quarta-feira, 15 de junho de 2022

RIO JAVARI

 José Rocha

Com o desaparecimento do jornalista inglês Dominique e do indigenista brasileiro Bruno, o Brasil ficou, novamente, em voga internacionalmente e, em particular, o Rio Javari.

O nosso Amazonas é tão grande que não cabe dentro da cabeça de muitas pessoas a concepção de sua dimensão.

Somente para termos uma ideia, a Reserva do Javari, onde o Rio Javari está inserido, possui o tamanho equivalente ao nosso país-irmão Portugal.

Eu sou amazonense de Manaus, no entanto, somente fui ater a minha atenção àquele lugar quando o Boi Caprichoso, em 2019, lançou a seguinte toada:

Vale Do Javari

Javari Ituí
Javari Curuçá
Javari Itaquaí
Bacia dos belos Matsuí
Berço bravo dos Mayoruna-Curuçá
Sina feliz dos Kulina Itaquaí
Braço forte dos Marubo Javari
Cacete de morte dos Kixitos Kaniuá á á...

Vale do Javari
Vale das madeiras
Perola á á...
Palmeiras do Javari
Dos índios arredios
Perola á á...

Nada vale como um Vale de lágrimas
Vale pela vida, pelo sangue dos Mayorunas

Pelo riso dos Matis
Pelo viço dos Kulinas
Pela arte dos Marubos
Pelo cacete dos Korubos
Pelo grito de guerra á á...
Dos Kanamarís...

Ê ê ê iê iê ê...

Remate dos males
Atalaia do Norte
Estirão do equador

 

Quem conhece um pouco de história da nossa cidade Manaus e do Amazonas, sabe muito bem que, bem aqui no centro antigo de Manaus moravam várias tribos indígenas e com o passar dos anos foram sendo exterminadas.

 

Para sobreviverem, os seus descendentes foram sendo empurrados para lugares cada vez mais distantes. Para termos uma ideia, os índios do Javari estão em uma área de mata densa na fronteira com o Peru e a Colômbia.

 

Na bela toada do Boi Caprichoso, viajamos nos rios que fazem parte do Vale      do Javari, nas tribos que ali habitam e dos índios arredios, passamos                     por Atalaia do Norte, além de mostrar a todos que Javari é uma palmeira amazônica, e que “Nada vale como um Vale de lágrimas.                                                            Vale pela vida, pelo sangue dos Mayorunas”.

 

O Rio Javari nasce no Peru, percorrendo mais de mil quilômetros até desaguar no Rio Solimões, no Palmeiras do Javari, Estirão do Equador e nas cidades         de Atalaia do Norte e Benjamin Constant.

 

No passado, havia um ufanismo dos brasileiros ao levantarem a bandeira com “O Petróleo É Nosso”, com o passar do tempo, os donos são os gringos investidores, assim mesmo está sendo quando muitos brandam “A Amazônia É Nossa”.

 

Será, parente? Sei, não! Pelo visto, a Amazônia pertence em sua grande parte aos madeireiros ilegais, pescadores predadores, garimpeiros, traficantes de drogas e a todos aqueles que praticam todos os tipos de ilícitos.

 

O Rio Javari continuará com a sua trajetória, passando pelo Rio Amazonas até desaguar no mar, mesmo sofrendo e sendo impactado pelas forças do mal, no entanto, o mundo voltou os seus olhos a ele, bastou dois seres humanos serem mortos por o defenderem os índios e ribeirinhos do bem que habitam àquele rio.

 

Dois mártires, o Dominique e o Brunho, irão salvar o Vale e o Rio Javari.

 

É isso ai.