segunda-feira, 31 de março de 2014

A CONSTRUÇÃO DA CIDADE EM MINIATURA SANTA ANITA


Um dos hobbies preferidos do Mário Ypiranga Monteira foi a construção de uma cidade em miniatura, denominada “Santa Anita”, em homenagem a sua amada esposa que muito o ajudou na sua montagem. Foi estimulado a construí-la pelas ocorrências da sua primeira infância, quando tinha seis anos de idade, logos após ter sofrido um acidade quando foi vitima apanhado pelo bonde da linha “Plano Inclinado” e, ter recebido de seu pai um “conjunto ferroviário”, adquirido no “Bazar Alemão”.

Já casado e pai de três filhos menores, resolveu levar a frente o seu gosto por miniaturas. Quando abriu a “Loja Quatro e Quatrocentos”, conhecida depois por Lobrás e Marisa, situada na esquina da Avenida Sete de Setembro com a Avenida Eduardo Ribeiro - adquiriu uma locomotiva de corda e um vagão, com binário ovalado – fez a armação na sala de jantar de sua casa e, juntamente com os seus filhos, ficavam contentes em ver correr a composição, mesmo sem outros ornamentos ou estação de passageiros.

Resolveu o problema talhando em papelão grosso os desvios e uma secção (rotunda = largo circular) - levou o protótipo a um funileiro, um profissional que trabalhava com a confecção de peças em folhas de flandres, na Avenida Eduardo Ribeiro. Depois, o Mário Ypiranga fez duas estações de passageiros, com usuários confeccionados em cartolinas – um dia a corda estalou e a locomotiva acabou indo para o lixo.

Tempos depois, o Mário e a sua esposa estavam na fila para adquirir entradas para o Cine Avenida, quando avistou na vitrine de uma loja do seu amigo Antônio Matos Areosa (irmão do governador Danilo Matos Areosa), um conjunto ferroviário elétrico, composto por uma locomotiva, vagões tipo combine, binário oval e uma estação rústica. No dia seguinte, foi à loja e adquiriu dois estojos, com locomotivas de modelos diferentes e vagões de carga, era um produto sem escala e da marca Atma Paulista – a partir dai a maquete começou a crescer, pois o seu amigo proprietário da loja fez o pedido da fábrica de mais dois estojos, pois necessitada de mais trilhos e desvios.

A maquete ia aumentando e, surgiram dificuldades com o espaço físico, dando problemas na montagem e desmontagem do conjunto – o problema foi resolvido em parte, com a doação de uma mesa de tênis que não era mais utilizada pelo irmão de sua nora Geralda Guimarães Monteiro, a maquete ficou maior e permanente – ainda não existiam árvores nem pessoas para animar a paisagem, mesmo assim, ele se contentava com a variedade de composições, sem escala, ajudado por transformadores de quinze volts.

Com a instalação da Zona Franca de Manaus, ocorrido em 1967, houve a abertura de muitas lojas de importação – ele tinha um amigo que viaja muito ao Panamá, trazendo muitas novidades e, por sua sugestão, pediu que negociasse com material ferroviário em miniaturas, o Sr. Vicente Liberato começou a vender as primeiras composições com escala internacional HO (Half zero), de fabricação TYCO norte-americana. As facilidades foram muitas, pois aparecerem figurinhas de plástico, gente e bichos, casas de plástico para montar (ele mesmo montava), árvores, postes de luz, luminárias, estações, pontes, etc. – era um mundo de novidades, obrigando-o a fazer mesas grandes (em módulos).

Abriu outra loja na Zona Franca, a “Hobby”, situada na Rua Guilherme Moreira, cujo proprietário era o seu amigo Dálcio Tavares – ele foi o que mais importou material ferroviário em miniatura na escala HO, abastecendo aos aficionados de Manaus e turistas – era uma variedade enorme de acessórios, enlouquecendo aos apaixonados por miniaturas, tempo depois, o dono da loja resolveu parar com esse ramo, partindo para negociar com eletroeletrônicos.

O Mário Ypiranga ficou por um bom tempo sem a possibilidade de adquirir material ferroviário. Tempos depois, a indústria nacional, representada pela fábrica Frateschi de São Paulo, começou a produzir composições completas e, apareceu em Manaus os estojos contendo uma locomotiva, alguns vagões, um par de vagões, trilhos em oval e transformador, tudo em escala internacional HO.

Foram quarenta anos dedicados ao seu hobby, sempre adquirindo novos elementos, chegando a ter 133 locomotivas, 133 vagões de passageiros e 557 vagões de carga – a cidade em miniatura é composta de 14 módulos, medindo 1,10m x 1,10m, montada com 7,70m x 2,20m.

Após o seu falecimento, a cidade foi adquirida pela Secretária de Cultura do Estado do Amazonas, encontrando-se em exposição permanente desde 11 de agosto de 2006, na Galeria do Largo, no Largo de São Sebastião. É isso ai.

Fonte: Site do Mário Ypiranga Monteiro (Povos da Amazônia/SEC)


sábado, 29 de março de 2014

A PROSTITUIÇÃO NA MANAUS BELLE ÉPOQUE


Quando a cidade de Manaus vivia o boom da borracha, com grana “saindo pelo ladrão”, aportaram por essa plaga muitas estrangeiras “polacas”, elas eram conhecidas como “mulheres das portas abertas” e, fizeram muito sucesso junto aos senhores alinhados, seringueiros visitantes e outros inclinados à vida boêmia de bares, bordéis e casas de jogos, entre os anos de 1890 e 1920.

A demanda mundial e o aumento do preço da borracha trouxeram para a Amazônia, principalmente, nas cidades de Manaus e Belém, um aporte significativo de recursos financeiros, proporcionando um aumento populacional e a transformação em moderno centro urbano – foi um atrativo para as mulheres desembarcarem para ganhar dinheiro fácil.

A nossa cidade era dotada de luz elétrica, bondes, telefone, prédios públicos impressionantes, suntuosas residências particulares, bulevares arborizados e serviços frequentes de navegação para a Europa e Estados Unidos – uma pequena parcela da população concentrava a maior parte dos bens e recursos da região – eles se davam ao luxo de viajar para o exterior e adquirir experiência na Europa, com o francês sendo a língua preferida e Paris a referência intelectual e de moda da elite.

Com o dinheiro farto com o lucro da borracha, a cidade ficou cheia de salões, cafés, mesas de bilhar e a prostituição bem disseminada – sendo as mulheres brancas e estrangeiras as preferidas pelos homens.

Existiam muitas “cocottes” (prostitutas) francesas e judias, além das “polacas” vindas da Europa Oriental, uma mistura da Áustria-Hungria, Galícia e Romênia –não existia naquela época a figura do “cafetão” (explorador de prostitutas), aliás, esse nome deriva da roupa talar (até os pés) usados pelos homens judeus no Marrocos.

A cocote tinham madeixas longas e loiras, era elegantes e bem vestidas, destacavam-se numa sociedade na qual a maioria das pessoas eram morenas e baixas.

Por volta de 1920 houve o declínio total da borracha, a fonte secou e o dinheiro sumiu - as prostitutas polacas e francesas foram embora para lugares mais ricos – era o fim de um tempo de fausto e das “mulheres de portas abertas”, brancas, cabelos loiros e olhos azuis. É isso ai.

Fonte: As mulheres de portas abertas da belle époque amazonense – Thomas T. Orum


SECOS & MOLHADOS

CAMISA DE OURO - Pois é, mano velho, sabe quanto é a cotação do ouro? Apenas R$ 95,00 o grama. A camisa da Seleção Brasileira custa a bagatela de um dois gramas e pouco! É ouro! Tô fora! Inventam essa porra de "camisa de marca", somente para meterem a mão nos nossos bolsos! Por R$ 229,90 (a mais barata da Nike) compro: uma dúzia de camisas, bandanas, pulseiras, cornetões, apitos, bonés e um monte de quinquilharias com motivos da nossa seleção, tudo, tudinho "Fanta" no Shopping Bate Palmas! Dou de presente para filhos, netos, parentes e aderentes, todo mundo fica feliz e, ainda sobra troco!

MÁRIO YPIRANGA - Amigos, estou escrevendo uma postagem sobre o Mário Ypiranga Monteiro - uma parte é dedicada ao Bairro dos Tocos, principalmente, do Beco da Indústria (Cachaçaria do Sêo Bento, aquele que pirateava a Cocal), dizem que lá existia somente "indústrias de fazer neném"! - caso alguém queira colaborar, aceito toda e qualquer informações sobre o bairro e do nosso saudoso Mário. Favor enviar para o e-mail jmsblogdorocha@gmail.com.

VAMOS RESPEITAR OS NOSSOS VELHINHOS - Cara, acordava às cinco da manhã, levava o meu velho ao banheiro, dava banho nele, fazia o seu café e mingau. Aos sábados, comprava um galeto e almoçava com ele, depois, tomávamos umas geladas, ouvindo umas fitas cassetes e discos de vinil. Aos domingos, levava-o para passear na Feira da Eduardo Ribeiro, Mercado e Ponta Negra. Fiquei com ele até as últimas horas de sua morte. Eu sempre amei e respeitei muito a minha mãezinha - quando ela ficou doente, teve o diabetes, a minha irmã mais velha cuidou dela até ir para o céu. A minha avó paterna morou com os netos até ir para o céu e, a materna, passava temporadas com a nossa família, todos os netos tinham um amor todo especial por ela. Na realidade, toda a nossa família cuidou muito bem dos nossos velhinhos. Estou ficando velho, tenho um filho que se preocupa de manhã, tarde e noite comigo, faz de tudo por mim, além de dois netos que me amam muito. Sou um cara feliz! Graças a Deus!

SANTO DE CASA NÃO FAZ MILAGRES - Anos atrás, um prefeito de Parintins, contratou um conjunto de Pagode do Rio de Janeiro, para uma festa local, bancada com a grana dos contribuintes. Os caras comeram do bom e do melhor, usaram e abusaram, ganharam uma grana preta - no hotel, todos estavam bêbados e, falando mal da cidade, do prefeito e gozando dos parintinenses! Enquanto isso, os nossos valores da terra ficaram a ver navios! Ano passado, a SEC pagou uma fortuna adiantada para o cantor Milton Nascimento - A Música de Milton Nascimento - quanto aos vencedores do Festival de Música tiveram que ralar dois meses para receberem de 5 mil a 10 mil! Santo de casa, não faz milagres! Você tem razão, Chico da Silva!

DESIGUALDADES SOCIAIS – Pois é, enquanto milhares de pessoas não têm onde morar e, arriscam as suas vidas e de seus familiares, morando em lugares considerados de risco (encostas, beira de rios, alagadiços, etc.), outros, abençoados com riquezas deixadas pelos seus antepassados, contando a seu dispor com dezenas de terrenos e imóveis - não estão nem ai, deixando-os abandonados! Mas, isso vai mudar, quando a PMM através do Implurb começar a multar! Não existe melhor remédio para as caras se mancarem, quando começar a mexer com os bolsos deles! Multa nesses abusados! Eu acho é pouco. Na verdade, deveriam existir dispositivos legais para a PMM desapropriar todos os imóveis abandonados do centro histórico de Manaus!

INGLÊS PARA BURRO - Caramba! Entrei numa “Escola de Inglês Para Burro”, na primeira aula, fiquei invocado, pois “Push” significa “empurrar” e, puxe, em inglês, é "Pull". Confunde um pouco na hora de abrir ou fechar uma porta, né? Muitos “motoras”, garçons e outros velhos profissionais do ramo de serviços estão estudando para fazer bonito na Copa do Mundo. Será que “papagaio véio aprende a falar? Sei, não!

CABOCADA - Segundo o nosso saudoso historiador Mário Ypiranga “o início da grande mescla de sangue, entre brancos e índios, deu-se através de um português, o Tenente Bernardo Toscano de Vasconcelos (Comandante do Forte da Barra do Rio Negro e antepassado do cantor e compositor Afonso Toscano ), que estabeleceu amizade com os terríveis Manáu (atuais manauaras), desposando a bela filha de um principal chefe daquela soberana e aguerrida nação”. Depois disso, nasceu toda essa cabocaba de manauaras! 

OUTONO – Os manauaras não sabem o que é Outono, muito menos, a Primavera, em decorrência de estarmos próximos a linha do Equador. Possuímos somente o Verão (muito sol) e Inverno (muita chuva). Um privilegio para o resto das regiões brasileiras, que começa hoje e vai até junho. É uma estação do ano que sucede ao Verão e antecede o Inverno. É caracterizado pela queda da temperatura e pelo amarelar das folhas das árvores. Além de estarmos próximo a linha do Equador, a nossa cidade fica muito distante das outras regiões e, a grande maioria, passa a vida toda pela região Amazônica, poucos viajam e conhecem as estações que acontecem nas outras plagas. É o meu caso, é claro! Neve, Outono e Primavera, nunca vi e não sei o que é!

TUDO PARA A ÚLTIMA HORA - Uma das características do brasileiro é de deixar tudo para o último dia! Pois é, hoje, foi o último dia para quem quisesse participar do “Prêmio Literário Cidade de Manaus”, da Prefeitura de Manaus (ManausCult). O expediente da PMM estava terminado. Fui com o meu filho, enfrentamos um trânsito infernal, paramos no meio fio e, sai correndo feito um maluco, ao chegar, fui gentilmente recebido por uma linda recepcionista. Ela falou: - Calma, o prazo foi prorrogado para o dia 17 de Abril! Vai dar tempo para o senhor escrever até outro livro! Respondi: - Pois é, caso soubesse que tinha havido a prorrogação, com certeza, eu somente iria entregar na última hora do dia 17 de abril, afinal, sou brasileiro! A gata me olhou sorrindo! Gostei!

sexta-feira, 28 de março de 2014

FOTOGRAFIAS DE MANAUS






PORTO DE MANAUS
CASA DO INÍCIO DO SÉCULO PASSADO NO BAIRRO DE EDUCANDOS
RIO NEGRO AO FUNDO A CIDADE DE MANAUS.

FOTOS: ROCHA

terça-feira, 25 de março de 2014

O MOTIM DOS GYMNASIANANOS


A Revolução Gymnasiana de 1930, também chamada de “Motim Gymnasiano” e “Agostada Gymnasiana”, teve como figura principal o jovem Mário Ypiranga Monteiro, considerado como “o líder espiritual da Revolução Estudantil”.

O colégio onde ocorreu essa marcante e histórica atuação, recebeu diversas denominações ao longo dos anos: Lyceu Provincial, Gymnasio Amazonense, Gymnasio Amazonense Dom Pedro II (1925, em homenagem ao último Imperador do Brasil), Gymnasio Amazonense (1938), Colégio Estadual do Amazonas (1943), Unidade Educacional Colégio Estadual do Amazonas (1971),Colégio Estadual Dom Pedro II (1975), Escola de 1º. e 2º. Grau Dom Pedro II (1980) e Colégio Amazonense Dom Pedro II (1982).

Inicialmente, o Mário Ypiranga entrou na qualidade de Piolho ou Carrapato de Bicho (Ouvinte), em 1925, depois, passou por todos os anos, assim apelidado pelos gymnasianos: Bicho – 1º. Ano; Bicho Pipoca – 2º. Ano; Merda de Veterano – 3º. Ano; Veterano de Merda – 4º. Ano e Veterano – 5º. ano – concluindo o curso em 1930.

Era um aspirante a intelectual do seu tempo, reunindo as qualidades para ingressar no campo político, no entanto, ao fazer parte ativa nesse movimento político-estudantil demonstrou revolta ou incompreensão sobre o campo político – começou a depositar em sua alma a odiosidade contra os ladrões do erário público, o que o levou a optar mais tarde, definitivamente, pela carreira intelectual.

No dia 11 de agosto de 1930, foi realizada uma passeata de repúdio contra o assassinato, ocorrido em 26 de julho, do presidente da Paraíba, João Pessoa, candidato a vice-presidência da República, na chapa de Getúlio Vargas, pela Aliança Liberal.O movimento tinha fins políticos e, por trás dos gymnasianos estavam os dirigentes da AL, o Dr. Souza Brasil e Hemetério Cabrinha, que iriam discursar no comício.

O evento foi autorizado pela Chefatura de Polícia, o Dr. Martins Palhano, para ser realizado na Praça da Saudade e, momentos antes do início, foram impedidos, cercados pelo “piquete da cavalaria” de guardas e agentes da Policia Civil, tendo sido presos alguns estudantes por “distúrbios e resistência”, pelo Delegado João Cruz Camarão, autoridade policial da época.

No dia seguinte, 12 de agosto, os gymnasianos intencionaram realizar mais uma manifestação, com o objetivo de fazer um “enterro simbólico” do chefe da polícia – apesar do sigilo, um delator avisou a polícia sobre a pretensão dos estudantes – o “point” deles era “A Sereia”, um estabelecimento que vendia chocolate com creme, doces, sanduíches, sorvetes, caldo de cana, refrescos, bebidas nacionais e estrangeiras, leite, cigarros e charutos - ficava na esquina da Rua Rui Barbosa com a Avenida Sete de Setembro.

O local foi cercado por alguns policiais, onde foi encontrado um caixão e dentro dele um urubu, simbolizando a “alma do delegado” - a manifestação acabou não se realizando, entrando novamente os estudantes em choque com a polícia, sendo presos e recolhidos ao xadrez os jovens Mário Ypiranga Monteiro, Francisco Paes Barreto da Silva e Francisco Benfica, onde permaneceram até às 21 horas, sendo soltos graças a um ultimatum enviado pelo Exército à Polícia.

Os outros correram e conseguiram se abrigar dentro do Gymnasio Amazonense, fechando os portões da frente - ao verem os guardas de revolveres em punho e tentando invadir o colégio, os alunos que estavam amotinados arrebentaram a “Arrecadação”, uma dependência que ficava atrás da Portaria, onde havia oito cabides para fuzis, modelo brasileiro 1908, alguns descalibrados, dez caixotes de balas de aço pontiagudas nos respectivos pentes e alguns cunhetes de festim. 

Trocaram tiros, mas, segundo relatos do Gymnasianos, eles utilizaram apenas as balas de festim, por outro lado, os guardas civis mandaram balas de verdade, inclusive, ficou a porta principal cheia de marcas dos projéteis – houve apenas uma morte, foi de uma professora da Escola Normal (ficava no andar de cima do Colégio), ela veio a falecer em decorrência de uma queda. 

O Gymnasio Amazonense era regido por um estatuto aos moldes do Colégio Militar D. Pedro II, do Rio de Janeiro. Os estudantes-reservistas recebiam treinamento militar, com rigoroso exame de tiro real, aprendia a manejar o fuzil e a metralhadora, treinavam para saberem montar e desmontar de forma rápida as armas automáticas, possuindo obrigações tão importantes como as de um soldado regular.

Apesar da rigidez do colégio, os estudantes usavam a farda praticamente em todos os lugares e ocasiões - onde eram respeitados pelos homens e admirados pelas mulheres - aproveitavam para fazerem “arruaças” em bares, praças, ruas e até em barcos que ficavam ancorados no Rodoway. Batiam forte contra aqueles que contrariavam em seus desejos e objetivos. Andavam de bondes na linha Flores, para tomarem banhos no Bosque Municipal e, se recusavam a pagar a passagem e ainda insultavam os cobradores - quando foram impedidos pela empresa Manáos Tramways, começaram a colocar pedras, sebos e vidros nos trilhos, com o propósito de descarrilar os carros. Os Gymnasianos eram “Phoda”!

Esse movimento de 12 de agosto de 1930 foi um símbolo de resistência e do protesto de estudantes e professores contra a arbitrariedade e o abuso de poder, culminando com o envolvimento do Exército e a rendição da Polícia e a deposição do governador Dorval Porto. Esses mesmos jovens escoltaram o governador do Palácio até as dependências do Grande Hotel, onde ficaram hospedados – foi um momento de glória para os estudantes Gymnasianos.

Passados mais de meio século do ocorrido, o Mário Ypiranga escreveu o livro “Mocidade Viril 1930: O Motim Ginasiano”, buscando em suas memórias e registrando para a posterioridade detalhes daquele movimento em que foi parte ativa.


Fonte: trabalho de Dissertação da Elissandra Chaves Lima, apresentado ao Programa de Pós-Graduação em História da UFAM

quarta-feira, 19 de março de 2014

DIA DE SÃO JOSÉ




Existem duas datas em que são comemoradas o dia de São José, uma no dia de hoje, 19 de Março, quando o Papa Pio IX o proclamou “O Patrono da Igreja Universal” e, em 1955, o Papa Pio XII fixou o dia em 1º. de Maio para “São José Operário, o trabalhador".

São José era descendente de Davi, exercia o ofício de carpinteiro na Galileia e era comprometido com Maria – quando elearecebeu a anunciação do anjo Gabriel de que daria luz ao Menino Jesus, José ficou bastante confuso e resolveu acabar com o noivado.

Um anjo apareceu e contou que o Menino era Filho de Deus e que deveria manter o casamento. José esteve ao lado de Maria em todos os momentos, principalmente na hora do parto, que aconteceu em um estábulo, em Belém, criou como fosse seu próprio filho.

Ele é considerado o Patrono da Igreja Católica e Protetor da Sagrada Família. No nordeste ele é muito cultuado, principalmente no Ceará, onde é o padroeiro (protetor) da cidade de Fortaleza - os agricultores acreditam que se chover hoje, haverá fartura o ano todo.

A minha avó era uma cearense de Uruburetama - uma católica fervorosa, elegeu o São José para ser o santo da nossa família, o meu pai e o meu tio tinham o prenome de José, sob a influência dela todos os filhos homens do papai foram registrados com o nome do santo: José Rui (falecido), José Rocha, José Henrique e José Martins, inclusive, a única mulher seria chamada Maria José.

Oração a S. José

A vós, São José,
recorremos na nossa tribulação,
cheios de confiança
solicitamos a vossa proteção
no dia de hoje para todos os pais de família.

Vós fostes o pai adotivo de Jesus,
soubestes amá-lo, respeitá-lo e educá-lo
com amor e dedicação,
como vosso próprio filho.
Olhai todos os pais do mundo
e especialmente os da nossa comunidade,
para que, com amor e dedicação,
eduquem os seus filhos
na fé cristã e para a vida.

Protegei todos os pais doentes
que sofrem por não poderem dar saúde,
educação e casa decente para seus filhos.
Protegei todos os pais
que trabalham arduamente no dia-a-dia
para não faltar nada aos seus filhos.
Protegei todos os pais
que se dedicam de corpo e alma à sua família.
Iluminai todos os pais
que não querem assumir sua paternidade.
Iluminai todos os pais
que desprezam seus filhos e esposas.
Enfim, olhai por todos os pais,
para que assumam
e vivam com alegria sua vocação paterna.

Amém.


terça-feira, 18 de março de 2014

BLOGDOROCHA: BLOGDOROCHA: A INFLUÊNCIA DA LUA CHEIA

BLOGDOROCHA: BLOGDOROCHA: A INFLUÊNCIA DA LUA CHEIA: BLOGDOROCHA: A INFLUÊNCIA DA LUA CHEIA : Uma das fases mais exuberantes do nosso satélite natural é a Lua Cheia, quando a sua face aparece t...

domingo, 16 de março de 2014

PAVILHÃO UNIVERSAL



Ao passar pela “Feira do índio”, na Praça Tenreiro Aranha, aquela que fica ao lado do antigo “Hotel Amazonas”, deparei-me com o Pavilhão Universal, em estado terminal – uma obra prima que já serviu como cartão postal, quando estava localizado na Praça Oswaldo Cruz, em frente à agência do Banco do Brasil, na atual “Estação” (parada final) dos ônibus do Largo da Matriz – fiquei amargurado com o que fizeram com ele: desprezo total ao nosso patrimônio histórico!

O Pavilhão Universal é um dos belos exemplares da arquitetura neoclássica, era um “Chalé de Ferro”, modular, em ferro fundido e desmontável – foi concebido pelo Superintendente (Prefeito) Agnello Bittencourt, através da Lei Municipal no. 588, de 27 de novembro de 1909, onde foi feita a concessão por vinte anos de uma parte do terreno da antiga Praça do Commercio, para o empresário José Avelino Meneses Cardoso, que se comprometeu em construir o quiosque com oito metros quadrados, para fins comerciais.

A inauguração deu-se em 12 de outubro de 1912 – a Prefeitura refez o jardim, com gramas inglesas, buganvílias, roseiras, papoulas, begônias e outras, contando também com Palmeiras Imperais – ao seu lado passavam os bondes, o que dava todo um charme ao lugar.

O Pavilhão Universal possuía três ambientes, sendo o térreo servindo de bar, com mesas de mármore e cadeiras de palhinha – o subsolo e o andar de cima eram utilizados para jogos de salão.

Nesse mesmo jardim, foi construído, em 1945, outro estabelecimento, o Pavilhão Ajuricaba (confeitaria), que serviu anos mais tarde para a Associação dos Ex-Combatentes do Brasil (1960). Em 1948, foi feita uma concessão ao empresário Lúcio de Souza, para construir um posto de gasolina.

Em nome do Plano de Desenvolvimento Integrado (atual Plano Diretor), em 1975, o então prefeito Coronel Jorge Teixeira, mandou destruir o Pavilhão Ajuricaba e o Posto de Gasolina, acabando com quase toda a praça para dar lugar a atual Estação de ônibus - sobrando apenas um pedaço do jardim que faz parte, hoje, da Praça da Matriz.

O Pavilhão Universal foi desmontado e montado na antiga Praça Ribeiro da Cunha, na Rua Silva Ramos, depois, foi transferido para o lugar atual, na Praça Tenreiro Aranha, servindo para comercialização de artesanatos indígenas. Pelas fotografias antigas é possível verificar que, o atual foi modificado a estrutura do andar superior.

Com o passar do tempo, o Pavilhão Universal ficou fechado e abandonado pela Prefeitura de Manaus, servindo apenas de abrigo para mendigos e viciados em drogas.

Existe uma luz no fim do túnel, com um Projeto de Restauração do Pavilhão Universal, pela atual gestão da Prefeitura de Manaus, estando em fase de Ação Preparatória junto ao Ministério da Cultura, inclusive, já teve o aval do IPHAN. É isso ai.




Fonte: parte retirada do livro "Manaus entre o passado e o presente", Durango Duarte

Fotos:
1. Cartão Postal;
2. Jornal A Crítica;
3. Rocha
4. PMM

quinta-feira, 13 de março de 2014

terça-feira, 11 de março de 2014

GRANDE CORRIDA DE CANOAS NA PONTA NEGRA



A canoa é uma pequena embarcação, feita geralmente da madeira Itaúba ou Tauari, movimentada, em sua grande maioria, por remos – por serem muito comuns na nossa região amazônica, os nossos caboclos do interior gostam de fazer corrida de canoas, com a finalidade de recreio e diversão – nos anos setenta, era muito comum as autoridades promoverem esse esporte na Praia da Ponta Negra.

É isso mesmo! A fotografia acima mostra cinco atletas disputando essa corrida na nossa Ponta Negra, exatamente no dia 7 de Setembro de 1974, portanto, vai fazer quarenta anos!

O jornal A Crítica noticiava assim: “Amanhã na Ponta Negra será iniciada mais uma grande corrida de canoas, com o patrocínio e apoio das Forças Armadas e vários órgãos empresarias, bem como do Governo do Estado. Centenas de remadores e muitas beldades já estão inscritos para participarem da maior movimentação do Norte brasileiro. Vai ser uma festa para quem participar de mais essa prova do “esporte dos fortes” e também uma alegria para quem não teve tempo para se escrever, mas certamente irá amanhã a Ponta Negra prestigiar ao espetáculo, que também faz parte dos festejos da Semana da Pátria em nossa capital”.

A corrida daquele tempo foi em evento sério, com o apoio da Marinha de Guerra brasileira (Almirante Márcio Lira), organizada pela Federação Amazonense de Remo (FAR), através do presidente Ícaro Matter Cerqueira.

O Sindicato dos Estivadores participaram com três equipes, com o lema “Turma da Pesada”. O Municipio de Novo Airão (Rubeimar Azevedo Cruz) entrou também na competição, além das equipes do Fast Clube (João Sena), Rio Negro (Enédio), Olímpico, América e Nacional.

As atrações femininas foram as norte-americanas Cryle Evans e Cherry. A dupla paulista Carlos Fernandez e Teru Ioshi chegaram contando vitória.

O bairro de Educandos entrou com uma grande equipe “Os Vaqueiros”, disponibilizou um barco com 200 expectadores da “Cidade Alta”.


Esta postagem foi para mostrar aos nossos leitores o quanto o esporte do remo possui tradição em nossa cidade. Está um pouco esquecido, precisamos urgentemente voltar a praticá-lo na nossa Ponta Negra. É isso ai.

Fonte e fotografia: Jornal A Crítica, de 07/09/1974.

domingo, 9 de março de 2014

RÉQUIEM PARA A MINHA AMIGA MÁRCINHA LESSA



Nascemos e nos orgulhamos de sermos do Igarapé de Manaus. Você era da família Lessa, era vizinha da minha, a Rocha. Lembro muito bem da sua avó, a Dona Diquinha, dos seus pais, a Amaziles e o Chico, dos seus tios maternos, o Papi e a, dos seus irmãos, a Monica, o Dão e o Berg. Junto com a molecada de rua, curtimos as brincadeiras infantis, os banhos de rio e dos cines Guarany e Polytheama. Você tornou-se uma jovem bonita e bela, sempre com um sorriso estampado no rosto, tinha muitos pretendentes, mas, se apaixonou, noivou e casou com o Augusto, com quem conviveu até que a morte. Lembro-me dos dois jovens, a bordo de uma motocicleta de oitocentas cilindradas, curtindo em alta velocidade a Estrada do Tarumá e da Ponta Negra, pegando vento e curtindo o Sol nas tardes de domingo em Manaus. Você adorava dançar e curtia muito as músicas de discoteca das décadas de 70 e 80, principalmente, da Dona Summer. Após o teu casamento, passamos um bom tempo sem se ver – num belo dia, houve um encontro de uma turma do Igarapé de Manaus, no Bar Janela, na esquina da Rua Huascar de Fiqueiredo e da Avenida Joaquim Nabuco, a partir de então, sempre nos encontrávamos nos bares de Manaus, principalmente, no Bar do Armando e Caldeira Bar - enquanto eu batia papo com o Augusto, você gostava de colocar no som, sempre as aquelas musicas que você mais amou na sua juventude. Você tinha uma mania juvenil de pedir aos amigos escrevem no teu relicário, quantas vocês pediu para eu escrever e, sempre recusava – me perdoe! Uma das coisas que você mais gostava era de fazer era festa surpresa para o aniversário de amigos de bar – pedia a cota dos amigos, arrumava a mesa, fazia o bolo, comprava a vela e incentivava a todos a cantarem os “parabéns a você”. Você também era solidária com os mais necessitados, promovia bingos e feijoadas, tudo para arrecadar fundos para suprir de alguma forma os problemas materiais das pessoas que estavam passando por problemas difíceis. Você era tão querida por todos que, fazíamos questão em chamá-la carinhosamente de Marcinha. Você e o Augusto deixaram uma sementinha de vida, a filha Melissa e uma netinha. Você não merecia, mas a doença se instalou no seu corpo, foram anos lutando contra ela – lembro que após sessões de radioterapia e quimioterapia, mesmo sem os cabelos originais, colocava uma peruca e ia se encontrar com amigos, levando solidariedade, sorrisos e alegria a todos. O teu marido também adoeceu e, partiu recentemente, isso o abalou muito e veio contribuir ainda mais para agravar o teu estado de saúde. Após o Dia Internacional da Mulher, você resolve deixar esse Plano e, ir para o lado de Deus, Todo Poderoso, onde os justos e bons terão abrigo. Sei que você não gostava de choro nem tristeza - juro que não irei chorar, mas, tristeza por ter perdido a minha querida amiga Marcinha, isso terei para sempre! Amém!

sexta-feira, 7 de março de 2014

A CONSTRUÇÃO DO PARQUE RESIDENCIAL KYSSIA


As últimas unidades desse conjunto habitacional de casas foram entregue aos seus proprietários em Dezembro de 1974, no bairro D. Pedro I – um empreendimento da “Construtora Flávio Espírito Santo Ltda.” – os empresários da época já apostavam na valorização dos imóveis daquele lugar, pois a cidade tendia crescer para a zona Centro-Oeste.

Segundo os mais antigos, até 1971, o atual bairro D. Pedro I constituía-se numa extensa área verde cortada por inúmeros igarapés, que era utilizada por algumas famílias para o lazer, nos chamados “banhos”, originados pelas águas límpidas dos rios que drenavam a floresta.

As casas eram de alto padrão para aquele tempo, dotadas de sinteco no piso, pintura plástica interna e externa, azulejos de cor, instalada com água e luz, terreno de 12X25M, todo murado, arborizado, rede de esgoto, preparado para receber TV, telefone e ar-condicionado, com todas as ruas asfaltadas. Um luxo para poucos!

Era considerado um parque, pois possuía: Centro de Diversões para Crianças – Quadras de Basquete e Voleibol – Grupo Escolar Primário – Mercado – Farmácia – Condução na Porta.

Os últimos planos de vendas eram os seguintes:

1.   Casas com dois quartos:
Total: Cz$ 66.000,00, com 10 parcelas de Cz$ 1.000,00 na planta e financiado o restante em 20 anos;

2.   Casas com três quartos:
Total: Cz$ 90.000,00, com 10 parcelas de Cz$ 1.500,00 na planta e financiado o restante em 15 anos.

Os construtores garantiam que o investimento teria uma valorização imediata. Acertaram em cheio, pois teve sim, depois de quase quarenta anos, o imóvel está muito bem valorizado. É isso ai.


Fonte: Jornal A Critica, edição de Setembro de 1974