quarta-feira, 29 de julho de 2015

NOSSOS AMIGOS DO BAR CALDEIRA


Frequento o Bar Caldeira já faz um bom tempo, em decorrência disso, conheci e conheço muita gente por lá, porém, os que mais chamam a atenção dos frequentadores é um grupo de pessoas muito engraçadas, com características pitorescas, tornando o ambiente muito descontraído e alegre.



BETH BALANÇO – Ela é polivalente: cantora, dançarina, contorcionista, capoeirista e massagista. Filha da consagrada cantora amazonense Celestina Maria, alias, toda a sua família é composta de músicos. O que mais chama atenção é a sua forma de dançar, onde coloca em sua cabeça uma garrafa cheia de cerveja (às vezes um copo), onde faz todos os contorcionismos possíveis, sem cair o casco pelo chão. Ganha muitos aplausos e, cerveja, também! Dança com qualquer um, não faz cerimônia, pois é uma excelente dançarina – quando a sua mãe está cantando, sempre faz uma homenagem à filha, com a “A Beth Balanço Dançou”. Aproveita para vender os discos CD da Celestina e ganhar a sua merecida comissão.


SACY DA PARECA – É morador antigo do bairro de Aparecida (Pareca). Por ser um exímio percussionista, sempre sai de casa com uma sacola surrada, cheia de instrumentos musicais (agogô, reco-reco, triângulo e tamborim), fazendo apresentações de forma descompromissada, sendo muito aplaudido pela sua forma diferente de tocar e, de rebolar, um tanto sensual. Quando alguém pergunta o porquê do apelido Saci, ele responde: - Sou um Saci diferente, tenho duas pernas, porém, uma é morta! – referindo-se ao seu bilau. Quando chega ao boteco, após tomar várias e diversas, fica nostálgico, gosta de lembrar o passado, sempre cita o Peteleco & Oscarino, do Boi Brinquedinho (do saudoso Festival Folclórico do General Osório), onde foi “tripa” (aquele cara que dança embaixo do boi); das Pastorinhas do Luso e dos causos interioranos.


PEDRINHO – Ele é um frequentador que gosta de beber, dançar e falar sozinho. Sempre de boné, bermudão e botas. O que mais chama a atenção é a sua forma de dançar, onde faz alguns contorcionismos, tocando a cabeça e a sua bota, dizem que ele adora o “Melô do Sapateiro”. Adora fazer alguns gestos obscenos e dar umas gargalhadas. O cara é engraçadíssimo, mas, não pise no seu pé! Os mais próximos gostam de “tirar onda” com ele, tudo na brincadeira, é claro!


O DOIDO – Ele é morador de rua, dizem que tem o “platinado queimado” (uma peça do motor de fusca com alusão as sinapses do cérebro). Na realidade, não é consumidor do bar, mas, gosta de “bater papo” com alguns frequentadores, principalmente com os irmãos Rocha (gozadores inveterados). Conhece os sinais e parte da história da maçonaria e, quando alguém “enche o seu saco”, ele fala que o “arquiteto do universo está de olho no camarada”. O cara é banguelo (sem dentes) e fala muitas gírias. Ele fica circulando entre as mesas, com os olhos arregalados e encarando as pessoas, mas tudo na paz!

DANÇARINO – Aparece por lá um sujeito que não bebe e conversa muito pouco, porém, adora dançar sozinho. Dizem que ele era conhecido como “Cansa Puta”, aquele camarada que passava a noite todo dançando com as primas no “Lá Hoje”, até elas irem à exaustão! Ele começa na primeira mesa e vai até a última, parece que está dançando uma valsa, apesar de estar tocando “ao vivo” um samba dos bons!


COREOLANO – Conhecido como “Saquinho de Níquel”, pertence a família do ex-governador José Lindoso. Ele já passou dos noventa anos, mas adora frequentar o bar para beber uma “Fanta Laranja” e jogar conversa fora com os frequentadores. Está banguelo, porém, a sua marca registrada é a sua risada! Gosta de dançar só com as gatinhas. Diz que ainda “dá no coro”, motivo de muitas risadas da rapaziada. É uma figura!


Pois é, sem esses nosso amigos do Bar Caldeira, ditos como “folclóricos” o bar fica sem graça, ainda bem que sempre a casa está recebendo novos personagens! É isso ai.

sábado, 25 de julho de 2015

AS SERINGUEIRAS DE MANAUS


A colheita do látex para a produção de borracha natural, ocorrido maciçamente nos séculos dezenove e vinte, contribuiu para riqueza de poucos, aumento considerável da arrecadação do Estado do Amazonas e do embelezamento da cidade de Manaus (Paris dos Trópicos), porém, na atualidade, ficou no esquecimento pelas autoridades públicas, tanto que são pouquíssimos os pés plantados da Hévea brasiliense (seringueira).
Em 1830, a população de Manaus era de 3 mil habitantes, aumentando para 50 mil após 50 anos de exploração da seringueira, gerando riquezas, proporcionando a construção do Teatro Amazonas, palácios, palacetes e pontes, além de luz elétrica, bondes, calçadas de pedras de Lioz, praças, ruas e avenidas – gerando também o enriquecimento de poucos (seringalistas, comerciantes e banqueiros).
Apesar disso, a Seringueira ficou relegada a segundo plano pelos prefeitos de Manaus, pois não deram o devido valor e respeito ao quanto ela contribuiu para o desenvolvimento da nossa cidade.

Um lugar que deveria ter sido preservado era o “Seringal Mirim” - ficava no início da Avenida Djalma Batista, era uma belíssima praça, onde existiam cento e vinte seringueiras - o local ficou esquecido e, aos poucos, foram fazendo a derrubada das seringueiras, finalmente, o governo do Amazonas, cedeu o local para a antiga Eletronorte, ao qual derrubou as últimas sobreviventes - o local virou uma subestação de energia.
Conheço apenas dois lugares onde poderemos encontrar seringueiras, em Manaus:

Praça da Matriz – existem alguns pés, acredito que foram plantados no inicio do século passado;

Hospital Psiquiátrico Eduardo Ribeiro (desativado) – ainda é possível encontrar dez árvores, acredito que elas foram plantadas pelo antigo morador, o governador Eduardo Ribeiro.

Quanto um jovem faz um trabalho escolar sobre a nossa história, principalmente sobre o “ouro branco”, deve achar um absurdo não saber onde encontrar o pé de seringueira em nossa cidade, para tirar fotos.


Isso é um absurdo! Uma total falta de respeito com a nossa Seringueira. É isso ai.

sábado, 18 de julho de 2015

CARAMBA (*)



1. Eu estava visitando um cliente, no conjunto Novo Mundo, bairro da Cidade Nova, no momento em que uma senhora estava afixando um cartaz, anunciando o aluguel de uma casa naquela área. Fiquei interessado e, perguntei:

- Qual eh o valor do aluguel? 
- Apenas quinhentos reais! ela respondeu
- Está barato, eh o preço de uma quitinete! comentei, com surpresa
- E a metade do preço, mesmo assim, esta difícil de alugar, pois existe muito assalto nessa rua e a minha casa já foi arrombada quatro vezes! justificou
Pensei:
- To fora, não quero morar nessa casa nem de graça. Caramba!

2. Num certo bar da cidade, estava passando o JN – o repórter estava comentando sobre um alagamento na Marginal Pinheiros, em São Paulo – um senhor que estava ao meu lado fez o seguinte comentário:
- Esses paulistas “abestados” gostam de colocar nomes de bandidos em suas ruas, tem essa de Marginal Pinheiros e outra chamada de Marginal Tiete!
Falei-lhe:
- Existem aqueles caras que estão a margem da sociedade ou da lei, são os bandidos, por outro lado, existem as marginais, por passarem a margem de rios – nesse caso, são assim chamadas por passarem a margem dos rios Tiete e Pinheiros.
Ele respondeu:
- Caramba!

3. Num restaurante de “beira de rua”, o dono colocou uma placa com os seguintes dizeres: TAMBAQUI ASSADO 100 ESPINHAS. Parei e comprei um “tambaca” – quando fui provar o danado, encontrei um montão de espinhas.

Falei para o caboco:
- Esse peixe esta ate o toco de espinhas!
Ele respondeu:
- E assim mesmo, o meu Tambaqui 100 espinhas eh com “c” e não com “s”, por isso que o preço dele eh mais barato!
Respondi:
- Caramba!

BOLO FORMIGA
Passei numa padaria, lá no meu bairro, fiquei interessado em um bolo esquisito.
Perguntei:
- Como é o nome desse bolo?
A balconista, muito simpática, respondeu:
- É o Bolo Formiga!
- O quê? Eu já vi as formigas darem em cima de bolo, mas, bolo de formiga é a primeira vez! - questionei, na brincadeira
- Não é bolo de formiga, ele é assim chamado, por ter vários pontinhos pretos e, por parecer com elas, passou a ter esse nome! É também conhecido como Bolo Formigueiro. É uma delicia! - respondeu, na maior paciência
- Então, embrulha duas fatias para viagem – respondi
Chegando em casa, a primeira coisa que eu fiz foi deixar um pedacinho do bolo no chão. Um montão de formigas pretas (as doidas) deram com força em cima dele, acho que elas adoraram comer o Bolo Formiga.
Caramba!





(*) Dicionario Informal - Caramba: Interjeição que exprime espanto ou desagrado - sinônimo: caraca, putz, caralho, legal demais, nossa)

quinta-feira, 16 de julho de 2015

CAMINHADA PELO CENTRO DE MANAUS


Hoje, bem cedo da manhã, fiz uma caminhada por lugares que lembram um pouco da minha infância e adolescência: Avenida Eduardo Ribeiro, Praça da Matriz, Praça da Polícia, antigo prédio do Corpo de Bombeiro e Pontes Romanas – onde pude constatar em que estado se encontram esses lugares.

Comecei pela Avenida Ramos Ferreira, onde estão os prédios da Academia de Letras (todo reformado), o antigo Instituto Benjamin Constant (também reformado) e o IEA (estão mudando a pintura externa para azul e branco) – segui pela Praça Antônio Bittencourt (ela está muito bonita, cuidada e vigiada dia e noite) e, entrei na Avenida Eduardo Ribeiro.

Lembrei-me do lançamento do projeto “Cartão Postal”, no governo do Omar Aziz, onde previa a revitalização da Praça do Congresso, Ideal Club, Tribunal de Justiça, recuperação das fachadas das casas até a Rua 24 de Maio, além da implantação de bondes elétricos – os dois últimos ainda não saíram do papel.

Com relação à Avenida Eduardo Ribeiro, o atual prefeito de Manaus, anunciou a sua recuperação total, mas, continua a mesma, sem nenhuma placa indicativa do inicio dos trabalhos, parece-me que falta autorização do IPHAN e a licitação.

O entorno da Igreja Nossa Senhora da Conceição, onde fica a Praça XV de Novembro, os trabalhos de revitalização (ou recuperação) já começaram, pois pude observar um trator derrubando os antigos bancos de cimento, levando a crer que agora é para valer. Assim espero!

Parei na Praça da Polícia, onde li o meu jornal na Rotunda, próximo ao Café do Pina, onde muitos jovens e senhores aposentados gostam de tomar um cafezinho e fumar (infelizmente) cigarros – a praça está sendo vigiada dia e noite, porém, falta um pouco mais de manutenção nos canteiros e no chafariz.

Depois, segui pela Avenida Sete de Setembro, no sentido centro-bairro, onde o antigo prédio do Corpo de Bombeiros está quase para desabar, pois apesar dos tapumes colocados para evitar a depredação, falta manutenção urgente e, acho que não dá mais para esperar pelas verbas do governo federal.

Por estarmos na cheia do Rio Negro, o canal do Igarapé de Manaus está bonito de se ver, com muito verde e peixes (bodó e tamuatá), estando o Parque Jefferson Péres uma beleza - por outro lado, o local onde eu nasci está abandonado (o Parque Desembargador Paulo Jacob).


Valeu a caminhada. É isso ai.

Foto: Rocha

terça-feira, 7 de julho de 2015

10 DE JULHO, DATA DA LIBERTAÇÃO DOS ESCRAVOS NO ESTADO DO AMAZONAS.


O Estado do Amazonas antecipou em quase quatro anos a Lei Áurea, libertando os seus escravos, em 10 de julho de 1884, um feito histórico que sempre foi lembrado e comemorado pelos amazonenses.

A Província (atual Estado) do Amazonas e a Assembleia Provincial (atual Assembleia Legislativa) não possuíam poderes para decretar a libertação dos escravos, mas, podiam incentivar a iniciativa particular.

Em 24 de maio de 1884, o Presidente da Província (Governador), o cearense Theodureto Carlos Farias Souto, efetuou na Praça Dom Pedro II (no Paço da Liberdade), em Manaus, a “Declaração de Igualdade Absoluta”, distribuindo 186 cartas de alforria (liberdade) aos escravos da capital.

A partir daí, houve uma mobilização da sociedade, principalmente das senhoras amazonenses, onde andavam de casa em casa, procurando convencer aos proprietários de escravos a liberta-los ou a negociar por um pequeno valor para atingir a libertação total.

Para tanto, essas senhoras da sociedade promoveram saraus (reuniões festivas), festejos, chás, almoços e jantares, com o fim de arrecadar recursos financeiros para dar suporte ao “Fundo de Emancipação”, criado pela Assembleia Provincial, além do incansável apoio da Maçonaria.

Ás doze horas de 10 de Julho de 1884, na Praça Vinte e Oito de Setembro, o Presidente Theodureto Souto, fez a seguinte declaração: em homenagem à civilização e à Pátria, em nome do povo amazonense, que pela vontade soberana do mesmo povo e em virtude de suas Leis, não existirem mais escravos no território desta Província, de Norte a Sul e de Leste a Oeste, ficando assim abolida a escravidão e proclamada a Igualdade de Direito de todos os seus habitantes”.

No dia 1º de janeiro de 1883, a Vila do Acarape, atual Redenção, emancipou seus escravos há menos de um ano antes da província do Ceará, sendo considerada a primeira Província do Brasil a abolir a escravatura e, a Província do Amazonas, a segunda.

Oficialmente, a libertação total e definitiva dos escravos ocorreu no Brasil, em 13 de Maio de 1888, com a “Lei Áurea”, assinada pela Princesa Isabel (filha de D. Pedro II).

O Governador Theodureto Souto, ao sair do governo, foi homenageado no Rio de Janeiro, pelos amazonenses que lá residiam, com uma caneta de ouro e um tinteiro em cuja base estava escrito: “Ao benemérito abolicionista, Dr. Theodureto Souto, a Província do Amazonas agradecida”.

Ele também foi agraciado com o nome da Rua Theodureto Souto, no centro histórico de Manaus, assim como, da data em que ocorreu a abolição no Amazonas, com a Rua Dez de Julho, ao lado do Teatro Amazonas.

Em 10 de julho de 2015, para lembrar a libertação dos escravos no Amazonas, o Instituto Geográfico e Histórico do Amazonas (IGHA), abrirá as portas do seu casarão, situado na Rua Bernardo Ramos, 117, centro antigo de Manaus – onde haverá a palestra do historiador Antônio Loureiro, com o tema “Os Quilombos do Baixo Amazonas”; a palestra do historiador Geraldo Xavier dos Anjos, com o tema “A Fitolatria das Religiões Afro-Brasileira”; a exposição filatélica sobre a participação do negro na cultura brasileira; e o lançamento da revista do IGHA no. 03/2015.


É isso ai.