sexta-feira, 28 de fevereiro de 2014

ESTRADA DO BARROSO


No início da Rua Barroso, entrando pela Largo de São Sebastião, um olhar mais atento verá duas placas indicativas de ruas, afixadas nos muros das duas primeiras casas, com os seguintes dizeres “RUA BARROSO – ANTIGO CAMINHO DO BARROSO”.

Mas, afinal, quem foi Barroso, a pessoa que deu o nome a essa importante e histórica Rua de Manaus?

José Antônio Barroso, paraense da cidade de Óbidos, veio para o Amazonas quando ainda era Província, adquiriu naquele trecho vários lotes de terra e, construiu a sua residência.

Naquele tempo, a cidade não era arruada, com o Igarapé do Espírito Santo tomando quase toda a extensão da atual Avenida Eduardo Ribeiro e ainda não existia o Teatro Amazonas e, como ponto de referencia, o povo chamava aquele lugar de “Estrada do Barroso”, em homenagem ao antigo morador.

A sua casa era de taipa, recebendo o numero 3, depois, 30 – com espaçosa sala de pau-a-pique e pisos de largos tijolos vermelhos – abrigou em seu teto vários personalidades do Império e da República.

Além do poeta Gonçalves Dias, foram hóspedes o Tenreiro Aranha, o Barão de Tefé, o Marechal Floriano Peixoto e o Marechal Thaumaturgo de Azevedo.


Quando a cidade começou a ser urbanizada, a família Barroso ainda morava ali e, de estrada passou para Rua Barroso, em homenagem a memória de quem primeiro ali se localizou.

A atual Rua Barroso, apesar da destruição de muitas edificações antigas, ainda restaram diversas casas belíssimas, um castelinho e a Biblioteca Pública do Amazonas. É isso ai.

Foto: Rocha
Fonte: Jornal A Crítica, edição de 1974.
Observação: O jornal (fonte primária) cita "Estrada do Barroso" e não "Caminho do Barroso"como está na placa indicativa.

quinta-feira, 27 de fevereiro de 2014

SAMBÓDROMO DO RIO, 30 ANOS DE EMOÇÃO!

O professor Darcy Ribeiro, o mentor desse espaço cultural, foi quem inventou esse nome, uma junção de samba (dança brasileira de origem africana) com o grego dromo (corrida ou pista de corrida) - foi um belíssimo projeto do Oscar Niemeyer e, construído no governo do Leonel Brizola.

Ele foi construído no centro do Rio de Janeiro, na Avenida Marquês de Sapucaí, a parte final fica no bairro Cidade Nova -  com setecentos metros de comprimento – a sua inauguração foi em 1984, portanto, está completando 30 anos de idade.

No início foi chamado de “Avenida do Samba”, depois, “Passarela do Samba”, oficialmente chama-se “Passarela Professor Darcy Ribeiro”, mas o povo somente o conhece por “Sambódromo da Marques de Sapucaí”.

O grande problema na sua construção foi o prédio de uma antiga fábrica da Cervejaria Brahma – o que foi resolvido, recentemente, com o “destombamento” e a demolição do mesmo, permitindo fazer o traçado simétrico da primeira arquibancada, tudo por conta da AMBEV que aproveitou e fez outro prédio moderno no lugar.

Na concepção do Darcy Ribeiro, o local deveria ser de multiuso, ou seja, com escolas de tempo integral, palco para shows musicais, cultos evangélicos, exibição de motociclismo, etc. – serve para esses fins até hoje.

Conheci o Sambódromo poucos anos depois de construído, pena que foi após o carnaval – em minha opinião, a parte mais bonita é a “Praça da Apoteose”, o local culminante, o apogeu do desfile das Escolas de Samba.

O Sambódromo do Rio serviu de inspiração para o Brasil afora (em sete capitais), com a construção do Sambódromo em Manaus (Centro de Convenções) e o Bumbódromo em Parintins.

Parabéns aos 30 anos do Sambódromo da Marquês de Sapucaí! É isso ai.


Fonte: Wikipédia 
Foto   : Blogdaarquiteta

domingo, 23 de fevereiro de 2014

ONDE FICA ESTE FRONTISPÍCIO? .



ONDE FICA ESTE FRONTISPÍCIO?



PRÊMIO: Uma cabeça de Acari-Bodo assado na brasa, com bastante Arubé ardido.


Definições:

Frontispício: Fachada principal;
Acari-Bodo: Liposarcus pardalis, simplesmente Bodó para os manos do Amazonas – é o “patinho feio” na preferencia dos consumidores e pescadores;

Arubé: é uma palavra tupi guarani que define: massa de mandioca com sal, pimenta e alho, desfeita em molho de peixe, servindo de tempero à mesa;

Ardido: Com bastante pimenta.

Foto: Rocha - Instituto Benjamin Constant

Observação: O texto tem apenas a intenção de aguçar a memória dos leitores. Na realidade, queria apenas mostrar o quanto é bonito os prédios antigos de Manaus. 


PROJETO CARTÃO POSTAL


O governo do Estado do Amazonas, através da Secretária de Cultura, lançou em Dezembro de 2011, o Projeto Cartão Postal, com as seguintes ações:

1.   Recuperação da Praça Antônio Bittencourt – finalizado;

2.   Urbanização do entorno da Praça do Congresso (pavimentação, calçamento, rede elétrica subterrânea, instalações diversas e equipamentos urbanos) – finalizado;

3.   Revitalização das fachadas do entorno da Praça – não iniciado;

4.   Idem da Avenida Eduardo Ribeiro (trecho entre as ruas Monsenhor e 24 de Maio) – Ideal Clube (revitalizado totalmente); prédios da antiga JUCEA e do Bar Castelinho – iniciado;

5.   Implantação da via permanente e rede aérea do bonde, no trecho entre as ruas 10 de Julho e 24 de Maio – não inciado;

6.   Fabricação e fornecimento de bonde elétrico de época, que deverá funcionar quando concluída a urbanização até a rua 24 de Maio – não iniciado;

7.   Revitalização e urbanização do perímetro da rua 24 de Maio à Sete de Setembro e, na sequência, da avenida Sete de Setembro até o Porto de Manaus, com a ampliação da linha do bonde - "Os turistas vão descer dos navios e embarcar no bonde até o Teatro Amazonas", explicou o governador  – não iniciado.

Pois é, passaram dois anos e, pouca coisa foi feita! Segundo o Secretário de Cultura, o Robério Braga, somente poderia iniciar os trabalhos com todo vapor quando a Prefeitura de Manaus retirassem os camelôs – o processo iniciou essa semana, com a equipe fazendo um trabalho incansável e elogiado por todos.


E o Cartão Postal, vai ou não vai sair do papel? Com a palavra o Dr. Robério Braga. A foto antiga pode-se dizer que realmente é um Cartão Postal!É isso ai.

Foto: acervo do historiador Abrahim Baze

quinta-feira, 20 de fevereiro de 2014

BLOGDOROCHA: DEOCLECIANO (DECO) BENTES DE SOUZA

BLOGDOROCHA: DEOCLECIANO (DECO) BENTES DE SOUZA: Um amazonense dos bons, jornalista, professor universitário aposentado, presidente eterno da Banda Independente da Confraria do Armando...

CANTINHO DA EDIÇÃO DO NOSSO BLOG


Este é meu pequeno espaço, onde edito a maioria das postagens do BLOGDOROCHA e, capricho na finalização de um livro que pretendo lançar brevemente.

Foto: Rocha

domingo, 16 de fevereiro de 2014

CAMINHADA DE TREZE QUILÔMETROS PARA ENCONTRAR UMA TELHA DE PALENÇA (LISBOA) NO P10.


Cedo da manhã de domingo, resolvi voltar as minhas longas caminhadas, consultei o “Maps da Google” do meu Smartphone, com origem na Cidade Nova II e destino no Conjunto dos Jornalistas, na Avenida Constantino Nery, via Avenida Governador José Lindoso (Estrada das Torres) – resultado: 2h38min a pé, com 13 km de extensão – iniciei a caminhada, com uma parada no Parque Dez de Novembro (em frente ao DETRAN-AM), onde encontrei a única telha que restava da destruição daquele balneário.

O meu destino final da caminhada era o Conjunto dos Jornalistas, mas, ao chegar próximo ao complexo viário, resolvi caminhar pelo abandonado balneário do P10, confesso que senti medo em decorrência do mato alto e por ter não visto nenhuma “viva alma” por aquele lugar.

Entrei no pavilhão destruído e comecei a pegar nas telhas quebradas, encontrei uma inteira da marca Grillo (Manaus), estava enterrada - a da marca Palença (Lisboa), encontrei escondida dentro dos galhos de uma palmeira - ela pesa em torno de três quilos e mede 25x45cm – não possui data de fabricação, mas, presume-se que ficou naquele local por mais de setenta anos e está bastante conservada!

Muitos dos nossos jovens leitores não sabem que ali funcionou um belíssimo balneário que, com o progresso e a poluição do Igarapé do Mindú foi abandonado, esquecido e depredado.




A obra iniciou em 10/11/1938, na administração do interventor Álvaro Maia, sendo concluído em 19 de abril de 1943 - uma das suas características citadas pelo então prefeito Antônio Maia, em 1940, era a seguinte: “Ocupando uma área de cinquenta hectares, constituídos de terrenos sílicos-arenosos e coberto por um grande pitoresco bosque natural, possui ainda o privilégio de ser recortado por um igarapé de águas cristalinas, aproveitado em longo trecho para uma grande piscina”.




Na administração do prefeito Serafim Correa, o local foi todo revitalizado, com a recuperação total de toda a estrutura física do antigo pavilhão em estilo colonial, no entanto, na administração do Amazonino Mendes, tendo a frente a sua filha na ManausCult, a Lívia Mendes, o local fora esquecido e os vândalos destruíram tudo, deixando apenas as paredes e as colunas em pé. Ela não foi penalizada pelo crime cometido e, o Negão ainda vai se candidatar a mais um cargo eletivo!

A professora Arminda Mendonça, escreveu um artigo sobre “As Casas de Banho” da Manaus antiga, ela comenta que, no início do século passado, essas casas possuíam parte da cobertura com telhas tipo Marselha da cerâmica de Palença - isso demonstra o quanto os nossos antepassados era chiques, mandando buscar até telhas da Europa! 

Segundo historiadores portugueses, em Palença de Baixo foi instalada no século XIX uma grande fábrica de cerâmica de barro vermelho, em decorrência da excelente matéria prima (barrio) ali existente e pelo Porto de S. Lourenço, permitindo um fácil embarque e transporte para o maior consumidor, Lisboa e Almada.

No site de venda OLX uma telha dessas é vendida, em Portugal, ao preço de quatro euros cada. Em Manaus, como ainda existem muitas casas do inicio do século passado, cobertas com essas telhas, o preço de venda deve ser também bem baixo, no entanto, esse exemplar do Balneário do P10, por ser uma das últimas e, por ter frequentado na minha infância aquele lugar, possui um grande valor sentimental. É isso ai.


sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

SHOWS DO VINÍCIUS DE MORAES EM MANAUS.


Era uma manhã de quarta-feira, 11 de Setembro de 1974, véspera do meu aniversário de 18 anos - eu era um fã de carteirinha do cantor, poeta e compositor Vinicius de Moraes e, por pura coincidência, aterrissa no Aeroporto Internacional de Ponta Pelada, um avião Boeing 737 da Cruzeiro do Sul, desce as escadas e, encontra-se com o radialista Joaquim Marinho, divulgador, no Amazonas, da gravadora Phillips – era o “Poetinha” trazendo a tiracolo o seu parceiro musical, o Toquinho.

No saguão do aeroporto, fez a seguinte declaração aos jornalistas “A programação vai ser bem pequena, mas, será uma oportunidade ao povo manauara de me conhecer bem nessa minha primeira viagem a Manaus” - aliás, foi a primeira e única, pois ele veio a falecer seis anos depois.

No dia anterior, tinha chegado a Manaus o grupo vocal “Quarteto em CY”, na época, era formado pelas cantoras Cyva, Cynara, Dorinha e Sonya, elas tinham o apoio do Vinicius de Moraes desde a sua formação em 1964 e, sempre viajavam com o cantor para as suas apresentações.

Ficaram hospedados no Flamboyant Hotel, na Avenida Eduardo Ribeiro (em frente ao Ideal Clube) – no dia seguinte, 12 de setembro, houve um coquetel às 18 horas, promovido pela gravadora Philips, onde os jornalistas foram convidados para uma entrevista coletiva com os artistas.

Na sexta-feira a tarde de 13 de Setembro, o Vinicius de Moraes resolveu bater o ponto no bar mais tradicional de Manaus, o Bar Caldeira, onde tomou todas em companhia do vereador Fábio Lucena, o professor Valdir Garcia, o radialista José Maria Pinto, Tapinha e outros boêmios – ele gostou tanto do boteco que deixou para a posterioridade um bilhete “Declaro, proclamo e assino que nesta sexta-feira, 13 de mês de Setembro de 1974 estive no “Caldeira”, na boa e carinhosa companhia dos maiores boêmios de Manaus. E adorei. Vinicius de Moraes, 13.9.74”.

Na parte da noite, fez o primeiro show em Manaus, o evento foi na sede social do Atlético Rio Negro Clube, com início às 24 horas - o próprio artista declarou numa entrevista que, este show não foi muito empolgante


No sábado pela parte da tarde, dia 14 de Setembro de 1974, participou juntamente com as baianinhas do Quarteto em Cy, do programa “Nosso Encontro” (até hoje no ar), da Baby Rizzato – as gravações foram ao ar somente às 21 horas de segunda-feira, na TV Baré (extinta) – segundo a apresentadora, o tema principal não foi a música, mas, o amor – pois o homem era um considerado “um pegador” inveterado, além de ter casado nove vezes.

Pela parte da noite, fez o segundo e último show em Manaus, destinado exclusivamente para os universitários amazonenses - foi no Ginásio do Olímpico Clube, com duas horas de apresentação – além de várias músicas de sua autoria apresentou também de outros compositores, tais como “Poema”, de Pablo Neruda. Encerrou a noitada com a música “Samba da Benção”.

Esta postagem é em homenagem ao meu irmão Rochinha, aos amigos Rony (empresário), Jesus (engenheiro da Eletrobras), Kaiser (da Manaus Energia), Dólar Furado (amigo da família Sarney), Paulinho Charles Bronson (empresário) e ao Carbajal (administrador do Bar Caldeira) – em decorrência de termos passado, ontem, um Happy Hour” no Bar Caldeira, admirando uma enorme fotografia do Vinicius Moraes em Manaus. É isso ai.  


Fonte: Jornal "A Crítica" (jornais antigos da Biblioteca Pública do Amazonas
Fotos: Idem e acervo Bar Caldeira.

quinta-feira, 13 de fevereiro de 2014

DOIS MOMENTOS



1. Prédio construído pelo mega empresário português J. G. Araújo, feito de tijolos importados da Inglaterra, foi depósito de borracha, materiais diversos e loja de produtos lubrificantes. Ficou abandonado por muito tempo, depois, serviu de estacionamento de automóveis;

2. Galerias Populares, para abrigar os camelôs de centro de Manaus.

Fotos: Álbum Renato Araújo e IMBLURB.

terça-feira, 11 de fevereiro de 2014

BLOGDOROCHA: DONA LILI

BLOGDOROCHA: DONA LILI: Com o advento da poderosíssima máquina fotográfica digital, acompanhado de programas de computador, tornou-se possível digitalizar as f...

sábado, 8 de fevereiro de 2014

PROGRAMAÇÃO DOS CLUBES DE MANAUS DA DÉCADA DE SESSENTA


Ao ler um jornal de Agosto de 1964, na Biblioteca Pública do Amazonas, fiquei surpreso ao ver onze comerciais de eventos sociais dos clubes daquela época: Atlético Barés Clube, Cheik Clube, Princesa Isabel Esporte Clube, Muruama Clube de Campo, The Mint Club, Sam Clube, River Club, Luso Sporting Club, União Esportiva Portuguesa, Grêmio Guanabara e Atlético Rio Negro Clube.

A grande maioria fazia um evento aos domingos, denominado “Manhã de Sol”, com início a partir das 08 da manhã, terminando próximo ao meio-dia.

Segundo o meu amigo, o empresário Manoel Cruz, as pessoas se vestiam elegantemente, com os homens com camisa comprida de fio elani, calça branca de linho e sapatos de couro bicolor, com as damas também utilizando vestidos elegantes, saias plissadas e sapatos altos.

O Manoel Cruz informou que, além dos acima citados, ainda existiam muitos outros clubes naquela época – ele gostava de frequentar o Oberon Esporte Clube, no bairro da Glória, São Raimundo Esporte Clube e o América Futebol clube, no bairro do São Raimundo – era um encontro dos jovens manauaras, onde degustavam de um aperitivo chamado “Leite de Tigre”.

A sociedade tinha o hábito de passar as suas horas de lazer se divertindo nesses espaços, pois praticamente não existia violência urbana, brigas e confusões, constituindo num espaço familiar para dançar, ouvir uma boa música, tomar uns aperitivos e paquerar, tudo dentro do respeito, amizade e consideração por todos e pelo ambiente.

Abaixo, transcrevo os avisos publicados no jornal:


1.   ABC – ATLETICO BARÉS CLUBE

A Diretoria do Atlético Barés Clube - tem a grata satisfação de convidar seus associados e digníssimas famílias, para com suas presenças abrilhantarem esta grandiosa noitada dançante.
Inicio – 21 horas
Traje -Esporte
Ingressos – Recibo n. 8
Nota – Não haverá reservas de mesa



2.   CHEIK CLUBE
SHOW ALTEMAR DUTRA – 22 DE AGOSTO - SABADO

A Diretoria do Cheik Club - tem a grata satisfação de convidar seus associados e digníssimas famílias, para a festa de Aniversário da Juventude Cheikista. Apresentaremos o famoso cantor do momento “ALTEMAR DUTRA”, a revelação da Rádio TV Brasil, o sucesso das noites cariocas.
Inicio – 22 horas
Traje – Passeio Completo
Ingressos – Recibo n. 8
Orquestra – Conjunto Baré
Reserva de Mesas – Todas as noites na Secretária do Clube, com os Diretores Sebastião Hadad e João Ricardo



3.   PRINCESA ISABEL ESPORTE CLUBE
O LIDER DAS REALIZAÇÕES SOCIAIS
Direção Social: Jorge Santos e Clodoaldo Guerra
A Direção da PIEC dando prosseguimento as suas sensacionais realizações sociais, orgulha-se em com vidar seus associados e simpatizantes para com suas presenças abrilhantarem as Boites e Manhas de Sol, programadas para os dias 15 e 16 do corrente, assim organizadas:
Dia 15 – Boite Show “A Noite é CBS”, com concursos e distribuição de discos da etiqueta CBS, bem como seus últimos lançamentos musicais pelo seu divulgador em Manaus Edson Paiva;
Dia 16 – A partir das 9:30 a melhor Manhã de Sol da cidade, com brincadeiras de salão e sensacionais Show Surpresa, com a participação dos maiores cartazes do Rádio Amazonense. As 20 horas Boite Show: A Dança do Momento, com a participação da rainha do  Festival Folclórico do Amazonas, na mais perfeita imitação da Rita Pavone e Roberto Carlos. Todos os shows serão apresentados pelos Diretores Sociais Jorge Santos e Clodoaldo Guerra.
Nota – As reservas de mesas poderão ser feitas na sede do clube, todos os dias na Rádio Rio Mar.



4.   MURUAMA CLUBE DE CAMPO
NOTA
O Muruama Clube de Campo (MCC) comunica que pelo sorteio realizado no dia 01.08.1964 através da Loteria Federal do Brasil, de uma Geladeira Brastemp, modelo Imperador Luxo – foi contemplado o Sr. Lauro Granjeiro, residente a Rua Monsenhor Coutinho no. 113, portador do bilhete no. 406.
Aproveitamos, ainda para agradecer, indistintamente, a todos que colaboraram para o bom êxito desta Campanha.



5.   THE MINT CLUB
Convidamos a V.S. e digníssima família a abrilhantarem o Baile Show, a se realizar no dia 15 de agosto de 1964, na sede da AABB, com a apresentação da dança oriental e coquetel de Bacardi Pinto & Cia.
Traje – Esporte decente



6.   SAM CLUB
A direção do SAN CLUB tem a honra de convidaros seus associados e digníssimas famílias para abrilhantarem a sua majestosa “Manhã Dançante” domingo 16.08.1964 no magnifico salão do SESC-SENAC, onde será apresentado um show surpresa.
Início – 8:00 horas



7.   AGUARDEM NOVO SUCESSO
RIVER CLUBE
NOITE DO HAWAI

8.   LUSO SPORTING CLUB
A Diretoria do Luso Sporting Club convida os senhores Sócios e digníssimas famílias e Simpatizantes, para prestigiarem com suas presenças esta realização da Juventude Lusitana, com início as 20:30 horas,
Ser apresentado um bonito Show denominado “Esperando o Telefone”, sob o comando de Alcinida.
Traje – Esporte Elegante
Sem reserva
DOMINGO – 16 DE AGOSTO – MANHÃ DE SOL
Com animada brincadeira de salão
Início – 9:30 horas



9.   UNIÃO ESPORTIVA PORTUGUESA
PROGRAMA DE ANIVERSÁRIO
Dia 13 – 20 horas – Jogo de Futebol de Salão UNIÃO X BC1MNG – Taça Waldemar Vieira
Dia 14 – Boite em homenagem ao RIAMA CLUBE – Traje Esporte
Dia 15 – 8 horas – Noite Brasileira- Shows e Bongos – Traje Esporte
Dia 16 – 20:30 horas – Boite em homenagem ao Luso S. Club  - Traje Esporte
Dia 17 – 20 horas – Torneio de Tênis de Mesa – Patrono Livraria Escolar Ltda.
Dia 18 – 0 hora – Salva de foguetes
             6 horas – Salva de foguetes
           12 horas – Salva de foguetes
           18 horas – Salva de foguetes
20:30hrs – Sessão Solene – Posse da nova Diretoria e Saudação aos presentes pelo Orador Oficial André Jobim,
Coquetel de Aniversário as Autoridades, Imprensa Falada e Escrita e Convidados – Traje – Passeio Completo.
Dia 19 – 20 hr. – Torneio de Dominó – Patrono Sr. Miguel Martinho
Dia 20 – 20:30hr – Reunião Social
Dia 21 – 20 horas – Futebol de Salão – União X Luso – Patrono: Francisco Marques Filho
Dia 22 – NOITE DE ANIVERSÁRIO – Desfile de Modas – Patrono Orquídea Modas Ltda.
Dia 23 –Convescote Unionista – Jogo de Futebol União X Muruama – Patrono: Guaraná Ajuricaba;

10.               GRÊMIO GUANABARA
Hoje a noite na Sede Campestre do Grêmio Guanabara, o senhor Diretor do mês, o Sr. Clemente Simões, organizou uma programação de convivência social da família guanabarina, além do Campeonato de Dominó.

11.               ATLETICO RIO NEGRO CLUBE
O Diretor do mês do Atlético Rio Negro Clube, o Sr. Armando Flores, anuncia para a noite de amanhã, domingo, mais uma boate com atrações no Parque Aquático da Praça da Saudade – está convidada para mais essa iniciativa rionegrina, a sociedade de Manaus.


O tempo passa, as pessoas mudam e, muitas coisas boas da nossa cidade ficam somente na nossa lembrança. É isso ai.

sexta-feira, 7 de fevereiro de 2014

ENTREVISTA COM DELFIM DE SÁ – 30/03/2012


 LUCYANNE DE MELO AFONSO
 AS INTER-RELAÇÕES SOCIOCULTURAIS NA VIDA MUSICAL EM MANAUS NA DÉCADA DE 1960
Dissertação apresentada ao Programa de Pós Graduação em Sociedade e Cultura na Amazônia da Universidade Federal do Amazonas como exigência parcial para a obtenção de título de Mestre. Área de Concentração: Processos Socioculturais na Amazônia. Linha de pesquisa: Sistemas Simbólicos e Manifestações Socioculturais.
 Orientadora: Profa. Dra. Rosemara Staub de Barros
Manaus, 29 de outubro de 2012
Foi o principal dublador na década de 1960, ganhando os festivais de dublagem. Atualmente trabalha em empresa de advocacia e ainda se faz presença nas festas de carnaval.
 Lucyanne – Como era fazer dublagem em Manaus?
Delfim – Era tão séria a coisa que quando terminei de dublar ao piano, o coronel veio em minha direção e disse: quero que você ensine minha filha a tocar piano, mas ninguém sabia tocar piano, pra você ver a seriedade da coisa. Nós fomos os pioneiros em dublagem, porque naquele tempo Manaus não tinha grandes recursos pra mandar buscar cantores de fora pra vim pra Manaus se apresentar e até mesmo por que era longe e ainda é longe e eles não tinham interesse de vim aqui. Tinha o Teatro Amazonas, os clubes, o Luso Sporting Club porque nós começamos a iniciar a dublagem no Luso. Era uma Manhã de Sol que existia na época. Nós fundamos essa Manhã de Sol. Ai o Luso nos abriu as portas e nós fundamos também a juventude lusitana, que era essa equipe: era uma juventude tão boa que nós fizemos as Manhãs de Sol de nove horas até uma hora da tarde, meio dia, o Luso não tinha balneário, era na sede do Luso. Ai o Luso investiu, comprou na época a Eletrola, a Rádio Eletrola, a Hi-Fi, mas a gente não sabia falar inglês, a gente chamava “rififi”, mas o português a gente sabia. Ai essa Manhã de Sol se tornou a coqueluche de Manaus: todo domingo depois da Missa de São Sebastião. Eu ia pra missa, depois da missa eu entrava no Luso, arrumava as mesas, lotava a sede do Luso Sporting Clube. Como a sede lotava, nós não tínhamos uma programação, não tínhamos artistas em Manaus, não tínhamos artistas pra se apresentar. Só tinha aqueles que se apresentavam na Rádio Baré, mas já era aquela turma de uma idade que só tocavam serenatas, samba-canções e não era isso que a gente queria pra juventude. E fomos privilegiados de ter nascimento na época de grandes cantores do Rádio 194 O seu Fernando tinha uma visão desse negócio, aí chamou a gente pra trabalhar na loja na Novidades Discos, onde vendia instrumentos e onde vendia discos.
Lucyanne - Antes do Sr. Fernando chamar vocês para trabalhar, já faziam as dublagens? Onde ensaiavam, na casa de alguém?
Delfim - Já já, lá no Luso. A gente ensaiava lá mesmo no Luso, ia prá lá, e ensaiava lá. E o seu Fernando viu e investiu na gente, a música que a gente queria ele tinha, que era o dono das Novidades Discos, ele chegava e dizia: pessoal vamos fazer dublagem que tem uma música assim, assim, assim, porque a gente não tinha como comprar. Quando houve essa parceria com ele, ele encarregava de mandar porque era interesse dele e quando a gente apresentava no Luso, a gente apresentava na Manhã de Sol a nossa dublagem (faz a imitação de uma música) no dia seguinte fazia sucesso em Manaus, porque a maioria estava lá dentro, eles escutavam (cantou a música de Beatles)
Lucyanne - Eram as músicas que vocês também ouviam nas Rádios?
Delfim - era o que a gente ouvia no Rádio, não tinha com comprar, ia lá com seu Fernando e emprestava o vinil pra treinar. Ai o seu Fernando viu e disse: vou ajudar os meninos. Mandou fazer umas guitarras, tinha um profissional em Manaus, o Rochinha, ele fazia os instrumentos, instrumentos melhor do que esses trazidos de fora. Ele fazia as guitarras, tinha cordas e tudo, só que as guitarras não tocavam né, não tinha som, não tinha nada, se você olhasse era uma guitarra, a gente chegava assim e fazia de conta que estava afinando, colocava o ouvido próximo ai o povo pensava: o cara vai tocar mesmo, o cara é bom!! Aí foi quando o Joaquim Marinho, representante da Phillips, da gravadora Phillips, e disse: vamos fazer um Festival, ai foram três festivais, quer dizer dois festivais, nós levamos o primeiro, levamos o segundo. No segundo festival eu perdi individual, ganhou um rapaz que veio do Rio de Janeiro pra cá que veio num circo, foi o Vitor Portela, bom pra caramba também, foi um jogo, como eu já tinha ganhado no conjunto Cly Baby Show, não sei nem o que quer dizer isso em português, e também já tinha ganhado em parceria com a Alcinéia, ai ele ganhou, mas ele trabalhou bem .. 195 O Joaquim marinho que vendia os discos, ele era representante da Phillips, ele tinha duas gravadoras, não lembro o nome da outra. Tinha também quem fazia pela CBS, esqueço o nome dele, ta coroa, ele era o representante da CBS e olha só como o negócio foi longe, porque disso aí nós ficamos numa profissionalidade tão grande que as próprias gravadoras já mandavam: dá para os meninos fazer dublagens, pra escutar o Rádio, que antigamente a gente não tinha rádio de carro né, bota essas músicas pros meninos treinarem que a gente quer vender essas músicas, os artistas se interessavam. Deu pra te perceber como funciona?
Lucyanne - Então A dublagem estava atrelada ao mercado?
Delfim - Isso, estava atrelada ao mercado, à venda daqueles discos, é verdade
Lucyanne - Está me falando uma preciosidade!!
Delfim - Nós lançamos aqui uma música internacional que ela foi coqueluche em Manaus quando nós apresentamos, era do grupo Combor Seven, o Fernando tinha mandado, nessas alturas quando o Fernando viu o sucesso que a gente tinha feito, ele mandou buscar o grupo Combor Seven pra tocar em Manaus, tinha ganhado tanto dinheiro, que não sabia o que fazer, comprei logo uma bicicleta (risos e canta a música Pati-patata..), pegava a guitara, levantava, olha a música Estourou, bicho!!! Ai mandava buscar na gravadora: pó, cara essa música ta estourando em Manaus!! Era um trabalho que a gente fazia. Depois que a Alciléia foi para Fortaleza, eu passei a trabalhar com a Edinelza Sahado, começamos a trabalhar juntos em teatro, ela era uma menina bonita pra caramba, os garotos da alta sociedade eram loucos por ela, uma figura muito bacana mesmo e a gente fazia o Upa Neguinho na estrada, chega pra lá e pra cá, ai eu empurrava ela , ela me empurrava, mas isso no feedback, os caras olhavam assim e diziam que a gente tava cantando.
Lucyanne - Ela citou que foi um teatro musicado!!?
Delfim - Exatamente, caras e bocas, o figurino seu Fernando bancava, ai ele ficou encantado por isso, eu acho que ele se apaixonou pela Alcinéia, menina q cantava comigo, ela era bonita, meiga, sabe. E a filha dele era pequena, ele tinha um amor paterno por ela. Ela fazia dublagem só ela, era: Rosas vermelhas para uma dama triste. 196 Ela dava um show, fazia os gestos, e quando o Cly Baby Show cismou de acompanhar ela !!!Tudo na dublagem: ela ficava lá no microfone e a gente tocando. E o pessoal: pó esses caras são bons!!! você entendeu? Você ta entrando no clima!!!? (risos) O 1º Festival foi o seguinte: o Joaquim Marinho, o Dr. Joaquim Marinho, aquele cara é uma figura ele,aí ele viu isso e bla bla bla, ai começou também outros clubes a fazer Manhã de Sol e também fazer alguém por lá fazendo dublagem, deu pra te perceber, pra poder chegar no Festival, então tinha o Botafogo na Cachoeirinha que fazia, os Barés fazia, o Olímpico fazia, o Atlético, o Rio Negro fazia, o São Raimundo, o Sul América, a Saga na Aparecida, mas nós no Luso que começamos com a dublagem, então quando o Marinho percebeu, ele quis reunir esses grupos todinhos e vamos fazer um Festival de Dublagem. Iniciou com a juventude lusitana e nós tínhamos uma flâmula. (símbolo impresso da juventude lusitana na camisa)
Lucyanne - E quem ganhava com isso era seu Fernando?
Delfim - o seu Fernando com a Novidades, a loja. Nós tínhamos a flâmula, né, flâmula no bom sentido, que tinha JUVENTUDE LUSITANA, que o Luso mandou fazer pra gente, então q gente tinha crédito de entrada em qualquer clube de Manaus. A gente chegava no Rio Negro com aquela flâmula e entrava. Rapaz, quando a gente chegava no São Raimundo, tinha mesa, antigamente era galinha assada com farofa, botavam refrigerante, a gente começava a tomar cuba livre. Ai as meninas olhavam assim pra gente, ai a gente fazia charme e não olhava e dizia: “não olha não , elas estão olhando”.
Lucyanne - Quem eram?
Delfim - eu, Marcelo, Manelzinho, Claudeci, Zezinho,Julinho e o cachorrinho que eu não lembro o nome. Esse era o CLY BABY SHOW, ainda tinha o do sax que era o Carioca. Ai quando o carioca foi embora, foi pro Rio de Janeiro, ai eu fiquei tanto no metal quanto no sax e no piston. Eu fazia uma dublagem no piston de Billy, eu lembro até, ainda tenho esse disco guardado.( ele fez a imitação cantando) e o grupo atrás me acompanhando, tudo mentira eu não tocava nada ali (risos) ai eu colocava abafador nele, só tu vendo.. Então o festival foi assim, dessa motivação de vários clubes que virou
coqueluche fazer dublagem, e quem vinha a Manaus tinha que ir ao Luso, né, 197 ver o grupo Cly Baby Show. Eu digo pra você sem medo de errar: isso que os Trapalhões estão fazendo hoje, a gente já fazia, só que não tinha televisão pra filmar, não tinha nada pra registrar isso aí, essa filmagem que você tem foi de uma CAMERA SUPER 8 manual, quem dera se tivesse televisão, mas não tem. A gente fazia Skets, fazia um teatro como a Edinelza falou. Nós continuamos sempre na dublagem, as ai começamos a fazer variações de teatro, fazíamos tudo La ano Luso Sporting Club, veja bem, não tinha registro pra isso, se a gente tivesse televisão na época que pudesse filmar e jogar pro ar isso, a gente estourava, ai depois nós pegamos contrato com a televisão, ai já fomos contratados pela Sadie Hauache (1965) quer dizer era a Ajuricaba (1969) lá no são Raimundo que era o dr. Kaleb, ai passamos a trabalhar na televisão pra fazer essas apresentações, ai nós trabalhamos no programa da Baby Rizato, quando encontro a Baby Rizato no meio da rua eu digo: baby! E ela diz: nem diz quanto tempo, senao vao dizer que a gente ta velho!(risos)
Delfim - Deixa eu te contar uma história legal pra caramba!
Lucyanne - mas não esqueça de terminar sobre o festival, como foram os ensaios, a escolha do repertório, a tensão do dia da apresentação!!!
Delfim- Então, deixa eu matar logo esse festival. O repertório já foi lançado pelos empresários das gravadoras.
Lucyanne - Ah então não foi o grupo que escolheu?
Delfim - Não, não! A gravadora , como diz, vamos lançar esse daqui que vai estourar essa música!
Lucyanne - Entao, tinha 10 clubes participando do festival, as gravadoras que repassaram as músicas que cada um ia dublar???
Delfim - É isso aí . Eu trabalha na individual tem um que fiz o Roberto Carlos, alguma coisa assim, acho que foi no primeiro, na dupla trabalhei Jair Rodrigues e Elis Regina, que era sucesso na época e pra estourar mais ainda, já estourava o disco! Como o famoso era a gente e outros clubes tinham dubladores, mas não tinham tanta experiência que a gente tinha. Ai quando a gente ia lá, levávamos tudo (se refere aos prêmios, troféus do festival), por isso que nós éramos recebidos nos clubes assim com uma certa autoridade: ooohh chegou o artista aí!! Cuidado!!. As meninas tiravam a gente pra dançar, ai a ente falava: não dá não, agora não, so depois hehe!! (muitos risos) Po nós éramos feios pra caramba, mas era artista.. 198
Lucyanne - Vocês fizeram sorteio das músicas ?
Delfim - Não, não, a Novidades chegava e dizia: vamos treinar essa música, tem o som da Phillips: esse disco vai estourar, cara! Vamos trabalhar em cima dele, então bora! Chegava pra outro clube concorrente e dizia a mesma coisa; olha vocês vão tocar isso aqui e assim a gente fazia o nosso festival. E em matéria de roupa, indumentária, ninguém tinha recursos né, ai já entrava o seu Fernando, a gente via os figurinos nas revistas, no cinema, que era um terno bem alto e quem fazia a roupa era Irma dele, uma excelente costureira, ela que produzia a roupas. Os sapatos eram umas botas, mandavam buscar botas, eram umas botinhas pra gente. Me lembra isso (cantou a música “O Bom” de Eduardo Araújo) “Botinha sem meia, E só na areia eu sei trabalhar, Cabelo na testa, sou o dono da festa, Pertenço aos Dez Mais”. Agora o maior sucesso mesmo, não lembro se foi uma música do Sérgio Murilo que quando eu cantava as meninas que me namoravam né. (você vai dizer que sou muito gabola) as meninas ficavam La na frente do palco, lembro ate hoje de duas meninas, ai agente dublava algumas músicas de xaveco, só pra mexer com elas: dispensei você,agora me aparece, pedindo pra voltar pra namorar, veja se me esquece. Aí as meninas choravam (risos) elas desmaiavam mesmo Ai depois desse festival, é que foram surgir os grupos que tocavam mesmo de verdade, foi quando surgiu Blue Birds, The Rock’s, The Right’s, The Sinners, porque eles viram a gente, só que eles tocavam e a gente só imitava (risos)
Lucyanne - Então enquanto vocês ensaiavam no Luso, eles já estavam comprando as guitarras de verdade, comprando no comércio da Zona Franca.
Delfim - Isso, foi quando o seu Fernando passou a vender instrumentos
musicais, aí eu fui pra aula de violão, Manuel continuou baterista, o zzinho ficou no sax e eu não sei porque , fui esquecendo, cada um pegando seu rumo. Já vieram varias propostas pra gente se reunir de novo fazer uma festa, a gente no Ducilas, ou no Hotel Tropical uma festa dessas, não tinha quem não comprasse ingresso, pois iam ver coisa boa.
Delfim - Hoje a gente olha pra um grupo tocando, a gente vê os defeitos dele, vendo o comportamento deles no palco,, esse cara toca pra caramba, mas o comportamento dele (ele se refere a performance do artista) é feio, é horrível. Era um estilo da gente se apresentar, ninguém ensinou isso pra gente, e os músicos que começaram a formar grupos iam assistir a gente, quem estava lá 199 sempre pra assistir a gente era o Chaim que era do Blue Birds, o Adelson, ele era baixista ou guitarrista, era o Jander Rubens, ai nós tocamos um pouco no Blue Birds, depois nós saímos, então eles viam como a gente se apresentava, o estilo e a maneira como a gente se apresentava era chique. Seu Fernando gastava dinheiro pra caramba com a gente. Era chique aquela roupa. A gente tinha um domínio de microfone, eu mexia meu corpo, mas a boca não saia do microfone. Hoje o cara ta cantando e esquece o microfone, eu vejo isso na televisão. Pra ter uma ideia nosso sucesso era tão grande que íamos pra outros municípios: Itacoatiara, fazer contrato, ai veio um cara de Porto Velho, viu a gente no Luso, no outro foram La no Luso fecharam um contrato com a gente pra tocar La em Porto Velho, mas so que eles não sabiam que era dublagem (risos) pensava que era um grupo mesmo, manja essa parada, pagaram nossa passagem, fomos de avião..
Lucyanne - Aí levaram a Radio Eletrola.
Delfim - (muitas risadas) Eles foram descobrir lá, quando nós fomos fazer o primeiro ensaio no Cine Resc, maior cinema que tinha lá, ai nós fizemos domingo de manha , de tarde e de noite, era lotado aquilo, na ultima apresentação deu confusão com a gente. Ai nós chegamos lá e eles perguntaram cadê os instrumentos, e nós falamos: os instrumentos estão aqui, que só que não tinha som, quando nós fomos ensaiar nós levamos o disco né, ai seu Fuarte: Escuta, vocês não tocam não? Ai descobriram tudo, mas o teatro encheu aí o menino colocava na Eletrola e tocávamos pra caramba. Aí na época fui representar o Roberto Carlos, eu tinha roupa do Roberto Carlos, o cabelinho, aquela botinha, aquele negocio. Eu não tinha dente, só tinha dois na frente, aí fui apresentar dei aquele sorriso ai o cara: olha aio Roberto não tem dente, ai o bicho pegou. Ate hoje encontramos as portas abertas, qualquer lugar que a gente chegue somos bem recebidos, justamente pelo o que nós criamos e fizemos e tá escrito que nós deixamos alguma coisa feita, pra mostrar pro pessoal que nós fizemos em Manaus, e não teve o apoio de nada, foi algo natural, pois só depois passou a ter o festival de conjuntos que foi ate no Cheik Club (se refere aos festivais de musica popular que começaram a surgir após 1966) Então a dublagem foi muito importante pra Manaus, não tinha muita coisa pra fazer.. 200 Então foi isso.
Lucyanne - Não ainda não, reviva como 1º festival rapidinho: como era o publico, como foi a tensão..
Delfim - Hum, foi como se o grupo fosse tocar pela primeira vez, foi no Atlético Rio Negro Clube, todas as mesas do Rio Negro foram todas vendidas pra ter uma ideia, no salão dos Espelhos, tinha uma diretoria que eram os jurados, se não me engano a Baby era jurada também, que eram os jornalistas. Como a gente movimentou a coisa de uma brincadeira e passou a ser uma seriedade a coisa, eram jornalistas como Joaquim marinho, da CBS, da Rádio Baré, Difusora. a gente com muita calma, passamos a fazer um trabalho perfeito para ganhar o Festival.
Lucyanne - E como era a ordem de apresentação?
Delfim - Primeiro entrava o individual masculino e feminino, eu sozinho, depois entrava dupla, era eu e Alcinéia, ou eu e Edinelza, o terceiro é que entravam os grupos todo mundo junto, clube por clube.
Lucyanne - O Sr. lembra quais eram os itens de julgamento?Os critérios?
Delfim - O julgamento era imitar tal qual o artista, que as pessoas que tivessem olhando não percebessem que estava imitando: movimento, trabalho artístico, indumentária, posição, gesto, a maneira como se apresentava, a gente falava levanta o queixo, não podia ficar de cabeça baixa. Aí a premiação primeiro eram os individuais masculino e feminino, depois as duplas e por ultimo os grupos. E praticamente foi o Luso que ganhou todas pela experiência e nós fomos o criador da coisa, eles tinham experiência, mas não tinham o estilo que  gente tinha. Então é assim nossa história, E nós temos o prazer e o orgulho de mostrar e dizer que ficou alguma coisa nossa e ninguém pode dizer que não fizemos nada, nós fizemos e temos documentos sobre isso, eu tenho a fita que o Fernadinho me deu, seu trabalho. Então é isso, que quero deixar bem claro que existiu, que plantamos alguma coisa de uma brincadeira virou coisa séria que caiu na responsabilidade dos empresários em Manaus de pagar as coisas pra gente para gente fazer isso como no caso o Dr. Joaquim Marinho, da CBS..
Lucyanne - E vocês recebiam algum cachê no Luso? 201


 Delfim - Não, não. Aquilo era puro amor. O que a gente recebia como pagamento: era um obrigado, uma boa amizade que ate hoje ainda recebo e eu chego encontro portas abertas, isso foi melhor do que receber dinheiro pra mim. Eu fico pensando: se essa juventude tivesse ideia de fazer porque nós fizemos na época, essa juventude não estava jogada fora não, de manha cedo se acordam vão fazer besteira, ai inventam essas ONGs pra menino ficar tocando tamborim, não ficar fazendo besteira, mas todos são financiados pelo governo recebem alguma coisa. A gente recebia um abraço, um caldo verde, um aperto de mão e o carinho das meninas!!!