quarta-feira, 30 de maio de 2018

ABANDONO DO PRÉDIO HISTÓRICO DA BIBLIOTECA MUNICIPAL JOÃO BOSCO EVANGELISTA


A nossa Biblioteca Municipal, foi criada pela lei nº 971, de 02 de janeiro de 1967, e sancionada pelo decreto nº 27, de 12 março de 1975 – o prédio onde funcionava, situado na Rua Monsenhor Coutinho, 529, está fechado desde 08 de agosto de 2011 – estando provisoriamente, na Casa do Restauro, no Largo de São Sebastião – deixando aquele prédio histórico totalmente abandonado, sendo saqueado pelos vândalos,  servindo para moradia de desocupados, bandidos e viciados em drogas – motivo de revolta por parte dos estudantes e intelectuais da cidade de Manaus.

JOÃO BOSCO EVANGELISTA (7-3-1938 a 4-8-1973)
O  manauense  João  Bosco  Pantoja Evangelista graduou-se em Administração pela Escola Brasileira de Administração Pública da Fundação Getúlio Vargas, do Rio de Janeiro. Foi técnico da Comissão de Desenvolvimento do Estado do Amazonas – Codeama, professor de Ciências Políticas na Faculdade de Ciências Econômicas da Universidade do Amazonas e professor da Escola de Serviço Público do Estado do Amazonas – Espea. Escritor e poeta, foi um dos fundadores do Clube da Madrugada e presidiu a União Brasileira de Escritores – UBE, seção do Amazonas. Idealizou o jornal literário Nossos Dias, editado em 1956 na capital amazonense, e foi assessor especial do Governo do Amazonas, cargo que exercia na época de seu falecimento.
Imagem e texto retirados do livro Manaus, entre o passado e o presente do escritor Durango Duarte.



História

Devido à falta de documentos oficiais, estima-se que o prédio tenha sido construído por uma família portuguesa, em 1908, durante o período áureo da borracha - o local recebeu ainda um laboratório médico de pesquisas sobre febre amarela, e, da década de 1960 até meados dos anos 1980, abrigou uma sorveteria - após o estabelecimento ser fechado, o local voltou a ser abandonado.




A Prefeitura Municipal de Manaus, através da ManausCult, fez o projeto arquitetônico, com responsabilidade do arquiteto Marcel Reis Gusmão.

Em 2014, a biblioteca foi incluída nas ações de revitalização pelo Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) Cidades Históricas. Entretanto, segundo a prefeitura, em 2015 e 2016, o Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) teve problemas para aprovação de projetos e liberação dos recursos, motivo pelo qual a obra ainda não pôde ser realizada. 




Lamento muito pelo descaso por parte do prefeito de Manaus – isso é um crime contra o patrimônio público, além de um grande desrespeito pela história da nossa cidade e, principalmente, pelos estudantes de Manaus e turistas. É isso ai.

Fotos:
1. Alex Pazuello
2. Acervo Roger Péres
3. Projeto Arquitetônico: PMM
4. Parcial (atual): José Rocha

quinta-feira, 24 de maio de 2018

O MEU DIA DE CABOCAO DA BEIRA DE RIO DE MANAUS


Hoje, começo de verão amazônico, com Sol dando na cara quem nem papeira, estava sem beira nem eira, na maior moleza, pregando prego no sabão, resolvi visitar os lugares da beira do rio, onde passei parte da minha infância e vida adultera.

Parei na Avenida Sete de Setembro, exatamente na Segunda Ponte (Ponte Romana II), para refletir sobre a minha vida de idos, lá se vão muitos anos – olhei para as casas que ainda restam da Rua Igarapé de Manaus, juro que senti vontade de voltar a morar naquele lugar de muitas recordações.

Quisera ter bala na agulha (grana) para comprar dois imóveis na Rua Huascar de Figueiredo – um foi onde morou o saudoso Senador Jeferson Peres e, outro, um estacionamento de uma faculdade, outrora, foi o Solar dos Bringel.

Caminhei pelo Parque Jéferson Perés, passei pelas duas pontes da minha infância, além do Palácio Rio Negro, um lugar magico, onde na minha infância, somente os poderosos podiam entrar, hoje, um parque aberto a todos.

Era quase meio-dia, a barriga começou a roncar, resolvi passar pelo Bar do Metal, onde exalava um cheiro gostoso de jaraqui frito, parei e, peguei o beco na hora, com preço de vinte e cinco reais pelo jaraca frito.

Resolvi caminhar até o templo do peixe, o Restaurante Galo Carijó, não tinha uma viva alma, pois o menor preco era do jaraqui com baião de dois, ao preço de vinte e cinco reais. To fora, mermao!

Peguei a tal Manaus Moderna (um aterro da nossa Veneza dos Trópicos), parei na Feira da Manaus Moderna, onde encontrei uma enfiada de jaraquis tamanho P (de parrudão) ao preço de vinte reais, ou seja, quatro reais a unidade – deixei para outro dia, onde pretendo fazer um escabeche.

Ao lado da feira, existe o Restaurante do Pé Sujo, com o jaraqui assado no espeto, ao preço de dez contos, com direito a jogar bilhar, tomar cachaça e comer em companhia de dezenas de moscas – ficou para outro dia, eu, hein!

O destino mesmo era o Mercado Adolpho Lisboa, onde tenho boas lembranças de tempos de então.

Para minha surpresa, encontrei o jaraca fritinho e completao, ao preço de quinze reais.

Pedi uma cerveja bem geladinha, enquanto esperava o meu manjar!

Tinha muitos turistas e  cabocada dando na cara que nem papeira.


Cadê o peixe que eu deixei aqui? O gato velho comeu!

Depois, sai para visitar os boxes de artesanatos, para minha surpresa, encontrei um que tocava músicas da minha juventude e só vendia água que passarinho não bebe!

Por lá fiquei por uma hora, onde pude conversar com um líder comunitário de Novo Airão, o  cara é virado no balde, faz artesanatos, líder comunitário, planta seringueiras (vai deixar para os netos) e açaizeiros, além de criar pirarucu em tanques.

Para completar, passeei pela orla, onde pude ver muitos barcos e dezenas de vendedores de viagens para o festival de Parintins. Saudades da ilha! 

Papo bom, mas, tava na hora de pegar o pego e entrar numa lan house e contar para vocês o meu dia de cabocao da beira do rio de Manaus. É isso ai.

DESEMBARGADOR ANSELMO CHíXARO





Jeitão de interiorano,  uma pessoa simples, brincalhão, muito ligado a sua família, adora a companhia dos amigos nos finais de semana e, sempre que possível visita alguns botecos da nossa Manaus antiga – quem o conhece pela primeira vez, jamais imaginará que aquele  senhor de aparência jovem,  é um Desembargador (Juiz de Segundo Grau) do Estado do Amazonas.

Ele é natural do município de Humaitá (distante 696 quilômetros de Manaus), foi batizado como Ernesto Anselmo Queiroz Chíxaro, está com 59 anos, é formado em Direito pela Universidade Federal do Amazonas (UFAM) e tem mais de 23 anos de atuação na magistratura amazonense.

Iniciou a carreira nas Comarcas de Lábrea, Tapauá e Itacoatiara. Como juiz, também atuou na Vara Especializada em Crimes de Trânsito, além da 3ª Vara Criminal e Vara de Registros Públicos e Usucapião. Foi titular da 1ª Vara da Fazenda Pública Estadual, fez parte, ainda, da turma recursal do Juizado Especial do TJAM, foi juiz auxiliar da Corregedoria Geral de Justiça (CGJ) e desde 17 de fevereiro do ano passado vinha trabalhando como juiz convocado para atuar como desembargador.

Foi promovido ao cargo de Desembargador, pelo Ato nº 178/2017, de 18.04.17 – ao tomar posse, fez a seguinte declaração:

- Alegre de chegar a esse colegiado, com o apoio dos meus pares que me aclamaram, me sinto imbuído de grande responsabilidade para enaltecer ainda mais este Tribunal. Recebo esta indicação, sobretudo, com um senso muito apurado de responsabilidade. É uma nova missão com a qual temos que nos empenhar muito para oferecer uma prestação jurisdicional cada vez melhor para toda a população -  frisou o novo desembargador. 

O seu colega Jomar Sauders Fernandes, fez o seguinte discurso elogioso à sua trajetória:

- Anselmo atuou nas Comarcas de Lábrea, Tapauá e Itacoatiara, além de deixar firmemente marcado o seu trabalho, mostrou que um juiz não precisa se trancar em suas elucubrações e redomas para se mostrar sério, capaz e coerente, permitindo aos munícipes o acesso incondicional ao Judiciário, sabedor que era do sofrimento e das necessidades daqueles que o demandavam. De igual modo, não perdeu a sensibilidade ao ser promovido para Manaus onde atuou em diversas Varas, sendo admirado por todos aqueles que com ele tiveram a oportunidade do convívio. Ele vem compor um Tribunal que tem superado dificuldades e diferenças. Por ser um órgão colegiado é natural que seus membros tenham diferentes visões sobre as causas que lhes são submetidas, no entanto, essas discussões técnicas é que resultam em decisões coerentes que sempre visam a prática da melhor prestação jurisdicional. Com mais de 23 anos de experiência na magistratura, por certo, Ernesto Anselmo Chíxaro virá engrandecer essas discussões e consequentes decisões. - concluiu o desembargador Jomar Fernandes.

O Estado do Amazonas está recheado de casos de homens públicos e políticos humaitaenses, que migraram e fizeram história na cidade de Manaus. Exemplos: Plínio Ramos Coelho (governador e advogado), Álvaro Botelho Maia (governador, advogado, poeta e escritor), Ubiratan de Lemos (filho do barão da borracha Jovino de Lemos, foi o primeiro a ganhar o Prêmio Esso de Jornalismo), Raimundo Neves de Almeida (historiador, poeta e escritor), dentre outros.

O cantor e compositor Afonso Toscano, no seu CD intitulado “Enredo”, fez uma justa homenagem a esses bravos guerreiros, com a faixa seis “Menino de Humaitá”, incluindo o nosso Anselmo:

Letra da música:

Menino de Humaitá
Hoje de encontro aqui
Depois de tanta luta
Vim, vi e venci  (chegar, ver e vencer)
Sem medo de escuridão
Num rastro de um farol
Aqui com o pé no chão
Querendo chegar ao Sol
Menino de Humaitá
Hoje um homem cidadão
És a Estrela Guia de outros que virão
Cumprir a sua jornada repetindo a lição
Beber da taça de um fel e bater o pé no chão
Almino (Afonso, político)
Anselmo (nosso homenageado),        
Lino (Chíxaro, advogado e presidente da CIGÁS)
e CHICÃO (Procurador de Justiça) 
Tu respondes um sim
Se alguém de forças um não

Tive oportunidade de conversar várias vezes com ele, em suas horas de lazer, sempre se mostrando uma pessoa humilde, mesmo estando na qualidade de Juiz de Direito e, agora, Desembargador.

Certa vez, confidenciou que, em sua cidade natal, Humaitá, ele e seus conterrâneos que ocupam altos cargos no Amazonas, tiveram a rigidez nos estudos, graças aos padres salesianos.

Por ter descendência portuguesa, revelou que, em sua aposentadoria, pretende morar em Portugal, numa aldeia, casa típica com característica herdadas do meio rural – será uma volta ao passado dos seus ascendentes lusitanos.

O Desembargador estadual (Juiz de Segunda Instância), é  um cargo importantíssimo, pois é considerado como “sábio da justiça”, responsável em julgar as decisões de juízes mais novos (primeira instância).

Parabéns Anselmo Chíxaro!  Você merece!

terça-feira, 22 de maio de 2018

VIAGEM A MANAUS


Elmar Carvalho


1
Com a finalidade de visitar nosso filho João Miguel, que reside em Manaus, no domingo, dia 29 de abril, fomos a essa capital amazônica. Ao chegarmos ao aeroporto de Brasília, para a conexão, à boquinha da noite, mal me levantei da poltrona, fui abordado por uma senhora, que me fez uma pergunta casual, sobre o nosso destino ou sobre a conexão, não me lembro ao certo. Respondi-lhe que ia a Manaus, em visita a um filho; ela, então, me disse que seu pai, um português, fora dono de seringal no Amazonas.

Disse-lhe que, no auge da exploração da borracha, vários nordestinos, inclusive piauienses, foram para a Amazônia. Nosso rápido e circunstancial diálogo terminou aí. Depois, na continuação da viagem, lembrei-me de Humberto de Campos, que tentara melhor sorte na região amazônica. Humberto, embora maranhense de Miritiba, que hoje tem o seu nome, após o falecimento de seu pai, passou grande parte da infância em Parnaíba (PI), de onde saiu aos 13 anos de idade, com destino a São Luís.

No meu retorno a Teresina consultei o importante livro Humberto de Campos: evocações de uma vida, da autoria da amiga e confreira na Academia Parnaibana de Letras Amparo Coêlho, para refrescar-me a memória, e nele encontrei a informação de que esse escritor, memorialista e poeta foi capataz de um seringal, onde foi acometido de uma febre palustre, que lhe fez retornar a Belém. Chegou a redator-chefe do jornal A Província do Pará, cujo proprietário era Antônio Lemos, que foi eleito prefeito dessa capital. Foi designado secretário da Prefeitura. Com a deposição do alcaide, foi perseguido por causa de sua atuação jornalística, e teve que fugir para o Rio de Janeiro, a bordo de um navio da Lloyd.

O rápido diálogo, a que me referi, me fez lembrar que os avós maternos do poeta e escritor Alberto da Costa e Silva, filho de dona Creusa e de Antônio Francisco, o poeta maior do Piauí, de nome literário Da Costa e Silva, também moraram em Manaus. Soube disso através dos livros O espelho do Príncipe e Invenção do Desenho, da lavra de Alberto, ambos com o subtítulo “ficções da memória”, que nem por isso deixam de ser duas excelentes obras memorialísticas, que li com muito agrado, quase de um gole, como se costuma dizer. Fiz a leitura através de e-book, em meu aparelho Kindle.

Do cotejo deles, fiquei sabendo que seu avô materno possuíra cabedais na região amazônica, entre os quais fazenda e seringal, além de duas amantes, que, com sua morte, se apropriaram de quase tudo. Sua avó, Maria Adélia Fontenelle de Vasconcellos, conhecida como Aroca, ficou viúva com menos de quarenta anos de idade, e teve que retornar ao Ceará, sua terra natal. Fixou residência em Fortaleza e passou a usar luto fechado pelo resto da vida, conquanto não tenha se tornado uma pessoa melancólica, amarga ou depressiva. Ao contrário, tinha ânimo forte e positivo. Pertencia a importantes estirpes de Viçosa e Sobral. Recomendei-lhes a leitura ao historiador Vicente Miranda, que escreveu a mais importante obra sobre a genealogia e história da Ibiapaba e adjacências, inclusive Piauí, no intuito de lhe possibilitar eventuais enriquecimentos e acréscimos quando de uma anunciada segunda edição.  

Feito esse parêntese, que achei pertinente, retomo o tema central. Chegamos a Manaus por volta de meia noite, ou 23 horas no horário local. Após os abraços e cumprimentos de praxe, João Miguel nos levou ao seu apartamento, situado perto da avenida das torres. Torres de transmissão elétrica, esclareço. No dia seguinte, pude constatar que da varanda, para qualquer lado que pudesse alcançar, eu via, por entre ruas e casas, boas porções de florestas. Ao amanhecer, ouvi o canto alegre de aves. À noite, ouvi, muitas vezes, o canto rascante de cigarras e a sinfonia álacre dos batráquios.

Também, margeando algumas avenidas, víamos, amiúde ou quase sempre, generosas nesgas florestais, que adornavam a paisagem urbana. No meio de árvores imponentes e copadas, vi pequenas plantas e arbustos, de um verde vivo, luxuriante e diversificado, em que muitas vezes parecia haver esmeraldas esmaltadas, tal o brilho das cores da folhagem. O formato e o tamanho das folhas eram muito variados. Em caprichado paisagismo natural, digno talvez dos arranjos de um Burle Marx, víamos trepadeiras a se enroscar em suntuosas árvores.

Em dois shoppings, vi, através de paredes envidraçadas, verdadeiros parques florestais, que lhe ficavam contíguos, talvez como áreas de preservação ambiental. Dessa espécie de mirante ou posto de observação, vi plantas imensas, de enormes frondes. Algumas, suponho, eram mais altas do que um prédio de cinco ou seis andares. Fiz esse cálculo tomando por base o andar de onde eu as observava.

Mais uma vez verifiquei a diversidade de tamanho, formato, textura e flexibilidades dos arbustos e árvores. Fiquei a imaginar que algumas poderiam ter vários séculos, podendo remontar à descoberta do Brasil pelos portugueses, senão ainda anteriores. Havia ainda enormes e variadas palmeiras, que vi de perto e do alto, através das vidraças do centro comercial.


2

Ao conversar com João Miguel sobre o Teatro do Amazonas, que conheci em viagem anterior, disse-lhe que essa deslumbrante e faustosa casa de espetáculo fora concluída pelo governador Fileto Pires Ferreira, nascido no Piauí. Como ele tenha se admirado dessa informação, acrescentei que outro piauiense também governara o Amazonas: Gregório Thaumaturgo de Azevedo, que também foi o primeiro governador republicano de seu estado natal. Ambos são filhos de Barras, justamente cognominada Terra dos Governadores.

No texto Piauienses viraram ficção na Amazônia, de Dílson Lages Monteiro, colho o seguinte comentário: “Um é descrito como ‘magro, ágil, elétrico, homem de fino trato, olhar inteligente, meio romântico, ousado, impetuoso, um tanto ingênuo, elegante de espírito (...) bem-nascido, família abastada, dona do Norte do Piauí, a terra do gado’. O outro, como um combativo homem público de ampla atuação, a seu tempo, no Norte do País. Fileto Pires Ferreira e Thaumaturgo de Azevedo, piauienses que governaram o Amazonas, respectivamente, entre 1896-1898 e 1891-1892, são personagens do romance ‘Teatro do Amazonas’, de autoria do amazonense Rogel Samuel.”  

A família Pires Ferreira exerceu o protagonismo político no Piauí durante vastos anos, sobretudo sob a liderança dos barrenses Firmino Pires Ferreira (25-09-1848 – 21-07-1930) e Joaquim Pires Ferreira (15-07-1868 – 23-12-1958). O primeiro participou da Guerra do Paraguai, como voluntário, e se tornou herói em várias batalhas; era marechal do Exército nacional, e foi senador por mais de trinta anos; o segundo era advogado, foi deputado federal e senador da República por várias décadas e é epônimo de uma cidade piauiense.

Gregório Taumaturgo de Azevedo, filho de Manoel de Azevedo Moreira de Carvalho e Angélica Florinda Moreira de Carvalho, nasceu em Barras (PI), em 17-11-1853, e faleceu no Rio de Janeiro, em 29-08-1921. Fundou a cidade de Cruzeiro do Sul (Acre) e a Cruz Vermelha Brasileira, da qual foi presidente. Segundo o escritor e romancista Rogel Samuel, foi ele quem traçou o plano da cidade de Manaus. Encerrou sua carreira profissional como marechal do Exército Brasileiro.

Fileto Pires Ferreira, filho de Raimundo Carvalho Pires Ferreira e Lídia Santana, nasceu em Barras, em 16-03-1866, e faleceu no Rio de Janeiro (RJ), em 11-08-1917, tendo alcançado o posto de general. Esforçou-se em concluir as obras iniciadas por antecessores, inclusive o famoso Teatro do Amazonas. Embora considerado um grande governador, encontra-se imerso em injusto esquecimento. Ao se ausentar do estado, para tratamento de saúde na Europa, foi vítima de uma “armação” política de seus inimigos, que forjaram um falso pedido de renúncia, com a falsificação de sua assinatura, e lhe destituíram de seu cargo. Embora em vão, teve a hombridade de tentar reconquistar seu cargo de governador fraudulentamente usurpado.

Nas vezes em que percorri as ruas e avenidas manauaras, em automóvel conduzido por João Miguel, sem querer laborar em estereótipos e maniqueísmos, que sempre distorcem ou exageram a verdade, notei que os demais motoristas não eram excessivamente apressados, e cediam a preferência em cruzamentos e conversão de faixas, de sorte que não presenciei nenhum acidente de trânsito, como com frequência observo em Teresina, apesar de Manaus ter mais do dobro da população desta.

Quando pedi alguma informação, notei que a pessoa parava, fixava a atenção em mim, e com urbanidade e respeito dava a sua resposta. Mera coincidência ou não, só vi no noticiário local um crime de alta repercussão: o assassinato do advogado criminalista e ex-deputado estadual Armando Freitas. Ou os homicídios não ocorrem com tanta frequência ou não lhe atribuem a importância sensacionalista que lhe dão em outras paragens.

No domingo, 6 de maio, fomos conhecer o calçadão e praia de Ponta Negra. É um local de muita magia e beleza, com muita água espraiada e a presença aprazível de algumas nesgas de florestas, que me pareceram bem preservadas. A impressão geral que tive, embora possa estar enganado, é de que a cidade não entrou em processo de excessiva verticalização. O rio Negro parece formar nesse local uma espécie de baía ou de grande remanso. Em dia anterior, fomos conhecer a Praia do Japonês, que não se encontrava aberta. Mas o passeio não foi em vão, pois nos serviu para termos uma ideia do que seja a floresta amazônica, apesar de que não estávamos em mata fechada.

Fomos, em seguida, a um restaurante flutuante, onde nos encontramos com Higino Freitas, sobrinho da Fátima, e com o tenente Fernando Alves, paraibano, amigo e colega de meu filho. Nesse local, vimos a pujança e a beleza da floresta e do grande rio, perante o qual, sem ironia e sem menoscabo, o nosso Rio Grande do Tapuia, o nosso querido Parnaíba ou Velho Monge, como nos versos de Da Costa e Silva, torna-se quase um igarapé. Mas o Parnaíba, apesar das maldades que lhe fazem e da incúria dos governantes, é um rio forte e bravo; e resistente, insiste em não morrer.

O Gino e o João Miguel comemoravam seus aniversários, ocorridos, respectivamente, nos dias 4 e 5 de maio. O primeiro ficou muito emocionado com um vídeo que lhe foi enviado por seu irmão Nonato (Natim) Freitas, em que este proferiu belas palavras afetivas e fraternas. O Gino, entre outras iguarias, pediu o peixe jaraqui, por não ser conhecido no Piauí; para não sair da rima, repetiu o bordão: “Quem come jaraqui, não sai daqui”. E eu, fingindo um equívoco, continuei no mesmo refrão: “E quem come do jaracá, não sai de cá”. Com isso brindamos e encerramos essa tarde de encantamento, confraternização e beleza.

E, arrematando, para os estilistas esqueléticos, de pretensiosa contenção e rigor, que se autoproclamam avessos ao uso de adjetivos, direi: ao se falar de uma amazônica beleza, de amazônicos rios e florestas, não se pode deixar de usar muitos adjetivos. E aproveito para perguntar: se os adjetivos não devem ser usados, por que diabos teriam sido inventados?

quinta-feira, 3 de maio de 2018

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terça-feira, 1 de maio de 2018

DIA DO TRABALHADOR E DE SÃO JOSÉ OPERÁRIO.


Hoje é um dia especial, comemora-se em 1º. de Maio o “Dia do Trabalhador”, para celebrar as conquistas dos trabalhadores ao longo da história, nesta data ocorreu em 1886 uma grande manifestação na cidade americana de Chicago. Comemora-se também o “Dia de São José Operário”, criado em 1955 pelo Papa Pio VII, para comemorar o patrono da igreja católica

Terei que esperar mais um ano para curtir o “Dia do Trabalhador”, pois não acho nenhuma graça em comemorar um feriado num domingo, pois é este o dia consagrado ao descanso semanal do operário, para falar a verdade, a comemoração, em Manaus, começou ontem às dez da noite e foi até as três da madrugada de hoje; fui convidado pela minha amiga Socorro Papoula, uma militante do Partido dos Trabalhadores, para marcar presença no evento.

Assisti a um show eclético, realizado no Centro de Convenções de Manaus (Sambódromo), com uma mistura de música Sertaneja (Edu Guedes), Samba (Zeca Pagodinho), Boi-Bumbá (Canto da Mata) e Forró (Forró Festança), tive direito a Camarote, Área VIP, bebidas e petiscos da melhor qualidade, uma grande mordomia para um simples labutador

Por falar em trabalhador, fui convidado a fazer parte das fileiras do PT, estou pensando no caso, pois não quero morrer pagão; já andei namorando o Partido Verde, o problema e que eles estão numa tremenda briga pelo poder no Amazonas, de um lado estão os aproveitadores e, do outro, estão os seguidores da Marina Silva, a ala moralizadora e que pensa realmente no verde; na mesma situação está o PT, com uma banda que adora o poder e, a outra, que não quer nem saber das benesses do executivo.


Outra comemoração é o “Dia de São José Operário, o trabalhador”, ele era um marceneiro, um oficial que trabalhava a madeira com mais arte do que o carpinteiro, foi o marido de Maria, a mãe de Jesus, o criou como fosse seu próprio filho.

A minha avó era uma católica fervorosa, elegeu o São José para ser o santo da nossa família, o meu pai e o meu tio tinham o prenome de José, foi também um artesão (luthier) que trabalhava com madeiras; sob a influência da minha avó, todos os filhos homens do papai foram registrados José, inclusive, a única mulher seria chamada Maria José, foi salva pelo gongo, a minha mãe não permitiu.

No dia do trabalhador e do santo operário, cai bem transcrever a “Oração do Trabalhador”:

"Jesus, divino trabalhador e amigo dos trabalhadores volvei Vosso olhar benigno para o mundo do trabalho. Nós Vos apresentamos as necessidades dos que trabalham intelectual, moral ou materialmente. Bem sabeis como são duros os nossos dias cheios de canseira, sofrimento e insídia. Vede as nossas penas físicas, morais e repeti aquele brado de Vosso coração: "Tenho dó deste povo".Dai-nos a sabedoria, a virtude e o amor que Vos alentou nas Vossas laboriosas jornadas, inspirai-nos pensamentos de fé, de paz e moderação, de economia, a fim de procurarmos, com o pão de cada dia, os bens espirituais, para transformarmos a face da terra, completando assim a obra da criação que Vós iniciastes. E que Vossa luz nos ilumine a nós na busca de melhores leis sociais e ilumine os legisladores a estabelecer uma sociedade de justiça e amor.Amém" (Autor Desconhecido).

Parabéns a todos os trabalhadores brasileiros e, viva São José, viva! É isso.

BLOGDOROCHA: VASCO VASQUES

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