teve uma ideia genial, criou a companhia Águas do Amazonas, esta foi vendida para os franceses, ficando o povo do Amazonas com o prejuízo dos seiscentos milhões de reais.

Porto de Manaus (Rodoway):

A ideia original era passar a administração do Porto para um grupo de empresários do comércio de Manaus, com o processo de transição sendo feito pela Associação Comercial do Amazonas (ACA), quando eles sentiram que havia manipulação por parte do governo do Estado para entregar de “mão beijada”, mais um patrimônio do povo, para um grupo comandado pelo ex-Senador Carlos Alberto Di Carli, os empresário sérios da nossa cidade pularam fora e não embarcaram nessa “canoa furada”. A transferência foi oficializada em 2001, entregue à Sociedade de Navegação, Portos e Hidrovias (SNPH), até hoje ninguém conseguiu desatar o nó da traquinagem, um negócio que rende milhões para o empresário, em contrapartida, recolhe para os cofres públicos apenas uma “merreca”.

Mercado Adolpho Lisboa, demais mercados e feiras:

O prefeito Amazonino Mendes, mandou para a Câmara Municipal de Manaus um projeto de lei, em que autoriza o poder municipal a privatizar a gestão de mercados, feiras e “unidades de interesse histórico”. O negócio é o seguinte: dois cartões postais de Manaus estão em processo de revitalização – o Mercado Municipal Adolpho Lisboa e a Ponta Negra -, estão sendo investidos milhões e milhões de reais dos contribuintes, mesmo assim, depois de pronto, ele pretende colocar nas mãos dos empresários esse patrimônio do povo, por um período de trinta anos. 

O projeto de lei prevê ainda, a concessão de prédios para abrigar as atividades dos comerciantes populares (camelôs). A pergunta que não quer calar: Se a Prefeitura de Manaus não tem capacidade administrativa para gerir o nosso patrimônio público, então para que serve a figura do Prefeito?

Quero deixar claro que não tenho nada contra a pessoa do senhor Amazonino Mendes, mas, faço ressalvas quanto as suas decisões equivocadas enquanto administrador público. Todas as informações acima estão fartamente publicadas na Net, nada é novidade para leitor do nosso blog. Fiz esta postagem para mostrar a minha indignação com o trato da coisa pública e, do entreguismo Baré. É isso.

RIO NEGRO/AM


Foto Colagem: J. Martins Soares

quinta-feira, 21 de julho de 2011

PRÉDIOS ANTIGOS DE MANAUS


Descrição dos imóveis, em colunas, de cima para baixo
Primeira Coluna:
Fábrica Papaguara: está situado Avenida Constantino Nery, em frente do Colégio Sólon de Lucena, o imóvel pertence ao Grupo Simões, está abandnado pelos proprietários;
Quartel da Polícia Militar: atual Palacete Provincial, está totalmente recuperado, tornou-se um cartão postal de Manaus;
Residência do Comendador Emidio Vaz d´Oliveira (advogado e empresário), está totalmente recuperado, abriga a Biblioteca e Centro de Artes Infantil Emído Vaz d´Oliveira, está fechada faz vários meses por falta de interesse do Secretário de Cultura do Estado (Robério Braga).
Segunda Coluna:
Prédio situado na Rua Isabel, centro, está em péssimas condições, abandonado pelos proprietários;
Prédio situado na Rua Major Gabriel, próximo a Avenida Sete de Setembro, está também abandonado;
Corpo de Bombeiros, fica na Avenida Sete de Setembro, abrigou o Museu do Homem do Norte, está abandonado pela Prefeitura de Manaus.
Terceira Coluna:
Castelinho: fica na esquina da Rua 10 de Julho e Rua Barroso, está totalmente recuperado, no local funciona uma agência de viagens e um restaurante;
Colégio Barão do Rio Branco: está localizado na Avenida Joaquim Nabuco, era uma residência de um barão da borracha, está recuperado e abriga o colégio do Estado.
Quarta Coluna:
Prédio situado na esquina da Rua Miranda Leão com Rua dos Andradas, está em péssimas condições, apesar de ainda abrigar várias lojas;
Relógio Municipal: foi um cartão postal de Manaus, o relógio está funcionando, mas, não toca mais aquela música cativante, está abandonado pela Prefeitura de Manaus.
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terça-feira, 19 de julho de 2011

OS DOIDOS DE MANAUS

Nas décadas de sessenta e setenta, a nossa cidade ainda era pequena, todo mundo conhecia todo mundo, os doidos andavam pelas ruas, eram conhecidos por todas as pessoas, sabiam os seus nomes, onde moravam e as loucuras que cometiam; eles faziam parte da nossa sociedade, do nosso dia-dia e, apesar da personalidade psicótica, provocando algumas desarmonias, eram, mesmo assim, admirados por todos.

A cidade cresceu muito, estamos beirando aos dois milhões de habitantes, estamos perdendo o contato com as pessoas, não sabemos mais quem é doido ou não no centro da cidade, a não ser uns poucos que teimam em ficam nos cruzamentos de algumas ruas.

Os doidos de antigamente eram cantados em versos e prosas pelos intelectuais da nossa terra. Os blogs de resgate, saudosistas da época boa de Manaus, não se cansam de comentar sobre eles.

O Bessa Freira comenta sobre dois doidos famosos, postagem publicada no Blog do Rogélio Casado, no endereço: http://rogeliocasado.blogspot.com/2010/02/ribamar-bessa-e-os-loucos-da-cidade-de.html  

Bombalá - Ele adorava desfilar, vestido com uma calça pega-marreca. Era ele quem abria os desfiles da Polícia Militar, nas festas cívicas, regendo a banda de música da PM, com uma vara na mão, que lhe servia de batuta, gesticulando e marchando com passos marciais e ritmados. De uma família com posses, residia num casarão da Av. Joaquim Nabuco, perto da Praça da Polícia. Dizem que Bombalá chegou a estudar música. O certo é que quase nunca perdia uma apresentação no coreto da Praça da Polícia, onde a banda da PM sempre contava com a sua batuta de maestro. Cheguei a vê-lo, em minha infância, desfilando em frente do Colégio Estadual do Amazonas, na parada escolar de 7 de setembro, murmurando em forma cadenciada: - Toma-limonada-pra-cagar-de-madrugada, toma-limonada-pra-cagar-de-madrugada!

Tom Mix - O xerife, nasceu no velho oeste e entre bravos se criou. Tinha a cara bexiguenta. Nunca casou para não atrapalhar sua missão na terra. Era viciado em filme de bang-bang. Morava numa casa na esquina da Henrique Martins com Rui Barbosa, de propriedade de seu irmão, o Coronel Trigueiro, que trabalhava no Palácio do Governo. A vizinhança com os cines Polytheama e Guarani alimentava seu vicio: não perdia uma sessão. Assistia todos os seriados. Pulou para dentro das telas e passou a viver lá, enfrentando índios e bandidos que assaltavam diligências. Para isso, Tom Mix, já meio coroa, circulava pelo centro de Manaus sempre vestido de cowboy: botas country, calça de brim ajustada, camisa quadriculada com uma estrela no peito, jaqueta de couro, cinto com vistosa fivela, onde estavam penduradas duas cartucheiras com revolver de espoleta e, para completar, um chapéu cor de areia com arame embutido na aba, que ele só retirava para dar bom-dia às donzelas ou quando enfrentava ladrões de gado, montado no cavalo Champion, emprestado do Gene Autry.

Eram conhecidos também, a Nega Maluca, Carmem Doida, Nega Charuta, Macaxeira, Antônio Doido e a Gaivota.

A Carmem-doida, dizem que ela era uma mulher alta, magra e morena, gostava de dançar na rua, sozinha. Os estudantes não davam trégua, zombavam da pobre coitada o tempo todo, quando era chamada de Carmem-doida, sempre respondia na bucha - É a tua mãe, filho da puta, vagabundo!

O poeta Mady Benoliel Benzecry (1933-2003) fez uma homenagem a ela:

Carmem-doida! Gritava
a criançada da antiga
praça da prefeitura,
a Carmem-doida endoidava
mandava banana pra todos,
cuspia a dentadura
xingava a mãe e a família
da garotada e berrava
os piores palavrões…

Carmem-doida! E a tua mãe,
está no hospício também?
“No céu! Seus mizerentos
rebentos do Satanás,
na paz do Senhô, ela está!”
E ia ao “Juizado
de Menores” se queixar!
“Seu juiz, não é prussive,
tanta, tanta bandalheira,
eu sou muié de respeito
e não ardimito brincadeira!
A gente tem de acabá
com esses moleque de rua,
já é a quinta dentadura
que eles me faz quebrá,
entonces esta, foi cara,
ganhei ela de natar
e tinha um dente de ouro
bem na frente, seu dotô
eles tem de me pagá!”
E lá se iam dois guardas
a garotada autuar…

Um dia, foi no Natal
uma “vaquinha” correu
na praça da prefeitura
e Carmem-doida ganhou
um presente dos meninos
com cinco dentes de ouro
uma nova dentadura!
E desde então Carmem-doida,
muito mais doida, ficou…

(In: Sarandalhas, 1967)

Atualmente, quem mais conhece de doido em Manaus, chama-se Dr. Rogélio Casado, um dos médicos psiquiatras mais atuantes na nossa cidade, talvez, o único que luta faz bastante tempo por esta causa, para ser ter uma ideia, em 1987, ele fez uma greve de fome de 6 dias, pela reforma psiquiátrica.

O Rogelio Casado, juntamente com a Associação Chico Inácio (uma ONG em defesa dos direito civis e políticos dos portadores de transtornos mentais), possuem como bandeira “a construção de mais CAPS, leitos psiquiátricos em hospitais gerais, residência terapêutica, centros de convivência e a substituição do hospício por um hospital geral”.

O Eduardo Ribeiro foi o mais importante governador que o Amazonas já teve, ele construiu o Teatro Amazonas, o Palácio da Justiça, a Ponte Benjamin Constant, dentro outras obras importantes. Dizem os historiadores que, ele tinha surtos de loucura, demência e crises nervosas, suicidou-se em 1900 (alguns falam que ele foi assassinado), na “Chácara do Pensador”, situada na atual Avenida Constantino Nery, tempo depois, foi construído no local o “Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro”, em homenagem aos doidos de Manaus.

A postagem "Carmem, doida para viver", publicado no blog do Simão Pessoa, é demais! Acesse:  http://simaopessoa.blogspot.com/2010/11/carmem-doida-pra-viver-jornalismo.html

Fui casado por muito tempo com uma psicológa, ela falava que eu era um pouco doido. Diz o ditado popular que "de médico e louco, todo mundo tem um pouco". O quê? Eu, doido? Então, viva os doidos de Manaus!






domingo, 17 de julho de 2011

OSCARINO E O BONECO PETELECO

O Peteleco nasceu em Manaus, na década de cincoenta, ele é um típico negão beiçola, moleque, maluvido e respondão, foi criado pelo ventríloquo (pessoa que sabe falar sem abrir a boca) Oscarino Farias Varjão, um caboclo do Paraná do Xiborena (no Encontro das Águas dos Rios Solimões e Negro), formaram uma dupla perfeita, tipo unha e carne, fazem sorrir meninos, adultos e velhos, por mais de cinco décadas.

Foram quatros bonecos criandos pelo Oscarino, o primeiro, foi o Chiquinho, depois, o Marinheiro e o Charles, o Peteleco foi o que deu certo, com nome em homenagem aquela famosa cachuleta (pancada com o dedo indicativo ou médio na orelha de alguém).

A Secretaria de Cultura do Amazonas (SEC) contratou o artista Oscarino, ele sempre se apresenta aos domingos, na Casa de Música Ivete Ibiapina (Teatro de Bonecos), na Avenida 10 de Julho e, no Centro Cultural Povos da Amazônia, na antiga Bola da Suframa. Por ser considerado um patrimônio cultural do Amazonas, ele foi agraciado, por lei, com uma pensão vitalícia pelo governo do Estado.

Esta dupla é conhecida nacionalmente, fazem shows de norte ao sul do país. Foram convidados, em 2000, para se apresentarem no “Programa do Jô”, da Rede Globo. O apresentador perguntou ao Oscarino se as crianças tinham medo do Peteleco, pois quando ele era criança tinha medo de boneco. O Peteleco respondeu na maior: - O quê? Você senta na boneca desde pequeno? Deixando o gordo todo desconsertado!

Em ano eleitoral, muitos candidatos são conhecidos como “Petelecos”, ou seja, não possuem voz, a não ser a que lhe dá o seu manipulador - o Plínio Valério usava o famoso jargão “Não sou Peteleco de ninguém!” -, tempo depois, mesmo não disputando cargo nenhum, dizem, eu não sei,  que ele continua sendo um perfeito “Peteleco” do Prefeito Amazonino Mendes. Cruz, credo!
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Tem um detalhe, o Peteleco é um garoto “cincoentão”, ele é muito requisitado para fazer shows para adultos, ai bicho pega, ela conta piadas de sacanagem o tempo todo, a galera gosta muito do tema de “corno”, não sei explicar essa predileção.

Repertório do Peteleco:

Oscarino pergunta e, o Peteleco responde na bucha:
- Peteleco, quantas partes dividem-se o corpo humano? - Depende da porrada!
- Peteleco, como se fala noventa e nove em japonês? Quazixem!
- Peteleco, fale um pouco de você. – Nasci em 15 de maio de 1957, no Boulevard Sá Peixoto, no bairro de Educandos, filho do Oscarino e da Dona Peteleca, sou casado com a Petelecona, tenho um casal de filhos, o Peteleco Junior e a Petelequinha.
- Peteleco, se não fosse eu, tu nas terias nascido! Mas, se não fosse eu, tu já tinhas morrido de fome!
- Peteleco, chifre dói? – Não, se doesse eu tomaria Doril, em vez de cachaça!

A dupla está no Youtube, acesse os endereços abaixo, o primeiro, mostra no Programa do Jô, em 2000 e, o outro, num programa de auditório em 1985, na época em que o Ronaldo Tiradentes ainda era liso.

www.youtube.com/watch?v=yGahqzDtPUc  
www.youtube.com/watch?v=a9rmCxRKMI8  

Palmas, muitas palmas,  para a dupla Peteleco & Oscarino! Com certeza, eles fazem parte da nosssa história. É isso ai garotada! 

sábado, 16 de julho de 2011

COLÉGIO AMAZONENSE DOM PEDRO II


Este é o Colégio mais tradicional de Manaus, está situado na Avenida Sete de Setembro, 1097, centro antigo. Aos cinco dias do mês de setembro do ano de 1886, no salão nobre, o presidente da Província, Dr. Ernesto Adolpho de Vasconcelos Chaves, inaugurou solenemente o novo colégio.

Antes de se instalar definitivamente neste local, passou por vários lugares, recebeu também diversas denominações – Lyceu Provincial, Gymnasio Amazonense Dom Pedro II, Colégio Estadual do Amazonas e Colégio Amazonense Dom Pedro II.

Segundo a historiadora Carmelita Esteves de Castro:

A história do Colégio Amazonense Dom Pedro II, desde sua origem, é assinalada pela afirmação das lutas na busca de um ideal renovador e a razão do entusiasmo da Juventude que de geração em geração, sempre ávida de glórias, sedenta de instrução, vai a caminho de um futuro de respeito e veneração, mesmo nos momentos mais graves de sua vida, com acontecimentos marcados, muitas vezes pela desordem, agressão, como no caso da Revolta de junho de 1915, quando descontentes com o ensino ali ministrado que não satisfazia seus anseios, enfrentando crise moral e material, os alunos num movimento sistematizado de indisciplina, promoveram uma depredação desenfreada, gerando anarquia e terror, forçando o Diretor, os professores e os funcionários a abandonar o edifício, deixando-o entregue à sanha dos estudantes amotinados, tendo como resultado o fechamento do Colégio que só retornou às suas atividades normais em março de 1916.

Essa Revolta concorreu para que houvesse uma Reforma de Ensino com a elaboração de um novo regimento para o Colégio no qual constava um item renovador que dava responsabilidade aos “pais, tuctores ou protectores dos alumnos pelos delictos que estes pratiquem”, além da recuperação do prédio danificado.

Outro movimento estudantil de maior vulto e digno de destaque é a famosa Revolução Ginasiana de 30, quando todo o País encontrava-se num estado de agitação e alerta em decorrência dos acontecimentos político-econômicos que conturbavam a nação.

Aqui em Manaus, a Polícia Civil imbuída de grandes poderes, perseguia, prendia e espancava os estudantes que faziam comícios e praticavam, muitas vezes, arruaças nos bares, praças e ruas da cidade.

Aproveitando-se da situação instável que atravessava o país, estes estudantes iniciaram um movimento contra a Polícia, que culminou com o envolvimento do Exército, finalizando com a rendição desta mesma Polícia e a ocupação do seu prédio pelos jovens revolucionários.

O Governador Dorval Porto foi deposto e esses mesmos jovens o escoltaram do Palácio até as dependências do Grande Hotel, onde ficaria hospedado; foram momentos de glória para a juventude Ginasiana que briosamente tomou parte neste movimento.

O poeta e escritor Thiago de Mello, no seu livro "Manaus, Amor de Memória", escreveu sobre o Colégio Estadual:


De todas as coisas tantas que se pode dizer do Ginásio do nosso tempo esta frase tão simples é a fundamental: nós tínhamos orgulho de ser ginasianos. "Aqui só entra quem sabe", dizia com seu jeito mando o inspetor Júlio Nery, na manhã de 1937 em que minha turma se apresentou para o exame de admissão.


E já no fim do curso, o professor Machado e Silva, jovem diretor que soube honrar a tradição de amor à casa afirmada por Carlos Mesquita, nos advertiu ao encerramento de uma palestra inesquecível: "No Ginásio ninguém estuda para passar de ano, mas para ficar sabendo o que estudou..." “... Três figuras do quadro de funcionários do Ginásio habitam vivos nossa memória.


O principal deles, caboclo troncudo, sempre de cara amarrada, era o Eduardo, dito Cangalha, chefe geral de disciplina do ginásio. Trazia um passado de beque de futebol.


Ficava a um metro da banda muito estreita da porta, que só permitia a entrada de um aluno por vez, de olho em nós de gravata mal dado em botão desabotoado.


Encostado à portinha e recebendo a caderneta dos alunos, ficava o Rubi, que tinha residência no próprio terreno do Ginásio e era pai da Maria de Jesus nossa colega.


O terceiro era um Bedel, profissão subalterna, agradava pela feiúra do funcionário baixinho e de óculos de lentes espantosamente grossas, cuja timidez defendia com rompantes rabugentos. Chamava-se Themístocles, mas para o Ginásio era o Jacarandá.

Antes da falência do ensino fundamental e médio da rede pública, este Colégio era a referência na formação da elite pensante de Manaus, pois o prédio era um dos mais bonitos e espaçosos da cidade, os mais brilhantes professores lecionaram naquela instituição de ensino, o regime interno era baseado nas escolas militares, além do processo seletivo para admissão de novos alunos era demasiadamente rigoroso.

Não tive a capacidade intelectual suficiente para ingressar no Colégio Amazonense Dom Pedro II, porém, tenho muitas lembranças de lá: o meu irmão mais velho, o Rocha Filho, foi um aluno aplicado, lembro quando usava garbosamente a sua farda de gala nos desfiles da semana da pátria e do Amazonas.

O meu irmão conta que eles tinham um mascote, era um Bode, pertencia ao vigia Braquinha (pai do Geraldo da Sefaz), esse caprino era tão querido pelos alunos que nos desfiles de 5 e 7 de Setembro, ele era colocado em destaque bem em frente da turma, com farda, placa e tudo o mais.

Este Bode deu um "bode" danado, certa vez, uma turma levou o caprino para passear, foram até o Mercado Adolpho Lisboa - todos sabem que além da Cabra, o Bode não dispensa nada, tudo ele come, pois bem, o dito cujo furou um paneiro de farinha d´água da grossa e, botou para comer até encher a pança, quando retornou, tomou vários litros de água, o bucho do coitado tufou que nem pão no forno, morreu empazinado - foi uma mistura de revolta e tristeza geral nos estudantes!

Lembro com saudade dos domingos de manhã, pulávamos o muro para jogar bola na quadra de esportes do colégio; além das inúmeras "olhadelas" nas gatinhas “ginasianas” quando estavam fazendo educação física durante a semana.

Outro momento muito especial era nos dias de votação para os membros do legislativo e do executivo do nosso Estado, a minha seção ficava no Colégio, era uma oportunidade ímpar de reencontrar os meus velhos colegas do Igarapé de Manaus.

O Colégio Amazonense Dom Pedro II, vem com o passar dos anos se construindo e permanecendo como símbolo de cultura e história para o povo amazonense, que enfim, se orgulha de ter um patrimônio de tamanho significado para o Estado do Amazonas. É isso ai.

sexta-feira, 15 de julho de 2011

OS PINTORES DA POESIA – AFRÂNIO DE CASTRO


Texto extraído da Revista do Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas/Publicação do IGHA/Fase III – Abril – Maio – Junho de 2002 – Ano I – no. 2 – Manaus: Editora Valer, 2002.


MACUMBA

Afrânio Araújo de Castro
Ocupou a Poltrona no. 5, do IGHA – Patrono: Alexandre Von Humbolt

Lua cheia
Floresta grávida de luar,
São Jorge Guerreiro galopa
nas pradarias silentes do Astral.
Árvores violadas pelos ventos
Arreganham o terreiro adormecido.
Há um simulacro místico – a natureza
Veste-se de roupagens faiscantes.
Acorda agogô o lamento negro
Narrando a saga primitiva da raça
Banzando um queixume esquecido do preto
na escravidão das senzalas.
Ao som do luar
Nasce a magia nostálgica
Das eras primevas – falam tantãs
e atabaques – a voz antiga de Xangô,
cantando, chorando, a desdita do povo africano.
A poeira evola do chão aquecido
Pelo suor da gente sofrida,
orixás e exus possuem pais-de-santo, -
os cavalos de Ogum.
O frenesi do fetiche do lundu
ululante
seduz dos iniciados ardendo cachaça
e catimba
os possessos em transe exortam
despachos
mandingas.
Lateja o batuque visões dos Palmares
na pele da noite tatuada de Dor...

Sobre o autor, o saudoso Ruy Alberto Costa Lins escreveu o seguinte:

Afrânio de Castro nasceu a 3 de agosto de 1931, em Janauacá, naquele tempo distrito de Manaus. Foi um poeta de bons dotes e uma magnífico pintor e escultor.

Passou pouco tempo entre nós, faleceu a 20 de Setembro de 1981, dias depois de completar 50 anos. Todos nós que conhecíamos e convivíamos com Afrânio aqui no IGHA, nos nossos sagrados encontros, sabíamos das suas inquietações e dos seus questionamentos, sempre severos, e sempre colocados com muita clareza e dureza, não importando o local e as pessoas que estivessem presentes.

Pretendemos interromper o silencia do IGHA para com o seu ilustrado sócio efetivo, colocando-o como um dos Pintores da Poesia, naquilo que ele mais amava. Primeiro, uma fotográfica quando dirigia a Pinacoteca Pública, na época órgão da Fundação Cultural e que funcionava nos altos da Biblioteca Pública; depois, a sua poesia “Macumba” com a sua bela ilustração.

Quando se comenta sobre Afrânio de Castro, estamos ligando automaticamente ao que melhor existe em termos de obra de arte. Sim, porque as pinturas de Afrânio são obras de arte. Belas e valiosas obras de arte. Em que pese todas as dificuldades que enfrentou, foi um vencedor – sabemos hoje!

Com relação ao nosso homenageado fiz uma postagem sobre ele no endereço http://jmartinsrocha.blogspot.com/2008/06/alegria-quadro-de-afrnio-de-castro.html  

O quadro “Cabocla”, está exposto no Bar São Marcos, conhecido por todos como “Bar dos Cornos”, centro antigo de Manaus, foi uma homenagem do Afrânio de Castro a “Alegria”, filha da Dona Maria e do Senhor Luiz Antônio, antigos proprietários do bar. É isso ai.


quinta-feira, 14 de julho de 2011

VIOLÃO FABRICADO PELO BANDOLIM AMAZONENSE


O leitor Ricardo Bahiana, leu uma postagem no nosso blog sobre o trabalho de lutheria desenvolvido pelo meu saudoso pai, imediatamente, ele resolveu trocar e-mail comigo, conforme abaixo:

Olá Rocha, tenho um violão do Bandolim Amazonense, e a única informação que consegui saber o luthier que o fabricou, foi no, http://jmartinsrocha.blogspot.com/2009/02/rochina-diferente-historia-de-um-musico.html . Você tem mais alguma informação sobre a loja ou o luthier?

Abraços!

R - Olá Ricardo, o luthier Rocha é meu pai, ele faleceu faz quatro anos. Não existe nenhuma loja que revenda esses violões. Caso o teu for realmente fabricado pelo meu pai, pode ter certeza que ele é uma raridade. Peço ao amigo que me mande uma fotografia do violão. Verifica na "boca" do violão se existe uma assinatura e data, exemplo: José Rocha, 1978.

Abraços,

Olá Rocha, estas são as fotos do meu violão. Repare no desenho das curvas, que fogem das proporções da maioria dos violões. Ajude-me a descobrir quem fez esse instrumento. Ele é todo maciço, de jacarandá com pinho sueco. O case parece ter sido feito para ele.

Abraços!


R - Olá Ricardo, fiquei surpreso com as fotografias, pois o violão está bem conservado. O Sr. Nascimento Viana foi o patrão do meu pai, ele trabalhou por muitos anos no "Bambolim Manauense", a fábrica faliu e o meu genitor abriu o seu próprio negócio utilizando o mesmo nome. Acredito que o teu violão deva ter mais de cincoenta anos. Você pode me informar onde está este violão? Você tem interesse em vendê-lo?

Grato,

Olá Rocha, o case também está bem conservado, demonstrando pouco uso. No rótulo do violão está "Amazonense". Pela ortografia no rótulo, veja o "Manáos", deve ter uns 70 anos. Veja na foto anexa. Ele está no Rio de Janeiro, bairro Rio Comprido. Tenho interesse em vendê-lo, pois tenho vários violões e resolvi ficar apenas com dois. Levei-o para um luthier examiná-lo, e ele estimou em R$ 3.000,00, sem levar em conta o valor de peça rara e antiguidade.

Abraços!


R - Olá Ricardo, na realidade, o meu pai colocou o nome de "Bandolim Manauense", a o do Sr. Nascimento Viana, era "Bandolim Amazonense". Farei hoje uma postagem no Blogdorocha, irei colocar o teu e-mail para os interessados entrarem em contato com você, pois, infelizmente não poderei comprá-lo.

Abraços,


Quem desejar entrar em contato com o Ricardo Bahiana, pode escrever para o e-mail ricardobahiana@gmail.com .

Encontrei, hoje, o grande compositor e cantor amazonense Edu do Banjo, ele ficou interessado em ver as fotografias dessa raridade de violão.

Fiquei sabendo através do Edu, que os discípulos do luthier Rubens Gomes (fundador da Escola de Luteria da Amazônia - Oela) estão fazendo belíssimos instrumentos de cordas, incluindo o “charango” para o pessoal de Parintins.  É isso ai.