quinta-feira, 29 de agosto de 2013

O COMÉRCIO DA ZONA FRANCA DE MANAUS NA DÉCADA DE SETENTA


Ao olhar a fotografia da década de setenta, mostrando um fervilhar de pessoas passando pela Rua Marechal Deodoro, lembrei-me da época em que trabalhava na Importadora Souza Arnaud, um grupo empresarial que junto com outros do comércio de Manaus, faturavam os tubos com os produtos importados, pois compradores vinham do Brasil inteiro para adquirirem nas nossas lojas.

Com a regulamentação da Zona Franca de Manaus, através do Decreto-Lei no. 288/67, o tripé do nosso desenvolvimento estava direcionado ao setor agropecuário, industrial e de serviços, o primeira a despontar foi o comércio de importados, pois o nosso país estava com o mercado fechado para o exterior, com altíssimas alíquotas do IPI e II e, como em Manaus esses impostos estavam suspensos, os produtos chegavam baratíssimos.

Os índices de ocupação dos hotéis chegavam aos cem por cento, sendo utilizados até os motéis para abrigar tanta gente - os vôos comerciais eram lotados, inclusive, alguns vinham fretados por pessoas ávidas em comprar as novidades de cine-foto-som made in Japan.

Muita gente ficou rica, onde alguns começaram apenas com uma portinha e, em pouco tempo, montava a sua loja, com direto a quota de importação da Suframa.

Por falar em “quota de importação”, os grandes vendiam parte de sua quota para os pequenos ou vice-versa, pois naquela época o governo federal estipulava um teto máximo de importação anual e, cada empresa recebia a sua parte de acordo com o seu porte empresarial.

Trabalhei durante muitos anos na área de importação, era um expert em confecção de Guia de Importação junto a SUFRAMA e DECEX, além de conhecer todo o processo de aduaneiro, desde a emissão da Declaração de Importação até o Desembaraço Aduaneiro na Receita Federal, em decorrência disso, vivi e usufrui de todo aquele boom do comércio de importados.

Conheci muitos Despachantes Aduaneiros que ficam ricos, além de Corretores de Câmbio que faturavam montanhas de dinheiro com a intermediação nos fechamentos de moeda estrangeira – na realidade, todos ganhavam: o exportador, o armador, o porto, os trabalhadores portuários, os fiscais, os despachantes, o transportador, o importador e também o consumidor, com produtos de ponta e baratos.

O metro quadrado da Rua Marechal Deodoro era o mais caro do Brasil, com cubículos que valiam uma fortuna – muitos prédios antigos da “belle époque” foram todos descaracterizados para virarem “shopping Center”; por aqui aportaram chineses, libaneses, indianos e brasileiros do sudeste e nordeste, para faturar nesse comércio frenético.

Existia uma turma que faturava alto, levando produtos estrangeiros para serem vendidos em outros Estados – existia uma quota de saída como existe até hoje, mas, naquele tempo, um videocassete, televisão ou aparelho de som eram disputados à tapa pelos consumidores brasileiros – tinha neguinho que viajava toda semana para o Rio de Janeiro ou São Paulo.

Vivíamos num mar de rosas, todos felizes e com os bolsos cheios de grana – até chegar um cara chamado Fernando Collor, ele congelou a poupança, fez o diabo na economia, abrindo o nosso comercio ao exterior, pois achava os nossos carros uma carroça e, era mesmo – forçou a indústria brasileira a se modernizar e inundou o mercado brasileiro de produtos estrangeiros.

Bye Bye Zona Franca de Manaus! Acabou a moleza de fazerem filas nas portas das lojas para comprarem a vista um aparelho de vídeo cassete – os turistas fugiram, as lojas fecharam, chegou o desemprego – quem comeu, comeu, quem não comeu, já era!

A Rua Marechal Deodoro ficou vazia, feia, depois, virou o shopping “Bate Palmas” – alguns lojistas se especializaram em oferecer produtos de informática, outros, começaram a comprar produtos de baixíssima qualidade vinda dos tigres asiáticos, no afã de conquistar o consumidor local.

Bons tempos, belos dias do comércio de importados da Zona Franca de Manaus na década de setenta. É isso ai.

quarta-feira, 28 de agosto de 2013

BLOGDOROCHA: EDIFÍCIO DO IAPETEC

BLOGDOROCHA: EDIFÍCIO DO IAPETEC: Este prédio está situado na Avenida Sete de Setembro, bem em frente à Praça D. Pedro II, possui um grande valor histórico para Manaus, por ...

BLOGDOROCHA: APOSENTADOS GOSTAM MAIS DE UM SHOPPING DO QUE UMA ...

BLOGDOROCHA: APOSENTADOS GOSTAM MAIS DE UM SHOPPING DO QUE UMA ...: Antigamente, a grande maioria dos aposentados de Manaus gostavam de uma calça pijama e chinela, ficavam o dia todo lendo jornais numa cade...

terça-feira, 27 de agosto de 2013

terça-feira, 20 de agosto de 2013

FOTÓGRAFO BARROS



Ontem, foi o Dia Mundial da Fotografia e, nada mais justo do que homenagear o fotógrafo repórter Raimundo de Barros Souza, o BARROS, um profissional conhecido desde a década de 70. Na sua juventude, foi homenageada na revista “Manaus Magazine”, da jornalista Denise Cabral dos Anjos:

“É um conceituado artista da arte de fotografar e pela sua mágica máquina, tem passado uma grande parte da elegância do nosso mundo social. Barros, como é mais conhecido, como fotógrafo repórter, vem se conduzindo de maneira sóbria e respeitosa, razão porque é estimado e sua presença em sociedade, sempre traz alegria, devido saber transportar para a posteridade, a alegria do momento, com suas bonitas fotografias”. 


Foto: revista Manaus Magazine

segunda-feira, 19 de agosto de 2013

BLOGDOROCHA: DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA

BLOGDOROCHA: DIA MUNDIAL DA FOTOGRAFIA: Comemora-se hoje o Dia Mundial da Fotografia. Tenho vários amigos fotógrafos profissionais e amadores; todos se renderam as digitais. A f...

sábado, 17 de agosto de 2013

O BODE CASTELO (CHEIROSO) – O MASCOTE DOS GIMNASIANOS


A Semana da Pátria está chegando e, nada mais justo do que homenagear um ilustre animal que, na década de 60 era muito querido e amado pelos alunos do Colégio Estadual do Amazonas (os gymnasianos), pois desfilava garbosamente nos desfiles escolares – estou-me referindo ao bode “Castelo”, também conhecido como “Cheiroso”.

Alguém pode achar estranho em homenagear um bode, mas o “Castelo” fez história na cidade, tanto que foi citado no livro “Gymnasianos”, do Osíris Silva – além do mais, sempre que entramos numa rodada de conversa de antigos estudantes daquele colégio, sempre o seu nome é lembrado, sendo motivo de muitas gargalhadas.

O nome “Castelo” foi dado em decorrência da “fachada de uma casa nobre” ser o símbolo maior daquela famosa instituição de ensino e, “Cheiroso”, porque gostava de tomar toda semana um banho completo, com direito a um perfume para tirar aquela inhaca característica dos caprinos.

Mas afinal, o que é um bode – segundo a kiwiquipédia “O bode é o macho da cabra, possui barba e chifre, emite um som chamado de “balido” – é um pequeno ruminante que foi domesticado por volta de 7.000 a.C. no Oriente Médio, possuindo uma resistência natural e capacidade de adaptação a condições extremas, chegando a viver por mais de vinte anos”.

Segundo o meu xará, o José Rocha (Presidente da Associação dos Amigos da Praça da Polícia), o Castelo veio ainda cabrito (neném) para o Estadual – o seu antigo dono, um senhor que possuía um barco regional que fazia linha para o Careiro e abastecia Manaus de leite “in natura” – certa vez, foi levar um barril do precioso liquido branco para a cantina do colégio e, em sua companhia, trouxe o pequeno Castelo – foi adotado de imediato pelos estudantes e pelo Senhor Henrique (um bedel que morava no colégio), ficando por lá por toda a sua vida, alguns dizem que ele chegou aos trinta anos de idade.

O José Rocha, o Amazonino Mendes e o irmão do Robério Braga (todos ginasianos), gostavam de levar, as sextas-feiras, o Castelo ao Bar do Jaú (um boteco frequentado pelos pés inchados), na Avenida Getúlio Vargas, ao lado do Cine Polytheama – eles davam para o animal uma mistura de groselha com cachaça, com direito a tira gosto de polpa de coco maduro - pior de tudo, o Cheiroso gostava da birita, tomava todas e ainda lambia os beiços!

Cresceu junto com os estudantes, tinha até uma sala exclusiva que ficava embaixo da escada que dava acesso ao andar superior – comia do bom e do melhor, tornando-se o mascote nos desfiles escolares – deixava as pessoas pegarem nos seus chifres e alisarem a sua pelagem – quando alguém, inadvertidamente, pegava no seu bigode, ele ficava invocado e, preparava logo uma chifrada certeira.

O Colégio Amazonense D. Pedro II, conhecido como “Estadual” foi construído em 1886 e, ficou famoso pelo rigor no ensino, com acesso somente a estudantes com capacidade intelectual acima da média, possuindo nos seus quadros professores de altíssimo gabarito, formando várias gerações, na qual a grande maioria se destacou na política, economia, administração, medicina e no campo intelectual do Estado do Amazonas.

O colégio possuía a Banda de Música (fanfarra) melhor de Manaus, vestiam-se a caráter, nos moldes dos colégios militares brasileiros – nos desfiles da Semana da Pátria, o palco era a Avenida Eduardo Ribeiro e, o mais esperado e aplaudido de todos, era o famoso Bode Castelo – ela ficava todo garboso em sua farda oficial, desfilava igual à cadência de um militar – gostava de acompanhar o comandante da banda, o estudante Marcus Barros (atual médico e político).

Conversei com o Geraldo Bonates (o GB, antigo servidor da Sefaz e atual radialista da Rádio Rio Mar), foi meu vizinho da Vila Paraíso (Avenida Getúlio Vargas), ele é filho do bedel Henrique – vai me conseguir emprestado um exemplar do livro “Gymnasianos”, do escritor Osíris Silva, pois a primeira edição foi rapidamente esgotada – será possível aumentar mais a postagem, pois ele escreveu sobre o Bode Castelo.  
  
Quando saía com a rapaziada para passear, comia de tudo pela rua, não dispensava nada, detonava fósforos, baganas de cigarros, plantas, jornais, livros, frutas, ou seja, o que ele encontrava pela frente, não fazia cerimônia, dava sopa, ele comia, era uma draga!


Segundo o “Miudinho”, um frequentador do Bar Caldeira e apreciador de uma boa potoca – falou e disse que, certa vez, ele e outros estudantes o levaram ao Mercado Municipal Adolpho Lisboa – o Castelo rasgou um paneiro de farinha seca e comeu até o último grão, depois, ficou numa secura danada, tomou uns dois litros de água do Rio Negro, o coitado do Cheiroso ficou quase igual à Dona Redonda (da novela Saramandaia) e, explodiu! Morreu aos trinta anos o mascote dos ginasianos! Selva, Bode Castelo! 

terça-feira, 13 de agosto de 2013

A NOSSA PRAIA DA PONTA NEGRA

Domingo, 11 de Agosto de 2013, comemoração do “Dia dos Pais”, nada melhor do que passear no calçadão da praia com os filhos e netos – num dado momento voltei ao passado, entrei no túnel do tempo e, parei em meados da década de 1960 – estava ali com o meu pai - ele papeando com os amigos e detonando uns “gorós” e, eu um curumim, correndo e pulando dentro da água gostosa do Rio Negro – era tudo de bom.

Depois de muita onda (ou marola) na praia, íamos “forrar o bucho” no restaurante de palha que pertencia ao Senhor Milton, um negão que mandava e desmandava na praia, botava moral em que se atrevesse a vender bebidas ou qualquer tipo de alimentos, ele reinava absoluto (se achava o dono praia, pode!) – era brabo, mas, era amigo do papai e, nos tratava muito bem e servia um jaraqui com baião de dois da melhor qualidade.



Ao completar dezoito anos, comecei a frequentar a praia, sozinho ou em companhia dos meus amigos – a onda era botar pra cima da mulherada, jogar voleibol e pelada, tocar violão, cantar e tomar uma batida de “Leite de Tigre” ou o manjado “Cuba Libre”.

Passar o réveillon na praia era obrigatório para a rapaziada, eu não perdia um – ficava amanhecido, saindo de lá apenas quando o Sol estava a pino – voltava para casa todo sujo, com arreia até na tampa, ressaca braba e com aquela cara de anteontem – pelo menos nesse dia eu não levava bronca do meu velho, pois era ano novo, o dia da paz mundial e, ele, respeitava - bom pra mim, é claro!

Certa vez, logo ao chegar à praia, sai corrente em disparada e dei “salto mortal”, dei com a cabeça numa pedra submersa, abrindo um rombo no meu couro cabeludo – fui colocado dentro de um taxi, passei em casa, peguei grana e fui para o Pronto Socorro do Hospital de Santa Casa de Misericórdia, perdi a conta de quantos pontos eu levei – fiquei de molho por uns seis meses, depois, comecei tudo de novo! Eu, hein!

Tempo depois, comprei um fusca de placa ZD-1307, safra 1975, era “inteirão” e, tudo mudou a partir de então - foi muito onda, mano, pense! Ai se meu fusca falasse! A pedida era passar a noite na “Prainha” (no início da Praia da Ponta Negra) com as gatinhas tipo “Caboca Gasolina”.

Comecei a namorar para casar, todos os finais de semana estava na praia com a amada, numa dessas, avancei o sinal e, tive que casar as pressas, pois a mulher embuchou – acabou a moleza e as ondas na Praia de Ponta Negra! Sem chance!


Pois é, mano velho, o tempo passou rapidinho, acordei e voltei ao presente - o meu filho mais velho, o Alexandre já está com 32 anos, a Adriana com 31 e, nos Dias dos Pais, reunimos com os meus netos, o Victor, de três anos, a Duda, que vai fazer 4, no dia 7 de Setembro (Dia da Pátria), para curtirmos em novo estilo, as três gerações de manauaras, na nossa Praia da Ponta Negra! É isso ai.

segunda-feira, 12 de agosto de 2013

BLOGDOROCHA: RELÓGIO MUNICIPAL DE MANAUS

BLOGDOROCHA: RELÓGIO MUNICIPAL DE MANAUS:   Foi inaugurado em 1927, na administração do prefeito nomeado José Francisco de Araújo Lima (autor de Amazônia – A Terra e o Hom...

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

BLOGDOROCHA: A MANAUS DOS NOSSOS SONHOS

BLOGDOROCHA: A MANAUS DOS NOSSOS SONHOS: A bela Manaus do início do século passado, conhecido mundo afora como a “Paris dos Trópicos”, foi parcialmente destruída; pelas fotos antig...

quinta-feira, 8 de agosto de 2013

BAR CALDEIRA - HOMENAGEM AO ZÉ DA MANOLA

Um grupos de amigos, a sua grande maioria composta de músicos, resolveram fazer uma homenagem ao saudoso cavaquista Zé da Manola, no Bar Caldeira, situado no centro antigo 

terça-feira, 6 de agosto de 2013

BLOGDOROCHA: MARINA DO DAVI

BLOGDOROCHA: MARINA DO DAVI: Para as pessoas que não conhecem a Marina do Davi, este é um local estratégico para a mobilidade intermodal na cidade. É um dos pri...

sábado, 3 de agosto de 2013

BLOGDOROCHA: CIRANDA DE MANACAPURU

BLOGDOROCHA: CIRANDA DE MANACAPURU: Manacapuru, cidade próxima a Manaus, faz parte da Região Metropolitana de Manaus, conhecida por “Princesinha do Solimões”; no mês de agosto ...

CICLISTA FOI ATROPELADO PELO AUTO DE CHAPA 3476


 "Ontem às 17 horas, na Avenida Sete de Setembro, em frente ao Palácio Rio Negro, o auto de chapa n. 3476 dirigido pelo motorista Américo da Costa, atropelou o ciclista Nilton Pontes de Abreu,filho de João da Costa de Abreu e de Deusalina Alves de Abreu, amazonense, com 15 anos de idade, estudante, residente a Rua Visconde de Porto Alegre n. 327 (Vila Pudico), casa 28. A vítima, que sofreu escoriações generalizadas, foi medicada no SAMDU e em seguida recolhida a sua residência, sendo o fato anotado na Delegacia de Trânsito, onde foi instaurado o competente inquérito"

Este fato ocorreu em 1964, portanto, faz 49 anos. Mas o que tem a ver com a nossa Manaus atual? O lance é o seguinte: Manaus era um ovo naquela época, terminava no Boulevard Amazonas e, o Balneário do Parque Dez (em frente ao Detram) era o “fim do mundo”, existiam poucos automóveis nas ruas, mas, o desrespeito aos ciclistas era um fato, como ainda é hoje. 


O governado do Amazonas, o paulista Omar Aziz, jurou de pés juntos que, iria cuidar com carinho das ciclovias, passados um ano e meio e, nada vez! Parece que acordou com os barulhos das ruas e, prepara um plano para efetivar o que prometeu. 



Enquanto não sai do papel, os ciclistas manauaras continuam sendo acidentados, alguns de maneira fatal, tão como acontecia em 1964! Pedala Manaus!


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